Fanfic: Harry Potter e o Livro Perdido | Tema: Harry Potter
A explosão de luz pegou Harry praticamente de surpresa. Ele sentiu seu corpo voar para trás em meio ao grito ensurdecedor de Morgana. O garoto não lembrava de ter usado tal feitiço com tanta força antes e nem tinha ouvido falar que o feitiço de incêndio fizesse tamanho estrago. Contudo demorou alguns minutos para que ele recobrasse a consciência por completo. Sentiu a cabeça rodar assim que conseguiu se sentar. Mas estava tudo tão escuro e silencioso. O garoto tirou os óculos por alguns segundos e os limpou na camisa, também sentia a cicatriz onde Morgana a rasgara com a unha arder, mas nada comparado ao zumbido no seu ouvido. Olhou em volta, estava tão escuro que ele mal sabia se havia algo ao seu redor. Tateou o chão em busca de algo que lhe informasse de que ele estava no mesmo lugar que antes, mas, não havia nada além de um chão escuro, e lustroso. Ele não tinha a mínima ideia de onde é que ele estava. Se estava vivo ou morto, foi então que ouviu uma voz chamando seu nome ao mesmo tempo que uma luz apareceu acima dele.
- Harry... - disse uma voz confortavelmente - que bom que você tenha vindo.
Harry olhou ao redor, mas não pôde ver ninguém. Não havia sinal algum de Morgana ou de algum dos outros bruxos que ela dizia trazer de volta dos mortos. O espaço parecia completamente escuro e vazio sem aberturas sobressalentes, exceto por uma fonte de luz fosca sob sua cabeça a qual ele estava.
- Onde estou? - perguntou ele sem rodeios - Onde está todo mundo?
- Perto... - disse a voz rispidamente. Harry não conseguia distinguir a voz, não era a voz de Morgana pelo menos, não a que ele tinha ouvido antes. – Você se provou um tipo interessante de mago, sabia? Foi o primeiro humano que conheci, sabe. Seu medo tem um gosto particularmente picante. - A voz suspirou, satisfazendo-se. - E quanto à onde você está agora, bem... essa é uma pergunta mais difícil de responder. Não queria que você se preocupasse com seus amigos, por isso nos trasladei longe... Fora do tempo. Fora de... bom, de tudo, para falar a verdade.
- Onde você está? – exigiu Harry, olhando ao redor, só estavam ele e Morgana no círculo antes do feitiço, não entendia como poderia haver mais alguém.
- Ah, sempre esqueço! - disse a voz, rindo suavemente. - Vocês humanos não gostam muito dessa sensação de “voz celestial vinda do nada”, não é mesmo? Estou bem aqui.
Na palavra aqui, a voz se localizou. Harry se virou na direção do som e viu uma figura de pé diante dele. Era exatamente a mesma figura que tinha visto no meio da fonte quando a bruxa estava sendo convocada, Morgana, porém mais sombria e fria, ainda com a mesma túnica esfarrapada e o capuz negro e sem cortes ou emendas. Harry recuou longe dela, ofegando.
- Peço perdão uma vez mais - disse Morgana, erguendo uma mão. - Talvez assim seja melhor.
A figura então tocou no capuz e o jogou para trás. Harry teve receio de olhar, mas não se conteve. Fez uma careta diante da forma revelada, e depois franziu um pouco a testa.
- Você é... - perguntou, adiantando-se um passo. - Você parece um pouco com...
- Está com certeza não é a minha verdadeira aparência - disse Morgana imediatamente. - Ainda estou aprendendo coisas sobre os humanos, admito, mas penso que entendo sobre os tipos de aparências que vocês acham aceitáveis – a figura então sorriu de modo apaziguador. - Você esperava algo horrendo, presumo? Mil olhos e uma longa cauda pontuda e bifurcada? Esse tipo de coisas?
Harry não disse nada, Morgana estava totalmente mudada. Diferente da forma da mulher de água que brotara da fonte quando Voldemort havia lhe atacado. Era como se fossem duas pessoas totalmente diferentes. A única semelhança, era que ambas tinham o mesmo olhar cruel e gélido, mesmo tentando parecer confiáveis. Morgana era uma mulher alta, morena, com rosto altivo e muito semelhante as figuras descritas nos livros. Embora, a que estivesse na sua frente agora, tivesse certa semelhança com Rowena Ravenclaw, seus olhos não enganavam ninguém. Harry pode notar que ela não estava exatamente como uma forma humana palpável, parecia mais como um vídeo, ou uma lembrança.
- O que você quer? Acabei com seus planos de trazer os bruxos de volta não foi? – disse o garoto sem rodeios.
- Direto ao que importa. - disse Morgana, assentindo rudemente, ainda sorrindo. - Isso é o que respeito em você, Harry James Potter. Nada de sentimentalismos. Direi o que quero. Quero te ajudar.
Harry negou com a cabeça. Depois dele ter estragado seus “mais cruéis planos de conquista”, ela o querendo ajudar?
- Não me engana. É uma mentirosa. Você quer que eu te ajude a ficar aqui na terra e destruir tudo. Só quer me usar.
- Ora, Ora - disse Morgana, erguendo um pouco a sobrancelha, - entendendo assim, soa um pouco ruim, não é? Digo, nas aparências...
- Bom... - disse Harry, um pouco inseguro, - sim, isso mesmo. Morgana acenou, apertando os lábios.
- Suponho que isso encerra o assunto, então. Você me diz não, fico sem hospedeiro humano. E em pouco tempo, perco minhas raízes neste plano terreno e sou forçada a voltar para o Vácuo. Você venceu. - Morgana encolheu os ombros, como se estivesse levemente desapontada.
Harry ficara sem entender a princípio e então ela o olhou com uma falsa ternura que acabou o deixando ainda mais preocupado.
- Oh... eu não lhe contei... – disse Morgana agora mais ternamente - ... o sangue de sua namorada pode me trazer de volta apenas por um certo tempo... contudo...
Harry então agora ficara apreensivo. O seu feitiço o teria matado e destruído o corpo de Morgana?
- Nesse caso, se importa se conversarmos mais um pouquinho, Harry? Não trará dano algum, não é mesmo?
- E eu tenho outra opção? – perguntou ele com sarcasmo. Nem ele sabia exatamente como tinha ido parar ali quem dirá como sairia.
- Você gosta da senhorita Perks, não? - disse Morgana, erguendo uma sobrancelha para Harry e piscando um olho. - Não te culpo. Não mesmo. Uma garota encantadora. Nós deveríamos supostamente estar... muito unidos. Tenho que admitir, no entanto, que tinha minhas dúvidas a respeito dela. Seu Voldemort tem seus seguidores muito fiéis e devotos e eles insistiam de que ela era a hospedeira perfeita para mim, mas eu suspeitava outra coisa. E, claro, eu tinha razão. Sempre tenho razão, Harry. Sem falsa modéstia, você sabe. Incerteza é a marca transcendente das criaturas limitadas ao tempo. Eu vejo a história como um livro aberto, do princípio ao fim. Sei como as coisas vão acontecer porque, metaforicamente falando, já pulei para últimas páginas. - Morgana suspirou indolentemente. - Deixe-me perguntar algo, Harry. Sabe quem eu realmente sou? - perguntou inclinando a cabeça para o lado.
- Você é Morgana. - respondeu Harry cuidadosamente. – A responsável por tentar acabar com todo o mundo.
- Sim, sim - disse Morgana, ondeando uma mão impacientemente. - Mas a parte disso tudo. Tenho muitos outros nomes além desse, sabe? Há um que particularmente gosto muito. Acho que lhe maravilharia.
Harry sacudiu a cabeça, sentindo-se progressivamente cauteloso.
- O que quer dizer. – disse ele com cautela
- Então me deixe esclarecer as coisas, Harry - disse Morgana, aproximando-se repentinamente de Harry e ficando cara a cara com ele. Olhou atenciosamente, seus olhos faiscando com malícia. - Harry, meu rapaz, lembra da história? A que Salazar contou a Horvath... Lembra, não lembra?
Harry não disse nada, mas ficara estupidamente aturdido, como ela sabia que ele havia ouvido a história de Salazar?
- Eu lhe disse Harry... - interrompeu o Morgana parecendo ler sua mente. Baixou a voz e disse num sussurro conspirador: - Eu, Harry, sou o Caos!
Harry retrocedeu alarmado, cautelosamente a encarava tentando manter o controle.
- Pensa nisso - insistiu Morgana, se levantando de novo e o seguindo. - Eu, sentada na base dos degraus, guardo o portal entre o mundo dos vivos e o dos mortos. Eu determino quem atravessa o Vácuo, quem atinge a Eternidade. E, devo dizer, também decido... quem volta!
Morgana estalou habilmente os dedos. Um novo poço de luz apareceu e Harry não pode evitar olhar para ele. Uma figura colocava-se em pé no poço de luz refletido como uma TV, olhando ao redor com surpresa e maravilha. Harry arfou e seu coração deu um salto.
- Sírius... - disse, dando um passo à frente.
- Harry! - disse Sírius Black rindo um pouco. - Quê você está fazendo aqui? E que diabos estou fazendo no chão?
- Sírius! - exclamou Harry, com intenção de correr para ele, mas Morgana colocou uma mão sobre o ombro de Harry lhe detendo.
- Não pode tocá-lo, Harry - disse o Morgana com pena. - Ainda não. Talvez com o tempo.
- Mas como...? – perguntou Harry.
Novamente um estalar de dedos, a imagem refletida de Sírius sumiu. Porém, Morgana não se deu por satisfeita. Novamente estalou os dedos e então, uma nova imagem apareceu. Não era Sírius. Na verdade, era a imagem de duas pessoas as quais ele sempre quis conhecer, mas, fora tirada dele antes que pudesse entender o significado da palavra família. O rosto sorridente de James Potter pai apareceu refletido no chão. Ao lado, estava uma mulher ruiva mais ou menos com seus 40 e poucos anos também sorrindo.
James Potter inclinou a cabeça e sorriu zombadoramente.
- Isto faz parte do segredo do Almofadinhas filho? – perguntou ele. - Não é mesmo? Sei que ele está planejando algum tipo de traquinagem surpresa. Nunca foi capaz de me enganar, se bem que o deixo achar que sim....
- Pare de interroga-lo... – disse Lilian, olhando para Harry com um sorriso - ... seu padrinho andou lhe dando alguma poção de crescimento??? Já está um adulto!
- Qual é Lil... não embarace o menino... – então James Potter se aproximou mais do feixe de luz - ... ei... não vai me dizer quem é a garota com quem você está saíndo??? Pode contar pro seu velho...
- JAMES!... – Lily olhou para o filho com ternura - Harry meu filho ... Onde estão todos os outros?
- Eles não podem me ver... - disse Morgana, se voltando e olhando para James Potter pai - Os que atravessam nunca podem.
- Você é... é real? - gaguejou Harry, uma frívola excitação fluía de seu interior. - É realmente você, mamãe?
- Que tipo de pergunta é essa, Harry? - disse Lilian, olhando ao redor. - Aliás, Onde estamos? Aqui não é mesmo o lugar que marcamos. Tenho que admitir que estou um pouco perplexa. – então ela cerrou o solhos para o marido e cruzou os braços - Escolheu a lareira errada na Rede de Flu James? Eu te disse pra não confiar naquele doido do Pettigrew...
- Não, mamãe! - falou Harry, lágrimas escorriam por seu rosto - Você está... você e papai...
- Shh - disse Morgana rapidamente - Não conte.
- Por que está fazendo isso? - exigiu Harry subitamente, olhando para a entidade na frente dele. - Esses não podem ser realmente meus pais... Eles estão mortos!
- A morte é só uma passagem - explicou Morgana, encolhendo os ombros. - Mas só você nunca soube que era uma passagem de duas vias. Você os ama, não? Seus pais... – então lançara um olhar de canto para Harry – Sirius...
- Que você sabe disso tudo? - exigiu Harry, lutando contra as lágrimas de frustração e fúria.
- Admito que o conceito me parece estranho. - respondeu Morgana - mas aprendi o suficiente dos trouxas para saber o grande poder que tenho sobre vocês. Você traria de volta o seu Padrinho se pudesse, não?
Harry mordeu os lábios, suas emoções aflorando. No segundo poço de luz, James estava com as mãos nos bolsos distraidamente, como se procurasse algo.
- Endereço errado. – Murmurava rindo. - Eu juro que vou matar Sírius quando o encontrar... Onde eu pus meu pacote de emergência de pós de Flu? – dizia ele enquanto apalpava os bolsos – Lili vive me repreendendo para sair com um... caso não consiga aparatar... Vai ficar repetindo durante dias o fato de que finalmente precisei.
- Vou ficar mesmo... – Harry ouviu ao fundo a voz de sua mãe.
- Sim! – relutantemente Harry admitiu, as lágrimas inundavam seus olhos. - Amo Sírius... ele foi a única coisa mais próxima que eu tive de uma família de verdade. Mas ele se foi! Assim como meus pais..., mas não pode me enganar! Não farei o que você me pede nem mesmo se isso pudesse trazê-los de volta.
- Altruísmo. - disse Morgana com seriedade, concordando com a cabeça. - Uma qualidade respeitável. O admiro, de verdade. - Levantou uma mão e estalou os dedos novamente.
Um terceiro poço de luz apareceu porém estava mais para uma porta no meio de toda aquela escuridão. Harry se virou para olhar, piscando em meio a um borrão causado pelas lágrimas. Uma figura pareceu tropeçar para trás onde a porta de luz estava. Era alta e magra, vestia túnicas pretas, seus longos cabelos pretos estavam sujos, emaranhados e suados. Recuperou o equilíbrio e girou onde estava com a varinha para fora. Com olhos selvagens fitou Harry e então parou, respirando pesadamente, obviamente confuso.
- Harry? - chamou ele, franzindo a testa em consternação. Harry, é você?
Harry não podia acreditar nos próprios olhos.
- Sirius? - arfou ele – Mas como? – Sírius já não era apenas uma imagem em uma faixa de luz ou buraco não chão, ele estava ali, em carne e osso.
- Dez pontos para você - Sirius respondeu. - Onde estou? Onde estão Remo e todos os outros? E onde se encontra a maldita Bellatrix, só pra saber? Não terminei com aquela bruxa.
- Sirius! - chamou Harry, engolindo o choro, inteiramente perplexo. - Aca... acabou! Você foi assa...
- Os mortos não desejam saber tais coisas – Morgana o interrompeu, silenciando Harry. - Mas certamente você pode ver que é Sirius Black. Mais importante, é o seu padrinho que se perdeu.
Harry assentiu, mal conseguindo ouvir então Morgana se antecipou.
- Negue a si mesmo a possibilidade que deseja, Harry. Devolva seu Padrinho ao reino dos mortos. Mas você será capaz de viver sabendo que desperdiçou a chance de ter de volta a sua única família, cujo amor sente saudades todos os dias? Você ainda será capaz de olhar para si mesmo no espelho, sabendo que negou seu mais profundo desejo: ter seu padrinho devolvido novamente?
A mente de Harry estava confusa. As palavras de Dumbledore sobre a morte embora Harry soubesse que eram verdadeiras, ainda assim não pareciam.
- Mas eles não são reais! – afirmou meneando a cabeça.
- O que isso significa mesmo, Harry? - exigiu Morgana. - Olhe para eles! Eles nem mesmo conhecem seus próprios destinos! Para eles, nenhum tempo se passou. Eles acreditam que são reais! Quem é você para lhes dizer o contrário?
- Eu não sei! - gritou Harry, agarrando-se a cabeça, sua cicatriz ardendo agora.
- É tão simples, Harry - acalmou o Morgana avançando para ele. - Eu sou o Caos. Você pode se juntar a mim e ver todos aqueles que você perdeu retornarem para você. Seu Pai, sua mãe... o padrinho que perdeu, até mesmo... – então ela olhou novamente para ele com o canto dos olhos - ... os pais mortos da sua namorada... que morreram há tanto tempo. Sem prejuízos, Harry, apenas um pequeno preço. Um preço que você nem vai se importar de pagar, eu te garanto. Um preço que você ficará feliz em pagar!
- O que é? - Harry não se conteve e perguntou, olhando de Sirius para seus pais.
- Uma coisa mínima, uma ninharia - Falou Morgana, esticando-se para Harry e pondo suas mãos nos ombros do garoto. - Na verdade, um favor para o mundo.
- Não vou matar ninguém - disse Harry balançando a cabeça, seus olhos marejados agora de dor em sua cicatriz.
- Olhe - sussurrou Morgana amavelmente, girando Harry. - Olhe antes de responder.
Atrás de Harry havia outro poço de luz. Uma última figura estava de pé nela, parecendo bastante surpresa por estar lá. Suas vestes negras se movendo lentamente, seus olhos vermelhos como fendas. Corpo delicado, pálido e magro, os olhos cheios de ódio. Harry pôde ver na hora quem era.
- Que está acontecendo aqui? – Lord Voldemort ofegou. Procurou por sua varinha nos bolsos, mas pareceu não a encontrar. - Onde está minha varinha? - disse ele olhando de Harry para Morgana - Eu exijo saber onde você me trouxe, sua criatura asquerosa!
- Esse é o homem - sussurrou Morgana por sobre o ombro de Harry - Que nas mãos leva o sangue de muitas pessoas. Foi ele quem matou seus pais pessoalmente e planejou que você também devia morrer. Ele é o responsável pela morte de vários outros, e foi por sua vontade que os pais de seu amigo foram torturados até a beira da loucura... Foi ele também quem tirou os pais de sua namorada... Agora mesmo, esse desgraçado impiedoso, está tramando assassinatos e morte. Ele mesmo através de seus seguidores... me trouxeram de volta... O coração dele é uma caixa negra de ódio. Mate-o, Harry. Livre o mundo desse louco. Com certeza ele o merece. Mate-o. Faça-o, agora mesmo. - Enquanto falava Morgana recuava, meio que dando espaço a Harry.
Harry realmente planejava recusar. Um “não” estava na ponta de sua língua, mas de repente, viu que não poderia obrigar-se fazê-lo. Morgana estava certa. Lord Voldemort merecia morrer. Ele era imperdoável. Harry sentiu a varinha em suas mãos antes mesmo de perceber que estava procurando por ela. Parecia quente e grande em sua palma. Parecia mortífera.
- O que significa isso? - Voldemort gemeu, estreitando os olhos. - Você mandou um menino para acabar comigo? – O bruxo então começara a rir zombeteiramente - Eu conheço esse aqui, ele é tão fraco quanto seu pai é estúpido. Não o fará. Ele não é forte o bastante.
- Ele te insulta - disse Morgana suave e avidamente, com sua voz uma vez mais ressoando por todas as partes. - Demonstre o quão errado ele está. Mate-o.
A mão de Harry tremia ao levantar a varinha. Ela parecia zunir em seu punho. Sua varinha queria matar Voldemort tanto quanto ele queria. E então, quando a tarefa estivesse cumprida, e Voldemort estivesse morto aos pés de Harry, ele teria seus pais de volta. E Sirius poderia ser seu padrinho, como sempre deveria ter sido. Sarah poderia ter seus pais de volta... Harry olhou para trás, e viu tanto Sirius quanto seus pais olhando para ele. Todos estavam franzindo as sobrancelhas levemente, como se não pudessem ver direito o que estava acontecendo.
- Harry... - disse Lilian com voz preocupada. - Tenha cuidado, filho.
- Harry... - Sirius disse a si mesmo, olhando de relance para James e Lilian. Depois olhou de volta para Harry, começando a entender. - Estamos mortos! - disse ele sem se afetar. - E de algum modo, por alguma razão sórdida, nos trouxeram até aqui.... – Então ele estreitou os olhos e ficara alarmado - Quem é aquele além de você...? Voldemort! Cuidado, Harry!
Harry virou-se de volta, olhando para o rosto presunçoso de seu adversário.
- Faça - sibilou Morgana - Mate-o agora!
Voldemort rosnou.
- Você não consegue! Você é fraco!
- Não sou! - gemeu Harry. Pôs todo o seu ser na varinha e apontou diretamente para o coração do homem alto. E então, com uma felicidade súbita, a segurança o tomou. Ele não era fraco. Ele podia fazer exatamente o que tinha que fazer. Fora então que em sua mente, ele ouviu a voz de Helga Hufflepuff: “A coisa certa a se fazer é sempre simples, mas nunca fácil”.
- Eu sou um guerreiro - sussurrou Harry para si mesmo, brilhando os dentes. - E a marca de um guerreiro de verdade... é saber quando não lutar!
Com isso, Harry abaixou a varinha. No minuto seguinte a varinha escorregou-lhe das mãos caindo com um tick batendo forte no chão. Então deu as costas a Voldemort. E, vagarosamente, começou a se afastar.
- Harry James Potter! - chiou Morgana - Você não pode se esquivar! Mate-o! Você deve isso ao mundo! Você deve a si mesmo e ao seu pai! Você não pode recusar o poder que estou te oferecendo!
Harry olhou tristemente para seus pais, com o coração partido. James pai sorriu orgulhosamente e acenou para ele.
- Forte esse garoto... - disse Sirius, os olhos negros e cintilantes. - Exatamente como o padrinho dele.
Lentamente, os poços de luz começaram se desvanecer. James, Lilian e Sírius desapareceram na penumbra.
Harry continuou andando. Estava quase na borda do seu próprio círculo de luz quando ouviu a voz de Voldemort atrás dele.
- Se você não irá matar para trazer Morgana de volta a este mundo... - ele disse, sua voz transbordando ódio, - Então eu vou! - Harry soube nesse momento que Voldemort tinha pegado sua varinha e repreendeu-se amargamente. Sentiu que esta estava apontada para ele. Parou de súbito, sem se virar.
- Avada Kedavra! - Voldemort sibilou, saliva jorrou de seus lábios com a força de sua ira. A faísca de luz verde fluiu pelo ar e acertou Harry diretamente nas costas. Harry sentiu sua força, esta empurrou-o para frente levemente. Ainda assim, ele não se virou. Ficou em pé exatamente no limite entre a luz e a sombra. Voldemort fitava o garoto, seus olhos se estreitaram e uma expressão de ódio dominou seu rosto. O garoto deveria ter caído agora, ele estava morto. Voldemort esperou, segurando a áspera varinha, ainda apontando para Harry.
Houve um fraco som de algo rasgando. Um longo e desigual rasgo apareceu no tecido da mochila nas costas de Harry, estendendo-se a partir do ponto onde a Maldição da Morte havia atingido. Harry sentiu movimento dentro daquela sacola novamente. Algo estava acordando lá dentro. Muitas coisas, na verdade, e elas pareciam famintas.
- Que tipo de truque é esse? - Voldemort falou lenta e nervosamente, dando um passo atrás. Olhava fixamente o corte na mochila no momento em que o barulho começou a emanar dela. Harry tomou coragem, fechando as mãos em punhos. O ruído começou a aumentar, transformando-se num alto e inquieto zumbido. E então a mochila estourou violentamente. Esuriens emanaram do buraco onde a maldição de Voldemort havia rasgado. Haviam provado o vívido gosto da maldição, e agora queriam mais. Jorraram pelo ar na direção de Voldemort como uma nuvem de morcegos.
Os olhos de Voldemort se arregalaram com a visão dos Esuriens que vinham. Por instinto, ondulou a varinha, mostrando-a a eles, disparando feitiços em todas as direções. Jatos de luz surgiram da varinha, e os Esuriens foram em meio a uma fúria sedenta, vorazes e fortalecidos pela magia. Eles caíram sobre Voldemort como uma nuvem.
Harry finalmente se virou, deixando os restos da Mochila escapulir de seus ombros. Quando olhou de volta, Voldemort estava completamente engolfado com os Esuriens. Eles haviam se peneirado ao redor dele, devorando-o vivo. Ele gritava enquanto banqueteavam-se com ele, sugando sua magia, como vampiros. Ele parecia estar minguando. Caiu de joelhos, invisível através da massa inquieta, escura e revolta. Era horrível, ainda assim, Harry não podia tirar seus olhos deles. Finalmente, o corpo de Voldemort pareceu se desfazer completamente. Ele se dissolveu em algo como cinzas que se esfarelavam e murchou até o chão, seu último grito soando estridente, ecoando em meio ao nada. Satisfeitos, os Esuriens se dispersaram, guinchando e desvanecendo-se desordenamente em meio da obscuridade. Em segundos, desapareceram, se foram perdidos no Vácuo.
Harry deu um passo à frente. O que restara de Lord Voldemort entornou de suas mangas e da gola de sua veste na forma de pó de cinzas. Harry se ajoelhou e, muito cuidadosamente, retirou duas coisas das mãos esfareladas de Voldemort. Enquanto se levantava, pôs no bolso uma delas: sua varinha. A outra, ele segurou com a mão, sentindo o pequeno poder negro dela.
- Largue isso - ordenou Morgana, e sua voz tinha mudado, se tornando grave e mais profunda, menos humana. - Você não sabe o que acabou de fazer. Harry negou com a cabeça.
- Sei exatamente o que eu fiz - disse ele.
- Você não pode me desafiar! - rosnou Morgana, e pela primeira vez se revelou. Já não tinha aparência humana, mas sim a de uma nuvem giratória de fumaça e cinzas. Seus olhos apinhavam-se através da nuvem, tão furiosos que brilhavam vermelhos. - Ninguém pode desafiar Morgana! Libere a pedra! Você não pode reter seu poder!
- É verdade - falou Harry, sem sentir mais medo de Morgana - Mas conheço alguém que pode.
Ele se virou, sabendo de alguma forma que Dumbledore estaria por perto. Talvez até por intermédio de Harry próprio ele estivesse lá. Ele caminhou em direção ao grande bruxo e estendeu sua mão. Nela, o anel cintilava vivamente. Dardos de luz faiscavam das faces azuis da Pedra de Merlim.
Dumbledore sorriu um riso lento e inexpressivo. Gentilmente, pegou o anel e o colocou em seu dedo.
- E agora - disse Dumbledore, levantando a mão, - como seu Embaixador terreno e portador da Pedra, eu controlo você! Esse não é o seu mundo! Nem irá ocupá-lo! Vá! Besta do Abismo, caos do Vácuo! Eu expulso você para o nada que deverá ser seu eterno lar! Parta agora, e nunca retorne!
A nuvem de cinzas e fumaça rugiu. Quis cair sobre Dumbledore, desejando consumi-lo, mas repentinamente, uma enorme fenda de luz vívida apareceu em meio à escuridão, expandindo-se. O rugido de Morgana se transformou em um berro no momento em que era puxada para cima, em direção à fenda. Lutou contra a força, girando e se retorcendo, e por um momento Harry pensou que era um ciclone invertido. E então, com um feixe ofuscante e com uma trovoada, sumiu, banida de volta ao Vácuo de onde tinha vindo.
Harry piscou no silêncio. Tomou fôlego e se virou para Dumbledore... exausto.
- Se foi? - perguntou ele. - Se foi definitivamente? Dumbledore assentiu vagarosamente.
- A porta entre os mundos está selada novamente. – disse ele sombriamente.
Estava acabado. Harry se virou para olhar atrás novamente, curioso, pois queria ver se havia algum sinal remanescente da fenda ofuscante na qual Morgana tinha se desvanecido. Não havia nada além de escuridão e silêncio. E então... Houve um lampejo de luz e Harry cambaleou, luz e barulho explodiram ao seu redor. Ele semifechou os olhos respirando com dificuldade no repentino barulho e a lufada de ar; ele estava de volta as ruinas do castelo novamente, como se nunca tivesse saído dali. Chamas e vassouras passavam com pressa, se transformando em borrões ao longe, exatamente como antes, mas quando Harry olhou em volta, o ar estava claro e limpo.
- Acho que devemos seguir para um local mais seguro não acham? - falou para Dumbledore. Harry riu em alívio, e de repente lembrou – se dos amigos. Seus olhos preocupados olhando em todas as direções.
Rapidamente uma nuvem de cabelos escuros tomou conta de sua visão e sentiu o abraço de Sarah em volta de seu pescoço.
- Sarah! Você... – começou ele a dizer.
- Estou bem agora... – disse ela vendo-o olhar sua blusa empapada de sangue ainda - ... não se preocupa, tia Minerva deu um jeito... mas... o que foi que aconteceu? Onde é que você foi parar?
- Teremos tempo para conversas mais tarde... – disse Dumbledore ficando em pé - ... devemos voltar ao castelo. Podemos conversar e esclarecer as coisas após uma boa noite de sono.
***
O dia amanheceu como outro qualquer na verdade, os primeiros raios de sol brotaram por sobre o salgueiro lutador fazendo os pássaros começarem a cantar logo cedo pela manhã. Pelos pequenos vincos dos vidros da janela, a luz começou a entrar na cama de colunas de Harry o fazendo abrir os olhos. Ele nunca tivera uma noite de sono tão tranquila como aquela antes. Levantou-se lentamente tentando absorver que aquele seria seu último dia em Hogwarts. A partir dali, estava por conta própria. Sem os Dursleys para lhe perturbar.
- Praticamente sem objetivos eu acho... – murmurou ele baixinho enquanto pegava sua roupa do dia anterior e praticamente jogava dentro de um saco. Estava toda manchada de sangue e suja. Praticamente uma perda total. Era a primeira vez em anos que Harry sentia-se finalmente sem um peso enorme nos ombros. Demorou um pouco para que notasse Ron sentado na cama assim como ele apenas olhando pelo dormitório.
- Vai fazer falta não vai? – disse Ron e então Harry andou até ele.
- Vai... ohhhh se vai... – respondeu o garoto.
- Sabe... – começou a dizer Ron - ... eu nunca pensei em como seria no fim... como seria dizer adeus a Hogwarts depois de tudo o que a gente viveu aqui.
- Nem eu Ron... – disse Harry em meio a um suspiro - ... aqui eu sempre considerei minha casa. É... como se eu tivesse que me despedir da minha família...
Harry então se levantou e foi até a janela. Estávamos ocupados demais com outras coisas para notar o quanto essas paredes nos passavam segurança...
- Nem sempre... – respondeu Ron com um sorriso indo até ele - ... vivemos muitas coisas aqui...
- Vai ser difícil a gente não sentir saudades... – disse Harry - ... e voltar... a não ser que você tenha intenção de ser professor!
- NÃOOO.... – disse Ron pondo um ponto final na questão - ... tenho mais aptidão para Auror de acordo com os NIEMs... embora, Hermione esteja considerando seriamente um cargo aqui caso não consiga nada no Ministério.
- Ela daria uma ótima professora... – Harry comentou rindo - ... sete anos nos ensinando os deveres... bem, vocação ela já tem e experiencia com alunos difíceis também...
- Talvez quando finalmente quiserem uma substituta para a McGonagall... – divagou Ron começando a rir logo em seguida.
Nesse instante a porta do dormitório dos garotos se abriu, Simas apareceu com o cabelo coberto de porpurina, a gravata torta e uma garrafa de cerveja amanteigada na mão.
- Achei vocês! – disse ele bebendo um gole da bebida.
- Já começou a formatura? – perguntou Harry.
- Bem... Gryffindor decidiu antecipar as coisas... – disse ele - ... mas não estou aqui por isso, Dumbledore mandou chamar vocês a sala dele.
- Ele já está no castelo? – perguntou Ron curioso.
- Dino Thomas o viu chegar hoje pela manhã... – respondeu o garoto - ... eu não deixaria o velhote esperando...
- Vamos lá então... – disse Harry começando a andar para a porta.
- Vê se deixa algum espaço para a formatura “verdadeira” Finnigan... – falou Ron enquanto seguia Harry para fora do dormitório.
- Pare de falar como minha Mãe Weasley! – respondeu o garoto bebendo mais um gole e então seguindo os meninos.
Harry não tinha certeza exatamente do que se tratava, mas ele estava com muitas perguntas na verdade. A trama toda sobre Morgana, Salazar, Merlim... era algo muito complicado de se entender. Se era algo “maligno” que Morgana precisava para trazer os bruxos de volta a vida e escravizar o mundo trouxa... porque não usou o sangue de Voldemort? Por todo o trajeto daqueles corredores, encontrava algum aluno do sétimo ano pulando ou correndo eufórico. Muitos pelas aulas finalmente terem acabados, outros por seus resultados nos NOMs e NIEMs finalmente terem saído (corretamente) dessa vez. Dessa vez ao invés de pegar algum atalho ou desvio por passagens secretas, Harry optou por percorrer os corredores principais. Talvez por ser uma das ultimas vezes que faria o trajeto. Ron parecia tão saudosista quanto ele na verdade, não o impediu nenhuma das vezes em que subiu uma escadaria ou quando passaram na frente da tapeçaria que dava acesso a sala do diretor. Assim que se aproximaram da tão famosa gárgula da frente que protegia o escritório. Ela praticamente girou antes que eles chegassem à porta. A escada em caracol começou a subir e eles a seguiram. A porta ao contrário estava entreaberta e os garotos podiam ouvir conversas lá dentro. Educadamente Harry bateu na porta e ela se abriu magicamente.
- Ora... bom dia... – disse Dumbledore por trás dos seus óculos de meia lua e um sorriso no rosto - ... sinto tê-los chamado tão cedo, antes do café.
Harry cumprimentou o diretor assim como a professora McGonagall. Sarah e Hermione já estavam presentes e sentadas na poltrona na frente da mesa do diretor. Kingsley Sheckelbolt estava parado ao lado da professora McGonagall.
- Creio que certas perguntas devam ser respondidas... – disse Dumbledore aos presentes. Apesar de parecer que ele estava vários anos mais velho depois desse tempo que eles não o tinham visto. - ... mas primeiro... - Dumbledore então olhou para Kingsley e logo depois para Ron com um sorriso - ... gostaria de dizer Sr. Weasley, que tanto seus pais quanto seu irmão mais velho estão livres de Azkaban... e devo acrescentar...
- Acusações foram todas retiradas... – acrescentou Kingsley Shekelbolt rapidamente - ... e como atual Ministro da Magia, farei uma retratação formal para que eles sejam ressarcidos de qualquer dano a sua imagem ou de sua família.
Harry sorriu enquanto Ron agradecia a Kingsley formalmente. Mesmo que o Ministério fizesse uma estátua enorme em agradecimento, tinha certeza de que Sra. Weasley ainda não estaria satisfeita.
- Professor... – começou Sarah sem rodeios - ... onde foi que o senhor andou esse tempo todo?
- Bem minha jovem... – respondeu ele com um sorriso - ... esqueci o quanto você é curiosa e direta... – Dumbledore dera então uma gostosa gargalhada enquanto com a varinha convocava da sala ao lado um jogo de chá antigo. – Digamos que, assim que a pedra de Merlim caiu em minhas mãos no ano passado, fiquei tentado e porque não dizer bastante curioso sobre a famosa lenda de Cork.
- O Senhor foi em busca de Morgana? – perguntou Harry.
- Não exatamente... – respondeu o bruxo - ... vocês precisam entender que: Quando se vive tanto quanto eu, algumas coisas podem se perder durante o caminho de sua vida... obviamente eu cresci ouvindo os contos e as façanhas de Merlim. Mas como muitos, pensei que eram apenas histórias. – Então ele levitou as xícaras colocando-as na frente dos seus convidados lentamente com o auxílio da varinha – Não, eu nunca duvidei que Merlim pudesse ter tido uma vida longa e próspera, afinal, não teria um título com seu nome se ele não tivesse existido..., mas... não pensei que, realmente tivesse vivido em uma ilha isolada com dezenas de mulheres as quais devo dizer, bem, não entremos em detalhes... – ele dera um sorrisinho.
- Então o senhor sabia o que estavam tentando fazer? – perguntou Harry. - Voldemort e seus seguidores?
- Na verdade não..., mas depois dos episódios do ano passado... onde ficou visível o interesse de Lord das Trevas e seus seguidores... – Dumbledore então fez sinal para que os presentes aproveitassem o chá - ...estavam interessados em Merlim, bem, achei que era de bom tom, pelo menos, conhecer mais sobre o bruxo. E no fim... não estava totalmente errado não?
Ele então dera uma gostosa gargalhada enquanto mordia um biscoito. Harry sabia das excentricidades do seu diretor, e também sabia o quanto Dumbledore era astuto e inteligente.
- Mas... – começou Harry - ... eu vi o Senhor ser pego pelo Voldemort...
- Você viu apenas o que o Lord das Trevas quis que você visse... – respondeu Dumbledore com um sorriso - ... embora eu temo em dizer, que quase fui realmente pego em uma de suas emboscadas. Tanto que, como Harry pode perceber enquanto estávamos no vácuo... ele conseguiu a pedra de Merlim que estava comigo na ocasião.
- Então... o senhor estava seguindo Voldemort? – perguntou Harry mas Dumbledore apenas meneou a cabeça negando.
- Passei a maior parte do tempo escondido... – disse ele agora sério - ... o combate diante das forças das trevas me pegou de surpresa devo admitir, e já não disponho de tanto poder que outrora eu tive na minha juventude... precisei recobrar as energias e digamos, foi uma decisão acertada manter todos desatualizados de minha atual posição. Isso fez com que o foco, fosse desviado de minha pessoa e assim, pude investigar melhor o que poderia estar havendo.
Dumbledore então olhou mais uma vez para a professora Minerva e Kingsley e sorriu com sinceridade.
- Somente quando soube da fuga de Lucius Malfoy de Azkaban, é que as coisas começaram a tomar forma em minha mente. Se assim como o interesse no poder de Merlim, por parte de nossos inimigos era intensa... eu devia ter a mesma dedicação em saber sobre o assunto. E quem diria, que uma simples história de criança, podia conter tanta veracidade?
- Professor... como algo tão perigoso assim... digo... – começou Hermione - ... um feitiço capaz de trazer os mortos a vida pode passar tão vagamente pelo ministério?
- Isso minha jovem Srta. Granger... são problemas dos quais o nosso novo ministro aqui vai ter de lidar. – Disse Dumbledore docemente - ... a comunidade bruxa assim como qualquer outra tem seus defeitos... assim como qualquer pessoa no poder... tanto bruxo quanto não bruxo pode se deixar levar por suposições, fofocas, e até mesmo lendas. Tem os que acreditam cegamente em estarem certos em suas convicções... quanto os que não acreditam no que está diante do próprio nariz.
Harry sabia do que Dumbledore estava falando, no seu quinto ano apesar de todos seus esforços para dizer que Voldemort havia retornado. Infelizmente, o atual ministro na época, Cornélius Fudge, se negava a acreditar até topar com ele no átrio do próprio ministério da magia.
- Então... o senhor sabia que tinha algo errado com o atual ministro? – perguntou Harry – Descobrimos que era Malfoy quando vi sua bengala em forma de serpente. Lucius sempre usou uma...
- Na verdade Sr. Potter.... – disse Dumbledore com um sorriso - ... não soube desse fato até o dia em questão foi revelada sua verdadeira aparência. Mas devo lhes contar os fatos de acordo como aconteceram assim fará mais sentido no final.
Dumbledore então expos tudo o que fez durante o tempo em que ficara escondido, não fizera por mal esconder seu paradeiro, mas precisava ser discreto a ponto de poder saber mais sobre os planos de Voldemort, e quando soube sobre o feitiço usado em Tonks, percebeu que havia algo ainda mais sombrio dentro da escola. – Foi então que avisei a professora McGonagall aqui, para ficar de olhos abertos em um possível seguidor de Voldemort dentro das paredes do castelo.
- Quando soube sobre as idas e vindas da Srta. Perks das salas da professora Trelawney, obviamente achei estranho. Contudo, em nossas conversas Sarah me contou o que era tratado durante essas conversas, e achei um pouco suspeito as atividades que a professora pedia que ela fizesse.
- Embora soubéssemos que algo estava muito errado, não tínhamos provas que pudessem expor o professor, a não ser ficarmos de olhos bem abertos.
- Com ajuda de Kingsley... – disse Dumbledore - ... consegui colocar alguns bruxos de confiança no corpo docente, mas, infelizmente, foram abatidos mesmo antes de obterem alguma prova concreta de artes das trevas na escola...
- Mesmero andou ensinando um feitiço bem específico... – disse Sarah - ... sabíamos que era coisa pesada, mas não tínhamos como provar.
- Porque Sarah era imune ao feitiço Imperius? – perguntou Hermione
- Digamos que a Srta Perks... não tenha um sangue comum... – disse o professor Dumbledore enquanto olhava para a professora McGonagall. Harry Pode notar que Sarah fora pega de surpresa.
- A história é longa... – começou Dumbledore - ... mas quando Sarah chegou aos meus cuidados, o lord das trevas estava em seus plenos poderes. Fora na noite em que soube sobre a profecia de Sibila.
- Meu irmão e sua esposa tinham perdido o bebê tão sonhado para varíola de dragão. – Começou Minerva – Dumbledore e eu decidimos que seriam os pais ideais para cuidar de Sarah como se fossem seus pais biológicos.
- E... meus pais verdadeiros... – falou a menina um pouco incerta. Harry sabia que pelo feitiço do tempo, todo o passado de Sarah havia sido excluído de sua memória. Ela não tinha lembranças dos pais adotivos, tão pouco dos biológicos.
- Uma coisa que preciso que entendam... – disse Dumbledore - ... eram tempos difíceis, bruxos e trouxas desaparecendo de maneira desenfreada. As forças das trevas cresciam mais a cada dia. Quando meu amigo Nicolau Flamel apareceu em minha porta com uma criança e pediu para que a protegesse, bem, eu não o questionei. Sabia que havia um motivo muito sólido para isso.
- Foi exatamente na mesma época em que seus pais foram mortos Sr. Potter. – Acrescentou a professora McGonagall.
- O interesse de bruxos das trevas em crianças acabou despertando desconfiança por parte da Ordem. – Agora era Dumbledore quem falava - E, embora Nicolau tenha partido a alguns meses, ele sempre acreditou em Merlim, que também era um alquimista excepcional. Conhecia a história, e porque não dizer seus segredos.
- O Senhor está querendo dizer... – começou Hermione.
- A mãe de Sarah é uma das poucas descendentes dessas Sacerdotisas que existia em Ynis Witrim. – falou a professora Minerva. – Porém, não sabemos de seu paradeiro, ou, como você foi parar nas mãos de Flamel minha querida.
- Até o seu último dia com vida... Flamel guardou esse segredo. – Continuou Dumbledore - ... apenas quando a professora Trelawney tivera que ser internada no St. Mungus, foi que minhas suspeitas sobre isso começaram a se tornar concretas.
- Em seu sangue corre o sangue mágico mais puro e mais antigo... – disse Minerva - ... por essa razão... – então ela olhou para Dumlbedore e Kingsley - ... acreditamos que você tenha sido imune ao feitiço que Mesmero tentou lançar em você.
- Não sabemos na verdade a quais e a quantos feitiços você é capaz de resistir... – disse Dumbledore - ..., mas em suas veias corre o sangue mágico de um dos maiores feiticeiros que já existiu.
Sarah então trocara olhares com Harry. Hermione então encarou o professor Dumbledore.
- Então... – começou Hermione - ... foi por causa do sangue de Sarah que conseguiram trazer Morgana de volta...
- Em parte... – respondeu o professor Dumbledore - ... voltando a história... no conto de Cork, que muitos já conhecem, diz que Merlim destruiu a bruxa salvando a cidade e seus moradores, mas a história real foi bem diferente... Morgana não foi destruída como muitos pensavam, no seu último suspiro, ela conseguiu lançar uma maldição. O próprio sangue de Merlim a traria de volta.
- O broche que Sarah espetou o dedo... – disse Hermione.
- Não era apenas isso... – falou Dumbledore, seus olhos encarando os garotos - ... a intensão do feitiço era usar o corpo como receptáculo para Morgana.
Harry pode observar o horror que essas palavras acabaram causando tanto na namorada quanto em Hermione. Só o fato de imaginar que Sarah poderia ter sido o receptáculo para Morgana lhe causava arrepios.
- Mas ela mesmo acabou com as chances dela quando me atacou sem saber... – disse Sarah e Dumbledore sorriu confirmando com a cabeça.
- Morgana Le Fay pode ter sido muito talentosa, e uma exímia bruxa das trevas, mas assim como qualquer outro bruxo, ela cometia erros. E foram esses erros que a condenaram ao vácuo. – Concluiu Dumbledore
- Ela disse quando fazia o feitiço... – começou Harry – que precisava do meu sangue para fazer o feitiço, mas... porque não usou o de Voldemort? Ou até mesmo o de Mesmero? Ela praticamente o desintegrou...
- Bem... feitiços das trevas são tão específicos e detalhistas quanto os bruxos que os criam... – disse Dumbledore - ... muitos necessitam de tamanha crueldade para funcionar que, nem o melhor e mais dedicado feiticeiro conseguiria executa-lo com perfeição.
- Quer dizer que... – começou Harry, mas Dumbledore continuou.
- Ela precisava do sangue de alguém inocente cuja fora feita tamanha maldade que o marcara como mártir... – concluiu o bruxo - ... Voldemort tinha o sangue cruel como de qualquer outro bruxo, mas não tinha sangue inocente. Ele tinha sangue em suas mãos, não correndo em suas veias. Seu sangue Harry, fora marcado pela maldição da morte, ainda quando era uma criança. Assim como carrega a marca do amor de sua mãe que o protegeu na época, a carga de crueldade que Voldemort depositou tentando matar uma criança também ficou gravada.
- Por isso ela precisou abrir minha cicatriz... – concluiu o garoto e Dumbledore mais uma vez confirmou com um aceno de cabeça.
- Mas e Michael Corner e Draco Malfoy... – perguntou Ron - ... vimos os dois várias vezes com Mesmero... Corner mesmo usando aquele diário da Sonserina...
- Os senhores Corner e Malfoy foram vítimas de suas próprias ambições... – disse Dumbledore. – Ambos tinham seus objetivos já traçados... um pela obsessão de sua família e outro, pelo fato de nunca ter se destacado em sua vida e ser cobrado por isso. O Sr. Corner fora inocentemente manipulado e induzido a fazer coisas das quais não tinha a mínima noção do perigo.
- E quanto aquelas coisas que devoraram Voldemort? – disse Harry. - De onde elas vieram?
- Isso meu caro Sr. Potter... devo dizer que tive ajuda. – disse Dumbledore observando o garoto por trás dos seus óculos - Esuriens são criaturas muito distintas, creio que devam ter estudado elas para prestar seus exames...
- Sarah e Hermione sim... – respondeu Ron rapidamente enquanto recebia um olhar acusador da namorada.
- Esuriens... como devem ter notado são uma espécie mágica muito rara na verdade. São como um fantasma, criatura vinda das sombras. E sendo puramente mágicos, se alimentam de magia. São inofensivos quando pequenos, e por essa razão, enganam jovens imaturos para que atirem feitiços neles..., mas não se enganem, podem ser inofensivos quando pequenos, mas... quando crescem, se tornam seres assustadores e perigosos... os Dementadores.
- Sempre tive curiosidade sobre de onde vinham os dementadores... – comentou Ron - ... mas sempre que havia algo nos livros eram muito vagas... - Então ele novamente recebera um olhar acusador de Hermione - Que foi? Eu leio as vezes... – respondeu ele desgostoso.
- Esuriens vem de um mundo alheio ao tempo... podem controlar espaços diminutos de tempo, e agrupa-los como uma ruga numa almofada. Foi graças a esses seres que pude ter certeza dos objetivos do Lord das Trevas.
Os garotos encararam Dumbledore, não entendiam o que exatamente Esuriens tinham haver com o feitiço de Morgana.
- Digamos que não aparecem no nosso mundo por acaso, a não ser que tenha sido aberta alguma outra porta. É um reflexo defensivo sabem, Esuriens se acostumaram a apagar seu rastro. É parecido com a tinta que uma lula usa para confundir seu inimigo.
- Então quando tentaram trazer Morgana de volta... – começou dizer Hermione.
- Os Ensuriens começaram a aparecer no nosso mundo... – disse Dumbledore.
- Então, se não podemos capturá-los usando magia - perguntou Ron - Como faremos? O que fazemos com ele depois de, hum, detê-lo?
- Com isso... – disse Dumbledore mostrando a mochila a qual estava nas costas de Harry quando Voldemort o acertou novamente com uma maldição da morte. Os garotos encararam a mochila com certa curiosidade – Bolsa do infinito...
Os garotos ficaram aturdidos e confusos por um tempo. Harry nunca tinha ouvido falar sobre tal objeto, embora tivesse a mais absoluta certeza de que Hermione sim. E isso se confirmou quando ela o questionou.
- E como o Sr. Conseguiu? – perguntou Hermione curiosa – É algo muito específico e dificilmente é possível conseguir algo assim. A última vez que se soube de um artefato desses, acho que o próprio Merlim era vivo!
- Nesse ponto... – disse Dumbledore agora endireitando-se na cadeira - ... mais uma vez, tenho de admitir que tive uma pequena ajuda.
Ele então olhou para a porta. Todos assim como Harry viraram-se para ver quem entrava na sala.
- Malfoy? – perguntou incrédulo Harry enquanto o garoto loiro entrava na sala com o mesmo ar de soberba, embora não tão arrogante ou desagradável como sempre agia.
- Surpreso Potter? – disse Draco com um sorriso de canto de lábios.
- Eu não acredito! – falou Ron rapidamente - Você mandou Harry através do espelho!
- E mandaria novamente se isso fizesse com que ele abrisse os olhos para enxergar as coisas como elas são... – disse o garoto.
- É o suficiente Sr. Malfoy... – advertiu a professora Minerva.
- Então foi você quem deixou a mochila na tenda... – falou Harry encarando o garoto loiro.
- Quando Sr. Malfoy realmente viu as consequências que suas decisões teriam... ele gentilmente procurou o Professor Snape, que fez o favor de nos informar. – disse Dumbledore.
- Você sabia que haviam Ensuriens na mochila... – disse Harry. Mas Malfoy apenas riu.
- Obviamente sua inteligência limitada não percebeu isso não foi? – respondeu o garoto – As vezes me pergunto como você pode ser tão lerdo. - Rony fez menção de se levantar, mas, Hermione o segurou. – Meu pai embora estivesse preso, nunca cansou de acreditar que podia ainda cair nas graças do Lord das Trevas. Eu ao contrário, achava essa dedicação patética e destrutiva. Porém quando ele convenceu minha mãe a ajuda-lo, acabei cedendo por respeito a ela. Não queria vê-la cair em desgraça como estava acontecendo e... por fim, quando Mesmero sumiu com Corner, eu imaginei que teriam começado as coisas sem mim. Creio que a mesma descrença que eu tinha nos planos de meu pai, ele tinha em minha crença nele. Por isso não sabia onde ele estava ou o que estava fazendo. Apenas fazia o que me era passado por Mesmero ou minha mãe, até que a alguns dias Mesmero e Corner desapareceram e eu percebi que ele também não estava certo de minha lealdade. Por esse motivo, deixei a Bolsa do Infinito que havia conseguido na travessa do tranco na barraca do Ministério como um aviso. Por sorte ninguém a percebeu ali até você a roubar.
- O que parece ter sido muita sorte... – disse Kingsley - ... se não tivesse com a bolsa em suas costas, talvez Voldemort o conseguisse acertar novamente uma maldição da morte.
- Eu sei que não somos nem de perto os melhores amigos nem colegas... – disse Harry finalmente ficando em pé na frente do garoto. E então inesperadamente ele estendeu sua mão para Draco - ...,mas sinceramente gostaria de lhe agradecer.
Ron deixara o queixo cair, Hermione e Sarah arregalaram os olhos e trocaram olhares uma com a outra surpresas. Até mesmo Malfoy fora pego de surpresa com a ação do garoto. Harry, no entanto, estava sendo sincero. Afinal, Draco Malfoy podia ter todos os defeitos horríveis e o garoto sabia que ele tinha, porém acabara o ajudando no fim mesmo que involuntariamente. Harry não sabia como era ter nascido em uma família como a de Malfoy, mas sabia como era ter crescido numa família como os Dursleys e, bem, antes ser ignorado do que ser obrigado a seguir suas crenças absurdas. O jovem Potter podia se considerar com sorte, se comparado a Draco Malfoy.
O loiro então apertou a mão de Harry, como o garoto pode perceber talvez aquilo não fosse exatamente como o final de uma guerra, mas pelo menos uma trégua quem sabe.
- Então quer dizer que finalmente acabou? – perguntou Hermione dando um suspiro – Voldemort está morto...
- Temo que infelizmente... – Dumbledore agora tomara um ar mais sério - ... as artes das trevas sempre vão estar presentes nesse mundo. Assim como bruxos notáveis e bons existem, e sempre irão existir, bruxos das trevas e com suas crenças deturpadas também. – Ele então se levantou e andou para a frente da mesa onde pode encarar um por um dos alunos ali diante deles – Bruxos das Trevas sempre irão aparecer, querendo nós ou não. E é por isso, que temos de estar preparados para enfrenta-los a todo e qualquer tempo que aparecerem...
- Estaremos prontos... – disse Harry - Eu estarei...
***
A música alta vinda do interior do salão principal era praticamente audível para o castelo todo. O ritual de formatura bem, fora até muito rápido já que os alunos do sétimo ano, estavam ansiosos pela festa que teriam mais tarde. O professor Dumbledore anunciou sua aposentadoria como diretor, mas garantiu que sempre estaria presente caso Hogwarts precisasse. Mas que agora iria aproveitar o que sobrava de sua vida com algo realmente proveitoso para a idade. Obviamente o jantar de final de ano letivo fora como sempre um banquete surreal, porém, os alunos do sétimo ano tiveram o privilégio de prolongarem a noite em uma plataforma flutuante no lago negro. Ela fora montada mais ao centro, longe de olhos curiosos, mas obviamente com a mais segura e sólida monitoração dos professores. Uma banda a qual Harry só tinha ouvido falar estava tocando várias musicas no pequeno palco mais a frente. Ele não recordava muito bem o nome, mas era algo do tipo como Santenne.
- Nunca ouvi falar... – disse Ron enquanto seguiam para mesa para mais uma rodada de bebidas. A noite estava quente e abafada e sentia o suor correr pelo seu pescoço.
- Nós infelizmente sim... – disse Hermione se abanando com um guardanapo enquanto se jogava na cadeira ao lado do namorado. Seu vestido azul celeste esvoaçando com a brisa que passava por eles - ... Lilá Brown vivia cantando as musicas deles no chuveiro. E cá entre nós, se vocês acham o canto de um agoureiro ruim... o dela é 100 vezes mais assustador.
Harry riu da observação da amiga e então olhou para Sarah que sentava ao seu lado. Estava ainda mais linda com um vestido azul escuro com pequenos cristais espalhados aleatoriamente por ele. Que brilhavam sutilmente a cada movimento que fazia. O cabelo todo preso no alto da cabeça. O garoto ficou tentado a beijar-lhe o pescoço, mas, seus professores estavam de prontidão então...
- LIVRES FINALMENTE – Harry ouviu a voz de Simas que agora já estava com as bochechas vermelhas e a gravata amarrada na cabeça tentando se equilibrar sobre o pequeno cercado da plataforma.
- Sr. Finigam! – ouviu-se uma voz fina vinda de algum lugar nos fundos de uma pequena balsa. – Tenha um pouco de compostura e.... ahhhhhhhhhhhh
Splash! Lá se foram, Simas Finnigam, Parvati Patil, Lukas Roland e o professor Flitwick diretamente para dentro do lado negro. Uma sequencia de risos e gritos podia ser ouvida em todos os lugares. Draco Malfoy estava cercado com seu grupo costumeiro, calado e esnobe como sempre. Ele viu Harry e discretamente ergueu o copo o qual bebia em um brinde silencioso. Harry fez o mesmo. Quem diria que depois desse tempo todo, de tantas brigas e desentendimentos realmente perigosos, seu pior inimigo lhe ajudaria no fim.
- Eu não entendo... – disse Ron vendo o “brinde” de Harry e com quem ele havia brindado - ... porque ele te ajudou?
- Pessoas como Malfoy foram criadas para serem superiores e conquistar o poder e a glória custe o que custasse... – disse Sarah vendo o garoto loiro conversando com Parkinson - ... Ele foi criado para ser o substituto do pai...
- Bruxos como ele não tem muita opção. Ou seguia o que seu pai lhe impunha... ou era deserdado... ele só fez o que achou que devia fazer... – disse Harry bebendo um gole de cerveja amanteigada - ... se comparar os Dursleys com os Malfoy... eu tive foi sorte...
- Que bom que pelo menos ele soube o que era melhor no fim... – disse Hermione e então Simas apoiou-se na mesa onde eles estavam sentados.
- Ei vocês dois.... – disse ele com a língua enrolando - ... vou propor um desafio de adulto! 50 galeões que não conseguem beber um copo de Firewisk!
- Deixa de besteiras Simas... – respondeu Hermione - ... você está tão bêbado que não aguenta mais nem um gole de cerveja amanteigada quem dirá um copo de Firewisk!
- Você não tem mais poder sobre mim Gra... raaanger... – disse Simas – Não é mais monitora!
- Nisso ele tem razão sabia? – disse Ron e rapidamente recebeu o costumeiro olhar de Hermione. – Eu topo!
- Ronald Weasley... – advertiu Hermione.
- Qual é Hermione... não é nada demais, Fred colocou um pouco na minha mamadeira quando eu tinha 4 anos... não é tudo isso não... além disso, se Simas tiver 50 galeões... já é metade do nosso aluguel não é Harry?
Simas então pegou os galeões e botou sobre a mesa. Harry apenas deu de ombros. Não estava preocupado na verdade pois ele tinha uma quantia razoavelmente boa que seus pais haviam deixado para ele, e em todos esses anos não gastara com coisas além do que precisava. A não ser é claro, algo que ele daria a Sarah assim que conseguisse se esquivar da monitoria dos professores. Ele via nos olhos de Ron que o amigo não estava realmente certo se devia fazer aquilo, mas, Rony sempre fora facilmente induzido a fazer coisas das quais realmente não querias, fosse por amizade ou porque não gostava de ser subestimado. Hermione ao contrário estava com os braços cruzados encarando o namorado como se o desafiando a contraria-la. Harry então ergueu seu copo para Ron.
- A metade do nosso aluguel... – disse ele e Ron sorriu. Olhou mais uma vez para Simas e então virou o copo todo de Firewisk.
Obviamente Hermione ficou contrariada, e também como consequência, Ron acabou soltando chamas pela boca assim que terminou de beber chamando atenção do professor mais próximo, no caso, professora Vector.
- Vocês colocaram pó de dragão! – exclamou Hermione – Porque fizeram isso?
- Oras... – disse Dino gargalhando – ... não seria desafio se não tivesse algum, não é?
- Relaxa Granger... – agora era Lukas quem falava - ... não foi suficiente para causar alguma queimadura... no máximo ele vai ficar com a boca dormente algumas horas como se tivesse comido pimenta...
- Belo exemplo estão dando para os mais novos... – disse a professora tomando partido - ... não tem vergonha de mostrar o quanto são imaturos?
- Mostrar pra quem? – perguntou Simas sem o mínimo respeito – Só tem setimanista aqui...
- Creio que já bebeu demais Sr. Finnigan... – disse a professora encarando o garoto com as duas mãos na cintura - ... se não parar com esse comportamento, devo manda-lo direto para o banheiro da gryffindor tomar um banho gelado!
Então Harry se aproximou do ouvido de Sarah.
- O que você acha de a gente dar uma volta? - Disse ele e a garota sorriu já se levantando e furtivamente o levando para longe rumo ao pequeno deque que levava aos jardins da escola. Tomando todo o cuidado para que não fossem seguidos, pelo caminho encontraram vários casais e outros alunos que furtivamente haviam fugido da grande plataforma flutuante no lago. Harry levou Sarah até o jardim de inverno onde havia uma pequena fonte borbulhante. Não havia ninguém ali aquela hora e a luz do luar e as estrelas estavam realmente convidativas.
- Pronto... – disse ele com um sorriso enquanto ajudava Sarah a sentar-se na beirada da fonte. - ... é muito mais fácil ter uma conversa sem aquele barulho todo.
- E... sobre o que o Sr. Potter quer ter uma conversa? – perguntou a garota com um sorriso.
- Bem... – começou ele ficando na frente da garota apoiando suas mãos na cintura dela - ... Digamos que Kingsley ofereceu uma vaga de Estagio para Ron e eu esse verão no Ministério...
- Que ótimo Harry! – disse Sarah dando-lhe um abraço com um sorriso brilhante estampado em seu rosto – Você sempre quis ser Auror... isso vai ser maravilhoso quando entrar para a academia no próximo ano...
- Não é nada tão fantástico assim... – respondeu ele sorrindo - ... vou apenas ajudar levando recados e coisas do gênero.
- Ah, qual é... você sabe que com o Kingsley como Ministro... duvido que ele não aproveite seus talentos pra alguma coisa melhor que entregar recados... – Sarah então sorriu e fizera um carinho em seu rosto - ... estou orgulhosa de você.
Delicadamente ela aproximou seus lábios dos de Harry e tocou-lhes com um beijo delicado. Harry correspondeu ao beijo, mas havia algo em sua mente que o estava lhe perturbando. Não sabia dizer o que exatamente, mas estava inquieto por alguma razão.
- Anda... – disse ela afastando o rosto e o encarando com os olhos cerrados - ... desembucha...
- O que? – respondeu ele com um sorriso.
- Tem alguma coisa preocupando você... – respondeu ela o encarando e cruzando os braços em frente ao peito - ... eu te conheço Harry.
- Não é nada... – disse ele embora nem ele mesmo soubesse o que estava lhe perturbando - ... eu não sei, pode ser o fato de estar por conta própria... de finalmente ser eu mesmo sem precisar me esconder... ou fugir de algum bruxo maluco que queira me matar...
- É meio assustador... – disse a garota em meio a um suspiro - ... digo, eu sei.. foram praticamente sete anos... a gente meio que se acostumou a viver “perigosamente” – então ela sorriu sem jeito - ... mas você quer ser auror não quer? – Ele então meneou a cabeça concordando - ... então meio que você vai continuar se escondendo e fugindo de bruxos que vão querer matar você por algum motivo...
- Verdade, não é? – respondeu ele com um sorriso. – Só o que... não quero que você sofra as consequências por isso...
- Harry... – disse Sarah e Harry tinha a mais absoluta certeza de que vinha uma saraivada de argumentos os quais no fim ele acabaria concordando. Mas se estava começando a construir um relacionamento com a garota, bem, precisava ser sincero. - ... eu sei que você fica preocupado comigo, e isso é reciproco sabia? Ou acha que com você se tornando um célebre auror conhecido no Ministério da Magia não vai me deixar pulando feito um sapo no caldeirão toda vez que sair para alguma missão?
Ele tinha de admitir que não tinha se quer pensado nessa possibilidade na verdade, tinha visto apenas o próprio lado. E tinha de admitir que tinha sido extremamente egoísta nessa parte.
- Você viu o que Dumbledore nos disse... enquanto existir o bem no mundo, alguém sempre vai tentar fazer o mal... só precisamos decidir se estaremos lá pra enfrentar ou não... – disse a garota agora com um sorriso - ... não estou tentando parecer legal nem nada – nessa hora o garoto gargalhou - ... só acho que independente do que decidirmos, bem... vamos passar por coisas das quais não queremos... minha decisão por me tornar auror não foi do nada... apenas... é o que eu acho certo fazer... e penso que você também acha isso...
Harry então passara seus braços pela cintura da garota. Seus olhos olhando fixamente para ela. Não entendia direito o que sentia, mas era a melhor coisa do mundo. Daquele momento em diante sabia que só poderia viver se Sarah estivesse ao seu lado.
- Eu te amo... sabe disso não sabe? – disse ele encostando sua testa na testa da garota e a viu abrir um sorriso.
- Sei... embora as vezes você esqueça de me dizer... – então ela dera-lhe um beijo nos lábios - ... mas não se preocupe... eu vou sempre lembra-lo disso... não tenha dúvidas!
O garoto então pegou-a nos braços em um abraço longo girando com ela em pleno pátio da fonte. O sorriso de Sarah era tão contagiante que ele não notou quando começara a rir também. Finalmente podia dizer que estava feliz. E nada nem ninguém poderia acabar com isso.
- Aceita dançar comigo? – disse ele a colocando finalmente no chão.
- Sem música? – perguntou ela ajeitando o vestido.
Harry então fizera um floreio com a varinha direto na fonte que começou a brilhar. Os brilhos sutis e coloridos conforme os jorros de água eram lançados no ar. Calmamente o som começou a se tornar uma melodia calma e tranquila no qual o garoto fizera uma reverencia enquanto Sarah correspondia dando-lhe a mão. O garoto não era nenhum pé de valsa, mas sabia dar uns passos de dança. A música era lenta e agradável, não era nada complicado dar dois passos para a direita e dois para a esquerda. Uns giros, e muitos risos depois, ambos quase sem folego diminuíram o compasso e Harry ficara olhando para a garota e pode notar suas bochechas corarem.
- O que foi? – perguntou ela com um sorriso – Tem alguma coisa errada com meu rosto?
- Não... continua linda... – disse ele – ... só estava pensando...
- Em como manter o Ron longe de bolinhas de queijo grudentas? – respondeu ela sorrindo e ele sorriu meneando a cabeça.
- Na verdade... eu pensei nisso... – disse ele tirando um pequeno pacotinho do bolso da capa. - ... eu sei que não é algo grandioso, mas... eu queria lhe dar algo de presente de formatura... e bem... não só de formatura...
- Harry eu te disse... – começou ela, mas ele a interrompeu.
- Eu sei o que você me disse... – respondeu ele colocando o pequeno saquinho de veludo nas mãos da garota - ..., mas queria algo que marcasse que estamos juntos e... bem... um anel todos achariam...
- É eu sei... – disse ela abrindo o pequeno saquinho de veludo e deixando cair em suas mãos um colar muito delicado. Nele havia um pequeno pingente em forma de um coração com asas. As iniciais H & S gravadas no verso.
- Parece um pomo de ouro... – disse ela com um sorriso - ... pode colocar em mim?
Harry pegou o pequeno adorno delicadamente enquanto ela tirava os fios que caíram sobre o seu pescoço. Gentilmente o colocou em volta do pescoço da garota, mas não sem antes dar-lhe um beijo nele. Sorrindo, ela se virou e passou os braços pelo pescoço dele enquanto ele lhe cingia a cintura com os seus.
- Isso me lembra... que também tenho algo pra você... – disse ela colocando a mão na pequena bolsinha que estava presa no punho, de lá retirou uma caixa e entregou ao garoto - ... lembra do que eu lhe disse no festival?
Dizer que ele se lembrava de tudo o que tinha acontecido, bem, ele até tinha uma vaga ideia, mas havia acontecido e dito tanta coisa que não sabia exatamente do que ela estava falando. Então ele a abriu e encontrou uma chave, com um pequeno chaveiro em forma de vassoura. E então abriu um sorriso e cerrou os olhos para a garota.
- Achei que estava apenas “pensando” se me daria a chave do seu novo apartamento... – disse ele.
- Achei que depois do que houve... – disse ela o abraçando mais uma vez - ... você mereceu... além disso... acredito que você não vai querer ficar no mesmo apartamento quando Hermione for fazer uma “visita” ao Ron... então...
- Eu poderia passar um tempo no seu apartamento... – disse ele a trazendo para mais perto do seu corpo.
- De certa forma... – respondeu ela com um sorriso sapeca nos lábios - ... você podia me fazer companhia...
- Acho que vou aceitar essa oferta... – disse ele se aproximando dos lábios de Sarah e os tocando lenta e suavemente em um beijo.
Hogwarts poderia permanecer em seu passado a partir de agora, mas, sempre seria seu passado, presente e futuro. Harry não tinha certeza do que o futuro lhe reservava, mas fosse o que fosse, se tivesse Sarah ao seu lado, sabia que poderia enfrentar tudo e todos.
- Até que enfim.... – ouviram uma voz vinda dos fundos e então viram Hermione correndo um tanto descabelada com um Rony segurando sua mão. - ... Viramos o castelo a procura de vocês dois!
- Aham... – respondeu Sarah olhando para a amiga - ... o batom nos lábios de Ronald me diz o contrário...
- O que foi que o Finnigan fez dessa vez para que a gente tivesse que acabar com a festa tão cedo? – disse Harry passando os braços pelo ombro de Sarah que passou o seu pela cintura do garoto.
- Digamos que a professora McGonagall apareceu... – disse Hermione - ... ela notou que a sobrinha havia desaparecido e meio que virou os jardins a sua procura...
- Melhor voltarmos então... – Disse Sarah.
- Melhor inventar uma boa desculpa para o sumiço... – respondeu Ron agora sem batom nos lábios.
- Não preciso de desculpas... – disse Sarah - ... eu só queria ficar um pouco sozinha com o Harry e conversar, não há nada de mal nisso...
Harry tinha suas dúvidas se sua professora deixaria isso escapar, ainda mais sendo Sarah sua protegida. Mas era o último dia deles em Hogwarts, o que ela podia fazer com eles agora? Tirar-lhes pontos? Contudo havia construído tantas memórias, e a maioria delas muito boas. Conhecera o valor de uma verdadeira amizade. Soubera dar valor as pequenas coisas que tinha construído por si só. E o melhor de tudo, havia encontrado alguém com quem decidira passar o resto da vida. Tudo bem, ela ainda não sabia de suas reais intenções e, bem ele não iria contar-lhe agora. Ainda mais sua tia achando que deviam estar fazendo algo definitivamente impróprio. Mas queria provar de que era digno de confiança e por isso, estava disposto a passar por qualquer teste que McGonagall impusesse a ele.
Estavam se aproximando do lago mais uma vez quando ouviram uma explosão vindo do lado das mesas de bebidas. Os quatro olharam um para o outro e menearam a cabeça em uníssono – FINNIGAN!
- O que vocês acham de fazermos nossa própria festa na sala precisa? – disse Ron passando o braço pelo ombro de Hermione.
- Eu sou completamente a favor... – disse Sarah - ... Só vou dizer a minha tia que estou voltando para a torre da Gryffindor ou ela vai até o dormitório para saber se estou lá...
Sarah então deu um beijo em Harry e foi atrás de sua tia. Rony então encarou Harry por alguns minutos e Hermione sorriu.
- O que foi? – perguntou ele começando a andar para dentro do castelo.
- Nada ué... – respondeu Hermione - ... só estava pensando se Sarah lhe deu o presente que ela disse que daria...
Harry então pegara a chave no bolso interno da capa e girou-a no dedo. Ron sorriu e encarou Hermione.
- Quer dizer que vou ter o apartamento só pra mim quando eu precisar? – disse ele e Harry concordou com a cabeça. – Brilhante! Quer dizer que não vou ter mais minha mãe para monitorar a que horas eu como... ou bebo... se eu escovo os dentes!
- Só porque vai morar sozinho sem supervisão da sua mãe não quer dizer que tenha de abandonar uma boa higiene não é Ronald? – disse Hermione e então Harry riu.
- Qual é Hermione... qual é a graça de se morar sozinho se você não pode fazer as coisas que gostaria de fazer se morasse sozinho? – perguntou Ron.
- Você não vai “morar sozinho”... Vai morar com Harry... ou acha que ele vai gostar de ver você zanzando pela casa de cuecas e com a camisa suja de molho de pizza? – falou a menina com as mãos na cintura agora.
- Harry não liga se eu ando pela casa de cuecas... – disse Ron e olhou em busca de auxílio para o garoto.
- De verdade... não ligo Hermione... – Disse ele dando de ombros andando pelo corredor.
- Homens! – respondeu ela com um suspiro. – Aposto que se eu contar a sua mãe ela vai ir lá todos os dias ou instalar um alarme quando você pensar em andar sem roupa pela casa...
- Você não faria isso... – disse ele agora alarmado.
- Pois tente para você ver... – respondeu ela abrindo a porta da sala precisa onde parecia ter sido decorada propositadamente para eles. Sarah chegou e assim como sempre fizeram se reuniram na sala precisa. Depois de muitas recordações, risadas e conversas aleatórias, finalmente se entregaram ao cansaço e pegaram no sono. Era difícil dizer Adeus a um lugar tão mágico ao qual sempre fora chamado de Lar. Mas Harry sabia que a partir de agora, seguiria seu próprio caminho.
Autor(a): vision2018
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