Fanfics Brasil - Sem sorte Enquanto somos jovens

Fanfic: Enquanto somos jovens | Tema: Naruto


Capítulo: Sem sorte

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No domingo, quando acordou, a cabeça de Kiba ameaçava explodir com o mínimo de esforço. Quando conseguiu abrir os olhos, notou que não estava na sua cama, mas jogado no sofá, como um amontoado de roupa suja. O cheiro de café enchia o ambiente, mas quando olhou para a pequena cozinha do apartamento, não havia sinal de Shino. Kiba agradeceu por isso. Ele se levantou devagar, sentindo o corpo pesado e a cabeça rodar como um parafuso. Trôpego, ele foi até a cafeteira e encheu uma caneca com café preto. Ele virou de costas para a pia e se recostou nela, bebendo o líquido preto devagar, esperando que o mundo aos poucos entrasse em foco.


Quando a porta da frente abriu, ele viu Shino entrar com uma sacola de mercado. O amigo olhou-o com seu costumeiro olhar julgador, mas não falou nada. Nem precisava. Na noite passada, Kiba bebeu demais e precisou ser carregado para casa, como sempre. Shino nem se incomodava mais em joga-lo na cama, deixando-o cair no sofá de qualquer jeito. Justo.


Shino deixou as compras na mesa de bordas quadradas que era a única coisa que dividia a área da cozinha da área da sala e começou a tirar as compras da sacola. Kiba não precisou ser chamado para começar a ajudar. Os dois arrumaram as coisas nos armários e na geladeira e Kiba se pôs a lavar a louça, enquanto Shino separava uma panela e os ingredientes para fazer um macarrão com molho de tomate. Era onze e meia da manhã.


— Valeu por ter ido ontem — disse Kiba, sabendo que o amigo estava esperando para dizer que era a última vez.


— Você precisa aprender a pedir carro por aplicativo ou não beber quando sair — comentou Shino, de mau humor. — Não vou estar disponível para sempre.


— Eu sei, eu sei — disse, tentando não fazer barulho com a louça. Cada mínimo som fazia sua cabeça soar como um sino. — Mas foi legal você ir, de qualquer forma.


— Eu não consegui chegar cedo, fiquei preso no laboratório — explicou Shino, separando os tomates, uma tábua de corte e uma faca. — Acabei perdendo a apresentação.


— Não tem problema — assegurou Kiba. — Vai ter outras para você ir. Você conseguiu a vaga no laboratório ou o professor ainda está usando seu trabalho de graça?


— Ainda está usando meu trabalho de graça — respondeu Shino, sem expressão na voz.


Kiba não sabia muito sobre o que Shino fazia, mas sabia que o amigo era bolsista e tentava a vaga no laboratório de biologia para diminuir ainda mais os custos de sua educação. Além de ser uma excelente oportunidade para ampliar suas oportunidades de estudo e chances de entrar no mercado de trabalho. Shino passou todo o primeiro ano sendo voluntário no laboratório, porque as vagas já tinham sido preenchidas. No segundo ano, Shino tinha esperanças de ser levado em consideração para uma das vagas dos alunos que se formaram, mas até o momento, sem novidades. Shino continuava trabalhando com aqueles insetos nojentos – os animais e os humanos – sem receber qualquer benefício.


— Mas e aí, a apresentação foi boa? — perguntou Shino. — Deu tudo certo com os membros da banda? Qual é o nome mesmo?


— Red Fox. Foi tudo bem — respondeu Kiba, animado. Desde que ele tinha entrado na banda, teve dúvidas várias vezes. Não tinha certeza se conseguiria se dar bem com os outros caras, que eram muito diferentes dele, mas até o momento, surpreendia-se positivamente com todos. Naruto, em particular, o líder da banda, sempre o fizera se sentir bem vindo e parte da equipe. — Foi bom subir no palco com eles. Mesmo que não fosse propriamente um palco...


— Não faz diferença, faz? — disse Shino, cortando metodicamente as fatias de tomate. — O importante é ter a prática de tocar junto.


— É — concordou Kiba, sem elaborar mais.


Os dois amigos ficaram em silêncio, cuidando dos afazeres da cozinha. Kiba não sabia cozinhar, então Shino cuidava do fogão, mas pedia para que o colega de quarto pelo menos desse conta da louça suja, para que as coisas não ficassem acumulando na pia, por dias. Era um sistema simples, que funcionava bem. A comida de Shino não era a melhor de todas, mas Kiba não estava em posição de reclamar.


Ele havia procurado um lugar para ficar de última hora, depois de ter problemas de convivência com seus antigos colegas de dormitório na faculdade. Por isso, precisou dividir aluguel fora do campus e foi assim que acabou conhecendo Shino. Os dois se davam bem agora, mas nem sempre foi assim. Kiba era caótico, desorganizado e espaçoso, enquanto Shino era metódico, organizado e comedido. Entrar em um acordo sobre a louça e a comida acabou acalmando um pouco os ânimos e eles conseguiram ficar amigos, apesar de tudo.


— Por que o seu carro estava em outro lugar quando a gente saiu? — perguntou Shino, se referindo ao local onde o carro estava estacionado quando ele chegou à festa em comparação ao local onde o encontrou, quando levou um Kiba bêbado para casa.


— Porque eu saí para dar uma volta com a Ino — respondeu Kiba, terminando a louça.


— Ah, sim. Aquela menina em quem você ficou grudado a noite inteira?


— É — Kiba não queria entrar muito no assunto, então ficou quieto, olhando enquanto Shino picava as fatias de tomate.


— Hm…


— O quê?


— Como foi? A volta de carro.


Kiba revirou os olhos. Normalmente Shino não fazia perguntas assim, mas geralmente porque não precisava. Quando Kiba conseguia ficar com uma garota, ele não costumava guardar para si e compartilhava a inútil informação com o amigo, que se limitava a julgá-lo em silêncio.


— Nada demais, ela perguntou do carro e eu a chamei para dar uma volta — Kiba inspirou e soltou o ar, pensando nessa resposta. — Foi legal — sentiu vontade de acrescentar, sem entusiasmo. — Mas a gente só deu uma volta, mesmo. Depois voltamos para a festa.


Shino o encarou, mal disfarçando a incredulidade. Kiba preferia mil ressacas ao olhar inquiridor de Shino. O pior era que funcionava.


— A gente estava de boa, só dando uma volta, ouvindo uma música. Eu achei que ela estava na mesma vibe que eu, sabe? — Kiba olhou para Shino, que colocava os tomates no liquidificador. — Mas daí do nada ela começa a pensar no ex e o clima morreu ali.


— Ela pensou no ex? — Shino tinha um leve esboço de sorriso, que acabou por fazer Kiba rir, apesar de tudo.


— É, cara. Basicamente ela disse que ele era um bosta, mas que faz pouco tempo que terminou, então eu deixei quieto. A gente voltou para a festa e ficamos com o pessoal.


— Pensei que o Naruto tinha dito que não era para dar em cima das amigas dele — comentou Shino.


— Sim, ele tinha dito isso — concordou Kiba, percebendo que Shino estava para ligar o liquidificador. Ele se afastou e foi sentar no sofá. — O que ele não tinha dito é que todas as amigas dele são umas gostosas da porra.


Shino ligou o liquidificador nessa hora e encheu a sala com o barulho do aparelho. Kiba apertou os olhos e choramingou, mas o amigo o ignorou. Kiba aproveitou o momento para ir tomar um banho.


No banheiro, Kiba arrancou a roupa suja e suada da noite anterior. Enquanto entrava no chuveiro, pensou na festa, na banda e nas meninas que conheceu. Kiba tinha toda a intenção de obedecer o pedido de Naruto em relação às amigas dele, mas achava que o colega tinha propositalmente ocultado a informação crucial de que elas eram lindas demais para ignorar.


Hinata, por exemplo. Naruto falava dela sem parar, às vezes sem nem perceber, e ficava sempre com aquela cara de idiota apaixonado, que fazia Kiba e os outros rirem. Shikamaru uma vez tinha comentado que Hinata era uma menina meio nerd e super tímida, ainda que gente boa. Kiba imaginava que ela fosse bonita, porque era o que todos diziam, mas ninguém elaborava muito.


No entanto, quando a viu, a garota era muito acima do que Kiba poderia ter imaginado. Olhos cinzas, cabelo preto comprido, rosto angelical, mas com um corpo que dizia o oposto, com seios grandes e cheio de curvas, mas escondido em uma roupa discreta, que infelizmente deixava muita coisa para a imaginação. A garota era um espetáculo e Kiba entendeu porque Naruto estava louco por ela.


Quando brincou com ele na rua sobre dar em cima de Hinata caso ele não tomasse uma atitude, Kiba não estava brincando totalmente. Se não soubesse que Naruto estava afim dela, talvez a história fosse diferente. Porém, como ele não era um duas caras qualquer e se considerava um cara leal, não alimentou muitos pensamentos a respeito da garota. Além disso, ela era mesmo muito tímida e discreta, o que não fazia muito seu estilo.


Sakura, por outro lado, era alguém que todos falavam que era bonita. E estavam todos certos. Era linda e hipnotizante, com olhos verdes e o cabelo rosa, era difícil não reparar nela. No entanto, não precisou de muita conversa para Kiba ver que ela não fazia seu tipo, e nem ele fazia o tipo dela. Chouji tinha dito que ela era amiga de Sasuke. Kiba o conheceu durante os ensaios da banda e sua primeira impressão sobre ele até hoje permanecia inalterada: não era alguém com quem se devesse mexer. Porém, não houve sinal dele durante a festa, então Kiba se perguntou se ela e Sasuke não estavam mais juntos…


Naruto tinha falado também de sua prima, Karin, mas Kiba não a conheceu. A julgar pelas amigas, devia ser igualmente espetacular. Talvez a conhecesse em outro momento e estava curioso por isso. Os rapazes da banda não falavam na frente de Naruto, mas em geral comentavam que ela era sensacional e que gostava de se divertir.


Mas, então, tinha Ino. Ninguém tinha lhe falado muito dela. De todas, era a que ele menos tinha informação, então Kiba pensou que não havia problema se ele se aproximasse dela. Claro que, agora, ele sabia o porquê. Até pouco tempo atrás, ela tinha um namorado, com quem tinha terminado fazia pouquíssimo tempo. Depois do desastre que tinha sido aquela volta de carro, Kiba sabia de duas coisas: Primeiro, ela ainda gostava do cara. Segundo, o cara era um babaca. Como alguém deixaria um mulherão daqueles escapar estava acima da sua compreensão.


Ino era linda, do tipo que faz você esvaziar a mente e fazer papel de bobo, se não tomar cuidado. Tinha olhos azuis e uma boca tentadora. O corpo era perfeito e ela sabia se vestir para chamar a atenção. Kiba, ao ser apresentado a ela, mal conseguiu assimilar toda a sua perfeição e precisou firmar o pé no chão quando ela o encarou com firmeza e o cumprimentou. Ele não entendeu muito bem na hora, mas havia uma certa convicção na voz dela, seus olhos o penetraram fundo, espertos e desafiadores, cheios de personalidade. Ele tinha gostado daquilo, e como. Foi difícil tirar os olhos dela durante a maior parte do tempo. Quando Shino chegou na festa, Kiba não sabia se lamentava ou agradecia a oportunidade de sair um pouco de perto dela. Porém, depois, quando ele o deixou sozinho com ela na rua, Kiba mal sabia o que fazer, se devia ou não tentar alguma coisa, mas o álcool assumiu o controle e parecia estar tudo indo bem… até que não deu mais.


Ele estaria mentindo se dissesse que não ficou desapontado. Que cara gostaria de saber que a garota que ele está afim pensa no ex-namorado enquanto está com outro cara? Mesmo que o convite para dar uma volta de carro não tenha partido de alguma segunda intenção, porque sequer foi algo em que Kiba pensou muito a respeito, ele achava que ela entendia que ele estava demonstrando algum interesse nela. Certo? Ou será que não tinha deixado isso claro ao tentar ser casual a respeito?


Kiba não sabia bem. Só sabia que a coisa não tinha dado certo e que talvez fosse melhor assim. Na sua vida, ele acreditava que tudo acontecia como tinha que ser, para o bem e para o mal.


 


*


 


Quando acordou, a cabeça de Ino latejava. Ela não era a única. Quando abriu os olhos, viu Sakura sentada na cama com um prato de biscoitos. O rosto deixava claro que tinha acordado a pouco tempo. O cabelo estava preso com uma presilha, mas não estava penteado. Ino se sentou na cama.


— Bom dia — disse Sakura, com a voz fraca. — Dormiu bem?


— Eu apaguei — respondeu Ino. — Parece que eu acabei de deitar.


— Pois saiba que já são duas da tarde — informou Sakura. — Hinata preparou café e uns biscoitos pra você. Quer que eu vá pegar?


Ino recusou a oferta, afastando o cobertor e se levantando. Ela quis tomar um banho primeiro. No chuveiro, as memórias da noite anterior foram voltando aos poucos. Lembrava-se claramente de conversar com os amigos, de dirigir o carro de Kiba e ter começado a beber para valer depois de voltar para a festa. Kiba a acompanhou em cada garrafa e latinha. Depois disso, nada. Ino nem sabia como tinha chegado em casa. No fim do banho, enfiou-se debaixo do chuveiro mais uma vez e se preparou para encarar a ressaca que a aguardava. Ela saiu do banheiro e foi para o quarto se vestir. Lá, encontrou um prato com biscoitos na cama e uma caneca com café e leite no criado mudo.


— Hinata trouxe para você — informou Sakura.


Ino se vestiu e começou a comer devagar. Estava com fome, mas não achava que conseguiria comer nada muito pesado por enquanto. Hinata abriu a porta do quarto.


— Como você está? — perguntou a menina, com gentileza.


— Bem — respondeu Ino, mandando um beijo para ela e agradecendo pelo café. — Eu voltei para casa com vocês?


— Voltou — respondeu Sakura. — Pedi para o Sasuke buscar a gente.


— Você o tirou de casa para buscar um grupo de garotas bêbadas? — perguntou Ino, achando graça da ideia de Sasuke ter quatro meninas bêbadas no carro. Ou seriam três? — E a Karin?


— Ela me mandou mensagem mais cedo — respondeu Hinata, entrando no quarto e se sentando na cama de Sakura. — Dormiu fora.


— Ela disse quando volta pra casa? — perguntou Sakura.


— Disse que viria depois do almoço — respondeu Hinata, dando de ombros. — Mas vai saber que horas ela vai almoçar.


Sakura e Ino riram e Hinata sorriu um pouco sem graça por seu comentário ter soado crítico demais. Ino a tranquilizou, dizendo que Karin sabia se cuidar. Depois, pediu para as meninas a atualizarem sobre o que tinha perdido ou esquecido sobre a festa. Sakura deu de ombros, dizendo que não tinha acontecido nada demais. Ela tinha ficado bastante tempo conversando com Shikamaru, Chouji e Shino, o amigo que Kiba apresentou ao grupo, mas que depois Chouji foi para casa da namorada misteriosa.


— Namorada misteriosa? — perguntou Ino, interessada na fofoca. — Que namorada?


— Shikamaru disse que não conhece ela, mas que se chama Karui — respondeu Sakura, feliz por ter uma informação que Ino não tinha. — Ela é estudante de arquitetura, aparentemente.


— E desde quando o Chouji está namorando? — perguntou Ino, animada. Chouji era um cara legal, que sempre tinha sido gentil com ela e a fazia rir sempre que se encontravam.


— Não sei, mas não faz muito tempo.


— E porque ela não foi na festa?


— Não sei — repetiu Sakura, dando de ombros. — Espero que ela vá na próxima.


— Sim, quero conhecer essa garota misteriosa. Karui… — Ino sorriu, feliz pelo amigo ter encontrado alguém. Depois de beber um gole de café, virou-se para Hinata. — E você, Hina? O que fez de bom ontem?


Hinata hesitou, olhando para as próprias mãos e deu de ombros.


— Nada demais. Fiquei conversando com o pessoal.


Ino apertou os olhos para ela, mas não queria pressionar. Ela tinha visto Hinata e Naruto conversando à parte do pessoal, conforme ela e Kiba tinham-no aconselhado. Ino só podia torcer para que Naruto tivesse conseguido marcar alguns pontos com sua amiga, porém Ino não queria ser invasiva e deixar Hinata sem graça com o assunto de novo. Ino olhou para Sakura, que tinha um sorrisinho discreto no rosto e as duas trocaram um olhar rápido. Para disfarçar, Ino mudou de assunto.


— E como a gente veio embora?


— Eu liguei para o Sasuke ir buscar a gente — respondeu Sakura, agora evitando o olhar de Ino.


— Ele foi buscar a gente? — perguntou Ino, surpresa. — Eu juro que não me lembro de ter visto ele ontem.


— Era tarde, acho que você já estava meio adormecida quando ele chegou.


— Nossa, eu bebi demais, ontem.


— É. Você e o Kiba — comentou Hinata, sorrindo para ela e fazendo Sakura rir.


— Verdade! — Sakura abriu um sorriso esperto para Ino. — Vocês se deram muito bem, né?


— É — respondeu Ino, sem graça. — Mas isso foi depois dele ter dado em cima de mim e eu ter estragado tudo lembrando do Sai.


— Espera — disse Sakura. — Uma coisa de cada vez. Ele deu em cima de você?


Ino riu das expressões das amigas e contou o que tinha acontecido.


— Isso lá é hora de lembrar do ex, Ino? — perguntou Hinata. — Até eu que não entendo muito dessas coisas, sei que não se faz isso.


— Eu sei! — disse Ino, na defensiva.


— Mas porque você pensou no Sai? — perguntou Sakura. — Esquece esse garoto. Ele não te merece.


— Não mesmo — concordou Hinata. — O Kiba pareceu ser um cara legal.


Ino concordou com a cabeça, aproveitando uma mordida no biscoito para fazer uma pausa.


— Ele foi legal ontem à noite, não fez eu me sentir mal por ter estragado tudo, me levou de volta para a festa e a gente se divertiu muito, depois disso — falou, com gratidão. — Mas sei lá, acho que foi melhor assim. Ele fuma — comentou por fim.


Hinata e Sakura torceram o nariz para isso.


— Ninguém é perfeito — comentou Hinata e as outras duas concordaram com um sorriso.


Depois que Hinata saiu do quarto, para assistir um dorama no computador dela, Ino e Sakura ficaram sozinhas. Ino chamou Sakura para a sua cama, deixando o prato e a caneca vazias em cima de seu gaveteiro.


— Amiga, deixa eu te contar… — começou ela, em tom de confidência. Ela contou a conversa que tinha tido com Naruto do lado de fora da casa.


— Não acredito que ele admitiu que gosta dela! — disse Sakura, animada. — Eu sabia! Eu tinha comentado com o Sasuke, mas o filho da mãe não me fala nada.


— Desculpa, mas não consigo imaginar o Sasuke fofocando sobre essas coisas — comentou Ino, rindo da imagem, mas Sakura discordou com a cabeça.


— Amiga, você não sabe o que está dizendo — respondeu Sakura, rindo. — É mais fofoqueiro que eu, mas ele finge que não se importa, por isso as pessoas contam as coisas pra ele.


— E ele te repasse tudo?


— Eu tinha que ter alguma vantagem por ser melhor amiga dele, né?


Ino riu disso, preferindo não comentar a respeito. Por hora, ela queria saber da fofoca de Naruto e Hinata. Voltou a atenção para isso de novo.


— Mas e aí, ele foi falar com a Hina, né?


— Foi — respondeu Sakura, com um sorriso. — Quando ele voltou para o jardim, se juntou com a gente e começou a puxar assunto com ela. Eu bem que percebi que ele estava querendo a atenção dela.


— Tá, mas e aí?


— Ah, eles ficaram conversando um tempão — respondeu Sakura. — Eu não fiquei ouvindo, mas acho que Naruto fez a Hina rir bastante e encheu ela de atenção. Você sabe com ele é, pegou bebida, comida, não desgrudou dela o máximo que pôde.


Ino sorriu ao ouvir aquilo. Hinata era uma garota muito gentil e delicada e era bom ver que ela estava sendo tratada bem, como merecia. Naruto ganhou muitos pontos com Ino por causa disso. Depois de um tempo conjecturando se a paquera de Naruto surtiu efeito no coraçãozinho de Hinata, Ino mudou novamente o assunto para Sasuke.


— Por que ele não foi na festa? — perguntou, tentando soar casual.


— Ele estava em outro compromisso com a família dele — respondeu Sakura, sem se aprofundar, como em todas as coisas relacionadas ao Sasuke.


— Me lembre de agradecer a ele por ter ido buscar a gente — disse, Ino, com sinceridade e percebeu que Sakura ficou feliz com isso. Ino estava satisfeita em saber que, pelo menos como amigo, Sasuke estava sempre disponível para Sakura.


Ino não queria perguntar, mas sentia que Sakura queria falar alguma coisa a mais. Ela não queria pressionar, sabia que a amiga fugiria da resposta, de qualquer forma, então deixou que o assunto se desviasse para alguma outra fofoca e assim ficaram, até Sakura levantar para ir fazer o almoço.


 


Já passava das cinco da tarde quando Karin apareceu. Encontrou as amigas reunidas na sala, assistindo a um reality show de competição. Karin tinha um sorriso satisfeito na cara e se jogou no sofá com elas.


— Que noite maravilhosa!


— Aposto que sim — comentou Ino, abaixando o volume da televisão.


— E dia também, né? — comentou Sakura, rindo quando Karin concordou com a cabeça. — Você ficou o dia todo fora.


— Você comeu alguma coisa? — perguntou Hinata, já começando a dar sinais de sono.


— Comi, Hina. Fica tranquila — respondeu Karin, revirando os olhos, mas sem perder o bom humor. — E fui muito bem comida, também.


— Eita — soltou Sakura, ficando um pouco sem graça. — Me poupe dos detalhes.


— Poupe ela, mas não a mim — disse Ino, rindo. — Onde você estava, mocinha?


Karin lançou um olhar divertido para Sakura e fez sinal para que ela tapasse os ouvidos. Depois, contou tudo e mais um pouco para uma Ino curiosa, uma Sakura envergonhada e uma Hinata chocada. Ela disse que tinha conhecido um amigo de um amigo, que tinha se agarrado com ele em algum lugar da casa e que depois saíram para uma balada do outro lado da cidade. As coisas esquentaram ainda mais e acabaram indo para a casa dele, um apartamento chique de herdeiro, e que tinham feito tudo a imaginação permitia. Ela não deixou os detalhes de fora, mais para provocar as reações de Sakura e Hinata, que não decepcionavam. Hinata fechou os olhos, se recusando a imaginar algumas cenas, mas acabou rindo da falta de vergonha na cara de Karin.


— Mas e vocês, como foi a festa?


— Depois desse relato, não tenho nada a declarar — respondeu Ino, com uma pontada de inveja.


Ela queria ser mais como Karin, sem medo de conhecer pessoas e se aventurar por aí. Ouvindo o relato sobre a noite de Karin, ela se perguntou se sua saída com Kiba poderia ter terminado de outra forma. Se ela tivesse ignorado a lembrança inconveniente e se deixado levar, o que poderia ter acontecido? Será que hoje ela estaria como Karin, rindo depois de uma noite sórdida ou estaria enfiada na cama, envergonhada demais para mostrar a cara?


Seu pensamento foi interrompido pela notificação de mensagem nos celulares das quatro. No grupo em que estavam junto com os meninos da banda, tinha uma mensagem de Naruto.


 


Naruto: Quem quer ir num rodízio de pizza?


Chouji: Qdo?


Naruto: Agora


Chouji: Eu to com a Karui


Naruto: Leva ela ué


Karin: Acabei de chegar, vou direto para cama. Outro dia, primo.


Naruto: @Karin =P


Karin: @Naruto ¬¬


Shikamaru: Tbm n vou


Naruto: @Shikamaru pq?


Naruto: @Sakura, @Hinata, @Ino vamos pfv T_T


Ino: Vc vai pagar minha academia?


Shikamaru: to com preguiça de sair


Naruto: @Ino posso te dar apoio moral rsrs


Naruto: @Shikamaru =/


Ino: @Naruto nah


Naruto: convenci o Sasuke a ir @Sakura


Sakura: @Naruto fez tortura física ou psicológica?


Naruto: um pouco dos 2


Sakura: sua sorte é que fui eu que fiz a comida hoje =S


Naruto: vc vem então?


Sakura: sim


Naruto: @Ino vc n precisa de academia, ta lindona


Ino: obg s2


Naruto: @Hinata eu sei q vc ta lendo


Hinata: culpada


Naruto: vem c a gnt ;-)


Kiba: Eu vou


Naruto: @Kiba chama o Shino


Naruto: @Kiba n tenho o cel dele, passa pra colocar aki


Kiba: @Naruto taí *número*. Mas ele n vai, tem q estudar


 


Ino leu as mensagens e olhou para Hinata, que estava pensativa e demorava para responder. — Vamos Hina! — disse, tentando convencer a amiga. — O Naruto vai ficar triste se você não for.


— Ele até piscou! — comentou Karin, rindo.


— Tenho que acordar cedo, amanhã — ponderou Hinata, mordendo os lábios.


— Todas nós temos — disse Ino.


— A gente volta cedo — interveio Sakura. — Vamos chegar mais cedo que ontem.


Hinata pensou por mais um momento, mas acabou aceitando, vendo que as amigas não a deixariam em paz, se não fosse. Ela respondeu no grupo.


 


Hinata: ok


Naruto:


 


— Viu como ele ficou feliz? — comentou Ino, rindo da reação de Hinata. Ela ficou vermelha e deixou o celular na mesa de centro, virado para baixo. Sakura cutucou Ino, para que parasse de encher, mas quem falou em seguida foi Karin.


— Meu primo gosta de você, Hina — disse ela, sem preâmbulos. — Dá uma chance pra ele.


— Mas e se eu não gostar dele? — perguntou Hinata, num tom baixo. As três olharam para ela, preocupadas. A menina continuou: — E se eu der uma chance para ele, encher ele de esperança e não gostar dele?


— Hina… — começou Sakura, mas Hinata fez sinal para ela parar.


— Eu gosto dele como amigo, ele é legal comigo e se é verdade que ele gosta de mim, me sinto mal por não retribuir. Não quero magoar ele.


— Você gosta de outra pessoa? — perguntou Karin.


— Não é isso — Hinata começou a parecer um pouco irritada. — O ponto é que eu não gosto dele desse jeito. Vocês ficam fazendo insinuações assim e eu fico me perguntando se eu dei algum sinal errado para ele, se fiz ele pensar que podia ter esperança.


Ino se sentiu mal por ouvir aquilo. Realmente, não tinha pensado nos sentimentos de Hinata quando incentivou Naruto a ir falar com ela. Claro que um flerte não era um compromisso e Naruto tinha direito de tentar e descobrir por si só se tinha chances ou não. Mas ela, como amiga de Hinata, ao incentiva-lo poderia dar a falsa sensação de que havia algum interesse da parte dela.


— Desculpa, Hina — disse, com sinceridade. — Foi mal. A gente só brinca porque o Naruto é um cara tão legal…


— Ele é — concordou Hinata. — Por isso eu não quero que ele pense que eu quero ficar com ele.


— Tenho certeza que ele não pensa isso — afirmou Sakura. — Ele só está tentando passar um tempo com você.


— Você está certa, Hina — disse Karin. — Não é legal brincar com os sentimentos de ninguém. Tenho certeza que o Naruto vai saber te dar espaço se você pedir, se achar que não dá. Mas uma paquerinha não faz mal a ninguém. Se não tem outra pessoa na jogada, por que não dar uma chance?


Hinata suspirou, olhando para a televisão, que estava com o volume baixo. Ela não quis dar continuidade ao assunto e ninguém mais insistiu. Ino encontrou o olhar de Karin e de Sakura, se sentindo um pouco culpada. Claro que Hinata estava certa. Porém, ainda achava que Naruto era o cara certo, era uma pena que não podia fazer nada a respeito, a não ser respeitar a decisão da amiga.


 


*


 


Naruto largou o celular no sofá, satisfeito.


— A Hinata vai? — perguntou Sasuke, vendo o sorriso idiota na cara do amigo.


— Vai — respondeu, animado. — A Sakura e a Ino também — acrescentou depressa.


— Certo — disse Sasuke, escrevendo alguma coisa no notebook.


— Você ainda vai, né? Eu falei para a Sakura que você iria.


Sasuke concordou com a cabeça, mas continuou concentrado no que estava fazendo. Naruto sabia que devia deixar ele quieto, mas não conseguia. Era mais forte que ele.


— O que você está fazendo? — perguntou, colocando os pés pra cima da mesa de centro, inconscientemente imitando a posição em que Sasuke se encontrava.


— Procurando um estágio. Coisa que você deveria estar fazendo também.


— Só vão exigir estágio no ano que vem.


— Por que você tem que deixar tudo para a última hora?


Naruto deu de ombros.


— Porque eu não quero me preocupar com o que está muito lá na frente — respondeu Naruto, olhando de soslaio para a tela do notebook de Sasuke. — Além disso, ao contrário de você, eu preciso trabalhar para pagar essa faculdade. O que diminui consideravelmente o meu tempo disponível para estágios não remunerados.


— Se está tão desesperado por dinheiro, devia ter tentado a bolsa…


Devia ter tentado a bolsa — repetiu Naruto, com deboche. — Você sabe muito bem porque eu não tenho bolsa — falou, sentindo-se irritado. — Pô, cara, hoje é meu domingo de folga, você poderia não estragar tudo?


Sasuke parou o que estava fazendo e olhou para Naruto, que parecia realmente chateado.


— Desculpa — pediu, com sinceridade. — Você tem razão, eu sei. Não foi a minha intenção te ofender.


Naruto fez um gesto com a mão, dispensando o pedido de desculpas, mas já se sentia mais calmo. Sasuke, no entanto, continuou.


— Mas… — recomeçou ele, devagar — eu ainda acho que você deveria tentar de novo — Sasuke olhou-o, escolhendo as palavras com cuidado. — Eu sei que você conseguiria se tentasse de novo.


— Eu não quero falar sobre isso — Naruto esfregou a cabeça com as mãos, sentindo-se estressado.


Sasuke entendia, não queria deixar Naruto na defensiva, mas sentia que o amigo precisava ouvir.


— Eu só estou dizendo — retomou, vendo Naruto levantar — que você é mais inteligente do que pensa — finalizou depressa.


Naruto ignorou-o e foi para o quarto onde se trancou até mais tarde, quando saiu para tomar um banho e se preparar para ir à pizzaria.


 


*


 


 Kiba chegou no endereço que Naruto tinha passado e deu uma espiada para dentro. O pessoal já estava na mesa. Ele entrou no restaurante e foi direto ao encontro deles, cumprimentando todos com um aceno displicente. A mesa que tinham escolhido ficava no canto do ambiente. Hinata estava no banco estofado na ponta mais distante do corredor, de cada lado dela estavam Sakura e Ino. Sasuke estava sentado no banco ao lado de Sakura e Naruto deu espaço para Kiba sentar ao lado de Ino, ficando com a cadeira extra que o restaurante ofereceu. Kiba tentou recusar, mas Naruto insistiu e encerrou a conversa.


Eles formavam um grupo animado e barulhento, mas tranquilo ao mesmo tempo. Naruto conhecia as garçonetes da pizzaria e Kiba percebeu que estavam recebendo tratamento especial, pois não parava de chegar mais e mais opções de sabores. Naruto sorria e agradecia cada garçonete pelo nome.


— O Naruto é bem popular por aqui, né — cochichou para Ino.


— Ele é popular em todo lugar — respondeu ela, rindo.


— Confesso que estou surpreso em saber.


Ino abaixou o garfo com o pedaço que estava para comer e explicou:


— O Naruto já trabalhou aqui, o dono o adora — disse ela, em tom de confidência. — A gente até ganha um desconto quando vem com ele.


Kiba se animou com a informação. Se tivesse dito para Shino que haveria um desconto, talvez ele tivesse vindo. Bem, talvez desse para ele levar alguma coisa para o amigo comer.


Ino estava ainda mais bonita essa noite. Ela não estava tão produzida quanto no sábado, mas estava linda mesmo assim. Usava um vestido num tom lilás claro, de abas finas e decote generoso, mas de bom gosto. Ele podia ver por debaixo da mesa que a saia parava acima do joelho e tentou não pensar muito a respeito. Sua imaginação podia voar longe, se a deixasse ir livremente.


Era especialmente difícil, quando Ino estava sendo tão receptiva e simpática essa noite. Talvez, o fato de terem passado a noite anterior enchendo a cara juntos tenha ajudado a quebrar o gelo com ela. Ou talvez Kiba estava vendo que queria ver e se não tomasse cuidado, acabaria rejeitado de novo, o que seria duplamente humilhante. Ao invés disso, ele resolveu falar sobre as amigas dela.


— Então… teve algum avanço no caso do nosso amigo? — perguntou, gesticulando na direção de Naruto e olhando brevemente para Hinata. Ino o olhou séria e balançou a cabeça, em negativa. — Sério?


— Outra hora a gente fala disso — disse ela, rapidamente.


Kiba olhou para a disposição das pessoas na mesa e se perguntou se era por isso que Hinata estava no canto mais distante possível de Naruto. Ficou com pena do cara, que continuava tentando chamar a atenção dela. Kiba pegou o celular do bolso, procurou o contato de Ino no grupo e mandou uma mensagem privada.


 


Kiba: ela sentou no canto para ficar longe dele?


 


Ino olhou para a mensagem e levantou os olhos para ele, hesitando antes de responder.


 


Ino: ela não quer dar falsas esperanças para ele


Kiba: to com dó do cara


Ino: eu não devia ter incentivado ele.


 


Ino levantou o olhar para ele, com uma expressão preocupada. Kiba pensou no que deveria responder.


 


Kiba: eu tbm incentivei


Ino: mas vc não conhece ela


Kiba: n tem nenhuma chance, mesmo?


Ino: difícil saber. Mas na dúvida, é melhor assim


 


Kiba aceitou outro pedaço de pizza no seu prato e aproveitou para olhar para Hinata. Ela parecia desconfortável e olhava discretamente para Naruto, enquanto ele conversava com Sasuke. Era uma situação bem chata, mas Ino estava certa, era melhor não alimentar as esperanças de Naruto, se não era isso que ela queria.. A notificação de mensagem chamou sua atenção e ele sabia que era de Ino.


 


Ino: mudando de assunto


Ino: o q vc acha de Sasuke e Sakura?


 


Ele estranhou a pergunta, mas olhou para os dois discretamente. Eles estavam sentados bem na frente deles, conversando com Naruto e Hinata, mas às vezes cochichavam alguma coisa só entre eles, trocavam olhares e sorrisos de cumplicidade.


 


Kiba: eles parecem um casal legal


Ino: eles não são um casal


Kiba: amigos com vantagem?


Ino: ew!!!


Kiba: rsrs ué qm sabe ela n te falou?


Ino: não senhor, ela me conta tudo


Kiba: talvez ela saiba q vc a julgaria por isso


Kiba: “ew”


 


Por baixo da mesa, Ino lhe deu um chute na perna. Kiba riu, sem querer chamando a atenção de Hinata. Ele tentou sorrir para ela, mas a menina apenas desviou o olhar, ficando sem graça. Kiba deu pouca importância para isso e voltou para as mensagens.


 


Kiba: me diz, pq vc é contra amizade colorida?


Ino: eu não disse isso


Kiba: n, mas foi o q pareceu


Ino: só não acho que seja o caso da Sakura


Ino: não com o Sasuke


Kiba: pq vc n gosta dele?


Ino: eu tbm não disse isso


Kiba: n? pq te incomoda pensar neles juntos?


Kiba: eles parecem um casal


 


Ino não respondeu, porque a atenção de todos na mesa foi desviada para Naruto, que tinha acabado de derrubar refrigerante nele mesmo e ele levantou puxando metade da toalha com ele. Kiba tentou pegar o copo de Ino antes que ele caísse, mas não foi rápido o suficiente. A líquido caiu no decote dela, nas pernas e a garota ficou muito brava. Naruto tentou pedir desculpas, mas acabou tendo uma crise de riso no meio da fala. O que desarmou Kiba, que inadvertidamente riu também. Ino fuzilou-o com o olhar, mas o rapaz não conseguiu parar. Logo, a mesa toda estava rindo. Depois de um tempo, Naruto conseguiu se controlar o suficiente para parar de rir e pedir desculpas para Ino.


A garota acabou desculpando-o, mas pediu licença para ir ao banheiro. Kiba levantou para deixa-la passar. Ele não tinha a intenção, mas acabou registrando o corpo dela molhado, a roupa colada na perna bem torneada. Ele engoliu em seco enquanto a assistia caminhar até o banheiro. Sem aviso, o pensamento de poder ir até lá e a ajudar a se secar preencheu sua mente e ele se mexeu incomodado na cadeira. Naruto virou-se para ele, percebendo sua agitação, mas Kiba levantou o maço de cigarro e pediu licença para a mesa, para ir lá fora, por um momento.


 


*


 


Depois de um momento no banheiro tentando se secar, Ino precisou desistir de tentar salvar o vestido e voltou para a mesa, irritada com Naruto. Não havia sinal de Kiba e ela se perguntou se ele tinha ido embora, mas quando perguntou, Hinata disse que ele foi fumar. Ino revirou os olhos para a informação. Kiba era um cara legal, mas seu hábito de fumar estragava tudo. Mais cedo, quando o viu chegar e se juntar a eles, ela sentiu um arrepio gostoso na espinha. Ele estava muito bonito, vestido com uma calça jeans preta e uma camiseta azul simples, que deixava os músculos evidentes. Como na noite anterior, enquanto ele tocava, Ino havia reparado em suas mãos e agora não era diferente. Havia algo sobre aquelas mãos que ela não conseguia tirar os olhos. Eram masculinas, grandes e firmes.


Seu pensamento sobre as mãos de Kiba foram desviados pelo retorno dele à mesa. Ino levantou os olhos para ele, que trazia nos braços uma jaqueta jeans.


— Lembrei que tinha isso no carro — disse ele, estendendo a roupa para ela. — Fica com ela.


Ino aceitou a jaqueta e agradeceu, surpresa com gesto. Enquanto colocava a jaquela, ela reparou que Sakura a olhava com um sorrisinho e ficou sem graça. Kiba se sentou novamente ao lado dela e a olhou em silêncio, olhar esse que Ino sustentou e o recompensou com um sorriso.


Mais tarde, quando todos já haviam comido mais que o suficiente, pediram a conta e Naruto insistiu em pagar a conta de Ino, apesar da garota protestar contra. Mas ele não recuou e acabou fazendo o pagamento sob protesto dela. Ela sabia que era a única forma que ele tinha para pedir desculpas apropriadamente, mas também sabia que Naruto não tinha dinheiro sobrando para bancar extravagâncias como aquela. De qualquer forma, não tinha mais o que fazer e ela decidiu que iria pagar de volta para ele, na primeira oportunidade que tivesse. O grupo se levantou e se encaminharam para a saída. Kiba a chamou de lado.


— Como vocês vão embora?


— Bom, viemos todos com o Sasuke — respondeu ela, de repente desejando não ter aquela opção para voltar para casa. Kiba olhou para o grupo, Ino imaginava se ele estava fazendo a conta. Seriam cinco pessoas no carro de Sasuke, enquanto ele iria embora sozinho.


— Vem comigo — chamou ele. — Eu levo você.


Ino não precisou de um segundo convite e assim que o grupo começou a andar para a direção de onde Sasuke tinha estacionado o carro, ela chamou Sakura e avisou que iria no carro de Kiba. Sakura não disse nada além de “vejo você lá”.


Kiba conduziu Ino para o carro dele, que estava um pouco mais distante. Ele abriu a porta para ela entrar, subiu no banco do motorista e deu partida. Kiba não ligou o rádio, como da outra vez, então Ino esperou que ele puxasse assunto.


— Estragou o seu vestido? — perguntou ele.


— É — Ino soltou um suspiro —, eu gostava desse vestido.


— É bonito.


— Era — corrigiu Ino, sorrindo.


Kiba olhou para ela quando pararam em um farol vermelho. Ino viu o carro de Sasuke se afastando dele, tendo passado quando a luz ainda estava amarela.


— Você ficou bem com essa jaqueta — comentou Kiba. Ino viu que ele olhava para o seu corpo e, apear de se sentir um pouco intimidada, não o impediu.


— Obrigada! Eu fico bem com qualquer roupa — respondeu Ino, brincando.


— Aposto que sim — disse Kiba, num tom sério, voltando a andar com o carro.


Ino o observou enquanto ele dirigia. Reparou em suas mãos, mais uma vez, claro, mas dessa vez focou mais em seu rosto. Ele deve ter percebido que ela estava encarando-o, porque sorriu e desviou a atenção da pista para ela por um breve momento.


— Você fica bonito de preto e cores frias — comentou, buscando uma reação dele. — Melhor que aquela camiseta da banda, toda colorida.


Kiba riu disso.


— Não tive voto na escolha das cores, infelizmente. Já estava decidido quando eu cheguei.


— Pobrezinho, ter que usar cores que não te favorecem.


— Então você está dizendo que eu estou mais bonito hoje.


— Está.


— Mais do que estava ontem?


— Com certeza — confirmou Ino. E já que estava nisso: — Só para constar, você não estava feio ontem.


— Acabei de ganhar o dia!


Ino riu.


— Pena que o dia já está acabando.


— A gente sempre pode se surpreender. Até as onze e cinquenta e nove, ainda há muitas possibilidades para o dia melhor ainda mais.


Ino sorriu, pensando naquilo. O que será que Kiba estava esperando dela, que pudesse melhorar ainda mais o seu dia, antes do fim? Ela achava que sabia.


Quando Kiba desligou o carro no estacionamento do campus, Ino se sentia ansiosa. Indiferente a isso, Kiba abriu a porta do carro e saiu, não lhe dando outra opção que não fazer o mesmo. Kiba esperou por ela e lhe estendeu a mão, que ela aceitou. Os dois atravessaram o estacionamento em silêncio.


— Onde fica o seu prédio?


— Perto do refeitório — respondeu. — Não precisa me deixar lá, se estiver com pressa.


Kiba a fitou, com um sorriso.


— A esperança só acaba às onze e cinquenta e nove, Ino.


Eles começaram a andar devagar, na direção que Ino tinha apontado, ainda de mãos dadas. Kiba parecia confiante, mas estava quieto, fazendo a ansiedade de Ino disparar. Queria parecer tão confiante quanto ele, mas sentia a mão suar sob a dele.


— Esperança de quê? — perguntou, com delicadeza, congratulando-se por ter conseguido falar.


— Eu sou um cara otimista — respondeu Kiba. — Como eu disse, a gente nunca sabe o que pode acontecer até o último momento.


— Você está torcendo para que algo aconteça.


— Eu só posso torcer para que sim, certo?


— Suponho que sim.


Felizmente, ou não, a distância do estacionamento até o refeitório não era muito grande. Ino indicou o seu prédio e Kiba a levou até lá, parando na entrada, que era iluminada por um poste. Havia um pequeno jardim na frente, com bancos e alguns arbustos floridos. Kiba olhou para Ino, mais uma vez encarando-a em silêncio, esperando – ou talvez torcendo – por algo que ela se sentia inclinada a dar, mas não tinha certeza se devia. Ino adiou a decisão.


— Obrigada pela jaqueta — disse, começando a tirar a peça, na intenção de devolvê-la.


— Pode ficar. Depois você me devolve.


— Foi muita gentileza sua.


— Não se acostuma — disse Kiba, sorrindo. — Eu não sou conhecido pela minha gentileza.


Ino riu do comentário, preferindo não elaborar como aquela fala poderia ser levada para um duplo sentido. Sem conseguir encontrar outra maneira de adiar mais a despedida, ela tentou criar coragem e decidir. Kiba havia colocado as mãos no bolso, mas ela podia sentir, agora, que ele aguardava um gesto dela, uma iniciativa. Ela suspirou, confusa, e confessou:


— Eu acho que eu sei o que você quer.


— Eu não quero nada — disse Kiba. — Eu só estou torcendo muito para ter um pouco de sorte. — Ino sorriu. Kiba continuou. — Olha, não precisa fazer nada. Não quero que se sinta pressionada.


— Não é isso.


Kiba esperou que ela continuasse, mas como Ino não disse nada, ele tocou seu rosto com surpreendente delicadeza.


— Eu sei. Eu devia ter entendido isso ontem à noite, mas eu sou um cara teimoso — riu.


Ino tocou a mão dele, que estava em seu rosto. Ela pegou-a e lhe deu um beijo gentil. Kiba não parecia chateado, mas ela queria explicar.


— Não é que eu não queira — tentou, mas não parecia a coisa certa a dizer. Tentou de novo. — Você é realmente muito atraente.


— Obrigado — disse ele, bem humorado. — Você também.


— Obrigada — respondeu Ino, lisonjeada.


— Mas…


— Mas… eu não estou pronta.


 


*


 


Kiba respirou fundo, a fitando por um momento e então levantando o olhar para o prédio.


— Você devia entrar — disse, apertando de leve a mão dela, tentando de alguma forma assegura-la de que estava tudo bem, mesmo que não estivesse.


Ino hesitou, mas acabou abraçando-o e lhe dando um beijo no rosto. Kiba pode sentir o seu perfume doce, seu corpo pequeno tão perto do dele. Aquela mulher era uma tentação, mas já o havia rejeitado duas vezes e ele não precisava passar por isso uma terceira vez. No entanto, não faria ela se sentir mal a respeito disso. Ele sabia o que aconteceria e insistiu mesmo assim. Era difícil pensar com ela por perto.


— Tchau — disse, fazendo com que ela o soltasse. — A gente se vê.


— Tchau, Kiba.


Com isso, ele se afastou, voltando para o carro. Virou-se para olhar para o prédio e viu Ino ainda ali. Kiba levantou a mão, em um sinal de despedida, e foi embora, sem olhar para trás novamente.



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Autor(a): Doddy

Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).

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Sakura estava no quarto arrumando a cama para passar a noite, quando Ino chegou no apartamento. Incapaz de controlar a curiosidade, ela foi até a sala, encontrar com a amiga. Assim que viu a expressão desanimada de Ino, ela própria se desanimou também. — Preciso de um banho — foi a única coisa que Ino disse. — A Hinata e ...


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