Fanfics Brasil - 01. Ansiedade Cenizas

Fanfic: Cenizas | Tema: RBD | Uckerroni | Drama


Capítulo: 01. Ansiedade

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Quando Maite Perroni desembarcou sozinha no aeroporto de El Salvador, estava fazendo frio pra caramba.


Fazia pouco menos de cinco graus naquela parte mais baixa da cidade e todos os passageiros estavam bem agasalhados, cobertos dos pés a cabeça com casacos de lã e algodão. Maite, no entanto, não tinha nada disso por perto — ela havia programado a viagem uma semana antes certa de que iria chegar no dia anterior durante a tarde, então, as roupas na bagagem de mão eram apenas uma blusinha extra e um cardigã de brechó que ela havia achado e comprado no caminho até ali. Ela não sabia que o vôo iria atrasar e tampouco que alguém roubaria a sua passagem, a forçando a esperar mais algumas horas em Santa Cruz. Ela não sabia que teria que entrar em um outro avião, com uma passagem para a segunda classe longe da janela, e aguentar uma criança chechelenta berrando no seu ouvido por sete horas sem interrupções. Ela não sabia de nada disso e o sentimento era mais do que arrependimento.


Era irritação total.


Mai respirou fundo. Com o shortinho lapa-de-bunda e uma camiseta larga da Rolling Stones, ela não estava só com frio: ela estava congelando até os ossos e a pior coisa é que não havia nada que pudesse fazer. Suspirando, ela segurou as malas em uma das mãos e o celular com o aplicativo do Uber aberto em outra, e ziguezagueou por entre a multidão claustrofóbica até achar a saída onde o seu motorista a aguardava.


El Salvador era, para o seu total infortúnio, uma cidade pequena e rural ao leste da Cidade do México e tinha para si um sistema de locomoção independente bem precário que deixava a desejar. Era uma luta digna de heróis conseguir um serviço tradicional de táxi para onde ela queria ir, então, aplicativos de motorista, embora o olho da cara, eram a sua única opção. Enquanto andava, Mai abençoou a existência de Ada Lovelace mais uma vez: não sabia o que faria se não houvesse aplicativos para tudo guiando o seu dia. No momento em que pisou pra fora do aeroporto, ela avistou o motorista. Colocando um sorriso comedido no rosto, ela aprumou os ombros e caminhou até ele.


— Santos, certo? – a pergunta soou mais como uma afirmação autoritária e o homem de aparência rústica sacudiu a cabeça em um sim silencioso. Mai tirou o cabelo negro do rosto e suspirou — Ótimo. Maite. Você pode me ajudar com as malas, por favor? Estão bem pesadas e foi uma longa viagem.


O sujeito assentiu com a cabeça e, sem falar nenhuma palavra, agarrou as malas que ela carregava com as duas mãos caminhando até o bagageiro. Mai esperou pacientemente até que ele terminasse o que estava fazendo e agradeceu timidamente quando ele abriu a porta de trás. No minuto seguinte, o carro estava na estrada em uma velocidade normal.


— Férias? – o homem perguntou com a voz de barítono alguns minutos depois. Mai sorriu educadamente, e acenou com a cabeça, não disposta a dar muita informação para ele. Ela era uma mulher atraente de vinte e três anos e homens sempre a notavam com a malícia no olhar. Ela não era boba de entregar qualquer coisa pessoal para alguém que não conhecia, principalmente, se aquele alguém volta e meia chechasse suas pernas expostas pelos shorts curtos. Não notando a dica, o homem continuou a falar — Eu vinha muito aqui quando tinha a sua idade. É bom pra passar as férias e pah. Você é de onde mesmo, linda?


Mai revirou interiormente os olhos. Eca.


— Buenos Aires.


— Ah, uma sulista! – o sujeito exclamou em uma animação repugnante. Mai franziu o cenho e tentou não levar para o lado pessoal, mas seus sentidos ficaram em alerta e ela ajustou a barra da blusa, tentando se cobrir. Homens do mundo inteiro sempre achavam uma maravilha a sua identidade como garota do sul, embora o motivo ela desconhecesse completamente. Ela não tinha nada de anormal em comparação com as outras mulheres, mas homens… eles eram estranhos, então, eles deviam ver alguma coisa a mais. Nortistas, então? Eram estranhos e pervertidos como a cereja no topo do bolo. Do banco do motorista, o cara guinchou que nem um porquinho para o abate — Eu amo sulistas, principalmente as meninas. Elas são bem mais interessantes do que as mulheres daqui. Tem namorado, bombom?


Mai sorriu azedo:


— Tenho sim. Ele é da Interpol.


E virou a cabeça, terminando a conversa bem ali. Odiava admitir, mas, em horas como aquelas, sentia falta do ex; Nano podia ser meio esquisito, um tantinho doido e extremamente ciumento, mas pelo menos, ele sempre colocava aquele tipo de homem pra correr – ele era o remédio perfeito contra o tipo de maluco que existia aos montes por aí. Um ex, porém, havia uma razão para receber o título e Nano havia dado mil e uma delas quando decidiu que os dois não poderiam viver separados e tentou queimar a casa em que os dois viviam um pacto suicida onde só ele tinha voz. Mesmo que sentisse falta dele, Mai sabia que havia feito o certo em fugir de Los Santos e deixar ele para trás.


Era difícil amar alguém quando se está a sete palmos do chão, no final.


Mai suspirou alto. Agora que estava mais solteira do que as tias do parque alimentavam pombinhos por diversão, ela tinha tempo para pensar em si mesma e agora, havia se tornado adepta à filosofia do desapego, de só beijar, trepar e ir embora. Surpreendentemente, ela era muito boa naquilo; e mais surpreendente ainda, a sua tia materna que há muito não via e que sabia de tudo do seu novo estilo de vida, havia a convidado para o seu casamento que iria acontecer algumas semanas dali.


Maite sorriu ao pensar na situação.


Como todo mundo na família, ela sempre achou que a tia iria acabar como a sua mãe; em alguma aventura escandalosa aproveitando a vida loucamente. Pior do que a sua mãe, Anahí Portilla nunca havia demonstrado interesse em homem nenhum, assim, foi um verdadeiro choque quando ela anunciou que tinha um namorado e que estava casando em um mês. Maite mesmo achou toda a notícia absurda e pessoalmente ligou para ela, apesar de nunca terem trocado meia palavra, pra poder confirmar a veracidade da situação. Mais do que real, ela havia também mudando totalmente a atitude em relação a vida: de aventureira e de espírito livre, ela havia se transformado em uma mulher careta que só sabia falar do futuro marido nas redes sociais.


Marido que Maite até então nunca havia visto.


Marido que Maite estava morta de curiosidade para conhecer. Ela suspirou contra o vidro do carro, formando uma nuvem de neblina na superfície. Com o dedo, ela desenhou uma carinha feliz e bufou em chateação: para matar a sua curiosidade teria que esperar até o final de semana. Embora a tivesse convidado pelo telefone, a tia não estava na cidade para recebê-la — antes de embarcar, ela havia dito alguma coisa sobre vestidos de noiva e decoração e como o noivo que ninguém vira, por qualquer razão desconhecida, não estaria disponível para vir buscá-la também. Por conta disso, Mai havia sido forçada a alugar uma casa por uma temporada inteira na cidade e só poderia encontrar a tia e o tal noivo misterioso no brunch que eles iriam oferecer três dias dali.


Se a ansiedade não a matasse até o dia, era claro.



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Autor(a): rehvone.

Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).

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Com um suspiro de alívio, Maite desceu do táxi. Diferente do aeroporto cheio e movimentado, haviam poucas pessoas passando pelas ruas naquele horário do dia e, como uma torre, o edifício que havia alugado se elevava acima da sua cabeça criando uma sensação de pequenez no seu coração. Mai fez um biquinho, observa ...



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