Fanfic: Love Secrets | Tema: #emmaswan #ouat #reginamills #swanqueen

A essa altura do campeonato, meus queridos leitores, é difícil determinar quem exatamente é a pior de todas, embora a autora suspeite que a competição possa terminar com uma pequena diferença entre a Rainha Eve e a Rainha Cora, com esta última ganhando por um triz. Afinal, esta última não medirá esforços para alcançar seus objetivos. É recomendável, no entanto, que todos com alguma sanidade se mantenham bem distantes dos pretendentes das suas famílias. Essas mães não estão para brincadeira! 

CRÔNICAS DA SOCIEDADE DE LADY CAMPBELL,
23 DE MARÇO DE 1813

Como de praxe, nas quintas feiras, a cidade acordava com mais exemplar do jornal local. Desde o início da temporada, a autora costumava dar seus pitacos sobre os eventos. Opinava sobre as roupas, as atitudes, quem dançava com quem, e por aí vai. 

– A coluna está muito boa hoje! – Branca comentada entre um gole e outro de chá. 

– Você continua lendo esse jornalzinho? – Emma revirava os olhos. 

– Ela faz um ótimo relato de todos os eventos. Diz quem conversou com quem, o que todos estavam vestindo... Sinceramente, com Lady Campbell como repórter, não é necessário ir a nenhum evento. 

– Você não vê que ela está sempre falando da gente? Chamando uma atenção desnecessária para nós. E pior, agora está incentivando uma briguinha entre a nossa mãe e outra rainha. 

– Bom… Vendo por esse lado… Você até tem razão. Mas a cidade toda está lendo. O nosso boicotezinho não adiantaria de nada. 

Como a boa curiosa que era, Branca ignorou a irmã e continuou lendo. 

– Precisamos descobrir quem é essa autorazinha! 

Branca quase engasgou com o seu chá. 

– Como assim? O que você quer fazer?

– Coloca a cabeça pra pensar, Branca. Deve ser alguém que nós conhecemos. Alguém da sociedade. 

– Será? Como você tem tanta certeza?

– Ela sabe de tudo. Conhece todo mundo. E sabe as maiores fofocas da alta sociedade. Ela é uma de nós! 

– Faz sentido. Mas como vamos pegar ela? 

– É simples. Vamos fazer o mesmo que ela: observar! 

Mesmo sem saber se era uma boa ideia, Branca concordou. Na verdade, não existia nada que Emma pedisse que sua irmã conseguisse falar não. 

O próximo baile seria logo mais a noite. E elas colocariam o plano em prática. Emma estava determinada a desmascarar a autora. Não é que ela não gostasse das fofocas. Ela não gostava de ser o assunto das fofocas. Emma sempre foi muito reservada. Não gostava de chamar atenção. Sempre que havia um grande evento no palácio ela tentava se esconder, se esquivando das pessoas e passando a maior parte da noite no jardim. Entretanto, agora que havia alguém escrevendo sobre ela, era impossível ficar anônima. 

O dia estava chegando ao fim. As meninas precisavam se arrumar para o  baile Middlethorpe. Para essa noite, Emma escolheu um vestido azul celeste e Branca escolheu um tom de rosa seco. Ambas estavam deslumbrantes. 

– Boa noite, Vossa Alteza. Eu poderia acompanhá-las esta noite? Seria um prazer levá-las ao baile.  

Depois dos acontecimentos dos últimos dias, como era de se esperar, o príncipe David estava na sala aguardando para levá-las ao baile.

– Claro que sim. – Eve respondeu. 

David prontamente ofereceu o braço para Branca e seguiram até a sua carruagem.  A troca de olhares mostrava o quanto estavam apaixonados. Eles formavam um belo casal, não dava para negar. 

Durante todo o percurso, David e Branca conversavam e riam bastante. Eles realmente apreciavam a companhia um do outro. Estavam tão entretidos que, por alguns segundos, até esqueciam da presença de Emma e Eve. 

– Sinto muito por entediá-las com minhas histórias. – David se desculpava. 

– Gosto de ouvir suas histórias. Se faz a minha irmã feliz, eu também fico feliz. 

– Pode ter certeza que o meu objetivo é fazê-la muito feliz. Espero também contar com a benção da Vossa Alteza e seu marido. 

– Você é um bom homem. Leopoldo e eu percebemos isso desde o primeiro momento que se aproximou de nossa filha. 

O sorriso de David encheu o ambiente. Embora não tenha feito um pedido formal, agora ele sabia que os pais de sua amada o aprovaram como pretendente. Isso era tudo que ele precisava. 

– Vocês gostariam de jantar na minha casa semana que vem? 

– Claro que sim. – respondeu a rainha. 

***

O baile parecia chato e sem graça, na visão de Regina. Ela já havia beliscado alguns petiscos, tomado alguns ponches e até tinha aceitado dançar com alguns rapazes. Ainda assim, a noite parecia sem fim. Todos naquele baile eram desinteressantes, em seu ponto de vista. Os homens eram óbvios demais, as mulheres pareciam todas iguais. 

Percebendo que sua mãe estava muito ocupada, arrumando um pretendente para sua irmã, Regina decidiu que seria uma boa ideia caminhar um pouco pelo jardim. Afastou-se da grande casa e caminhou em direção às flores. Havia alguns lírios ali perto. Regina era fascinada por lírios. 

A noite estava linda, o céu estrelado refletia nos lírios, deixando o ambiente ainda mais bonito. Parecia um ótimo lugar para se esconder e colocar a cabeça no lugar. Ao se aproximar, Regina foi surpreendida pela presença de outra pessoa.  

– Desculpa. Achei que ficaria sozinha aqui… – ela se desculpou, sem nem saber com quem estava falando. 

Aos poucos, a pessoa se virou, saindo do escuro e, finalmente, revelando uma silhueta conhecida. Era Emma. 

– Pode ficar, se quiser. – Emma respondeu calmamente. – Eu só queria tomar um ar…

– E esfriar a cabeça. – Regina completou, soltando uma respiração pesada. 

Nesse momento, as duas se olharam. Era como se ambas tivessem o mesmo pensamento. Elas só queriam ficar escondidas de suas mães e da ideia de casamento. 

– Não se incomoda mesmo se eu ficar? – Regina perguntou, ainda olhando para Emma. 

– Não. Fique à vontade. – respondeu apontando o lugar ao seu lado. 

Sem exitar, Regina sentou. O silêncio reinou por alguns segundos, que para elas pareceram horas. Nenhuma das duas sabia o que falar. Elas não eram amigas. Na verdade, essa era, de longe, a conversa mais longa que já haviam tido. 

– Posso te fazer uma pergunta? – Emma resolveu quebrar o gelo. 

– Mais uma? – o sorriso meio irônico de Regina a deixou um pouco desnorteada. 

– Eu te fiz alguma coisa? Outro dia na modista você me olhou com uma cara… 

Regina mordeu o lábio. 

– Não é que você tenha feito algo… É só que você existe e… – ela pensou um pouco – torna a minha vida mais difícil. 

Emma franziu o cenho. 

– Você é toda perfeita. Olha pra você! O seu cabelo, seus olhos, seu cheiro… Eu não consigo competir com você. 

– Mas eu não estou competindo com você! Quer dizer, nessa bobagem de temporada de casamento, pode ser que sim, talvez estejamos “competindo”. Mas eu jamais iria bater de frente com você conscientemente. Você é uma mulher bonita, que exala poder. Quem em sã consciência iria competir?

As palavras de Emma deixaram Regina de boca aberta. Ela havia julgado-a desde o primeiro momento. Julgado-a erroneamente. Emma não era nada do que ela havia imaginado. Muito pelo contrário. Ela era doce. Tão doce quanto o seu cheiro. 

– Eu sinto muito. – seus olhos estavam marejados. – Estou tão acostumada a duvidar de tudo e todos, que acabei te julgando sem te conhecer. 

Nesse momento, uma lágrima escorreu pelo rosto de Regina. Vendo-a dessa forma, Emma se aproximou e, com o polegar, limpou a lágrima do seu rosto. Ela nunca havia reparado na beleza da morena. Olhando-a de tão perto, Emma notou uma pequena cicatriz em seu lábio e, instintivamente, levou o seu dedo até lá. 

– O que foi isso? – perguntou um pouco tímida. 

Por alguns segundos, Regina ficou paralisada com o seu toque. 

– Me machuquei brincando com a minha irmã, quando éramos bem pequenas…

Nesse momento, Emma percebeu que estava um pouco perto demais e acabou se afastando. 

– Deve ter sido bem feio. 

– Um pouco. – Regina pareceu entristecida com o recuo da loira. – E quanto a temporada? Muitos pretendentes? – a pergunta era mais uma curiosidade pessoal do que mesmo uma tentativa de puxar assunto. 

–  Ninguém interessante. 

– Como assim? Você é o diamante da temporada, deve está chovendo homens na sua casa. 

E estava. Mas nenhum interessava a Emma. 

– São todos uns babacas! 

Regina riu. 

– Eles só querem uma esposa bonita para ter filhos bonitos. Nada contra crianças, nem contra quem quer ter filhos, mas eu quero algo além disso.

– Você não quer filhos, Emma? 

– Não. Quer dizer, não sei. Eu até quero, mas eu quero filhos de um homem que eu goste. Não quero ter filhos por obrigação. 

– Você quer amor, Emma?

A pergunta de Regina deixou Emma pensativa e sem resposta. 

– Não acha difícil encontrar o amor nessas circunstâncias? 

– Se fosse fácil , todos teriam. – ela deu de ombros. 

– Tens razão. 

– Mas e você, muitos pretendentes? 

– Oh, não. Segundo a minha mãe, “nenhum deles é digno” – ela imitou a Cora e ambas riram. 

– Estamos procurando alguém que nos faça felizes e que faça nossos pais felizes? 

A pergunta de Emma deixou ambas reflexivas. Até que ponto suas vontades e decisões seriam respeitadas nessa busca por casamentos? Mesmo que não conseguissem encontrar o verdadeiro amor, elas seriam forçadas a se casar? Ou pior: e se suas famílias não aceitassem a pessoa por quem elas se apaixonassem? Eram tantas perguntas e, por hora, nenhuma resposta.

***