Fanfic: Uma História na Coreia | Tema: Universo Coreano

Capítulo 3

O restaurante Mingles é um estabelecimento bastante renomado na cena gastronômica sul-coreana. Ele é conhecido por sua culinária contemporânea coreana, liderado pelo chef Mingoo Kang. O Mingles foi premiado com uma estrela Michelin e é elogiado por sua abordagem inovadora, utilizando ingredientes tradicionais coreanos de maneiras únicas e modernas. É um destino popular para quem busca experiências culinárias sofisticadas na Coreia do Sul.

Nosso almoço transcorre tranquilamente e conversamos sobre diversos assuntos, matando a saudade deste último semestre que ficamos sem nos ver.

Estar com Joong-ki é sempre um momento agradável para mim. Ele me deixa de volta ao apartamento e em seguida segue para sua rotina de trabalho agitada.

Fico aqui pensando em como sou sortuda em tê-lo como irmão, com o passar do tempo somos cada vez mais próximos e sinto que posso contar verdadeiramente com ele.

Agora em minha nova casa, começo a guardar todos os meus pertencentes que vieram na mudança, acho que devo passar o restante do dia nesta organização. Tenho muitos livros, suvenires que coleciono de minhas viagens ao longo dos anos, algumas pinturas que adoro, e por último minhas roupas.

E assim, o restante do dia voa, quando me dou conta já é noite, então peço uma refeição que adoro e sempre como quando chego na Coreia, Jajangmyeon.

O Jajangmyeon é um prato de macarrão muito popular na Coreia do Sul. Consiste em macarrão de trigo (geralmente macarrão de trigo integral) servido com um molho espesso de pasta de feijão preto, pedaços de carne (geralmente carne de porco), legumes como cebola, batata e ocasionalmente frutos do mar. É um prato saboroso e reconhecível por sua cor escura devido à pasta de feijão preto, oferecendo um contraste de sabores entre doce e salgado.

Quando já estou degustando e apreciando a vista da cidade de Seoul em minha nova cozinha, lembro que ainda não liguei para Charlotte. Percebo que pela diferença de fuso horário, na Inglaterra deve ser em torno de 11-12h, então ela já deve estar saindo para almoçar. Faço a ligação e rapidamente ouço sua voz.

- Oi maninha, como você está? Como foi de viagem?

- Oie Charlotte, tudo bem por aqui, já estou no apartamento novo e comendo Jajangmyeon. E como você está?

- Tudo bem, estou saindo agora para almoçar, hoje é dia que dou aulas à tarde. E o que você achou do novo apartamento? Está feliz?

Quando Charlotte faz essas perguntas sobre felicidade, sempre me aperta o coração. Sei que isso é tudo o que ela quer para mim, e sempre me apoia nas minhas decisões, mas nestes últimos anos, não sei se posso me considerar feliz. Tento tirar isso da minha mente, para deixá-la tranquila.

- Adorei o novo apartamento, tem vistas maravilhosas, que estou apreciando neste momento. Tenho certeza que vou me adaptar, e amanhã já tenho reunião com a arquiteta.

- Que bom, como estou com saudades de você. Se cuida bem maninha. Aproveite seu jantar. Te amo.

- Também te amo Charlotte. Se cuida também e não trabalhe demais. Beijos.

Quando desligamos, penso que preciso convencer a Charlotte em vir me visitar, depois que estiver adaptada. Quero muito vê-la pessoalmente.

Antes de me deitar, repasso minha agenda para o dia seguinte, é uma rotina que se tornou um hábito ao longo dos anos. Amanhã tenho uma reunião pela manhã com a arquiteta que estará realizando o projeto de adaptação do meu apartamento, em seguida irei à concessionária para pesquisar um novo carro para mim e à tarde preciso me atualizar nos procedimentos de meu novo local de trabalho.

Este apartamento eu comprei a distância, enquanto ainda estava nos Estados Unidos, tendo confiança no trabalho da corretora e da arquiteta que contratei, por indicação de Park Yuna, uma amiga de meu irmão.

Gostei muito das ideias da arquiteta para transformar o terceiro quarto de hóspedes em um escritório, amanhã verei o projeto finalizado visando dar início na próxima semana.

Aqui na Coreia estarei atendendo de duas a três vezes na semana no Hospital Universitário de Seul (Seoul National University Hospital), e nos demais dias vou dar continuidade a minha pesquisa sobre Cirurgia Pediátrica com a Universidade Nacional de Seul (Seoul National University - SNU).

Com essa rotina de trabalho e estudo, vou precisar fazer home office, então ter um lugar confortável e preparado para isso, será ótimo.

Adormeço rapidamente devido ao cansaço da viagem de chegada, e na manhã seguinte acordo animada para começar o dia.

A reunião com a arquiteta é em um café próximo ao edifício em que estou morando, sendo um bairro bem agradável pelo que vi até então, vou caminhando para encontrá-la e o projeto apresentado é ótimo, então tudo está aprovado para dar início. Combinamos de manter contato e já sigo para a concessionária.

Existem diversas opções de carros que me atenderiam, sendo que não entendo tão profundamente sobre algumas funções, então escolho um modelo tipo SUV na cor branca (Hyundai Tucson), que seja funcional em todas as estações do ano. Lembrando que na Coreia do Sul o verão é intenso e o inverno é bem rigoroso.

Eu particularmente tenho preferência pelo modelo SUV, pois gosto da sensação de maior altura e visão, além do motivo principal, me sinto mais segura. Eles me dão o prazo de entrega em até 7 dias, o que é ótimo, já que começo os atendimentos no hospital neste mesmo prazo.

Até lá, vou dar andamento na minha pesquisa e ir conhecendo melhor a estrutura da Universidade Nacional de Seul.

Decido almoçar em algum restaurante devido ao horário, e depois passar no mercado antes de ir para casa. Ontem percebi que não tenho nada de comida no apartamento. Na Coreia do Sul, a alimentação é algo muito importante, desempenha um papel fundamental na cultura e na vida cotidiana. Seja para: Socialização e Confraternização; Saúde e Bem-Estar; Tradições e Festivais.

Em resumo, a alimentação na Coreia do Sul vai além da simples nutrição, desempenhando papéis culturais, sociais e econômicos importantes na vida das pessoas.

Esse será um dos pontos que terei de me adaptar, pois com a vida agitada, sempre deixei a alimentação como algo apenas necessário e nunca dei tanta atenção, com exceção de jantares e almoços em datas comemorativas. Terei que aprender a valorizar e aproveitar melhor as minhas refeições aqui na Coreia do Sul.

Vou resgatar meu prazer em cozinhar, pois lembro que na adolescência, eu adorava cozinhar com minha mãe. Neste momento, sinto uma enorme saudade dela, e lembro que no final de semana vou fazer uma chamada de vídeo.

Minha mãe, Elizabeth Marie Smith, 59 anos, mais conhecida como Liz, é inglesa de nascimento e coração, como costumamos dizer, além de um espírito livre. Atualmente, vivendo em Bournemouth, no sul da Inglaterra, tem uma vida estável vivendo do que ama, sua arte, seja pintando ou esculpindo. A cidade, a umas 3 horas de Londres, fez muito bem a minha mãe, me parece que trouxe a liberdade de ser quem ela deseja.

Chego em casa no meio da tarde, guardo todas as compras, tomo um banho, então abro o computador e respondo a todos os e-mails para começar a me atualizar sobre os procedimentos de meu novo local de trabalho. Eu li o contrato de trabalho enquanto estava nos Estados Unidos, mas após finalizar meu usuário de acesso na plataforma online de trabalho, soube que o Hospital Universitário de Seul tem muitas políticas internas, então baixei para ir lendo aos poucos antes da data de início, daqui a uma semana.

Quanto ao idioma coreano, é algo natural para mim, assim como o inglês. Desde que me lembro, sempre tive aulas de coreano até o ensino médio. Esse era um dos poucos pedidos ("exigências") do meu pai: que Charlotte e eu soubéssemos falar coreano fluentemente.

O coreano é um idioma único e distinto, com seu próprio sistema de escrita chamado Hangul. O coreano também usa níveis de formalidade para indicar o respeito ao interlocutor. A pronúncia e a entonação são essenciais para a clareza na comunicação.

Ao longo dos anos, com nossas visitas periódicas à Coreia do Sul, aos poucos fomos aperfeiçoando, e chegamos realmente a uma fluência completa. Ao chegar à Coreia, é algo intrínseco, sinto como uma parte de mim que é ativada.

Nesta decisão de vir para a Coreia, acho que de certa forma, passei por um processo de aceitar isso: realmente é, devido a minha nacionalidade e origem coreana. Por muito tempo isso não era claro para mim, então tem sido um processo de aprendizado, de dentro para fora.

Além disso, acho que essa minha descendência coreana colaborou em grande parte em ser aceita na Universidade Nacional de Seul, e consequentemente, no Hospital.