Fanfics Brasil - O Condenado Weasley Harry Potter e o Livro Perdido

Fanfic: Harry Potter e o Livro Perdido | Tema: Harry Potter


Capítulo: O Condenado Weasley

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Os dias que se seguiram, Sara parecia ter voltado ao normal. Estava sim um pouco cansada e raramente ficava na torre, depois de uma reunião com a tia, ela passava a maior parte do tempo fora da sala comunal. Harry só mesmo ficava com ela durante os intervalos e às vezes nos treinos do time da Grifinória. O primeiro grande jogo havia sido marcado para a primeira semana de fevereiro, com todas as matérias sendo praticamente testadas pelos professores, a única que parecia estar dando alguma folga para a turma da Grifinória era a professora Minerva. Ela sempre fora uma torcedora assídua e fazia qualquer coisa pelo time da casa em que era diretora. As aulas com Snape finalmente haviam terminado, mas mesmo assim ele parecia perseguir os alunos da Grifinória decidido a tirar-lhes pontos. Principalmente Neville, que lhe dera uma verdadeira aula de Herbologia quando Snape se ofereceu para substituir a prof. Sprout que pegara uma forte gripe e tivera que ficar vários dias na ala-hospitalar. Harry desceu do dormitório encontrando Rony sentado na mesa em um canto do salão comunal, o tempo parecia chuvoso do lado de fora do castelo e os planos de Harry de fazer um treino com o time de quadribol fora por água abaixo.

– Aí, descobriu mais alguma coisa sobre Azkaban? – perguntou Harry enquanto sentava-se ao lado de Rony. 

– Não exatamente... – respondeu o garoto - estava dando uma olhada aqui... e aqui... mas não encontro essa ilhota que os livros falam... provavelmente deve estar enfeitiçada... não tem como achar... 

– E você já pensou que... esses livros todos podem estar mentindo? – disse Harry pegando um livro de história particularmente grosso. - Lupin uma vez me disse que eles não precisavam de paredes nem água para manter os prisioneiros confinados, não quando eles já estão presos dentro da própria cabeça.... 

Rony encarou o amigo sem entender o que Harry estava querendo dizer. 

–... quero dizer, você não acha que se fosse mesmo em uma ilhota... Sírius conseguiria nadar praticamente meio oceano para vir até aqui? 

– Ele poderia aparatar não? – disse Rony coçando a cabeça. 

– Depois de passar praticamente 12 anos preso com dementadores? – disse Harry folheando o livro - ... ele não teria forças suficientes pra isso Rony... você sabe o que eles causam na gente só de ficar alguns minutos na frente deles... tenho certeza de que Azkaban é até mais perto do que a gente imagina.. 

– Mas lembra do que o Sírius nos contou? Ele disse que praticamente atravessou o oceano, ou você esqueceu... e o problema maior é onde? – disse Rony desanimado – Papai está prezo há um mês, digo... desde a festa de ano novo... ele já deve estar muito mal... 

– Do que estão falando? – Harry ouviu a voz de Hermione logo atrás dele. 

– Sr. Weasley... – disse Harry – Já faz um mês que ele está em Azkaban... e não temos nenhuma notícia.. 
.
– É... eu tenho visto Rony lendo muita coisa sobre Azkaban, vocês não estão com aquela idéia maluca na cabeça de novo estão? – perguntou Hermione desconfiada. 

– Onde está a Sara... – perguntou Harry tentando desviar o assunto - tenho passado pouco tempo com ela... e já que está esse temporal lá fora... 

– Na torre da Trelawney.. – disse Hermione vendo Rony recolher os livros e pergaminhos. 

– Achei que ela suportava Trelawney tanto quanto a McGonagall – disse Rony percebendo o olhar de Hermione e tentando disfarçar. 

– E ela detesta a Trelawney mesmo... – respondeu Harry um pouco confuso – por que será que ela está freqüentando a torre norte? 

– Por que o professor Dumbledore foi quem pediu... – Harry ouviu a voz de Sara que vinha do buraco do retrato – E como se lesse o seu pensamento Harry, mandou lhe dar um recado... para que se for possível você ter mais uma responsabilidade no seu currículo que conduza as aulas em um grupo de estudos com a supervisão de um membro do Ministério. 

– Como? – responderam Harry e Rony juntos.
– É isso que ouviram... – respondeu Sara praticamente despencando na cadeira – Dumbledore já conversou com a minha tia, e visto que Voldemort está de volta à ativa, é preciso que os alunos aprendam a se defender como puderem, ninguém está mais seguro... Recebi uma coruja ontem, foi uma decisão do conselho pelo que parece... 

– E por isso... chamaram alguém do Ministério para ministrar as aulas? – perguntou Hermione – espero que seja alguém que saiba o que está fazendo porque isso vai poder nos ajudar muito com os NIEMs. 

– Mais coisas para tomar meu tempo de folga... – disse Rony dando com a palma da mão na cabeça. 

– Não seja bobo... – disse Hermione sorrindo - ter aulas particulares vai ser maravilhoso... 

– Fale só por você... – respondeu Rony – E depende de quem for o supervisor que o Ministério mandou, a aula pode ser uma perda de tempo, maioria que conheço não sabe nada ... 

Harry não deu atenção a conversa de Hermione e nem do “Gostaria mais se fosse o Harry” que Rony acabara de dizer. Prestava atenção em Sara que parecia muito abatida e que apoiara a cabeça nos braços cruzados sobre a mesa. O garoto curvou-se e encostou o queixo no braço de Sara para falar em seu ouvido. 

– Ai... – disse ele massageando o nariz que Sara acabara batendo com a cabeça. – Obrigado pela prova de amor... 

– Desculpa... – disse ela massageando a nuca dolorida e depois fazendo um carinho no namorado – mas você não devia fazer isso, meus nervos estão à flor da pele... Me assusto muito mais facilmente do que as Margaridas Medrosas da Sprout... 

– É, eu estou vendo... – disse Harry continuando a massagear o nariz. 

– Está doendo muito? – perguntou Sara com o rosto rubro. – Posso pedir alguma coisa a madame Ponfrey... 

– Não é necessário... – respondeu Harry ajeitando agora os óculos que haviam entortado com a pancada – daqui a pouco passa... mas... 

– Mas... – perguntou Sara vendo o pequeno sorriso que se formava na face do garoto. 

– Nada que alguns beijos não curem... – respondeu ele aproximando-se mais do rosto da garota. – e por falar nisso, por onde você tem andado? 

– Na maioria das vezes, na torre norte... – respondeu a garota depois de dar um selinho nos lábios do garoto – fico muito enjoada toda vez que volto daquela torre, já disse que só volto lá se Trelawney parar com aqueles incensos... 

– Mas o que é que você tanto faz lá? – perguntou Rony rapidamente não dando tempo de Harry perguntar. 

– Sinceramente não tenho muita certeza... – respondeu Sara enquanto sentia o braço de Harry passar por sua cintura – Na mesma noite em que os trouxas voltaram pra casa, tia Minerva pediu para que eu fosse a sala dela e disse que era um pedido do Professor Dumbledore, se eu tivesse sonhos estranhos ou confusos, disse que devia procurar a professora Trelawney.... 

– E que sonho você teve? – Harry perguntou agora um pouco apreensivo. 

– Na verdade, não me lembro de nada... – respondeu Sara coçando a cabeça - ... eu tento me lembrar, mas, é como se passassem uma borracha na minha cabeça toda vez que saio daquela torre... além disso, faz muito tempo que não lembro de nenhum dos meus sonhos. 

– E ... a professora Trelawney faz o quê afinal? – perguntou Hermione interessada. 

– Eu não tenho muita certeza Hermione, eu me lembro de entrar lá... e ela sempre me serve o mesmo chá enjoativo depois de algum tempo, e com aquele cheiro horrível que vocês conhecem bem... fico meio tonta... não me lembro das conversas sabem, só... de beber o chá e alguns minutos depois ela me dizendo para voltar e que adorou a conversa... 

– Será que ela está interpretando as borras do seu chá? – perguntou Rony receoso – por que, se for... você deve ser a vítima desse ano... 

– Deixa de ser bobo Rony... – respondeu Hermione o repreendendo – Não é nada disso Sara... Harry já passou por essas “predições” da Trelawney... e até hoje está vivinho... e pra falar a verdade, ela não fez nenhuma previsão ao seu respeito fez? 

– Na verdade não... – respondeu Sara meio confusa. 

– É mas... – Ia dizendo Rony mas ao ver o olhar de Hermione fechou a boca na hora. 

– Bom... – começou Harry – já que estamos praticamente encarregados de um grupo de estudos... acho melhor começarmos com esse logo.. 

– Eu aviso todos... – ofereceu-se Hermione – sou monitora chefe não?
– Quanta modéstia... – resmungou Rony mas Hermione não deu ouvidos.
Harry olhou novamente para a namorada, tinha um aspecto estranho e parecia muito cansada. Sabia que era ilegal meninos entrarem no dormitório das meninas, mas estava decidido a passar algum tempo com Sara. A jovem pareceu perceber o olhar do garoto e então apoiou a cabeça em seu ombro. 

– Me parece cansada... – disse ele passando os braços pelo corpo da garota – eu te levo até o dormitório se quiser... 

– Querer eu até queria... mas, não tenho passado muito tempo com você.... – respondeu ela em meio a um bocejo. – e, já que temos a tarde de folga... achei que podíamos ficar por aqui... 

– Se a monitora permitir... eu... posso passar algum tempo cuidando da minha namorada no dormitório dos garotos? – disse ele olhando para Hermione esperançoso.

– E por que não, no das garotas? – perguntou Hermione interessada. 

– Por que se todas forem como Gina... Sara não vai ter descanso algum com o entra e sai... – respondeu Rony. 

– Ah... e no dormitório dos garotos ela vai ter? – perguntou Hermione novamente. 

– Eu não tenho nada pra fazer no dormitório, Simas e Dino com certeza vão passar a maior parte na biblioteca... pelo menos até o jantar... 

– E pela cara do Neville... – disse Harry olhando para o garoto sentado na frente da lareira lendo o livro – Ele só vai sair dali na hora do jantar... 

Hermione olhou para Sara e via que Harry tinha razão, Sara parecia muito cansada e apática. 

– Está bem... mas é só até eu voltar da ala hospitalar com uma poção revigorante... – disse Hermione sorrindo. – Vou pedir uma poção para Madame Ponfrey, isso vai ajudar a melhorar um pouco o seu ânimo Sara... e ouçam bem, se alguém pegar Sara lá vai sobrar pra mim... 

– Para Nós, você quis dizer... – respondeu Rony. 

Harry sorriu para a colega e viu Rony se levantando para acompanhar Hermione. 

– Rony ainda não mudou de idéia quanto a irem até Azkaban não é? – disse Sara vendo os livros por debaixo dos pergaminhos. – E acho que você tem um pouco a ver com isso não? 

– É o mínimo que posso fazer, mas... com a idéia de Dumbledore de voltarmos com o AD... nós... 

– Espera aí, Sr. Potter... Dumbledore pediu para que se encarregasse de um grupo de Estudos... não que voltasse com o AD... – respondeu Sara o interrompendo. 

Harry encarou Sara, sem entender muito bem o que a garota estava dizendo e então ela começou a puxar os papéis de Rony e os organizar enquanto dizia. 

– Foi isso o que ouviu, não é um grupo de estudos exclusivo como o AD, onde não havia nenhum sonserino... Dumbledore deixou bem frisado que era um GRUPO DE ESTUDOS, não um Exército... então acho melhor ir se acostumando com a idéia de ter as cobras da Sonserina por perto. 

– Eu não acredito nisso... – disse Harry pegando alguns dos livros mais pesados e acompanhando Sara escadaria acima. - ... Aturar Malfoy numa sala de aula eu aturo por obrigação.. mas sabemos muito bem, o que acontece com ele e eu no mesmo lugar... 

– ALORROMORA!... – disse Sara apontando a varinha para a porta do dormitório dos garotos onde se podia ler Alunos do 7º ano – Eu sei e o professor Dumbledore também sabe, ter Malfoy e você juntos em uma sala de aula é uma coisa, mas ter os dois juntos em um grupo de estudos sem esperar voarem fogos... seria pedir muito. O professor Dumbledore pediu para alguém Ministrar os encontros, mas... tia Minerva acharia seguro chamar Lupin, pelo menos não estaria sozinha... mas teme que poderiam se complicar... você conhece os nojentos que ainda tem o preconceito sobre ele ser um lobisomem... 

– Mas então? – disse ele entrando logo após a garota. 

Se já era difícil suportar Malfoy e sua gangue durante as aulas, suporta-los nesse grupo de estudos seria praticamente impossível. Harry e Malfoy sentiam praticamente o mesmo um pelo outro, só não era maior do que a “admiração” que Harry sentia por seu mestre de poções. 

– Talvez esperam que você tenha mais inteligência do que o Malfoy e não responda as provocações dele... – respondeu a garota voltando da cama de Rony onde depositara os livros e papéis do garoto. – Se você cair em uma das provocações dele... com certeza vai provar o que Malfoy passou todos esses anos tentando mostrar... 

– E como é que você espera que eu faça isso? – respondeu Harry jogando os livros sobre o seu malão que estava aos pés da cama – Não consigo ficar calado diante daquela cara de Verme sem sentir uma vontade incontrolável de acertar um soco... 

– Eu sei que você consegue isso... – disse Sara andando até ele – Afinal, você é o Harry Potter não, e com certeza é isso que faz Draco Malfoy se morder de inveja. As pessoas te admiravam antes mesmo de te conhecer... e a admiram ainda mais depois que o conhecem, ao contrário dos Malfoy que só tem prestígio no nome por que a maioria do mundo tem é medo. Draco só tem amigos por que os alunos têm medo do Pai dele, que cá pra nós eu não dou nem se quer meio nuque de bronze por ele... 

O garoto sorriu para ela sem saber o que responder, mas entendia muito bem o que ela queria dizer. Era isso que a fazia diferente de todas as outras que ele conhecia, a jovem tinha um modo de ver o mundo muito além do que ele mesmo podia ver. E cada dia mais estava apaixonado por ela. E de uns dias para cá, estava se sentindo um pouco estranho, suas mãos estavam suadas como na primeira vez que chamara uma garota pra sair. O motivo ele não entendia, sempre se sentira à vontade ao lado de Sara, por que agora estava nervoso como no dia em que roubara um beijo dela? Seus olhos verdes esmeralda cruzaram com o olhar escuro e cheio de mistérios de Sara, o garoto sentiu uma ligeira pulsação na região do baixo ventre, já estava com quase 18 anos, por que se sentia como um garoto bobo sem saber o que fazer? 

Viu Sara se aproximando e então tocando seus lábios com os dela, sentiu um misto de calor e frio percorrer todo o seu corpo tão rápido quanto à “pulsação” começava a voltar. Não sabia o que fazer ou como agir diante aquele turbilhão de coisas que estava sentindo, o sentimento era forte e sabia que era correspondido. Mas a pulsação ficava cada vez mais intensa conforme sentia o calor do corpo de sua namorada junto ao dele. E como um impulso, antes que todas aquelas sensações o fizessem perder o controle, ele se afastou. 

– Eu... acho melhor ir para o dormitório das garotas... – ouviu a voz de Sara que estava um tanto fraca. 

– Er... eu... eu vou até lá... mais tarde... – disse ele agora gaguejando um pouco – pra ver como você está...

Harry sentiu-se um perfeito idiota, mas viu no rosto da namorada um pequeno rubor quando ela passou por ele rumando para a porta do dormitório. Sentiu os lábios da garota tocarem sua face com um pequeno beijo tímido, sem conseguir encara-lo. Não era o único a se sentir diferente. 
***

A manhã de sexta feira, começou com um céu meio cinzento, mas já não chovia, Harry viu um movimento do lado de fora das cortinas da sua cama de colunas mas continuou deitado. Por alguns minutos sentira vontade de levantar mas era como se seu corpo não o obedecia. Se viu em um escritório um tanto escuro, uma lareira crepitava a sua frente e ele parecia segurar uma varinha de onde saia uma iluminação que clareava o livro a sua frente. Apertou os olhos para ver o que estava escrito, mas a única coisa que conseguiu ver era a foto de uma bola de fogo, parecia um sol com um grande rabo meio esbranquiçado, o garoto se aproximou mais e reconheceu. A foto era de um cometa, e aquela cauda estava dividida em duas. Logo embaixo daquela fotografia, havia algumas inscrições, Harry a principio ao enxerga-las, não entendeu, mas depois pareceu que os símbolos começavam a fazer sentido. Seus olhos conseguiram identificar as palavras. “ Cometa – Poder – Escuridão”. Em meio a um clarão enorme, Harry viu um vulto na lareira, sentiu seu corpo sendo conduzido por pernas que não eram dele. Uma mão bastante branca e um tanto fantasmagórica jogou um pó para dentro do caldeirão e alguma imagem ia se transformando dentro daquele líquido denso e escuro. Seu coração pareceu parar quando viu a imagem do castelo. Quando o garoto abaixou-se para ver dentro do caldeirão a imagem de Sara estava diante dele, como e por que razão ele não entendeu, mas seu coração novamente parou. Sentiu um forte assovio e um tilintar de vidros se espatifando. Harry virou-se de súbito e abriu suas cortinas, via os cacos da janela ao lado de sua cama espalhados pelo chão. Simas Finigam o encarando com um rosto culpado. 

– Me desculpa Harry... 

– Não tem problema Simas... onde está Rony. – perguntou Harry rapidamente não vendo o amigo na cama. 

– Desceu mais ou menos a uns 20 minutos... – respondeu Dino jogando alguma coisa em seu malão. 

Harry vestiu um jeans bastante surrado e colocou um moletom sobre uma camiseta, e desceu para o salão comunal. Estava um pouco confuso, não só pelo sonho, mas pelas sensações que vinha tendo, mas não tinha muita coragem para falar. Rony estava diante da lareira, às mãos segurando apenas um pedaço de pergaminho. 

– Ué, você madrugando? – perguntou Harry sentando-se no sofá. 

– Estava olhando a lista que Hermione deixou para mim... – respondeu Rony – O grupo de estudos vai se reunir apenas uma vez por semana, eu fico feliz por isso, assim sobra tempo para jogarmos Snap explosivo de vez em quando... 

Harry olhou para o amigo e passou os olhos pelo pergaminho, sabia mais ou menos de que fosse quem quer que fosse o professor, não iria fazer várias aulas já que estavam atolados com revisões, mas por que uma aula por semana se tinha sido o Ministério quem queria que eles “aprendessem” a se defender. 

O garoto devolveu o pergaminho para Rony e este o pendurou no
Quadro de avisos da torre. Harry percebeu que Rony estava um pouco estranho, mas não falou nada. Rony estava passando por maus pedaços por seu pai estar em Azkaban, e, mesmo assim tentava ao máximo não preocupar ninguém e muito menos descontar sua raiva nos outros. Rony sentou-se novamente calado e ficou olhando a lareira crepitar. 

– Anda logo... – disse Harry – O que foi que aconteceu? 

– Nada não Harry... – respondeu Rony, mas Harry sabia que tinha algo errado. 

– Aconteceu alguma coisa com seu pai em Azkaban? – perguntou Harry rapidamente. 

– Não... bem, mamãe quer que visitemos papai hoje após o almoço... – respondeu Rony sem olhar para Harry. 

– E, você não quer vê-lo? 

– Não é isso... – respondeu Rony ainda encarando a lareira - ... Sei que mamãe irá fazer um escândalo quando o ver naquela cela, e, também não sei como vou reagir quando ver ele... 

– Você não está duvidando da inocência do seu pai está? – perguntou Harry encarando Rony surpreso. 

– Claro que não! – respondeu Rony ficando nervoso – Só não sei como encarar meu pai e dizer que ninguém acredita que ele não tenha feito isso! Hermione tenta esconder o que o Profeta diário diz, mas eu sei o que falam do meu pai! O chamam de assassino, Harry! 

Harry olhou para o amigo sem saber o que dizer, ele preocupado com o que vinha sentindo por Sara, daquelas sensações e coisas que comparadas ao que o amigo estava vivendo eram insignificantes. 

–... e vai se preparando por que você vai comigo, mamãe disse que papai ficará feliz cercado de bastante gente... 

– Hermione e Sara já sabem? – perguntou Harry. 

– Provavelmente Gina contou, Hermione saiu com ela pois ficou bem chateada quando ficou sabendo que tinha que ir. Mamãe disse que não é permitido muitos visitantes, e que só a família podia ir, mas você conhece mamãe, disse que você era da família e fez um escândalo e aí abriram uma exceção. 

Harry sorriu para o amigo apesar de não se sentir muito animado com a visita a Azkaban. Nunca tinha ido até lá antes e, pelo que tanto Hagrid quanto Sírius falavam, jamais pensou em conhece-la. 

– Bem, então acho melhor avisar Sara... – respondeu Harry com sorriso – Meu estômago já está nas costas e tenho que revisar Poções para o exame. 

– Pode ir... estou sem fome... – respondeu Rony novamente sentando-se no sofá e encarando a lareira. 

Harry olhou mais uma vez para o amigo, estava sentindo muito não poder fazer nada para ajuda-lo e ficava nervoso com isso. Detestava ficar com as mãos amarradas enquanto alguém inocente pagava por um crime que não havia cometido. 

– Está bem então... – disse Harry batendo no ombro de Rony – Vejo você depois... 


Depois do almoço Harry, Rony e Gina estavam no salão principal a espera da Sra. Weasley para irem a Londres. Harry não sabia direito quanto tempo ficaria fora e também não gostava nem um pouco de sair do castelo depois do que a professora Minerva tinha dito quando ele e Sara se aventuraram em Hogsmade. Esse pensamento passou quando viu o rosto cansado da Sra. Weasley sorrindo para ele. 

– Harry meu querido... – disse ela lhe dando um abraço, estava alguns quilos mais magra mas a força continuava igual - ... Fico feliz que tenha aceitado ir também, Arthur vai ficar muito contente em vê-lo, Dumbledore deu uma forcinha para que finalmente deixassem ele receber visitas... 

Harry sorriu um pouco sem graça enquanto via Sara e Hermione chegando. Sra. Weasley foi ao encontro delas que não escaparam de um abraço. 

– Disseram que Arthur era perigoso, imagina o meu Arthur perigoso! – continuava Sra. Weasley e então olhou para a professora Minerva que vinha carregando uma caixa nas mãos. 

Harry observou Hermione andar até Rony e o abraçar enquanto Sara vinha ao seu encontro. Sra. Weasley conversava baixinho com a diretora e Gina aproveitava para se despedir de Dino. 

– Dê um abraço no Sr. Weasley por mim... – O garoto ouviu Hermione dizer a Rony. 

– Eu dou sim... – respondeu ele. 

– Arthur ficaria feliz se visse vocês também meninas... – disse Sra. Weasley dando mais um abraço em Sara e Hermione - ... mas aqueles... 

– Nós sabemos Sra. Weasley, mas não se preocupe ele não ficará lá por muito tempo... – disse Sara e Harry pegou em sua mão e sorriu. 

– Oh! Assim espero... – Sra. Weasley a abraçou mais uma vez. Harry notou lágrimas em seus olhos, e então era sua vez de se despedir de Sara. 

– Vejo você mais tarde... – disse ele um pouco sem jeito pois, tinha passado por algo um pouco constrangedor no dormitório masculino. 

– Tenha cuidado... – respondeu ela com um sorriso lhe dando um beijo do rosto. 

Harry sentiu seu rosto corar, não costumava dar ou receber carinho na frente de professores e principalmente na frente de sua diretora. Rony se despediu de Hermione e então Harry se viu viajando de Noitebus até o centro de Londres. O ônibus parou na frente de uma loja de conveniência e depois de desembarcarem, Sra. Weasley os conduziu por um beco até o final da rua e ali ela olhou para o relógio. 

– O que está fazendo mamãe? – perguntou Gina e a Sra. Weasley lhes encarou e olhou para uma cabine telefônica ao lado. 

– Estão atrasados... – disse ela e novamente olhou para a cabine telefônica. Harry apenas olhava em volta, não conhecia aquela rua, embora tivesse a impressão de já ter estado lá. Ignorou essa sensação a principio e continuou olhando em volta. Azkaban não poderia ser ali, Sírius mesmo tinha dito que ela ficava a meio oceano de distância. 

– Você não acha que a entrada de Azkaban é aqui acha? – Harry ouviu Rony e não soube o que responder. Apenas levantou os ombros e naquele exato momento alguém apareceu na cabine. Fred e Jorge Weasley, Carlinhos e Gui foram cuspidos para fora dela. 

– Definitivamente, agora sei como uma sardinha se sente... – disse Jorge batendo o pó da sua roupa – Olá mãe, que prazer em vê-la... 

– É a décima vez que me diz isso hoje Jorge... – ralhou Sra. Weasley – Estão 10 minutos atrasados! 

– A culpa não foi nossa, Percy demorou a conseguir os papéis... – respondeu Gui sorrindo – Olá Harry, como está? 

– Bem... – disse Harry. 

– Chega de conversa e vamos logo... – falou Sra. Weasley tocando em um guarda chuva velho com a varinha. Harry então percebeu, iriam de chave de portal. O garoto tocou no guarda chuva e sentiu rapidamente uma forte sucção em seu umbigo, as coisas em volta começaram a girar e então em segundos, seus pés bateram fortemente no chão.

– Até que enfim... – ouviu Rony dizer baixinho - ... mais um pouco e meu almoço voltaria. 

Estavam no que parecia ser uma rua de pedras, do lado de fora de um portão negro muito alto e pelo que Harry percebera, de ferro. Harry olhou em volta aquela rua dava em um porto abandonado, ou pelo menos parecia ter sido um, há muito tempo. 

– E agora? – ouviu a voz de Jorge – Não tem nenhuma alma viva ou morta para nos dizer como entramos nessa coisa... 

– Se é que isso é Azkaban não é? – disse Fred. 

– Esperem aí... – Harry ouviu Carlinhos e ele e Gui se aproximaram do grande portão. 

Harry ouviu uma batida no portão e o som causou ecos por todos os lados, o lugar era coberto por um nevoeiro intenso e era meio impossível ver mais longe. Gina se encolheu atrás da mãe enquanto esperavam. Um som de algo muito pesado se arrastando chamou a atenção de todos e Harry percebeu que a porta começava a se abrir. 

– Entrem rápido... – disse Carlinhos entrando e Gui entrando por último. 

Ao primeiro momento, Azkaban parecia mais à ilha dos mortos. Demorou um pouquinho para o garoto perceber que, liderando o grupo havia um homem corcunda e careca, muito parecido com o dono do Caldeirão furado. 

– Por favor, vocês queiram deixar suas varinhas na recepção...- disse aquele homem e Sra. Weasley confirmou. 

– E isso aqui tem recepção? – Harry ouviu Rony perguntar baixinho enquanto percorriam uma rua de pedras negras. Suas bordas haviam uma espécie de cerca viva de mais ou menos uns dois metros de altura e completamente cheia de espinhos. Não tinha como ver o que havia do outro lado. 

Harry sentiu o cotovelo de Rony bater em suas costas e então viram a frente uma porta tão grande quanto o portão. Uma espécie de torre alta de pedra escura emoldurava a porta. Era como se Harry estivesse se dirigindo as masmorras de um castelo mal assombrado. As portas se abriram magicamente com outro rangido, quando o homenzinho se aproximava. Um corredor escuro iluminado apenas por archotes deixava o local sombrio e muito sinistro. 

– Dá pra você agarrar o braço de outro Gina! – Harry ouviu Rony ralhar com a irmã. 

– Aqui... – disse o homem e eles viraram a esquerda entrando em uma sala mal iluminada com um guarda vestindo um uniforme negro. 

– Queiram por favor deixar as varinhas... – disse o homem com uma voz mórbida e Harry sentiu um calafrio - ... e se me permite senhora, preciso verificar sua bolsa. 

Harry viu Gui entregar a bolsa da Sra. Weasley que não gostou nem um pouco quando o homem pegou seus pacotes com guloseimas para o marido e os abriu. Carlinhos amparava a mãe enquanto o sinistro homem verificava com magias se não tinha nada suspeito. 

– Podem retirar suas varinhas quando voltarem... – disse ele fazendo sinal para que o mesmo homem corcunda os levasse. 

– Me sinto nua sem minha varinha... – murmurou a Sra. Weasley para Gui enquanto percorriam os corredores sinistros e úmidos rumo aos calabouços. 

Harry não contou o tempo pois seu relógio simplesmente tinha acabado de parar, mas pelos seus cálculos andaram cerca de 30 minutos, subindo e descendo escadas, virando em várias direções. À certa altura, Harry chegou a se perguntar se eles não estavam perdidos. 

– Aqui estão... – disse o homem apontando para a porta. 

Harry viu no alto da porta uma inscrição “Weasley, Arthur – Assassino perigoso”, o garoto notou que nenhum dos Weasley tinha notado aquilo e não seria ele quem mostraria. Mas não tinha gostado de ver o senhor Weasley ser chamado de assassino. 

Quando a porta se abriu, estava no seu interior um amigo do Sr. Weasley, Kingsley Shacklebolt conversando com ele. 

– Molly! – disse o Sr. Weasley sorrindo se dirigindo até eles. – Por Merlim, como vocês cresceram... – agora o Sr. Weasley se voltava para Gina e Rony. – Como vai a loja, espero que esteja dando lucros... 

Harry apenas sorriu para Shacklebolt enquanto Sr. Weasley abraçava seus filhos e pensava em quantas famílias mais Voldemort destruiria para tentar ter o poder que tanto queria. 

– Harry meu rapaz... – disse Sr. Weasley com um sorriso, apesar de estar alguns quilos mais magro, parecia estar muito bem e até contente. 

– Como o senhor está? – perguntou Harry. 

– Não posso dizer que estou mal... – disse ele sentando-se ao lado da Sra. Weasley na pequena cama – Sempre tem alguém do Ministério vindo aqui “fazer uma vistoria”, e me contam tudo. Acho que isso aqui ficou até agradável depois que os dementadores desistiram de tomar conta... 

– Mas Arthur, isso aqui é nojento... deve ter, pulgas, aranhas e todo tipo de coisa... – disse Sra. Weasley com uma voz chorosa. 

– Não é tão mal quanto parece, sinto falta sim de conversar com alguém, mas, nos dias de hoje, não é bom sair conversando com todo mundo... – respondeu Sr. Weasley - ... e pelo que tenho acompanhado, o mundo todo está de cabeça para baixo. Mas me contem, apareceram muitos trouxas na escola? 

– Pode-se dizer que sim... – respondeu Rony. 

Harry olhou em volta e então o Sr. Shacklebolt olhou para ele e o chamou. O garoto foi até a pequena janela que havia no alto da cela. 

– Como está Harry? – perguntou Shacklebolt recostando-se na parede ao lado do garoto. 

– Estou bem... – respondeu ele. 

– Fiquei sabendo que quer ser um auror... – disse Shacklebolt com um sorriso – Ainda pensa nisso? 

– É a melhor opção para mim, eu acho... – respondeu Harry encarando os Weasleys sorrindo. 

– Eu sei que não é lugar e nem hora para isso, mas, preciso dar uma palavrinha com você... – disse Shacklebolt se aproximando mais vendo que os Weasleys não notariam. – Arthur queria falar com você, mas, você conhece a Molly, não iria permitir que coisas da Ordem fossem ditas a você... 

Harry voltou sua atenção para o homem negro que olhava sério para ele e ficou um pouco intrigado. 

– ... Sei que você anda muito ocupado com os seus estudos, jogos de quadribol e, outras coisas mais... – continuou o homem – bem, não sei se você sabe sobre um grupo de defesa que o conselho formou na escola para ajudar a se defenderem... 

– Sim, a professora Minerva me disse... – respondeu Harry. 

– Esse foi o modo que achamos de colocar um Auror dentro da escola, a Ordem tem tido muito trabalho nas suas investigações e temos quase certeza de que tem alguém seguindo os passos de Você-sabe-quem dentro da escola... 

– Um espião? – disse Harry um pouco confuso mas não mostrando surpresa. 

– Não o chamaria de espião, Harry... – disse Shacklebolt voltando a olhar para os Weasleys - ...Dumbledore acha que temos um, como posso dizer “servo” de Você-sabe-quem praticando Arte das trevas em Hogwarts. 

– Mas não se pode praticar esse tipo de magia na escola? Ou pode?- perguntou Harry, afinal Hogwarts era o local mais seguro do mundo. 

– A professora Minerva tem nos informado sobre uma, manifestação que vem acontecendo na floresta das trevas. Como é uma área protegida por vários feitiços e magias dos próprios seres de lá, existem muitos seres mágicos que fazem ali seus encantos... mas eu duvido que um deles esteja trabalhando para Você-sabe-quem, Dumbledore nos garantiu que não havia perigo. Por isso, Dumbledore e o conselho pediu para que um auror fosse dar “aulas práticas” de defesa. 

– E quem vai ser ? – perguntou Harry vendo a Sra. Weasley agora perceber a conversa dos dois. 

– Tonks... – disse Shacklebolt - ...Abra bem os olhos Harry, se souber de alguma coisa, ou ver alguma coisa suspeita, fale com ela... 

– O que vocês dois tanto cochicham? – perguntou Sra. Weasley. 

– Nada de mais Molly, Harry só estava me pedindo algumas dicas de como ser um auror... – disse Shacklebolt dando uma piscadinha para Harry. 

Harry sorriu para os Weasleys, mas encontrou os olhos de Rony o encarando desconfiado e abaixou os olhos rapidamente. 

– Desculpem, mas, a hora da visita já terminou... – disse o homem corcunda abrindo a porta. 

Harry se despediu do Senhor Weasley e foi o primeiro a sair da cela. Não demorou muito, Rony vinha atrás dele. Percorreram todos os corredores e Harry notou que dessa vez deviam ter demorado menos pois já estavam pegando suas varinhas novamente depois de alguns minutos. 

– O que é que Shacklebolt ficou cochichando com você? – perguntou Rony. 

– Sobre as aulas, Tonks é quem vai ensinar defesa... – disse Harry enquanto percorriam o caminho de volta até a porta de ferro que Harry agora pode ver eram grossas e pesadas. Enquanto esperava Sra. Weasley pegar novamente o velho guarda-chuva, viu algo voando sobre a prisão, apertou os olhos mais um pouco e então um animal grande e negro, como um testralho se materializou andando sobre o tal porto. 

– O que é que você está olhando? – perguntou Fred ao garoto e então Harry percebeu que Sra. Weasley já estava o esperando. 

– Não nada... – disse ele com os olhos ainda vendo o animal parado lhe olhando. 

Sra. Weasley enfeitiçou novamente o guarda-chuva e assim voltaram ao beco. Harry não via a hora de voltar a escola o quanto antes, tinha que contar aos outros o que Shacklebolt tinha dito.



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Autor(a): vision2018

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Harry voltou a escola perto da hora do jantar, estava um pouco confuso e ainda pensava em qual razão teria um testralho para ir até lá. – O que você tem? – perguntou Rony enquanto entravam na torre – Você está estranho desde que voltamos de Azkaban... – Shaklebolt me disse uma coisa que me deixou muito ...


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