Fanfic: A corrida | Tema: Harry Potter, Omegaverse, Darkfic
"Um ômega realmente adequado foi o que ele disse?" Sirius repetiu, com uma raiva claramente contida em suas palavras. "Não me diga que ele está indiretamente criticando minha prima Narcisa por isso."
"A propósito, como Narcisa está? Ouvi dizer que ela tinha uma gravidez de risco e estava de repouso," indagou Remo, visivelmente preocupado.
"Ela... ela teve outro aborto espontâneo," revelou Draco, mesmo sabendo que seu pai havia expressamente proibido falar sobre o assunto. Segundo Lúcio, o fracasso de um ômega em cumprir seu 'papel natural' refletia também no seu alfa e era sinônimo de fraqueza. Portanto, não era algo a ser discutido publicamente.
"Ah, Draco, sinto muito. Eu não sabia," disse Remo, pesaroso.
"Está tudo bem," Draco respondeu, mesmo sabendo que não estava. Sua mãe já havia sofrido diversos abortos, e os médicos consideravam quase milagroso que ela tivesse conseguido ter Draco. Eles insistiam que ela não deveria engravidar novamente, dado o risco à sua saúde. No entanto, Lúcio continuava a insistir na ideia de que um alfa deveria ter vários filhos.
"E ele quer que você participe das corridas? Por que ele mesmo não participa? Se ele está tão obcecado em ter uma grande família, então que ele mesmo participe da corrida e fique com todos os ômegas que encontrar," exclamou Sirius, olhos assumindo uma íris avermelhada de fúria. "Pelo menos, assim, ele deixaria minha prima em paz!"
Essas eram boas indagações às quais Draco já se pegara pensando. Ele não sabia como responder ao seu primo. O que sabia era que seu pai tinha grandes expectativas em relação a ele, Draco, seu único filho e alfa. Seu único herdeiro.
"Mas eu sei por que ele não participa..." continuou Sirius. "Lúcio não conseguiria correr 100 metros sem desmaiar de exaustão. Além disso, participar da Corrida significaria que ele teria que se sujar... E aposto que ele não teria um traje adequado para a ocasião."
Dessa vez, Remo não criticou o comportamento de seu marido; o beta, na verdade, parecia concordar com as observações feitas.
"E por que ele não propôs um casamento arranjado? Quer dizer, isso é comum entre os alfas, não é?" ponderou Remo.
"O casamento dos meus pais foi arranjado," explicou Draco. "Acho que ele agora vê isso como um erro. Ele disse que a Corrida geralmente revela os melhores ômegas: os mais férteis, os que de fato podem cumprir seu papel..."
"Agora entendo por que Lúcio está tão interessado na organização da Corrida deste ano. Inclusive, foi ele que teve a ideia de aumentar o prêmio em dinheiro para o ômega que conseguir fugir dos alfas até a terceira fase da Corrida... Agora tudo faz sentido," analisou Sirius.
Inicialmente, Draco não deu muita importância à Corrida. Isso aconteceu no início do ano, muito antes de as inscrições serem abertas. O semestre letivo ainda não tinha começado, sua mãe estava grávida, e tudo parecia ser apenas mais um dos planos mirabolantes de seu pai discutidos durante jantares sofisticados. Mas então tudo mudou. Estava em seu último ano escolar, sua mãe tinha perdido mais um filho, e a ambição de Lúcio crescia a cada dia.
"Eu não posso fazer nada em relação à sua participação este ano," disse Sirius, claramente pensando em uma solução para seu primo mais novo. Draco o observou, seus olhos cheios de esperança. Ele não se sentia à vontade para discutir esses assuntos com mais ninguém; seus colegas de classe, na verdade, ficariam encantados em receber tanto incentivo de seus pais para participar da Corrida.
"Mas quanto aos próximos anos... acho que posso tentar fazer algo. Vou pensar em alguma coisa," decidiu Sirius, cujos olhos adquiriram uma tonalidade azul que indicava confiança e convicção.
"Quanto a este ano, ele realmente espera que eu capture o melhor ômega e que... ele quer que eu o morda," admitiu Draco.
"Morder? Já na primeira Corrida? Isso é bastante ousado, até mesmo para um puritano como seu pai," disse o alfa mais velho, surpreso.
"A mordida é sagrada para vocês. É também uma conexão fisiológica. Reverter o efeito de uma mordida é complicado; os tratamentos são longos e dolorosos," observou Remo, preocupado. "A mordida não deveria ser dada sem muita consideração."
Draco assentiu, sentindo-se encurralado.
"Eu... acho que devo seguir os desejos do meu pai," falou, por fim. "Se eu conseguir um ômega, como ele quer, minha mãe será poupada. Ele não a forçará a engravidar novamente. Sirius, ela não aguentará outra gravidez. Os médicos disseram... ela morrerá se engravidar de novo."
Remo lançou um olhar desesperado para Sirius, este por sua vez, parecia imerso em pensamentos.
O silêncio voltou a envolver o escritório, rompido apenas pelo murmúrio abafado de vozes do lado de fora da sala. O suave tic-tac de um relógio suíço de parede, construído em madeira escura e elegante, marcou os segundos que se arrastavam.
"Está bem. Vamos encontrar o ômega ideal para você nesta Corrida," disse Sirius, cortando o silêncio palpável.
"O quê? Ômega ideal?" Remo questionou, claramente desconfortável com a escolha das palavras.
"Não se preocupe, querido," Sirius respondeu, levantando-se de sua poltrona e aproximando-se de Remo. Ele selou os lábios do seu beta com um beijo ardente e cheio de significado. Era um beijo que misturava amor e urgência, um gesto tão íntimo e intenso que Draco sentiu a necessidade de desviar o olhar, respeitando o momento do casal.
Ao final do beijo, Remo exibia um rosto carmesim, enquanto os olhos de Sirius brilhavam com íris de um laranja profundo. Ele voltou sua atenção para Draco.
"Eu tenho um plano, Draco. Pode não ser convencional, mas quem se importa? Eu nunca fui do tipo que se preocupa em seguir regras," disse ele, claramente animado.
Draco se sentiu energizado por aquele entusiasmo e, talvez, um pouco esperançoso. Com a ajuda de Sirius e Remo, talvez aquela Corrida não fosse tão traumática quanto imaginava.
~***~
O Aeroporto de Heathrow pulsava com a energia típica de um dos centros de tráfego aéreo mais movimentados do mundo. Telas de informações de voos brilhavam, pessoas corriam para pegar suas conexões e o aroma de café recém-preparado se misturava ao perfume de lojas duty-free. Mas naquela manhã, algo estava diferente. Comitivas especiais desembarcavam, suas vidas entrelaçadas com o grande espetáculo que a Grã-Bretanha se preparava para sediar: a Corrida Britânica.
Por todo o complexo, cartazes e banners digitais chamavam a atenção para o evento. Desenhos adoráveis de um lobo e uma ovelha — simbolizando os alfas e os ômegas, respectivamente — adornavam os anúncios. Eles eram complementados por fotografias de ômegas sorridentes, tanto homens quanto mulheres, vestidos com trajes esportivos elegantes e estilizados. Frases impactantes como "A Jornada do Alfa e do Ômega Começa Aqui!" e "Descubra seu Destino na Corrida!" intensificavam o clima de expectativa e emoção que preenchia o ar.
Um homem de porte atlético, com óculos escuros de armação fina e uma máscara de tecido preto cobrindo a boca e o nariz, estudava atentamente uma das placas de informação do aeroporto. Ao seu lado, surgiu uma mulher de cabelos castanhos encaracolados que caíam em cascata sobre seus ombros, conferindo-lhe um ar de elegância despreocupada.
"Ei, Victor, eu disse para esperar. Você mal entende inglês e fica por aí andando como um perdido," reclamou a mulher, arrastando malas adornadas com adesivos da bandeira russa nas laterais.
Sem dizer uma palavra, Victor apontou para uma placa.
"Isso aí não é a seção dos táxis, são os banheiros, Victor. A viagem pode ter sido longa, mas não acho que sua capacidade mental tenha sido afetada," falou ela, um tanto impaciente.
"Talvez eu queira usar o banheiro," respondeu Victor, sua voz tingida por um acentuado sotaque russo.
"Então vá! Só não chame atenção. Depois daquela confusão no aeroporto de Paris, você devia ter pedido uma escolta, como qualquer outro alfa famoso," a mulher repreendeu.
"Sei me cuidar," Victor resmungou.
"Está indo em direção ao banheiro para betas femininos," ela observou, um sorriso travesso se formando em seus lábios.
"Na Rússia, não há tantos banheiros específicos," Victor tentou se explicar.
"Claro que há, só que os símbolos são diferentes. Aqui, o triângulo indica os alfas, quadrado para betas e círculo para ômegas. As cores também diferem: azul para machos, bege para fêmeas. Exceto para os ômegas, que são sempre rosa," explicou ela, claramente impaciente. "Na Rússia, vocês usam brasões estranhos. Dragões para alfas, ursos para betas e... bonecas matriosca para ômegas."
"Hermione, você fala demais," Victor resmungou.
"E você de menos, Victor Krum. Por isso, sou sua secretária e acompanhante. Vá ao banheiro. Ainda temos que fazer o check-in no hotel e comparecer à reunião do conselho alfa. Lembra que você precisa se apresentar para participar da Corrida?"
"Não esqueci. Esta não é minha primeira corrida," disse Victor, caminhando em direção ao banheiro com um símbolo triangular na porta.
Ele era Victor Krum, um dos alfas atletas mais destacados de sua geração, veterano de diversas corridas por toda a Europa. Esta seria sua primeira participação no Reino Unido, e ele esperava que, finalmente, esta Corrida fosse diferente de todas as outras que já havia enfrentado.
Autor(a): nmcmsama
Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).
Prévia do próximo capítulo
Ele enxugou a testa, que estava encharcada de suor. Harry optara por sair do metrô duas estações antes de sua parada habitual para ir ao trabalho. Era um esforço consciente para se preparar para a Corrida, e já era o terceiro dia consecutivo que ele fazia isso. Sentia em cada músculo as consequências de anos de sedentarismo. Ofe ...
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