Fanfic: O ódio entre nós | Tema: Dark Romance
As aulas se passaram por horas e pra falar a verdade eu nem vi o tempo passar, eu só fiquei pensando naquele bastardinho, no banho de suco que dei nele e também na ameaça que ele me fez. Eu estou com tanta raiva, não sei o que esperar desse internato, não tenho controle de mais nada, posso estar aqui contra minha vontade mas vou fazer o que eu quiser e se esse Travis acha que vou ser só mais um peça no seu joguinho ele está muito enganado. Sinto um toque no meu ombro que me acorda dos meus pensamentos e então vejo Alexia novamente ao meu lado.
– Quer ir pro campo comigo? Nosso tempo agora é livre.
– Olha eu não quero ser grosseira com você mas eu não vou andar com você se tiver que ficar perto daquele garoto então eu prefiro ficar sozinha.
– Querida, ninguém quer ficar sozinha aqui e você foi grosseira. Tudo o que ele quer é exatamente isso, você desafiou ele o que ninguém aqui nunca ousou, vai se esconder pelos cantos sozinha e deixar ele te caçar? - ela me responde rapidamente e sem tirar os olhos de mim, eu julguei ela um pouco mal pensei que por sua personalidade alegre e extrovertida fosse um tanto ingênua mas me enganei, ela observou bem a situação entre eu e o Travis e a descreveu também, eu não vou deixar ele me caçar. Levantei a cabeça e sorri como resposta.
— Foi o que eu pensei.
Me levantei e a segui em direção ao campo de futebol, no caminho ela me contou sobre o Travis, a família dele é bilionária, do ramo de tecnologia, mas o garotinho problemático estava causando problemas demais e está aqui desde o primeiro ano do ensino médio, ele já estava aqui quando todos chegaram no segundo ano, todos do grupinho parecem bem próximos, Alexia se aproximou dele depois que ele a defendeu em um briga com o ex namorado abusivo dela que também estudava aqui mas após a briga ele foi expulso, ou melhor o garotinho o obrigou a sair depois da briga, no campo extenso alguns alunos jogavam e outros conversavam com seus grupinhos, fomos mais ao fundo atrás das arquibancadas onde encontramos novamente o loiro e a menina de cabelos pretos, o loiro chama minha atenção já que está com um cigarro na boca.
– Isso não é proibido aqui?
– Não é se você não contar. Aceita? - ele sorri de lado e me oferece um e eu aceito de bom grado, não sou uma viciada em cigarros mas me acalma.
– Isso mesmo Jason, mostre seus cigarros para a novata, você nem sabe se pode confiar nela pra ficar de boca fechada e você também Ale andando pra lá e pra cá com ela, você mal conhece essa daí - a morena mal humorada finalmente se pronuncia sendo nada agradável.
– Qual é o problema agora Megan? Tá estressada porque o Travis não quis te comer ontem? - Alexia desdenhou do comentário dela que bufou e foi embora.
– Você pegou pesado ruivinha, conhece ela muito bem, sabe que é desconfiada de tudo.
– Eu sei Jason, mas é um saco ela ser assim, eu entendo que não podemos confiar em todo mundo por aqui mas minha intuição não mente, a Anna é confiável sim e ela também está fumando não vai dedurar você.
– Não vou mesmo, do jeito que aquele Adam é me arrastaria para a uma punição junto com você - respondi sem humor.
– Eu gosto de você novata - ele sorri novamente chegando mais perto para passar a mão sobre meu ombro me abraçando de lado - acho que você precisa de uma iniciação digna do nosso querido College Royal - fala após dar uma tragada no seu cigarro.
– É exatamente isso! - Alexia exclamou animada.
– E que iniciação seria essa?
– Não se preocupe, vamos cuidar de tudo. - Jason me responde com uma piscadinha.
Fumamos e conversamos até começar a anoitecer e então voltamos para a área interna logo seria hora do jantar, pode parecer precipitado mas senti que encontrei dois aliados aqui dentro. Jantamos juntos e sem sinal do bastardinho, quando retornamos ao dormitório Alexia pediu para me arrumar para a tal iniciação, esperamos o toque da hora de dormir quando todas as luzes se apagavam e saímos do quarto silenciosamente, ela me guiava tranquilamente em meio ao escuro sem fim o que me dizia que ela já tinha feito isso muitas vezes, quando chegamos a área externa iluminada pela luz da lua passamos novamente pelo campo de futebol agora vazio praticamente demos a volta no prédio até que chegamos em um corredor em que consegui ver uma fresta de luz, mas essa luz não vinha de qualquer lugar, ela vinha de uma janela próximo ao chão.
– Essa é a nossa entrada vip e com menos riscos. - Alexia me falou piscando enquanto chutava a janela numa espécie de código morse e logo a janela foi aberta para que entrássemos no que parecia ser um subsolo, uma luz amarelada no teto iluminava mal o lugar com alguns jovens com copos de bebida na mão ao redor de um amontoado de grades quadrado bem no meio do subsolo onde dois garotos brigavam descontroladamente. Mas que porra?! Eu não sei mais o que esperar desse lugar, me dizem uma coisa e eu vejo outra, tenho muito o que descobrir sobre esse internato.
– Loirinha, você veio! - Jason vem em nossa direção com uma garrafa de vinho nas mãos - pronta?
– Você não vai me colocar no meio disso aí!
– É claro que não, só achei que seria um bom rito de passagem você conhecer a gaiola, onde os mais destemidos playboys lutam até.. bom até onde dá, eu cuido das apostas aqui, também podemos ter cigarro e bebida até que nos achem de novo.
– Espera um pouco, já descobriram que vocês fazem isso? - perguntei perplexa com sua expressão descontraída no rosto
– É claro que já Anna, você já não conheceu nosso querido diretor? Acha mesmo que ele nunca soube disso? Eles sabem, só não sabem quando tem a gaiola mas já nos pegaram uma vez e não fizeram nada para proibirem, senão você não acha que já teriam acabado com esse lugar soterrando com pedra ou sei lá o que? - quem me responde dessa vez é Alexia, eu poderia questionar o motivo mas é óbvio demais que o Adam se diverte com isso, quantos alunos ele não puniria de uma vez só achando todos eles aqui juntos?
– Então podem invadir aqui a qualquer momento?
– Sim, vamos curtir enquanto isso não acontece - Alexia me responde mais uma vez agora seguindo Jason ao fundo do lugar que eu vou carinhosamente apelidar de buraco, pego o vinho da mão dele e viro sentindo o gosto familiar na minha garganta, se viemos aqui aproveitar o tempo contado, eu vou beber tudo o que puder para silenciar meus pensamentos masoquistas.
Agora mais perto da gaiola onde brigavam várias emoções me tomam de uma vez, ansiedade, medo e até excitação por toda essa violência bem na minha frente, observo de perto quando um dos lutadores joga o oponente no chão e bate sua cabeça repetidamente contra o solo começo a pensar sobre a dor que está sentindo, os movimentos rápidos e precisos fazem o adversário bater a mão no chão pedindo o fim da luta com horror estampado em seu rosto e Jason logo finaliza anunciando o vencedor, Alexia parece se sentir em casa com a vitória do tal Viktor, sinto uma descarga de adrenalina correr por todo meu corpo quando ele passa por nós com o corpo coberto de respingos de sangue, Ale me olha como se estivéssemos a poucos passos de uma celebridade e vibra com isso me oferencendo um copo com vodka e gelo que logo aceito, agora um som animado toca saindo de alguma caixa de som que não consigo localizar, Alexia me passa um baseado e eu vou estudar melhor o lugar, tem um mesa com bebidas e copos vermelhos, a luz amarelada muda para um tom de vermelho conforme chego mais ao fundo do lugar onde vejo ser como uma pista de dança, sorrio com saudade novamente de Luke e Kate, a forma como dançávamos juntos como numa perfeita perfomance em todas as noites entrando em baladas com a identidade falsa que conseguimos com Lip, um carinha da área menos nobre da cidade por assim dizer.
– Vamos dançar loirinha. - me viro e vejo Jason bem mais sorridente do que do começo da noite ao meu lado e não espero nem mais um minuto, puxo seu braço e o arrasto pra pista comigo. Para minha surpresa toca um reggaeton animado, danço com as costas coladas em seu corpo forte e agradeço as aulas de twerk quando desço até o chão rebolando e levanto sem dificuldade, ele me olha agora com um brilho diferente no olhar.
– Você vai me arrumar problemas.
– Devia saber que eu sou uma garota problemática já que estou hospedada no mesmo lugar que você - Ele envolveu minha cintura com as mãos enquanto eu o abraço com minhas mãos atrás do seu pescoço.
– Justo. - Ele me responde e ri me conduzindo numa dança desajeitada – vou pegar mais uma bebida. - me avisa antes de sair de perto e agora estou sozinha mas continuo dançando como se estivesse sozinha, nesse lugar escondido ou melhor como se estivesse livre pelos bares da Califórnia depois de um dia de praia, ele me abraça por trás dessa vez mas agora está mais animado que nunca, sinto sua excitação nas minhas costas e me mexo de forma mais lenta para sentir um pouco mais, ele me aperta a cintura e um gemido me escapa, nunca imaginei que aquele engraçadinho teria uma pegada tão forte e quando me viro disposta a tomar a iniciativa de acabar com sua tortura, a resposta está bem na minha cara, claro que o engraçadinho não teria essa pegada e estou novamente cara a cara com o arrogante Travis, devia ter desconfiado das mãos grande e agora mais perto que nunca consigo sentir o aroma do perfume masculino misturado ao cheiro dos cigarros de menta, pelo jeito não é só o Jason que tem acesso as regalias contrabandeadas.
— Você é muito corajosa novata, primeiro dia e já corre o risco de ser punida, seria muito chato se te pegassem aqui, sabia?
— Seria mas seria muito legal se te pegassem aqui também, quem sabe o tal do Adam não te ensina a ser menos arrogante.
— Esqueça o que eu disse, você não é corajosa, é só burra mesmo. - Ele aperta minha cintura com mais força e sorri sarcástico.
- Você gostou de ficar sentindo a burra aqui. - Desço os olhos pelo abdômen definido coberto pela camisa preta em direção a sua excitação.
— Nem imaginei que fosse você, já que tem uma grande cara de vadia fria. - dou uma risada, desacreditando das suas palavras.
— Eu te disse garotinho - olho nos seus olhos e bem próxima a sua orelha eu finalizo - não entraria no seu caminho nem que você quisesse, mas você parece empenhado em estar sempre no meu. - Pisco e saio para longe dele encontrando Alexia conversando com o tal Viktor, prefiro não incomodar e passo os olhos pelo local tentando achar Jason mas antes de ser bem sucedida um som alto ecoa como uma sirene e os outros alunos correm em direção a janela para sair, porra, isso foi mesmo uma pessima ideia, consigo me mexer correndo logo atrás mas tem mais pessoas do imaginei, são no mínimo 30 pessoas todas tentando subir em uma mesinha para alcançar a janela que só comporta um por vez, droga, sou empurrada no caminho e olhando toda aquela confusão me sinto claustrofóbica, olho o teto baixo, a luz baixa e o ar parece sumir dos meus pulmões, caminho pra trás esbarrando em uma viga no meio do espaço e tento puxar o ar com dificuldade, droga, aqui não! aqui não!
Uma mão agarra meu braço e me puxa e eu só tento sobreviver, algumas lágrimas escorrem pelo meu rosto, eu estou com tanto medo, não posso deixar minha mente me levar de novo para aquele dia, sempre que entro em desespero, aquele maldito dia me volta a mente.
‘Você matou ele Anna! Está feliz?! Era isso que você queria não era? Acabar com nossa vida!’
Madeline acabou comigo naquele dia, eu estava tão em choque quanto ela!
Não me dei conta quando finalmente estava fora daquele lugar, agora no gramado do grande internato e vi de novo os olhos verdes me encarando, agora parecendo preocupado com meu estado, ele segura meu rosto com as duas mãos e vejo sua boca mexer mas som nenhum chega aos meus ouvidos, caio de joelhos no gramado e ele me chacoalhou pelos ombros.
‘Foi culpa dela, eu tenho certeza’
‘Essa garota é problemática’
‘Não sei como um homem tão bom pode ter uma filha como ela’
Era o velório dele, onde eu deveria me despedir e ser consolada, mas só fui culpada por tudo, eu era culpada.
— Acorda! Acorda! Olha pra mim. - Eu o olhei com os olhos assustados e com certeza com a maquiagem borrada. - Respira, pode fazer isso? - Concordo mesmo querendo que ele tire as mão de mim. - Ótimo, um, dois, três profundo, agora deixa sair. - Faço com ele manda e posso sentir a respiração voltar ao normal, as vozes pararam e eu só me concentro nos olhos, olhos tão bonitos em alguém tão arrogante devia ser um crime. Me solto da sua mão me jogando para trás, a grama gelada agarra minhas costas e eu encaro o céu estrelado com as mãos sobre o coração sentindo ele se acalmar finalmente.
—Não temos tempo para ficar aqui, vamos agora. - Ele estende a mão para que eu me levante mas apoio as mãos no chão e me levanto sozinha - Você é tão desagradável.
— Digo o mesmo. - ele resmunga e me puxa pelo braço, andando na escuridão mais uma vez e chegando em uma porta próxima tira uma chave do bolso e a abre, tá certo, ele sabe das coisas, estamos no corredor dos quartos e ele abre a porta, esse cara tem mesmo intimidade com a Alexia, entrando e logo ele vem atrás, me viro para questiona-lo e ele acende as luzes, definitivamente esse não é o meu quarto. As paredes são de um azul escuro quase preto, uma mesa de estudos ao meu lado, o guarda roupa preto do outro lado, a porta do banheiro logo à frente e então a cama, só uma cama, mas os dormitórios são compartilhados, o dele não?
— Como chego ao meu dormitório? - Me viro para ele que agora está sem os tênis e retirando a camisa, agora consigo ver algumas tatuagens, nos braços, abdômen e ombros, todas sombrias demais e sem nenhuma conexão.
— Não.
— Não?
— Você fica aqui essa noite.
— Ficou maluco? Estou começando a me preocupar com sua obsessão.
— Você é tão convencida, acha que eu te queria aqui? - ele me olho com um desdém absoluto.
— Se não quisesse, por que me tirou de lá?
— Porque não deixar passarem por cima de você e te matarem, se alguém pode te torturar aqui, sou eu, já devia saber.
— Você pode cumprir sua ameaça depois, quando eu não estiver presa aqui dentro com você com o perigo de me pegarem aqui.
— Você acha que foi uma ameaça? - ele arqueia uma sobrancelha me questionando — anjo, isso foi uma promessa. Você não pode sair agora, aquela sirene foi um aviso, vão estar nos corredores querendo pegar todos que estão voltando para os quartos, você não quer isso, quer? - ele me questiona sabendo bem da resposta, a conversa antes do dia que minha madrasta me informou que eu viria pra cá volta a minha mente, ela me disse que se eu fosse expulsa, iria para rua, não na Califórnia, mas que acharia um lugar sujo o suficiente para me largar e não ouvir mais falar de mim, que eu ficaria no lixo onde era o meu lugar. Sem dizer mais nada ele vai ao banheiro e fecha a porta sem dizer mais nada. Eu olho o lugar que tem somente uma foto como decoração, um menino de uns quatro anos com uma mulher loira e sorridente, estão em um campo de golfe e só de olhar sinto um calor no coração, deve ser sua mãe, a minha nunca conheci, morreu no dia do meu parto. Rio sozinha e sem humor, eu tinha mesmo o dom de acabar com a vida dos que eram para me amar independente de tudo, minha madrasta já tinha sido uma figura materna pra mim mas aos 9 anos tudo mudou, ela começou a me machucar, tudo o que eu fazia a irritava, eu conseguindo a atenção do meu pai a irritava, eu tentando a sua atenção a irritava, em algum outro mundo eu queria que ela estivesse tão machucada quanto eu.
A porta se abre e ele vai em direção ao guarda roupa, pega uma camisa preta e uma toalha, oferecendo em minha direção, eu aceito sem dizer nada e vou para o banho, no espelho vejo meu reflexo com a maquiagem escorrida em minhas bochechas, um preto do que era a máscara de cílios e o lápis preto. Depois de um longo banho visto a camisa do meu inimigo e vou em direção a cama, ele já está deitado confortavelmente com um óculos no rosto e um livro em mãos “she is the poem”.
— Não combina com você.
— Óculos?
— Poema.
— Você não me conhece.
— E eu sou grata por isso.
— Desagradável.
Sorrio e busco um travesseiro na cama de casal que parece bem confortável.
— Tem um edredom?
— Tenho mas está calor. - me olha sem entender.
— É para cobrir o chão.
— Você não vai dormir no chão.
— Você vai?
Ele ri realmente se divertindo com nossa situação.
— Não, é o meu quarto, você dorme na cama ou tem medo de não resistir e me agarrar?
— Nem que você quisesse, garotinho. - ele sorri mais uma vez quando eu deito ao seu lado tentando ficar o mais próxima da parede e longe dele, um calor inexplicável emana do seu corpo tatuado, o maldito nem vestiu uma camisa e mais rápido do imagino, durmo.
Autor(a): mabiaautora
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