Fanfics Brasil - Capítulo 06 - Detenção Metamorfose [+16]

Fanfic: Metamorfose [+16] | Tema: Amor Doce


Capítulo: Capítulo 06 - Detenção

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-É só seguir em frente e ir até a porta de madeira que fica no final do corredor.


As orientações que foram passadas por Dimitry, aos poucos, foram se distanciando conforme a refulgente porta ia sendo fechada atrás de mim.


Sem perder muito tempo, comecei a caminhar pelo extenso corredor, decorado dos mais diversos porta-retratos, que homenageavam ex-grupos de educadores. Adiante, e sob o chão, um carpete tom de vinho se misturava à coloração púrpura das paredes, evidenciando um ar convidativo.


-Vamos lá, Jessica! -Bufo baixinho, pressentindo uma iminente distração da minha parte, o que me fez acelerar os passos até parar defronte a sala da diretora. 


Apesar de intimidante, um leve empurrão foi o suficiente para abrir a porta por completo, revelando, para a minha surpresa, um escritório de aparência comum. 


Haviam diferentes tipos de armários espalhados por todos os cantos, uma mesa no centro, totalmente bagunçada, algumas cadeiras de aparência desconfortável, e um computador velho, que mais parecia uma máquina industrial do que um objeto funcional. 


Não pude evitar de suspirar decepcionada, pois na minha imaginação, a sala que pertence a uma Feiticeira tão poderosa como a diretora Shermansky, deveria ser, pelo menos, um bocado excêntrica, não? Mas independente de como ela fosse, eu teria uma missão a cumprir. 


Sendo assim, prontamente despistei os meus pensamentos intrusivos e comecei a vasculhar o local, procurando por documentos ou pistas que pudessem me trazer informações úteis sobre Lysandre. 


No entanto, a minha vasta busca estava mostrando-se, a todo o momento, como improdutiva, até que de repente, os meus olhos pousaram sob a fresta de um armário semi-aberto. 


-Poderia estar aqui? -Acabo indagando em voz alta.


-Por quê não tenta o armário de cima? -Uma voz feminina surge por detrás, causando-me espanto. 


-D-Diretora! -Exclamo com o coração na boca.


Por uma fração de segundos, fechei os olhos, temendo que pudesse ser atingida por algum feitiço. Contudo, nada aconteceu. A diretora permaneceu ali, parada ao meu lado, esperando pacientemente que eu abrisse os meus olhos para, então, encará-la de volta.


-Que tal se sentar um pouco senhorita, Lopez? -Sugeriu sem expressar qualquer tipo de animosidade contra mim. -Você parece um tanto… tensa! -Comentou em um tom de voz sereno.


Ainda em choque devido a sua atitude surpreendentemente positiva, cravei os meus olhos nela, temendo que qualquer movimento feito por mim, se tornaria um motivo para ela me transformar em um inseto rastejante. 


-D-Diretora! -A minha voz começou a ficar chorosa -Não é o que parece! Eu juro! Eu posso explicar! E-Eu…


-Aceita um pouco de chá? -A sua pergunta me pegou totalmente desprevenida. 


A princípio, não a respondi, apenas a observei se agachar e retirar de dentro, do que parecia um compartimento de alumínio, um bule de porcelana que possuía um estilo característico inglês, ao passo que, um par de xícaras, de mesma estética, também ia sendo retirada, e sendo posta, ulteriormente, em cima da mesa.


-É de erva-doce. -Ela sinaliza, ajeitando os utensílios. -Você gosta? 


-E-Eu prefiro com uma pitada de sangue. -Informo-a enquanto a mesma passa a encher uma das xícaras com chá quente. 


-Mas é claro! -Ela sorri, suavemente. -De cervo ou de coelho? -Pergunta.


-Coelho! -Com isso, a diretora retira, de um dos bolsos de seu sobretudo cor-de-rosa, um pequeno frasco de vidro que continha uma quantidade razoável de sangue em seu interior.


-Sente-se, por favor! -A diretora pede, educadamente, após entregar em minhas mãos o chá de erva-doce misturado com sangue de coelho.


-P-Perdão! -Murmuro nervosa, sentando-me numa cadeira qualquer.


-E então? -A diretora me observa com firmeza. -Você agendou uma reunião por estar com problemas na sua ‘Mana’ ou por que queria surrupiar algo da minha sala? 


O seu tom acusativo, evidentemente, me deixou nervosa. 


-E-Eu -A minha expressão aturdida transmitia uma intensidade tremenda. 


Ainda que eu estivesse com medo das minhas consequências, eu não conseguia, sequer, arranjar uma desculpa plausível para o meu comportamento suspeito. Então, só restava tomar uma única decisão: falar a verdade.


A diretora Shermansky manteve-se impassível de reação enquanto eu lhe contava, nos mínimos detalhes, a conversação de Peggy, assim como todo o seu infundado plano, o que incluía também o que fora relatado a mim em relação a bomba de tinta nos dormitórios dos professores.


-Eu não sei porque fiz o que fiz, mas… seja qual for a minha punição, eu a aceitarei de bom grado, diretora! -Digo abaixando a cabeça, numa demonstração de remorso. 


A diretora encarou-me por alguns segundos, bebericando o seu chá. 


-Por mais inconsequente que as suas ações tenham sido, a sua honestidade é admirável, senhorita Lopez! -Ela diz, parecendo feliz por eu ter assumido a minha responsabilidade.


-Eu sei disso! -Com um sorriso triste, levanto a cabeça, mesmo estando envergonhada. 


Após um breve silêncio, a diretora passou a dar pequenos risinhos, o que chamou a minha atenção. 


-Quando você gere uma escola como essas… -Enunciou, absorta em seus próprios pensamentos. -A nossa jornada de trabalho se torna uma constante ampulheta de areia. É quase impossível não passar pelas mesmas transformações da escola. As paredes daqui mudam. As salas de aulas também. Nós a adaptamos para a modernidade. Colocamos feitiços por todos os lados, o que nos permite ter eletricidade e usar a internet, mas os alunos… eles nunca mudam. -A diretora reflete, dando um último gole em seu chá, e parecendo mais perdida do que nunca, em devaneios. -Não me vejo a tomar outra decisão senão puni-la com uma detenção, senhorita Lopez! -Ela afirma, com seriedade.


-Sim, senhora! -Digo, abaixando os olhos.


-E não se preocupe com a senhorita Chandler, ela terá uma punição devidamente apropriada. -Dizia se referindo a Peggy. -Ah! E não se esqueça do seu chá! -A diretora lembrou-me da xícara que repousava em minhas mãos. -A bebida está esfriando!


-S-Sim! -Sorrio educadamente para ela. -Obrigada! -Agradeço passando a saborear a minha bebida, enquanto a diretora massageava o próprio queixo, pensativa com algo.


Mais tarde, quando encontrei as minhas amigas jantando no refeitório, não poupei as palavras, e lhes contei tudo, sem esconder, inclusive, a minha parcela de culpa e participação.


-Mas por que raios você aceitou ajudar essa tal de Peggy, Jessica? -Priya questionou, claramente indignada. -Estava na cara que era uma cilada! 


-E-Eu não sei… -Suspirei, angustiada. -Parecia que eu estava fora de mim, como se eu não pudesse raciocinar direito…


-Isso é estranho! -Priya responde franzindo o cenho. 


-Essa Peggy é uma sem-vergonha, isso sim! -Rosa exclamou, irritada. -Quer brincar na lama e sujar os outros também?!


-Pois é… -Falei cabisbaixa enquanto brincava com o meu espaguete. -Ao menos a diretora, apesar de tudo, não ficou tão brava como eu imaginei que ela ficaria. 


-Isso é um bom sinal! -Iris respondeu com otimismo. 


-Bom sinal? -Desta vez, Kim, se manifestou. -A garota vai ter que cumprir uma detenção no final de semana e você diz que foi um “bom sinal”?


-Bem… -Iris pareceu ficar sem graça, mas ainda assim, defendeu o seu ponto de vista. -Por mais que a Jessica tenha uma detenção a cumprir, poderia ter sido bem pior. Ela poderia ter sido expulsa, não?


-Iris tem razão, Kim! -Rosa disse, concordando com a ruiva. -Além do mais, será somente neste final de semana, né? 


-Creio que sim! -Falei, balançando os ombros. -Antes de ir embora, a diretora pediu que eu conversasse com o professor Faraize. Parece que ele é o responsável por tomar conta dos alunos que ficam em detenção.


-Eu sinto muito, Jessica! -Violette apertou a minha mão, gentilmente.


-Obrigada! -A respondi, me sentindo um pouco melhor por sua tentativa de consolo. 


Ao captar o meu desconforto crescendo, Rosa decidiu mudar o foco da nossa conversa para assuntos mais banais, o que funcionou para distrair a minha ansiedade até o final do jantar.


Na sexta-feira, depois do término da aula sobre ‘As Origens do Misticismo Mundano’, falei com o professor Faraize sobre a detenção em questão e ele instruiu-me a levar alguns materiais comigo, como estojo e caderno.


-Esteja aqui às 9 horas, sem falta! -Sinalizou ajeitando desengonçadamente o seu óculos de lentes circulares. 


E assim como o esperado, na manhã seguinte acordei bem mais cedo do que o habitual - com medo de me atrasar. 


Fui correndo, assim que terminei o meu café-da-manhã, para a respectiva sala de aula.


Chegando lá, fiquei estarrecida pela quantidade mínima de pessoas. Havia apenas cinco estudantes, que comigo, totalizavam seis. 


“Nenhum sinal de Peggy”, pensei, mirando cada um dos alunos ali presentes. 


Desde o ocorrido na quarta-feira que ela havia simplesmente desaparecido. Não a encontrei com Dimitry e nem no refeitório, na hora do jantar. Ela parecia ter simplesmente evaporado do campus. 


A única resposta que me veio em mente é que Peggy provavelmente fugiu quando percebeu que o plano dela não havia saído como o planejado. Agora como ela conseguiu passar pela diretora, que também não faço ideia de como apareceu perto de mim, é um completo mistério. 


De qualquer forma, a diretora garantiu que ela seria punida. Talvez isso explique o seu sumiço. Mas seja o que for, não é um problema meu. 


-Droga, Alexy! -Ao fundo da sala, um grito alto e estrondoso me assustou. -Eu perdi a luta com o chefão aqui! 


-Ora! Não enche! -Uma resposta afiada ressoou como forma de revidar.


Um tanto quanto curiosa, os meus olhos focalizaram melhor nas duas figuras barulhentas e coladas nas paredes. Prontamente os reconheci como dois de meus colegas. E se não me falha a memória, os seus nomes são Armin e Alexy. 


-Olha o escândalo que você está fazendo! -O de cabelos azuis dispara. -Depois eu que sou uma ‘drama queen’, né? 


-Fica quieto! -O de cabelos pretos responde apertando os dedos na tela do celular.


Sem muita demora, a minha presença foi percebida pelo garoto de cabelos azulados.


-Peço desculpas pelo meu irmão! -Diz exibindo uma careta.


-Não, tudo bem! -Falei com uma risada leve. 


-Ei! Eu conheço você… o seu nome é… Jessica, certo? 


-Isso! -Falei com mais um sorriso. -Acho que nunca conversamos antes. É um prazer! -Disse estendendo a minha mão. 


-Prazer! -Ele apertou a minha mão de volta. -Espero que não tenhamos arruinado a sua primeira impressão sobre nós. -Brincou. 


-Claro que não! -Soltei uma risada descontraída, procurando uma mesa próxima para me acomodar. 


-Eu sou o Alexy, e esse idiota aqui do meu lado é meu irmão, o Armin. 


-Oi! -Armin me deu um rápido aceno, porém logo voltou a sua atenção para o jogo que estava lhe entretendo. 


-Oi! -Respondi achando engraçado a interação entre os dois. 


-Você está na detenção também? -Alexy indagou. -Não tem cara de quem apronta! 


-É… -Falei tensa. -Digamos que estou aqui por um mal-entendido… e vocês?


-A causa do nosso infortúnio está bem aqui. -De um jeito dramático, Alexy apontou para o aparelho celular do irmão. -Armin acabou se empolgando demais na jogatina e a bibliotecária não ficou muito feliz com isso. Eu me envolvi no meio. E cá estamos. 


-Parece ter sido uma grande aventura! -Comentei procurando fazer graça para os dois, que deram risinhos silenciosos, ao concordarem. 


-Bom dia, alunos! -A voz rouca do professor Faraize ecoou por todo o recinto, arrancando suspiros e grunhidos de uns e outros. -Em cima da mesa somente o necessário. -Avisou fitando Armin despretensiosamente. 


-Daqui para frente, só piora! -Alexy sussurrou no meu ouvido quando Armin ficou emburrado por ter que guardar o aparelho celular, o que me fez rir novamente.


 



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Autor(a): robbiedawson

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No fim das contas, o tempo que passei na detenção não foi tão ruim assim.  Por mais entediante que tenha sido escrever uma redação sobre a importância do autocontrole, a companhia de Armin e Alexy tornou aquelas duas horas de punição, no mínimo, suportáveis.  No dia seguinte ao meu castig ...


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