Fanfic: A corrida | Tema: Harry Potter, Omegaverse, Darkfic
"...A mordida, muitas vezes simplificada em sua descrição, é na verdade um processo fisiológico altamente complexo. Neste processo, o Alfa deve estimular uma glândula específica do Ômega, conhecida como 'Glândula Omegarina'. Localizada próximo à glândula tireoide na região lateral do pescoço, a Glândula Omegarina é a principal produtora de hormônios responsáveis por regulamentar as características únicas do Ômega. Quando essa glândula é adequadamente estimulada — o que requer que o Alfa rompa a epiderme para provocar um leve sangramento no local da mordida — desencadeia-se uma cascata bioquímica que altera o padrão metabólico e hormonal do Ômega", explicava o professor, enquanto esboçava no seu tablet a anatomia da região cervical do Ômega. Os slides projetados eram simultaneamente visualizados nas telas dos notebooks dos estudantes Alfas na sala.
Embora a aula estivesse em andamento, muitos estudantes preferiam conversar discretamente entre si, aproveitando o sistema de chat interno da rede de computadores da escola. Ele fazia um esforço para se concentrar na matéria, mas as notificações de novas mensagens despertavam sua curiosidade. Foi ao ceder a essa curiosidade, movendo o cursor do mouse para visualizar as conversas no grupo de alunos, que ele tomou conhecimento do vídeo. A princípio, ficou surpreso e, em seguida, intrigado. Não era comum ver um ômega desafiando um Alfa, pelo menos não era isso que a educação tradicional lhes ensinava.
"Com a mordida, o ômega torna-se biologicamente vinculado ao Alfa, convertendo-se em seu parceiro ou parceira. No entanto, isso tem implicações muito mais profundas do que o vínculo social. O sistema endócrino do ômega entra em sincronia com o do Alfa. Como resultado, o período de cio do ômega fica estritamente vinculado ao Alfa que o mordeu, estabelecendo uma forma de dependência bioquímica. Sem os estímulos físicos e a presença dos feromônios específicos do Alfa, o ômega enfrenta dificuldades para alcançar satisfação e equilíbrio hormonal", prosseguia o professor. Agora, ele apresentava um gráfico ilustrando as flutuações nos níveis hormonais do ômega, antes e após a mordida. Ele deveria estar prestando total atenção, especialmente porque o tema, sem dúvida, faria parte da avaliação final. No entanto, sua atenção continuava dividida entre a aula e o vídeo e as conversas que pipocavam no chat.
"Dizem que os Alfas envolvidos são da nossa escola," escreveu alguém no chat.
"Sim, confirmo! Eles são do primeiro ano!" outro respondeu.
"Que idiotas... O que estavam fazendo lá? Já viram um lugar mais sujo?" um terceiro acrescentou.
"Vocês não sabem? Claro que foram para o lado mais pobre da cidade em busca de ômegas vulneráveis. Todo mundo sabe que ômegas em situação financeira difícil fazem qualquer coisa por dinheiro," comentou outro.
"Qualquer coisa, é? No vídeo, eu vi que eles te fazem passar vergonha," alguém replicou.
"Mas eles não estão totalmente errados, certo? O ômega não tinha coleira, estava sozinho; meio que estava pedindo para ser atacado por um Alfa! A culpa é do ômega," um usuário sugeriu.
"@Draco, seu pai vai fazer algo sobre isso?" perguntou alguém, marcando Draco na conversa. Draco franziu a testa com a pergunta repentina. Olhou ao redor e percebeu que alguns Alfas em sua sala de aula trocavam olhares curiosos, esperando por sua resposta.
"Meu pai não comentou, mas imagino que o conselho já deve estar investigando a situação," ele digitou. Ele estava presumindo, pois o papel do Conselho de Alfas do Reino Unido era preservar e defender os direitos dos Alfas. Certamente, um ômega confrontando um Alfa demandaria uma resposta do conselho, do qual seu pai, Lúcio Malfoy, fazia parte.
"Espero que estejam mesmo investigando... E que encontrem esse ômega!" alguém disparou.
"Qual vocês acham que seria a punição mais adequada para ele?" outro questionou.
"Talvez...Todo o conselho poderia lhe ensinar uma lição, sabe? Eles poderiam arrancar a roupa dele, e cada um iria forçar o seu membro na bund..."
Draco parou de ler; já era o suficiente. Não deveria permitir que sua atenção se desviasse tão facilmente para assuntos desse tipo. Seu pai, Lúcio, certamente o repreenderia por não estar focado nos estudos, já que almejava que seu filho primogênito mantivesse um histórico escolar impecável.
"É por isso que os ômegas que foram mordidos usam coleiras. A coleira serve para ocultar a cicatriz da mordida, que é um aspecto bastante íntimo na relação entre o casal e, portanto, não deve ser exposto publicamente. A coleira, por si só, é um símbolo suficiente para indicar que aquele ômega pertence a um Alfa e não deve ser importunado," continuou o professor. Ele agora segurava uma coleira de couro, larga o suficiente para cobrir parte do pescoço do ômega e obscurecer a cicatriz da mordida. Obviamente, esta seria uma versão "recatada" da coleira. Draco já tinha visto Alfas que faziam seus ômegas usarem versões bem mais finas e transparentes, deixando a cicatriz da mordida claramente visível.
Um sinal melodioso soou nos alto-falantes, indicando o fim da aula. Imediatamente, o ruído de cadeiras sendo arrastadas e conversas entre os alunos Alfa preencheu a sala.
"Não se esqueçam de completar os questionários referentes à aula de hoje. Lembrem-se, vocês estão no último ano; essa informação é crucial para o futuro," alertou o professor, sua voz quase abafada pelo burburinho dos estudantes.
Draco esperou que a maioria da turma saísse antes de se levantar. Parecia surreal que este fosse seu último ano na escola. Alfas tinham um ensino médio mais longo em comparação com as outras classes, como betas e ômegas; o ciclo educacional do ensino méido para Alfas se estendia por cinco anos, de modo que muitos concluíam a última etapa da educação básica aos 19 ou 20 anos.
E o que acontecia após a etapa escolar? Os caminhos eram diversos. Algumas universidades especiais acolhiam os Alfas, embora muitos nem sequer buscassem educação superior. Contudo, uma certeza pairava: todo Alfa deveria participar da Corrida ao concluir a fase escolar.
Draco engoliu em seco, percebendo que estava mais próximo do que nunca de se envolver nesse rito. A ideia de perseguir um Ômega através de diferentes cenários—floresta, pântano, deserto ou qualquer que fosse o ambiente escolhido para a Corrida Britânica daquele ano—soava excessivamente surreal.
Grande parte de seus colegas estava repleta de ansiedade quanto ao evento. Alguns até faziam apostas sobre quantos Ômegas capturariam. Afinal, podiam se deitar com quantos Ômegas conseguissem capturar. Tal perspectiva, por algum motivo, deixava Draco desconfortável. Quando pensava em Ômegas, sua mente inevitavelmente ia para sua mãe, Narcisa Malfoy. Imaginar ela em um cenário de caçada era perturbador.
Ao sair da sala de aula, rumo à próxima disciplina, Draco percebeu uma silhueta familiar ao fim de um corredor ornamentado com quadros de antigos mestres e armários com marcas do tempo. Ele farejou o ar para confirmar. Os inúmeros odores mesclados no ambiente poderiam confundir, mas um Alfa aprendia a dissecar esse caos olfativo e focar em uma única fragrância. Draco o fez e rapidamente teve suas suspeitas confirmadas.
Com passos apressados, esquivando-se com habilidade de outros estudantes, alcançou a figura. Era um homem Alfa de estatura mediana, cabelos negros que caíam pelos ombros e olhos acinzentados. Ele vestia um terno sombrio e um sobretudo negro. A seu lado, um homem Beta mais alto ostentava cabelos castanhos levemente acinzentados e olhos verdes amigáveis. Sua vestimenta era mais suave, em tons pastel.
"Sirius?" Draco murmurou, surpreso ao encontrar o homem em seu ambiente escolar.
O homem se virou, um sorriso radiante iluminando seu rosto. "Draco, meu primo! Era justamente você que eu estava procurando!" Ele rapidamente agarrou o braço de Draco e o conduziu a uma sala próxima.
"Como você está? Sobrevivendo a toda essa ladainha acadêmica, imagino. Ah, como estes corredores ainda me provocam náusea! E você, como aguenta? Ah, olhe, Remo, uma sala vazia! Vamos entrar," Sirius falou sem parar, abrindo uma porta ao acaso e invadindo o espaço. Ninguém ousaria incomodá-los; afinal, Sirius Black era uma figura de autoridade no Conselho dos Alfas.
O que ele está fazendo aqui? pensou Draco, deixando-se ser conduzido. Sirius sempre o fascinara, embora seu pai mantivesse uma visão crítica sobre os métodos do homem. Porém, apenas dessa vez, Draco optou por ignorar os julgamentos paternos em relação a seu intrigante primo.
Autor(a): nmcmsama
Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).
Prévia do próximo capítulo
Draco observou enquanto Sirius se acomodava com desprendimento no escritório decorado com requinte. O cômodo exalava uma atmosfera sóbria, com prateleiras repletas de livros encadernados em couro e uma escrivaninha de mogno ornamentada com fotos emolduradas de entes queridos. Ignorando qualquer protocolo, Sirius elevou os pés e os apoiou sobre a me ...
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