Fanfics Brasil - confident. Cigarrete Daydreams (Satoru Gojo x Original Character)

Fanfic: Cigarrete Daydreams (Satoru Gojo x Original Character) | Tema: Jujutsu Kaisen


Capítulo: confident.

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chapter one – confident. 


 


16 de julho de 2018, 8:43am.  


Ainda que fosse cedo, aquela era uma segunda-feira típica de verão. O dia estava predominantemente ensolarado e quase não era possível ver uma nuvem no céu azul. Em consequência, já estava consideravelmente quente mesmo para aquela hora, o que fez com que Satoru acordasse ainda que relutasse em permanecer na cama.   


A cabeça estava pesada e latejava um pouco. Deveria ter maneirado na cerveja ontem à noite, trabalhar de ressaca não é exatamente o modo ideal de começar a semana. Levantou-se com cuidado da cama, não queria acordar sua companheira que ainda dormia profundamente. Não que estivesse preocupado em atrapalhar o sono da dama, mas queria ao máximo evitar qualquer tipo de conversa que poderiam ter.  


Satoru era um homem com uma beleza acima da média e sabia bem disso. O que o levava a ter mais amantes do que conseguia conciliar e isso geralmente lhe rendia grandes dores de cabeça que ele gostaria de evitar o máximo que pudesse. Por isso sempre saía sorrateiro pela manhã, antes que começassem as perguntas de sempre: “Quando nos vemos de novo?”, “Você me liga?”   


Você já tá indo?   


O tiro saiu pela culatra. Pego no flagra, ótimo. Por que tinha sempre que ser tão difícil sair sem ser visto?  


— Te acordei, princesa? Mil perdões. - Sorriu de forma terna. Tinha que dar um jeito de sair dali o mais rápido que pudesse, sem que parecesse um completo babaca. -  Estou atrasado para o trabalho. Sabe como é a vida de policial, enquanto estou aqui relaxando podem estar precisando de mim na delegacia. Até mais, gatinha!   


Antes mesmo que a pobre moça pudesse pensar em uma resposta, ele já havia fechado a porta atrás de si. Caminhando com passos largos, logo pode avistar seu carro no estacionamento e suspirou de alívio quando se sentou no banco do motorista. Pelo menos ocorreu tudo bem. Na realidade, não queria magoá-la. Ela era uma boa garota. Talvez ela fique com raiva por alguns dias, mas era certo de que da próxima vez em que eles se encontrassem, ele daria um jeito de fazê-la esquecer disso. Mas qual era o nome dela mesmo?  


O trânsito de Tóquio àquela hora da manhã era o mais caótico possível. Pelo engarrafamento que se formava, calculou que chegaria quinze ou talvez vinte minutos atrasado no trabalho. O que seria mais do que suficiente para ganhar um sermão do Tenente Yaga.  


— Talvez fosse melhor eu arrumar uma namorada.   



Os pássaros cantavam do lado de fora e a luz que adentrava o quarto pela janela foram mais do que suficientes para que despertasse de mal humor. Por que raios não fechei essa cortina? Era tão difícil pegar no sono, que quando conseguia, tudo que queria era não ser incomodada por nada, nem ninguém, por pelo menos três ou quatro horas ininterruptas.  


Sabendo que não conseguiria voltar a dormir uma vez que já estava acordada, acabou se dando por vencida e decidiu que seria mais proveitoso se levantasse da cama. Não via motivo em continuar deitada se não estivesse dormindo. Era pedir demais ter o sono de uma pessoa normal? 


Com passos preguiçosos, se dirigiu até seu pequeno bar pessoal que existia justamente para situações de mal humor como esta. Serviu uma boa dose de whisky e foi até sua varanda, a fim de que algum ar puro lhe fizesse bem. Acendeu um cigarro de sua marca favorita e tragou profundamente, sentindo a nicotina percorrer sua corrente sanguínea e lhe proporcionar o alívio que desejava. O sabor amadeirado do whisky desceu quente por sua garganta e o álcool aos poucos lhe deixava com a mente avoada e turva.  


Estava perdida em seus devaneios, quando ouviu duas batidas firmes na porta. Será possível que uma mulher não pode fumar seu cigarro em paz?  


— Entre!  


Viu a maçaneta girar e a porta abrir revelando uma figura alta e esguia. Era um de seus lacaios.  


— Com sua licença, senhorita Saori. Bom dia. - Sorriu gentilmente o rapaz.  


— Bom dia, Griffith. Entre de uma vez, já te disse para não fazer tanta cerimônia.   


Griffith era um garoto loiro de olhos verdes esmeralda com uma aparência tão gentil que chegava a soar falso. O rosto fino e as bochechas levemente avermelhadas, o tom de voz sempre sereno e uma educação invejável. Saori não podia deixar de se afeiçoar pelo rapaz. O achava bom demais para estar naquela vida.   


— Perdoe-me, força do hábito. - Riu. - Aiwaza-sama me pediu para avisá-la que quer vê-la em seu escritório.   


— Agora? - Franziu as sobrancelhas. - O que diabos ele quer logo cedo?  


— Sinto muito, senhorita, não sei te responder.   


— Tudo bem, Griffith. Pode ir agora.   


— Ah, senhorita, tem mais uma coisa... - Disse o loiro receoso.   


Bufou. — Sim, Griffith. O que foi?  


— Ele também disse para a senhorita não beber a esta hora da manhã.   


Foi o suficiente para que Saori perdesse o restante de sua paciência.  


— Pois mande aquele imbecil cuidar da própria vida! Eu não tenho mais 12 anos!   


Graças a seus reflexos excepcionais e resposta rápida, Griffith conseguiu fechar a porta do quarto antes que o copo de whisky voasse em sua direção. O som estrondoso do vidro se quebrando contra a madeira facilmente foi escutado por todos na mansão.   


— Cara, por que eu não arrumei um emprego normal? - Lamentou o lacaio.   


* 


Eram por volta das nove e meia da manhã quando Satoru finalmente conseguiu chegar à Estação de Polícia de Shibuya. Entrou de fininho, evitando ser visto por qualquer um que pudesse notar seu atraso, e principalmente, não queria encontrar o tenente e levar uma bela bronca, o que lhe renderia mais dor de cabeça além da que já estava.   


Entrou em sua sala são e salvo, aparentemente não tinha sido avistado por ninguém que valesse à pena se preocupar. Sentou-se em sua mesa e finalmente relaxou.   


— Tá atrasado. - Uma voz masculina familiar soou do outro lado da sala. Satoru não conteve uma lufada de ar irritada ao perceber quem era.   


— Uau, Suguru. Você é tão observador. - Disse. -  O trânsito estava um inferno, ok? Não foi minha culpa.   


— Que tal você começar a sair mais cedo de casa? Costuma resolver.   


— E que tal você cuidar da sua vida?  


Satoru Gojo e Suguru Geto se conheceram quando cursavam o ensino médio, e desde então se tornaram aquela dupla de amigos que sempre estão juntos. Ainda que fossem o completo oposto um do outro, tinham um forte vínculo. Satoru sempre fora extrovertido, tinha facilidade de se comunicar (principalmente com as mulheres) e amava ser o centro das atenções. Em contrapartida, Geto era bem mais reservado e discreto, não gostava de multidões e muito menos de ter que interagir com pessoas que ele não conhecia. Era do tipo que agia nos bastidores.  


Apesar das grandes diferenças até mesmo em coisas triviais como gostos musicais, os dois construíram ao longo dos anos uma relação de confiança mútua. Confiavam cegamente um no outro. E mesmo depois de se formarem no colégio e a tendência fosse se afastarem por conta da vida adulta, ironicamente ambos decidiram entrar na academia de polícia e acabaram se tornando oficiais juntos. Atualmente são a dupla de detetives que comandam a divisão especial de combate ao narcotráfico na polícia japonesa.   


— A noite não rendeu como esperado? - Perguntou Suguru, com um sorriso travesso nos lábios. - Tá de mal humor logo cedo.   


— Nem sempre meu mal humor está ligado a sexo, idiota.   


— Se eu não te conhecesse, talvez até caísse nesse teu papo furado. - Riu.   


— Será que você poderia parar de se preocupar com a minha vida sexual e me dizer como foi o interrogatório de ontem?  


Geto puxou a cadeira em frente à mesa de Satoru e bufou longamente enquanto se sentava.  


— Nada de novo sob o sol. - Respondeu. - Recebi o relatório agora pela manhã. Não tive tempo de ler tudo, mas pra resumir a obra: foi um grande fiasco.   


— O arrombado não abriu o bico?  


— Você sabe como são esses caras. Entregar os colegas tá fora de cogitação quando você faz parte desse tipo de coisa.   


O silêncio se instalou na sala. Havia seis meses que estavam na cola de uma máfia que atendia pelo nome de Red Dragon. Seu foco maior eram o tráfico de drogas e sistemas de prostituição, mas eles acabavam se envolvendo em todo tipo de esquema sujo que se podia imaginar. Por mais que corressem atrás de qualquer mínima informação, tudo o que conseguiam eram pistas falsas que os faziam andar em círculos. Era frustrante.   


Entretanto, parecia que a maré de sorte havia finalmente se voltado para eles há dois dias atrás, quando prenderam um integrante transportando drogas em seu carro que estava com o farol dianteiro queimado. Um golpe de sorte do qual Satoru tinha plena consciência que precisava aproveitar bem. Era a chance perfeita de realmente conseguirem algo valioso.   


— Temos que propor um acordo. Diminuição de pena, qualquer coisa. - Disse o platinado.   


— Bom, a quantidade de drogas encontrada no carro não era tão absurda e acho que podemos conseguir liberdade condicional se ele assinar como usuário. - Pontuou Geto.   


—  Avise o tenente que vamos fazer uma visitinha para o nosso convidado especial. - Disse, se levantando animado. Estava confiante que pudesse dar certo.   


—  Agora?! - Geto se surpreendeu com a empolgação de seu colega.   


—  Sem perder tempo. Conseguir prender esse cara já foi um milagre e você sabe que o raio não cai duas vezes no mesmo lugar. Pode ser nossa única chance de conseguir uma informação útil.  


O moreno suspirou. —  Realmente me irrita ter que concordar com você.   


—  Admita que eu sou um gênio. - Se gabou Satoru. - Ah, antes de ir eu definitivamente preciso de um café.  


—  Não foi você que disse que não era pra perder tempo?  


Satoru mostrou o dedo do meio em resposta e saiu logo em seguida. Geto apenas rolou os olhos.   


—  Devo ter grudado chiclete na cruz pra ter que aguentar esse idiota. - Resmungou.   



Saori caminhou com passos raivosos até onde era solicitada. Se antes estava de mal humor, agora estava furiosa. E o culpado por sua enxaqueca latejar incansavelmente em sua têmpora direita tinha nome, sobrenome e um sorriso lunático. Estava cansada de ser capacho daquele cara. Por que tinha sempre que ir atrás dele assim que ele estralava os dedos como um cãozinho obediente?  


Na verdade, ela sabia bem o porquê. Não tinha outra escolha.   


Ela nunca tivera uma vida fácil, muito menos uma infância da qual ela gostava de se recordar. Seus pais não tinham condições alguma de a criar, muito em prol do forte vício em drogas que ambos se encontravam naquela época. Ela sentiu a dor da fome e do abandono fraternal muito cedo.   
Quando completou 10 anos, o pai em uma de suas inúmeras crises de abstinência a vendeu por alguns milhares de ienes para um cara esquisito e aparência medonha que Saori tinha pavor. Ela era uma garota alta, maior do que as garotas de sua idade usualmente seriam, o que dava impressão de ser mais velha do que era. O moço das sobrancelhas estranhas (era assim que ela o chamava quando pequena) viu a oportunidade perfeita. Desde então, ela fora obrigada a fazer coisas que não gostaria e nem deveria por ser apenas uma criança.   


Aos 12, conheceu ele. Era o cliente mais rico que frequentava o bordel. Todas as meninas que ali trabalhavam sempre brigavam entre si para que ele as escolhesse quando o mesmo dava seu ar da graça, pois sabiam que seriam bem remuneradas. Seu nome era Yashiro Aiwaza. Um mafioso influente na região de Kanto, ainda que fosse relativamente novo no ramo.   


Saori gostava menos ainda dele do que do dono do bordel. Seu rosto não era nada gentil, ainda que ele constantemente sorrisse para ela. Sentia repulsa daquele sorriso, pois sabia da real intensão por trás dele. Era como um domador amaciando uma fera selvagem. Seu estômago sempre embrulhava quando ele lhe dirigia palavras que ela não gostava de ouvir e tinha vontade de fugir toda a vez que ele a tocava, por mínimo que fosse o contato. Como se cada célula de seu corpo gritasse que era melhor manter distância.   


Contudo, Aiwaza havia criado um enorme fascínio pela mesma, desde o momento em que colocara seus olhos na jovem. Saori era filha de um casal de imigrantes que vieram para o Japão inicialmente para tentar uma vida melhor. Por ter descendência latina, ela não parecia japonesa, ainda que tivesse nascido ali. Sua mãe japonesa havia se casado com um latino e fugido para a terra de seu amado. Infelizmente não tiveram a vida perfeita que sonharam quando estavam lá e acabaram retornando. Foi quando ambos se afundaram nas drogas e sua mãe engravidou.  


Ele não sabia se a beleza diferente da qual estava acostumado foi o que havia chamado sua atenção. Talvez tivesse sido isso, no início, mas a personalidade forte da menina, era o que mais o instigava. Ainda que já tivesse passado por muitas situações desagradáveis, ela não esboçava sequer um resquício de fragilidade. Na realidade, era isso que lhe dava forças. Seus olhos castanhos eram sempre frios e indiferentes, mas ele podia ver toda a raiva e desprezo que eles possuíam lá no fundo. Um talento em potencial.   


Não demorou muito para que Yashiro fizesse uma proposta irrecusável para o dono do estabelecimento, que devido as dívidas acumuladas que possuía, não hesitou em aceitar. Desde então, a jovem pertencia exclusivamente a ele. E estava comprometida a viver assim pelo resto de sua vida.   


Ele a criou com tudo de melhor que o dinheiro pudesse comprar. Estudou nas melhores escolas do país, vestia marcas caras, sempre comia em restaurantes requentados e estudava em uma faculdade renomada. Aos olhos da sociedade, ele era como um bom tutor que a tirara da miséria e da prostituição. Mas na realidade, era igual a todos outros com quem ela já fora obrigada a dormir. Um maldito doente pervertido.   


Ainda que não demonstrasse, o fato de que jamais conseguiria escapar disso, a corroía todos os dias. Queria poder ter uma vida minimamente normal, mas nem ela mesmo sabia como seria isso. Nada nunca fora normal para ela.   


Abriu a porta do escritório e logo o avistou. Com sua presença imponente, seus olhos acinzentados fixos na vista que a grande janela de vidro dava para o jardim. Yashiro era um homem bastante bonito, apesar do caráter duvidoso. Estava sempre extremamente bem-vestido, na maioria das vezes com algum terno italiano que custava mais do que uma pessoa comum receberia em um ano todo de trabalho. Era bom com as palavras e sabia disfarçar seu verdadeiro eu muito bem. A barba feita e o cabelo preto sempre era perfeitamente penteado para trás sem um único fio fora do lugar.   


O escritório exalava o cheiro de perfume francês e charuto cubano que o mais velho fumava. Não havia nada no mundo que Saori odiasse mais do que aquele cheiro. Quando percebeu que a jovem lhe encarava, Yashiro sorriu gentilmente.   


—  Bom dia, querida. - Disse ele. - Não foi à faculdade hoje? Outra crise de insônia?  


—  Diga o que quer. - Respondeu ela.  


—  Sempre direto ao ponto. Sente-se, por favor.   


—  Estou bem de pé.  


O homem a sua frente fechou os olhos com sua resposta e Saori sabia que aquilo significava que havia o irritado. Deveria ter ficado calada e se sentado logo de uma vez. O mais velho pacientemente se levantou de onde estava e se dirigiu até ela. A garota não pode deixar de sentir um arrepio lhe percorrer a espinha. Em um movimento rápido, Yashiro agora segurava o rosto da jovem com rispidez.  


—  Achei que já tivéssemos combinado de que você seria uma boa garota e me obedeceria. - Agora tinha a boca colada no ouvido de Saori, que fechava os olhos com força, desejando que aquilo acabasse rápido. - Faça o que digo ou serei obrigado a... Te castigar.   


Aiwaza passou a língua pelo lóbulo direito de Saori, que instaneamente arrepiou com o contato. Um arrepio pavoroso, como se a língua dele queimasse sua pele por onde passava.   


—  Fui bem claro, querida? - Perguntou.   


—  Sim. - Sussurrou Saori.  


O homem então deixou o rosto da garota, que soltou todo ar que havia prendido nos pulmões sem nem ao menos perceber. Estar na presença dele a deixava com cada músculo de seu corpo tenso.   


—  Então, sente-se. - Ele voltou a sorrir da mesma fora de outrora e puxou a cadeira a frente de sua mesa para que ela se sentasse. Ela o fez sem reclamações dessa vez, ainda com o arrepio lhe percorrendo cada centímetro de seu corpo. - Bom, vamos ao que interessa. Eu tenho que lhe pedir um pequeno favor, mas nada com que já não esteja acostumada.   


Saori apenas assentiu. Seria melhor permanecer em silêncio enquanto estivesse ali. Não queria de forma alguma passar por algum castigo que Yashiro prepararia para ela caso voltasse a desobedecê-lo. Só o lampejo da ideia lhe passar pela cabeça, fazia as mãos suarem frio e espasmos lhe percorrem.  


—  Deve estar ciente que Mahito foi detido em Shibuya dois dias atrás. - Continuou. - Vão interrogá-lo ainda hoje e provavelmente oferecerão algo em troca para que ele revele informações úteis sobre nós a polícia. Fique pelo perímetro e caso ele revele algo... Bom, você já sabe como proceder, certo querida?  


—  Sim. Isso é tudo?   


—  Por hora, sim. Me mantenha atualizado.   


—  Entendido. Com sua licença. - A garota se levantou em direção a saída. Correria dali se pudesse, pois queria ir embora o mais rápido possível.   


—  Ah, Saori! - chamou Yashiro. - Tente voltar antes das 22h. Tenho planos para nós.  


—  Sim, Aiwaza-senpai. - Ela sorriu de maneira forçada. Sabia que chamá-lo assim, acalmaria o pervertido por enquanto.   


No momento em que fechara a porta do escritório, sentiu o estomago embrulhar. Aquela relação a enjoava. Estaria mesmo fadada a viver assim pelo resto de seus dias?   


 


A fila da cafeteria perto da delegacia estava relativamente grande para um dia quente de verão. Satoru já estava ficando sem paciência. Só queria tomar seu moccaino de chocolate e dar um jeito naquela ressaca insuportável que estava. Mas parecia que o universo não estava a fim de colaborar com o platinado no dia de hoje. Até que algo que viu na fila a sua frente chamou sua atenção. O dia havia acabado de começar a melhorar.   


—  Eu vou querer um frapuccino médio de caramelo com gelo, por favor. E sem café. - Disse uma jovem que estava a sua frente.   


Sem café? Pra que veio até uma cafeteria então?   


—  Certo, qual seu nome? - Perguntou o atendente do caixa.   


—  Saori Miyazaki. 


Então, esse é o nome dela. Satoru não deixou de observar a moça nem enquanto fazia seu pedido. Ela era mais alta do que as garotas com quem normalmente saia, e somente isso já era o suficiente para ter sua atenção. Não parecia ser nativa dali, apesar de falar japonês muito bem. Também vestia roupas mais curtas do que uma japonesa tradicional geralmente vestiria. Ficou curioso em saber de onde ela seria.   


Os cabelos castanhos ondulados batiam na altura da lombar. Não usava muita maquiagem, somente o suficiente para disfarçar alguma imperfeição, notou ele. Os lábios eram perfeitamente desenhados e carnudos em uma proporção que acabaram se tornando a parte favorita de Satoru espiar de longe. Não é exatamente o meu tipo, mas é bem bonita.  


Ela parecia ansiosa também. Enquanto esperava seu pedido, não conseguia manter as pernas quietas. As balançava de um lado para o outro, de modo constante. Também reparou que não parava de roer as unhas. Será que estava esperando alguém? Um namorado, talvez? Alguém que estivesse interessada?   


Mais alguns minutos se passaram e assim que o pedido dela ficou pronto, a jovem se dirigiu para fora. Notou que ela ainda permaneceu a frente do estabelecimento, parecia que estava realmente esperando alguém, no final das contas.  Não demorou muito para que seu próprio ficasse pronto e depois de adicionar mais dois sachês de açúcar além do que já havia pedido previamente (era viciado em doces, pois o ajudavam a pensar), não conteve o impulso de também ir para fora.   


E daí se ela estiver esperando alguém? Vou só conversar um pouco.   


Ele saiu e continuou observando a moça que agora mexia no celular por mais alguns minutos. Em determinado momento, ele se aproximou lentamente. Era a hora de dar o primeiro passo. Mas assim que ela puxou uma carteira de cigarros do bolso e começou a fumar, todo seu encanto fora por água abaixo. Ele odiava o cheiro de cigarro.   


—  Sabe, isso ainda vai te matar um dia. - Não se segurou em dizer. - Digo, uma garota tão bonita como você, não deveria fumar.   


Ela não respondeu. Ao invés disso, deu uma longa tragada no cigarro que segurava entre os dedos e se virou para ele antes de soltar toda a fumaça que havia tragado no rosto do platinado, que automaticamente tossiu. Ela riu, se divertindo com a reação.   


—  E você não deveria colocar tanto açúcar no seu café, vai acabar ficando diabético. - Respondeu ela. Deu uma outra tragada em seu cigarro, antes de continuar. - Dizem que se não cuidar bem da diabetes, pode acabar perdendo membros do corpo. E se você perder esse negócio no meio das pernas? Apesar que acho que um velhote como você não deve mais usar pra nada além de mijar, não é mesmo?   


Satoru piscou atônito. Tinha mesmo sido tirado por uma pirralha que acabara de conhecer?  


—  Ora, se está curiosa sobre, posso tirar sua dúvida. - Respondeu, tentando parecer que não havia se abalado com o que ouvira.   


—  Nem se tomasse uma caixa inteira de viagra você me aguentaria, tiozinho. - Ela sorriu maldosamente enquanto levava o canudo de seu frapuccino a boca. - E eu não costumo fazer caridade para a geriatria.   


—  Sabe o que dizem sobre cão que muito late... - Na realidade, queria mesmo era ensinar àquela menina boas maneiras, mas não podia perder a postura. Que pirralha irritante.   


—  Desculpa aí, branquelo. Nossa conversa fica pra outra hora. Tenho que ir nessa. - Disse ela, se virando para ir embora.   


—  B-branquelo? Com quem você acha que está falando, sua fedelha arrogante?! - Agora tinha perdido completamente a paciência.   


Ela não se virou para encará-lo. Apenas acenou com a mão, se despedindo e continuou seu caminho, deixando um Satoru Gojo com o ego extremamente abalado.  



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Autor(a): spacecowgirl_

Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).

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"Your pastimes consisted of the strange, the twisted and deranged. And I love that little game you had called Crying lightning." Chapter Two - Crying Lightning - Será que você pode melhorar esse humor de merda? - Exclamou Geto. - Tá começando a me dar nos nervosos essa sua cara amarrada.  Satoru bufou. - Quem tá de mau humor? Eu esto ...


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