Fanfics Brasil - Capítulo Um: Pesadelo Curtas de Naruto

Fanfic: Curtas de Naruto | Tema: Naruto | SasuSaku, NaruSaku, SasuNaru e NaruSakuSasu


Capítulo: Capítulo Um: Pesadelo

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Capítulo Um: Pesadelo


Naruto não aguentava mais aquela rotina. Quase diariamente se perguntava como deixara sua vida chegar em um estado tão deplorável. Seus dias eram preenchidos com um sem fim de papéis que ele assinava e muitas vezes, mesmo após lê-los mais de duas vezes, não compreendia sobre o que se tratavam. O  trabalho era chato e se tornara exaustivo não exatamente por sua complexidade, mas sim por sua repetição. 


Shikamaru e Shizune pareciam não ajudar em nada, sempre estavam trazendo mais documentos mas nunca auxiliavam na eliminação deles. As discussões e reuniões com os clãs e os conselheiros nunca levavam a nem uma conclusão. Ele sentia como se todos eles só estivessem tentando manter e proteger seus privilégios e desejos, nunca aceitando fazer nem mesmo a mais mínima mudança.


E ele pensava: Pelo menos agora tenho um lar para voltar.


Ledo engano.


Ele odiava sua casa tanto quanto odiava seu trabalho. A escritura podia estar em seu nome e os que ali habitavam podiam compartilhar o sobrenome Uzumaki com ele, mas nada ali parecia ser seu. Ele se sentia como uma visita em sua própria casa. Nada ali parecia pertencer à ele.


Mesmo que às vezes ele chegasse em casa e houvesse cheiro de comida recém preparada, barulho de crianças brincando e aquela mulher que ele chamava de esposa o recebesse com um sorriso simpático no rosto, nada daquilo o fazia se sentir em casa.


Tudo era insosso, parecendo quase ensaiado, carente de qualquer emoção genuína e espontânea.


As crianças o chamavam de “papai” mas ele não sabia como interagir com elas. Elas não permitiam que ele de fato se aproximasse, nunca conseguia participar das brincadeiras delas e toda a vez que sugeria alguma brincadeira diferente que todos eles pudessem fazer juntos, era rechaçado. As vezes em que eles apresentavam comportamentos reprováveis, ele sentia-se errado em corrigi-los e preferia deixar que sua esposa tomasse as rédeas da situação e falasse algo. E ele se sentia errado por nem mesmo nisso, conseguir participar da criação das crianças.


Mas que direito ele tinha de cobrar algo deles? Se ele não estava presente nas horas boas, não se sentia no direito de ser presente nas horas ruins também.


O único momento em que ele conseguia “arrancar” alguma reação mais empolgada dos pequenos era nas vezes que trazia algum presente para eles, mas a necessidade de haver um presente físico para ter alguma reação das crianças o fazia se sentir usado e tirava parte da alegria do momento.


Sua esposa era outra incógnita. 


Se lhe perguntassem o que ele vira nela que o fez se apaixonar, ele não saberia responder e se o perguntassem o por que de os dois ainda estarem juntos, se fosse sincero, seria obrigado a dizer que era por conveniência e comodidade. As crianças eram pequenas, estar casado era bom para sua reputação e o casamento não tinha precisamente um problema. Como tudo em sua vida atual, era monótono, sem graça e carente de sentido, mas não exatamente ruim.


A ex-Hyuuga era bonita. Os cabelos escuros que um dia foram longos, agora eram mantidos curtos, sua pele era clara e imaculada – como era esperado de uma mulher vinda de um dos clãs mais tradicionais de Konoha –, seus seios fartos eram um  atrativo que ela raramente deixava à mostra, sua personalidade quieta e sua tendência a concordar com tudo que o marido falava pareciam ser o sonho de vários homens.


Mas não era o dele.


Ainda que em aspectos físicos ela não deixasse a desejar, às vezes os olhos desprovidos de pupila o causavam certa angústia. Isso aliado à sua constante submissão e concordância, o deixavam em uma névoa, tentando entender se ela realmente ouvia o que ele dizia.


Na maioria das vezes, conversar com sua esposa o frustrava. Não importava o que ele dissesse, ela sempre concordava com ele ou então encontrava justificativas que fizessem os outros envolvidos no causo parecerem errados, mesmo que ele soubesse que agiu errado na ocasião.


Perguntar sobre o dia dela, sobre as crianças, qualquer coisa, era impossível de falar com ela. Ela nunca reclamava de nada. Se ele perguntasse à ela se ela estava sobrecarregada com o cuidado das crianças e da casa, ela diria que não mesmo que estivesse com olheiras ou uma das crianças estivesse doentinha ou mais “bardosa”. Se ele pedisse ajuda para lidar com as crianças e se aproximar delas, sua esposa simplesmente diria: “Você está fazendo o seu melhor, Naruto-Kun. As crianças te entendem” e como elas ainda eram muito pequenas, ele não conseguia falar com elas para descobrir o que obviamente estava errado.


Era praticamente impossível ter uma conversa com ela. Ele havia tentado diferentes abordagens com ela, esperando que cedo ou tarde ela fosse “ousar” e falar o que realmente pensava, mas isso nunca aconteceu.


E depois de um tempo ele desistiu.


Passava a maior parte do tempo trabalhando, voltando pra casa em raras  em raras ocasiões – normalmente quando Shikamaru ou Shizune sinalizavam que ele estava mal cheiroso ou com a barba muito grande – preferindo ficar em seu escritório onde tinha mais chances de ver aqueles que realmente o faziam se sentir querido, necessário e em casa.


Quando Kakashi aparecia ocasionalmente era como se um sopro de ar fresco o atingisse em cheio, renovando sua vontade de viver. Quando Sasuke aparecia, ele se sentia jovem novamente, pronto para brigar com seu melhor amigo como se fosse criança e quando ele conseguia arrancar um sorriso do Uchiha, seu coração chegava a errar uma batida e ele sentia como se tivesse ganhado o presente mais precioso que receberia na vida. Quando sua amiga Sakura aparecia em sua visita quinzenal para entregar os relatórios do hospital, ele não conseguia conter o sorriso. 


Ela clareava e aquecia todo o ambiente simplesmente com sua presença, era como se ela tivesse uma aura especial que pertencia somente à ela. Sakura era a única capaz de fazer seu trabalho parecer interessante. Ele a ouvia atentamente completamente encantado com o modo como os olhos dela brilhavam de orgulho enquanto explicava os avanços médicos que ela conseguira e ele desejava que aquele momento durasse para sempre, inconscientemente rogando para que ela não fosse embora e direcionasse aquele olhar encantadoramente arrebatado para ele.


Em noites como aquela, em que ele estava no topo da torre do Hokage desfrutando uma pequena jarra de sake, ele não conseguia evitar e olhava para o céu pedindo, rogando, para que tudo aquilo fosse um sonho ruim. Ele sabia que era privilegiado por tudo aquilo que tinha, mas seu coração estava sempre tão angustiado, apertado e ansiando por finalmente ir para seu lar que ele não conseguia evitar que seus olhos enchessem d’água.


Era pedir demais não querer se sentir solitário mais? Era egoísmo da parte dele desejar com todas as suas forças que ele pudesse ir para os braços daqueles que realmente tinham seu coração?


Recostando-se no chão, ele deixou a sonolência alcoólica o alcançar e aos poucos ele era levado para a inconsciência, sendo recepcionado pela bela voz de sua querida amiga.


Naruto… Naruto… Naruto


— Naruto… Naruto! 


A voz obstinada e o toque firme em seu ombro o fizeram abrir os olhos e levantar depressa.


— Shh, cuidado. —  Sakura segurou o tronco de Naruto, buscando dar apoio ao corpo dele sem exercer pressão sobre as feridas. 


— Sakura-Chan! — Naruto falou com tanto alívio, que Sakura recebeu seu abraço apertado sem reclamar.


— Ei, o que houve? — Ela perguntou acariciando os cabelos macios dele, notando o pulso acelerado e descompassado dele. —  Teve um pesadelo?


— Uhum…


Naruto murmurou sua resposta, sem se soltar dela. O pesadelo havia sido real demais, ele precisava sentir o aperto dela, seu cheiro floral e a delicadeza dos dedos dela contra seus cabelos, um pouco mais para ter certeza de que aquilo era real.


Sakura não soltou Naruto enquanto a respiração dele não voltou ao normal. 


Após tão poucos dias do fim da guerra, era comum os pesadelos demasiadamente reais que os pacientes tinham. Aquela não era a primeira vez –  e com certeza não seria a última – em que um de seus pacientes acordava aterrorizado de um sonho vívido, mas seu coração se angustiava por ver Naruto daquele jeito.


Seu amigo sempre tão solar e feliz a deixava atormentada quando saia de seu elemento. Ela estava disposta a ir aos confins do mundo para manter seu garoto brilhante o mais feliz possível.


Quando sentiu que ele estava melhor, ela o deu um último apertão antes de soltá-lo. 


— Melhor?


— Melhor. — Naruto deu um sorriso genuíno.


— Então vamos! Sasuke-Kun já deve estar nos esperando.


Lado a lado, eles caminharam para longe daquele quarto de hospital, encaminhando-se para outra ala do hospital para fazer sua refeição noturna ao lado do Uchiha.



🦊🌸🌕



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Autor(a): Srta.Talia

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