Fanfic: Jiban End | Tema: Jiban, metal hero, tokusatsu
Yoko ainda tinha muitas perguntas a fazer, mas a policial sabia que aquele não era o momento adequado para isso. Naoto precisava descansar para se recuperar o mais rápido possível, e somente por esse motivo, ela se conformou em esperar e conter sua curiosidade por mais algum tempo.
Já fazia várias horas que Seichi e ela estavam na base de Jiban, sem nenhuma notícia do mundo exterior, e por isso, mesmo exaustos, eles tinham que voltar para a delegacia. Eles não faziam ideia de quais seriam os próximos passos do inimigo, mas precisavam estar preparados para qualquer imprevisto e não conseguiriam fazer isso se permanecessem ali dentro. Biolon certamente não ficaria de braços cruzados, principalmente agora, que sabiam que o Policial de Aço estava temporariamente fora de combate. Sem Jiban, a polícia era a única esperança da população.
— Naoto, nós temos que ir. Vê se se cuida, hein? – quase ordenou Seichi, agora já um pouco mais conformado com tudo o que havia descoberto naquelas últimas horas.
— Não se preocupe, Chefe. Logo, logo eu vou estar novo em folha. – respondeu o rapaz, confiante de sua breve recuperação.
— Eu ainda tenho muitas perguntas, mas por enquanto, vou te dar uma trégua. – disse Yoko, com uma piscadela. – Só não pense que eu vou deixar barato, porque assim que você estiver melhor, pode se preparar para o interrogatório.
— Esse interrogatório, eu terei prazer em responder. – declarou o rapaz com um sorriso.
— Agora vão, vão. O Naoto precisa descansar. – disse Halley, já despachando os visitantes enquanto eles ainda se despediam.
— Tá bom, tá bom. Também não precisa expulsar! Nós já estávamos de saída, sua lata velha. – irritou-se o policial turrão.
— Eu ouvi isso, Sr. Seichi. – respondeu o robozinho também de gênio forte.
— Era pra ouvir mesmo. – retrucou Seichi.
— A gente já está indo, Halley. – intrometeu-se Yoko, já quase arrastando o colega para fora da enfermaria, antes que ele conseguisse arrumar confusão até mesmo com um robô. – Tchau, Naoto! Melhoras! – despediu-se a moça outra vez, recebendo em troca, um aceno e um novo sorriso do parceiro.
Yanagida já os esperava do lado de fora da sala para acompanhá-los até onde Lezon estava estacionado.
— Venham comigo, por favor. Lezon vai levá-los de volta à fábrica abandonada para que possam pegar o carro de vocês.
— Muito obrigada, Sr. Yanagida. – agradeceu Yoko com uma reverência. – Cuide do Naoto, por favor. Contamos com o senhor.
— Não se preocupe, Srta. Katagiri. Naoto já provou que é muito mais forte do que aparenta. Tenho certeza de que ele estará recuperado muito antes do que todos nós imaginamos. – confortou-a Yanagida.
— Antes de irmos, Sr. Yanagida, eu tenho uma pergunta. – revelou Seichi.
— Pois não, Sr. Muramatsu. O que seria?
— Como podemos entrar em contato com vocês, caso aconteça alguma emergência?
— Vocês podem ligar para esse número. É uma linha restrita. – respondeu o homem, enquanto anotava a informação em uma das páginas arrancadas da caderneta que trazia no bolso interno do paletó.
— Muito obrigado. – agradeceu Seichi, já dobrando o papelzinho e guardando-o na carteira.
Após isso, eles seguiram Yanagida pelos corredores bem iluminados do esconderijo e pouco tempo depois, já estavam a bordo de Lezon, sendo levados por ele de volta ao local onde tinham sido emboscados mais cedo. Novamente o veículo ativou o modo de segurança, travando as portas e escurecendo os vidros. A curta viagem foi mais silenciosa do que de costume, pois muitas coisas haviam acontecido naquelas últimas horas e ambos tinham muito no que pensar.
— Chegamos, senhores. – avisou Lezon algum tempo depois com sua voz robótica, assim que estacionou em frente ao galpão, bem ao lado da viatura de Yoko, que permanecia no mesmo lugar em que eles a haviam deixado.
— Obrigada pela carona, Lezon. – agradeceu a policial ao veículo. Era estranho conversar com uma máquina, mas Yoko já estava começando a se acostumar.
— É sempre um prazer, Srta. Katagiri. – respondeu o carro, mais educado do que muitos seres humanos, pouco antes de dar meia volta e sair cantando pneus.
Geralmente era Yoko quem dirigia, mas dessa vez, foi Seichi quem assumiu o volante da viatura policial. Apesar de a moça insistir que estava bem, o chefe não achou prudente que ela forçasse sem necessidade a mão ferida, que sequer havia sido devidamente medicada.
O dia havia começado bonito e ensolarado, mas naquele momento, caía uma chuva leve, que foi suficiente para congestionar o trânsito consideravelmente, e fez com que eles demorassem um pouco mais do que o esperado no trajeto. A noite já havia tomado conta, quando eles finalmente conseguiram retornar ao prédio da Central de Polícia, onde tiveram uma recepção, no mínimo, inesperada.
— Até que enfim, vocês chegaram! – exclamou Michiyo, num misto de bronca e alívio, deixando os dois policiais surpresos com a recepção incomum da secretária.
— Mas o que é que você ainda está fazendo aqui a essa hora, menina? Quem foi que autorizou essas horas extras? – foi a primeira preocupação que passou pela cabeça de Seichi, ao ver que a moça continuava em seu posto de trabalho, quando já deveria estar em casa há, pelo menos, umas três horas.
— Isso não é importante, senhor. – respondeu a secretária, sem ligar muito para a hierarquia naquele momento. Seu senso de dever havia falado mais alto do que qualquer preocupação com horas extras não autorizadas. Ela jamais conseguiria ir embora sem antes repassar a informação que lhe havia sido confiada.
— Aconteceu alguma coisa, Michiyo? – perguntou Yoko, com uma percepção e uma sensibilidade bem maiores do que as de seu superior.
— Aconteceu, Chefe Yoko. O Ryu Hayakawa apareceu! – revelou a moça, animadamente.
— O cara que está com a Ayumi?! – surpreendeu-se Seichi com a notícia.
— Sim, chefe, ele mesmo! A policial Junko do trânsito, entrou em contato para avisar que ele sofreu um acidente e foi levado para o Hospital Central de Tóquio. Ela disse que ficaria lá esperando até que um de vocês aparecesse.
— Será que aquela maluca não está confundido as coisas? – se perguntou Seichi, sem confiar muito na informação passada pela agente do trânsito.
— Ela parecia bastante segura, Chefe. Mas… - interrompeu-se a secretária, ao finalmente notar o estado em que os dois policiais tinham retornado ao trabalho depois de permanecerem tantas horas incomunicáveis. – Chefe Yoko, a sua mão! Você se machucou? Eu fiquei tão aliviada quando vi vocês passando pela porta, que só agora percebi como estão péssimos! – continuou a moça, deixando a curiosidade se sobressair acima de que qualquer discrição. Mas era quase impossível não querer saber o que havia acontecido, quando ela tinha visto os dois saírem impecáveis durante a manhã e retornarem à noite, cheios de escoriações e com as roupas sujas de poeira e manchadas de sangue. Com destaque especial para os óculos levemente tortos de Seichi e para o paletó sem as mangas que ele trazia nas mãos, e que agora mais parecia um colete.
— Eu estou bem. Nós estamos bem. – acalmou-a, Yoko. – Não foi nada sério, mas o Naoto sofreu um acidente e vai ficar afastado por alguns dias.
— Ai meu Deus! Esse sangue nas roupas de vocês por acaso é dele? – assustou-se a secretária.
— Uma parte sim, mas ele vai ficar bem. Ele está sendo muito bem cuidado e só precisa de um pouco de repouso para se recuperar completamente e voltar para nós.
— Que susto! Se é assim, menos mal. Mas é uma pena que ele não esteja aqui, ele ia ficar muito animado ao saber da notícia...
— Mas eu acho até melhor que ele não esteja mesmo. – discordou Yoko, apesar de querer muito estar enganada. – Nós não temos certeza se o Ryu Hayakawa que está no hospital é o mesmo que estamos procurando. Pode ser apenas um alarme falso, um homônimo.
— Então temos que tirar essa dúvida agora! – decidiu-se Seichi. – Vamos imediatamente para lá, Yoko!
— Vamos! - concordou a policial na mesma hora. Os dois mal haviam colocado os pés na delegacia e já estavam de saída outra vez.
— E você, vai pra casa, Michiyo! – ordenou Seichi, um pouco antes de sair. – Não quero mais saber de horas extras por hoje!
— Sim, senhor! Já estou indo. – obedeceu a secretária, já mais aliviada e com a sensação de dever cumprido. Agora sim, ela poderia deitar a cabeça no travesseiro e dormir sem peso na consciência.
Autor(a): Claen
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