Fanfics Brasil - 02. Assédio. Cenizas

Fanfic: Cenizas | Tema: RBD | Uckerroni | Drama


Capítulo: 02. Assédio.

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Com um suspiro de alívio, Maite desceu do táxi.


Diferente do aeroporto cheio e movimentado, haviam poucas pessoas passando pelas ruas naquele horário do dia e, como uma torre, o edifício que havia alugado se elevava acima da sua cabeça criando uma sensação de pequenez no seu coração. Mai fez um biquinho, observando aos arredores — pela internet, ele não parecia nem a metade do que era, mas ainda sim, estava satisfeita: pelo menos uma coisa naquele lugar não parecia ter sido esquecido por deus. Mai respirou profundamente e arrumou o cabelo escuro em um coque frouxo. Então, o motorista apareceu do seu lado, pondo suas duas malas no chão.


— Aqui – o homem entregou um papelzinho de cor púrpura nas suas mãos, lhe lançando um sorriso desagradável que embrulhava o estômago. Mai tentou não vomitar com a visão — Se precisar de alguém pra mostrar a cidade é só me chamar, bombom. Sulistas me adoram.


Não essa. Mai sorriu azeda.


— Obrigada.


E agarrou as duas malas, entrando dentro do prédio. Do lado de dentro, elegância era a palavra chave para tudo: as paredes eram enfeitadas em um tom frio azulado, que faziam par com o chão branco e contrastava com o negro polido do balcão da recepção; no teto, um lustre dourado dormia quieto dando ao ambiente o calor necessário que precisava, e como um quebra cabeças, sete sofás em formato de “L” se espalhavam por todo o looby como em um círculo deformado, acomodando homens engravatados de toda etnia, idade e tamanho. Um em específico notou Maite parada na entrada – ele parecia alto com as pernas longas apoiadas uma em cima da outra, tinha um peito largo e cabelo marrom bombom que formava cachinhos parecidos como o de um querubim. Mai sentiu uma comichão na altura do ventre que queimou rumo abaixo quando ele piscou e sorriu maliciosamente para ela.


Caralho.


— No que podemos ajudá-la hoje, senhorita? – uma voz masculina a trouxe de volta aos sentidos e Mai retirou os olhos do homem gostoso e encarou o outro, parado a poucos centímetros dela. Ele era baixo, foi a primeira coisa que ela notou, mais baixo do que um homem comum, não chegando a medir nem mesmo um metro e sessenta e cinco. O cabelo era loiro, os olhos verdes aguados e o nariz afundado na cara tal como o de um porquinho. E ele fedia - muito. Fedia tanto que ela precisou se afastar um pouco em busca de ar. Ele sorriu, mostrando os dentes amarelados — O que eu posso fazer pra te ajudar?


Mai piscou espantando as lágrimas nos olhos.


— Anh… certo, eu… eu reservei um apartamento. Perroni, Jorge. O aparelho foi reservado no nome de Jorge Perroni – ela se explicou e deu outro passo para trás, notando que o sujeito deu um passo para frente e checou os seus peitos que se destacavam na camisa por causa do frio. Pela milésima vez no dia, ela amaldiçoou o maldito que havia roubado as suas passagens e amaldiçoou mais ainda a tia por tê-la obrigada a alugar um apê ao invés de oferecer hospedagem como uma boa parente deveria fazer. Mai forçou um sorriso que nunca chegou aos olhos — Eu fiz uma reserva uma semana atrás no nome de Jorge Perroni – ela disse outra vez – e eu paguei tudo no cartão, então, eu gostaria de saber onde fica o meu apartamento.


Os olhos do nanico não saíram do seu peito quando ele murmurou:


— Identidade, por favor.


Mai desbloqueou o celular e abriu o aplicativo do governo, mostrando a sua identidade que havia tirado quando tinha dezesseis anos. Ela não havia mudado nada desde então, e pelo o olhar faminto que o sujeito lançou a ela, sabia que ele havia notado o mesmo. Mai sentiu arrepios na espinha. De repente, a ideia de dormir debaixo de uma ponte parecia mil vezes mais agradável do que ali. O nanico sorriu.


— Me acompanhe, por favor.


Mai guardou o celular na bolsa e, ainda que relutante, obedeceu ao comando. No minuto seguinte, os dois estavam subindo lances de escada que não pareciam ter fim.


— O papai vem, docinho? – disse o sujeito depois de alguns minutos, a olhando de relance. Mai não queria dar corda pra maluco dançar, mas a pergunta estranha arrancou um “hã” inconsciente dos seus lábios. Sorrindo, o nanico repetiu outra vez  e adicionou — Eu notei que a reserva foi feita no nome de um homem e que você é muito novinha e pah. Deve ter acabado de sair da escola, não é, amor? É… – ele riu nojento – essa cara de ninfeta não engana ninguém. Saiu da escola e já achou um papaizinho pra cuidar de você.


Mai errou um degrau e quase caiu no chão quando entendeu o que ele estava insinuando. De repente, ela enxergou vermelho – miserável nojento. Não era à toa que ele era tão desagradável de se olhar: só um homem com uma mente tão repulsiva poderia pensar e dizer algo como aquilo para uma mulher. Não notando o seu desagrado, o nanico continuou com aquela voz nauseante:


— Hoje é dia é muito fácil ser uma mulher, não é, amor? – ele começou como se estivesse dando uma palestra — Você abre as pernas, mostra a xana e recebe um bocado de dinheiro que eu jamais sonharia em ver – riu outra vez – É muito, muito fácil ter boceta. Se eu tivesse uma cobraria mesmo, tenho dito – ele parou e olhou para ela. Mai notou que haviam chegado no apartamento que havia alugado – E também não me importaria de pagar pela sua, docinho. Você deve ser apertadinha, não é? Uma delícia. Qual é o seu preço, amor?


Como se fosse natural, o punho da mão esquerda acertou o rosto dele, e, como um saco de batatas, o nanico caiu no chão. Possuída pela raiva, Maite pisou com força no pau do sujeito e cuspiu na cara dele, abrindo a porta o mais depressa que pode em seguida. Ela tremia de raiva, de medo e de adrenalina e quando finalmente abriu a porta e o nanico se levantou outra vez com o rosto vermelho de ódio, ela mostrou um dedo do meio e entrou rapidamente gritando:


Eu não sou uma prostituta!


Então, fechou e trancou a porta deslizando fracamente até o chão.



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Autor(a): rehvone.

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