Fanfic: A menina dos Milagres | Tema: Filme, Livro
Ao acordar pela manhã, ouço meu celular tocar insistentemente. Logo atendo, era meu avô que tinha ligado. Seu cavalo favorito estava morrendo e quis saber se eu queria me despedir. Eu ouvi a notícia de que o cavalo do meu avô como uma facada no meu coração, um fiel companheiro por anos, estava à beira da morte. Num dia ensolarado, o vilarejo estava envolto na serenidade da rotina, mas eu senti uma angústia no peito. Veterinários experientes examinaram o animal, mas disseram que não havia mais esperança. Eu, ciente da minha ligação especial com a natureza, decidi visitar o estábulo onde o cavalo sofria. Eu queria me despedir dele, e agradecer por tudo que ele fez pelo meu avô.
Eu me aproximei do animal, e senti a tristeza no ar. Ele estava deitado no chão, respirando com dificuldade. Seus olhos estavam opacos, sem vida. Eu me ajoelhei ao lado dele, e comecei a acariciar seu pelo. Com uma voz suave, eu iniciei uma oração profunda. Eu pedi a Deus que desse paz ao cavalo, e que o levasse para um lugar melhor.
A comunidade, que não acreditava no meu dom, observava de longe. Eles achavam que eu estava desperdiçando o meu tempo, e que eu deveria deixar o cavalo morrer em paz. Eles não entendiam que eu estava fazendo mais do que uma oração. Eu estava usando a minha fé, a minha luz e o meu amor para tentar curar o animal. Eu estava fazendo o meu primeiro milagre.
Eu fechei os olhos, e me concentrei na minha oração. Eu senti uma energia vibrante fluindo através de mim. Era como se uma força maior me guiasse naquele momento crucial. Gradualmente, o cavalo, que antes mal conseguia ficar de pé, começou a se levantar. Seu olhar, outrora opaco, agora brilhava com vitalidade renovada. A comunidade, atônita, testemunhou o meu primeiro milagre se desdobrar diante dos seus olhos.
O meu avô, incapaz de acreditar e conter as lágrimas, abraçou o cavalo, grato pela intervenção divina que trouxe cura ao seu fiel amigo. Ele me agradeceu, e me disse que eu era uma menina abençoada. Ele me disse que eu tinha um dom especial, que vinha de Deus. Ele me disse que eu era uma mensageira divina, que podia realizar milagres.
A notícia do meu milagre se espalhou como fogo pela comunidade, consolidando ainda mais a crença nos meus poderes especiais. Mas eu ainda não compreendia plenamente o dom que eu possuía. Para mim, aquilo era apenas um gesto de fé e esperança, e não um milagre que emanava diretamente da minha conexão com a divindade. O meu primeiro milagre, ao curar o cavalo desenganado, deixou uma marca indelével na história do vilarejo. O povo, agora mais aberto à magia que eu trouxera, esperava ansiosamente pelos próximos capítulos dessa narrativa extraordinária que se desenrolava diante dos seus olhos.
Entretanto, enquanto a notícia do meu primeiro milagre se espalhava, a atenção da mídia local voltava-se para o vilarejo. Reportagens começaram a circular na TV, destacando a minha incrível habilidade em realizar milagres. A minha fama crescia rapidamente, e junto com ela, uma nuvem de curiosidade e ceticismo pairava sobre o vilarejo. Enquanto alguns me viam como uma mensageira divina, outros duvidavam da minha autenticidade. A exposição midiática trouxe uma mistura de adoração e desconfiança à minha vida, que se tornara um símbolo de esperança.
Eu saí do estábulo, onde o meu primeiro milagre tinha acontecido. Eu tinha acabado de curar o cavalo do meu avô, que estava à beira da morte. Eu não sabia como eu tinha feito aquilo, nem o que isso significava. Eu só sabia que eu tinha usado a minha fé, a minha luz e o meu amor. Eu estava tonta, confusa, emocionada. Eu queria abraçar o meu avô, e agradecer a Deus. Eu queria voltar para casa, e escrever no meu diário. Eu queria ficar sozinha, e refletir sobre o que tinha acontecido.
Mas eu não tive tempo para nada disso. Assim que eu saí do estábulo, eu fui cercada por uma multidão de moradores. Eles tinham visto o meu milagre, e estavam curiosos, admirados, assustados. Eles me perseguiram, me encheram de perguntas, me tocaram, me olharam.
— Ana, como você fez isso? - perguntou uma mulher, com os olhos arregalados.
— Ana, você é uma santa? - perguntou um homem, com a voz trêmula.
— Ana, você pode curar a minha filha? - perguntou outra mulher, com as mãos suplicantes.
— Ana, você é uma bruxa? - perguntou outro homem, com o rosto carrancudo.
Eu não sabia o que responder, nem o que fazer. Eu me sentia sufocada, invadida, assediada. Eu queria fugir, me esconder, me proteger. Eu queria que eles me deixassem em paz. Eu tentei me afastar, mas eles não me deixaram. Eles me seguraram, me puxaram, me empurraram. Eles me fizeram perguntas, me deram conselhos, me fizeram pedidos. Eles me elogiaram, me criticaram, me julgaram. Eu me senti perdida, assustada, desesperada. Eu não entendia o que estava acontecendo, nem o que eles queriam de mim. Eu não sabia quem eu era, nem qual era a minha missão. Eu não sabia se eu era uma menina abençoada, ou uma menina amaldiçoada.
Eu era Ana, uma menina especial, que vivia em um lugar especial. Eu era uma menina que sonhava, que imaginava, que acreditava. Eu era uma menina que fazia, que transformava, que inspirava. Eu era uma menina que vivia, que amava, que brilhava. Mas naquele momento, eu era apenas uma menina assustada, que queria paz.
Eu, ainda uma menina, comecei a sentir o peso dessa nova realidade. O meu milagre, inicialmente celebrado, agora me colocava em uma posição de destaque, despertando a atenção não apenas dos crentes, mas também dos céticos e curiosos. A fama, por vezes, trazia consigo não apenas a luz da admiração, mas também as sombras da incerteza. Preocupados com a minha segurança, os meus pais se reuniram para discutir as consequências dessa súbita exposição. Eles temiam que eu pudesse me tornar alvo de pessoas inescrupulosas que buscassem explorar os meus supostos dons e se preocupavam com a pressão emocional e espiritual que eu poderia enfrentar diante da crescente atenção.
Autor(a): jessicaluana
Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).
Prévia do próximo capítulo
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