Fanfic: Fomos mais que só bons amigos - Vondy | Tema: Vondy

 As semanas de gravação foram passando e cada vez o grupo ia se tornando mais próximo. Éramos jovens, cheios de energia e vontade de descobrir o mundo, então aproveitávamos todo o tempo juntos, mesmo cansados com as gravações sempre muito pesadas.

 Não tinhamos problemas com ciúmes, até então, dentro do set, apesar de as vezes ser constrangedor gravar as cenas de beijos na frente da Any ou do Ponho, meu problema era fora. Eu sentia que Poncho estava distante e tudo começou quando estávamos mais conhecidos. Próximo dos finais de semana ele encontrava motivos estúpidos para que nos desentendessemos, então eu passava o fim de semana aos prantos, enquanto ele se divertia. Aos domingos ele ia até minha casa, pedindo desculpas, querendo acertar tudo. Eu, apaixonada, cedia e caía nas inversões de culpa de que ele me convencia. Esse tipo de episódio tinha acontecido duas vezes e eu conseguia reconhecer o padrão. Não era tão próxima da Any e nem da Mai, na época, quem me aconselhava e servia de ombro amigo era Zoraida. Ela me aconselhou que, aos próximos sinais de que ele faria novamente, eu deveria colocá-lo contra a parede, dizendo que a decisão que fosse tomada não teria volta. Foi o que fiz. Ele se assustou e se comprometeu a não repetir o comportamento, mas algo dentro de mim dizia que aquilo não ia durar.

 Eu me divertia muito nas gravações com Christopher, pois tínhamos um perfil parecido. Éramos diplomáticos e onde tivesse faísca, nós íamos na contramão. Em um set de gravação cheio de jovens de personalidade, as discussões eram constantes, o que tornava difícil escapar de todas. Eu tentava levar tudo com leveza e a banda já estava tomando forma, dando sinais de que em breve a fase em que seríamos conhecidos como um grupo se iniciaria.

 O perfil de cada um era bem diferente e começamos todos os 6 a nos aproximar. Até que tivemos o primeiro "incidente". Sabia que mais hora menos hora algo aconteceria,  pois as cenas entre Roberta e Diego precisavam conter aquela energia de amor e ódio, de querer e negar, além dos perfis dos personagens serem bem fortes: ela a rebelde das rebeldes e ele o galã mulherengo. Era sempre muita tensão nas horas de gravar e falávamos muito por olhares. As vezes eu sentia um frio na barriga como se realmente fosse a personagem.Os momentos antes dos beijos eram demorados, só aproximando o rosto. Repito que eram momentos tensos e as vezes precisavamos regravar as cenas diversas vezes. No fim, riamos muito e fazíamos piadas pra que o clima melhorasse. Poncho preferia não assistir as gravações das cenas protagonizadas por mim e pelo Christopher e eu respeitava. Indo ao que realmente interessa, que foi a primeira faísca pra o começo de muita história: No dia em questão íamos gravar uma cena em que Diego e Roberta estavam dentro da sala de aula sozinhos e começavam a conversar, até que ela dizia pra ele fazer aquilo que sentisse no estômago e ele a beijava, foi o que fizemos, mas era algo bem de repente... Ele a puxava pela cintura, e o beijo era com ela surpresa, mas também retribuindo. Eu me lembro que na hora que ele me puxou contra o corpo dele eu fiquei totalmente mole, não sabia explicar, mas há poucos dias já tínhamos gravado uma cena de beijo, porém sentados, e acredito que o contato físico mais próximo tenha mexido de verdade comigo. Me teletransportei naquele momento, como se fosse real e como se todas as câmeras não existissem. Prolongamos o beijo, não sei dizer por quanto tempo, mas foi tempo suficiente pra que o primeiro "corta" tivesse sido dito e nós não ouvimos. Prefiro acreditar que nos entregamos muito a cena e por isso não percebemos, até que chegaram bem próximos da gente e falaram mais alto "Corta!". Nos assustamos e foi até engraçado a forma como ficamos constrangidos. O pessoal do set fez piada e eu e ele sabíamos que tinha sido algo do momento. Quando olhamos mais ao fundo da equipe de gravação estava a Any com uma feição de ódio, nos olhando e balançando a cabeça. Quando nossos olhares se cruzaram, ela saiu possessa da sala, enquanto Christopher foi atrás, passando a mão pela cabeça como quem dizia: vai dar pro lema. O que muitos não sabem é que o Christopher não gostava muito de dar beijo técnico, eu já havia percebido e uma ou duas cenas, mas fingia que não percebia e pra mim soava mais real, mas a Any sabia, afinal acompanhava sempre que possível as cenas do namorado. Eu decidi que aquilo não era sobre mim, era sobre eles e, assim que tivesse tudo mais calmo procuraria uma oportunidade para conversar com ela. O que me preocupava era se isso chegaria aos ouvidos do Poncho e como chegaria, então decidi ir logo contar em como tinha acontecido, explicando que não ouvimos o comando de encerrar a cena, mas não sabíamos o porquê, provavelmente porque não falaram alto o suficientem. Ele ironizou a situação e disse que já não bastava o número de vezes que as cenas eram regravadas, ainda demos essa brecha para os comentários que já eram constantes. Me desculpei e prometi me atentar mais, mas isso virou piada de todos. Sempre quando íamos gravar algo sempre diziam antes: o corta é pra parar, hein pessoal, não continuar. Christopher e eu conversamos sobre o ocorrido após eu ter me desculpado com Any. Ele disse que colocamos muito paixão em tudo o que fazemos, inclusive mas nossas cenas e que coisas desse tipo acabariam acontecendo por estarmos tão entregues e pela química entre os personagens ser tão forte. Concordei e brincamos um pouco sobre o assunto, sobre a cara que todos devem ter feito e seguimos, afinal os dois tinham seus respectivos companheiros e aquilo não deveria ser prolongado, mas confesso que a partir dali alguma coisa estava mudando dentro de mim e não acredito que seja só pelos beijos. A nossa interação era tão leve, ele sempre brincalhão, me tirava risadas ainda que eu estivesse no meu pior dia, mas isso foi só a primeira chama de algo que se tornaria bem maior.