Fanfic: Duas Faces de Mim | Tema: Harry Potter, Hogwarts Legacy
[Sebastian]
Já havia se passado uma semana desde aquele incidente. Tentei abordar o assunto com Lív, discutindo o que conversei com seu irmão. Contudo, Poppy e Ominis insistiam que desse espaço para que a garota pudesse refletir sobre o ocorrido. Entendo a necessidade de dar tempo, mas, sei lá... Cometi erros no passado, e ainda me sentia culpado por ter tirado a vida do meu próprio tio. Por mais que eu detestasse as vezes em que ele me impedia de curar Anne, isso me deixava cada vez mais angustiado. Minha irmã sempre foi a pessoa mais importante para mim, e a ideia de perdê-la partia meu coração.
Eu realmente queria encontrar uma maneira de curá-la. Ao ver meu tio desistir dela da forma como fez, não concordei. Não podia concordar com aquilo de jeito nenhum. Minha irmã, minha querida Anne, não podia viver e passar por aquelas dores angustiantes que dilaceravam minha alma. Eu não a queria perder, e não ia perdê-la. Era o que eu repetia para mim mesmo. Como último recurso, não vi outra solução senão estudar as artes das trevas, e a tentação de acessar a sessão reservada era irresistível. Cada livro que lia me deixava querendo mais, encantando-me com seu conteúdo proibido, revelando aspectos que éramos impedidos de aprender na escola.
Mas, para quê serviu isso? Mesmo depois de encontrar o livro de Salazar Slytherin, as coisas só se complicaram, mais do que se resolveram. Acredito que o livro possuía algum feitiço que mexia com a minha mente, pois meu foco em ajudar minha irmã se transformou em uma pura obsessão por poder. Quando minha irmã destruiu o livro após eu ter matado nosso tio por perder a cabeça devido a um objeto estúpido que encontrei com Lív, a garota havia me alertado para não me deixar levar por ele, e eu preferi ignorar seu conselho desde o início, isso fez com que eu perdesse a confiança da minha irmã.
E nem sei como Lív continuou a falar comigo depois de tudo. Tenho consciência de que a magoei com minhas atitudes. Quando Ominis me revelou que ele e Anne não me denunciaram porque a Lufana pediu para não o fazerem, acreditando que eu me tocaria das minhas ações, percebi que esse foi o ponto crucial em que comecei a vê-la mais do que como uma fonte de poder. Além das minhas tentativas de seduzi-la para obter informações, ela era intrigante. Nunca se deixava levar por nenhuma das minhas investidas, mantendo um ar alegre e sério ao mesmo tempo, como se carregasse algo nas costas ou guardasse um segredo que não poderia revelar a ninguém. Apesar de ela ter compartilhado sobre seus poderes e o motivo do interesse daquele cretino por ela, foi necessário insistir um pouco, mesmo que indiretamente, para que ela confiasse essa informação.
Talvez meus sentimentos pela Lufana tenham começado naquele dia no esconderijo, quando percebi o quão idiota fui. Lívia me puxou para um abraço acolhedor, uma sensação tão agradável que nem mesmo eu conseguia descrever. Chorei, minhas lágrimas molharam seu uniforme impecável, mas a garota não deu importância. Uma de suas mãos acariciava carinhosamente meus cabelos enquanto enterrava minha cabeça em seu busto e abraçava com toda a força que eu tinha, mas sem a machucar.
E olhe para mim agora, acabei me apaixonando por essa garota que conheço tão pouco. Meu tio me ensinou como lidar com esse tipo de coisa antes de minha irmã ter ficado naquele estado. No entanto, nunca imaginei me apaixonar por alguém, embora no passado tenha tido uma queda por Imelda, até perceber que a Sonserina não era tão boa assim, especialmente quando fez aquilo só para provar que era melhor que Lívia. Sei que foi por isso, mas também sei que Imelda está sendo arrependida devido às conversas que as pessoas tiveram com ela naquele dia no baile.
Eu olhei para Lív, que retribuía meu olhar com ternura. O brilho em seus olhos era mágico, e a luz do sol que iluminava nossos rostos parecia ser uma expressão do amor refletido em seu olhar, simplesmente adorável. Poderia me perder naquela visão encantadora de seus olhos cristalinos, que às vezes se perdiam em tons de azul. Ela acariciou meu rosto com suas mãos suaves, permitindo-me fechar os olhos por um breve momento. Em seguida, uniu nossos rostos, e percebi que ela estava profundamente pensativa, o que despertou minha curiosidade.
- Está tudo bem? *perguntei-lhe*
- Hm. *foi a resposta suave que ouvi de seus lábios.*
Seu olhar sereno me deixou ansioso, como se estivesse analisando algo, mas eu não sabia ao certo o que seria.
- Nada, só estou pensando o quanto é bom estar nos teus braços.
De repente, ela me beijou. Embora ficasse com a cabeça nas nuvens sem entender completamente sua ação repentina, pouco me importava. Eu me sentia responsável por ela depois do acontecimento entre nós os dois, e, nos últimos tempos, mesmo com sua teimosia, ela fazia meu coração vibrar. Sua elegância e espírito livre me encantavam, além de compartilharmos o mesmo patrono. Apesar de nossos patronos poderem ter mudado devido ao que sentíamos um pelo outro, agora isso não importava mais para nada. Ela pediu um tempo para refletir sobre a proposta, e eu entendia suas razões, mas isso não apagava o que aconteceu.
Mesmo que nosso relacionamento fosse secreto, conhecido apenas por nossos amigos devido ao incidente com aquele cara que agiu covardemente com ela, sorte dele que eu estava com Blake ou teria o confrontado naquele exato momento. Vê-lo em estado crítico, no entanto, era uma satisfação que sentia. Após um longo beijo, Lív manteve sua mão sobre meu rosto e se afastou, encarando-me com uma expressão calorosa em seus olhos meigos.
- Eu aceito.
Pisquei algumas vezes, ainda atordoado pelo beijo e sua resposta. "Ela aceitava?" e "O que isso significava?" eram perguntas que ecoavam em minha mente, deixando-me pensativo.
- Tu aceitas? *levantei a sobrancelha, demonstrando meu pensamento.
Ela riu, talvez pela minha pergunta, ou eu não sabia ao certo. Acariciou ainda mais meu rosto.*
- Eu aceito, casar contigo.
Seu olhar apaixonado em minha direção me pegou completamente desprevenido. Eu esperava uma resposta dela, sim, mas não ali. Eu nem sabia onde ela poderia me responder sobre esse assunto. Surpreso, senti-me feliz ao mesmo tempo.
- T-tu aceitas? *minha voz falhou, assim como meu coração.*
Ela sorriu gentilmente.
- Sim, eu aceito ser tua esposa. *suspirou enquanto mexia em seu cabelo com a mão livre, um pouco envergonhada. Em seguida, mordeu o lábio inferior, como se quisesse dizer algo mais.* - Mas vamos ter que guardar isso também. *estreitou os lábios, ficando com um ar completamente desolado.* - E-eu não queria que fosse assim e...
Interrompi-a segurando delicadamente em seu pulso e aproximando meus lábios dos dela. Beijei-a com um sentimento único, capaz de expressar o que só meus sentimentos poderiam demonstrar.
- Não digas mais nada. *respondi num sussurro quando nos separamos.* - Eu sei. *Sorri para tentar transmitir tranquilidade.*
Por mais que achasse ridículo ter que esconder nosso relacionamento, compreendia que era por causa da família dela. Se estivesse em seu lugar, talvez procurasse outra solução. Contudo, diante da situação de minha irmã, lidei de outra forma. Mas o que isso me trouxe? Não a perdi para a morte, mas a distância que ela mantinha de mim magoava mais do que eu conseguia expressar. Um lado meu insistia que minhas ações foram as mais certas, enquanto outro dizia que deveria ter ouvido Ominis quando ele me alertou para não buscar aquele livro. Fiquei tão hipnotizado, uma sensação de falta de controle sobre minhas ações, meus atos impulsivos à flor da pele. Menti ao meu melhor amigo para atingir meus objetivos. A sorte foi que Ominis me perdoou, não completamente, mas ele estava tentando. Não o censurava, ou pelo menos não deveria.
Também havia o episódio com Lívia, quando ela estava sendo iludida por um duende. Eu sabia que estava errado ao chamá-la de ignorante, mas ela conhecia meu pensamento sobre eles na época, embora hoje em dia eu ainda não tivesse uma boa imagem de todos, como tinha anteriormente.
- Obrigada por tentares entender. *ela sorriu gentilmente.* - Eu sei que não concordas muito com esta ideia de termos que esconder de todo o mundo *murmurou.* - Ainda estou à espera de uma carta do meu primo.
Revirei os olhos com a menção do primo dela.
- Podemos não falar dele? *Pedi, sentindo-me desconfortável.*
Ela começou a rir, o que só piorou meu desconforto.
- Tás com ciúmes? *perguntou, achando graça com meu desconforto, o que me deixou ainda pior.*
- Ciúmes? *levantei novamente a sobrancelha, estranhando.* - Daquele cara?! Acho que não me estás a ver bem... *Tentei parecer indiferente, mas no fundo, estava ardendo.*
Sempre que Lívia falava daquele garoto, desde que soube de sua história original, mesmo que fossem poucas vezes, meu sangue fervia. Ela acariciou mais o meu rosto.
- Ficas tão fofo assim. *murmurou com um ar inocente.*
Seu beijo veio em minha direção repentinamente, sem me deixar responder ao seu comentário que me deixou constrangido. Eu queria dizer que ela devia estar doida ao achar que eu estava com ciúmes daquele cara. Eu só não confiava nele. Além disso, seu tom de voz ao me transmitir que eu ficava fofo daquela maneira me deixou desconcertado. Seus lábios macios e delicados me levaram a outro espaço do qual eu não tinha como escapar. Eu retribuí seu beijo, respondendo ao seu ato repentino, até que nossos lábios se separaram pela falta de ar.
A garota me olhava com aqueles olhos de uma cor rara e linda, que no momento estavam num tom azul-bebê. Era incrível como seus olhos conseguiam mudar de cor sem nenhum feitiço ou esforço. Ela me contou que isso acontecia conforme seu humor, mantendo sempre cores claras que representavam suas auras cristalinas. Beijei a palma de sua mão para depois encará-la com um sorriso que expressava meu amor por aquela jovem ao meu lado, e ela retribuiu com a mesma intensidade.
- Eu te amo! *murmurou com um olhar meigo.*
Era tão reconfortante ouvir ela dizer aquelas palavras. Como um ser humano poderia demonstrar tanto sentimento num só momento? Eu sentia as coisas com a Lív de forma mais intensa do que jamais experimentei em toda a minha vida.
Uma garota que passou por uma experiência de nunca ter conhecido seu irmão gêmeo, pensando que sua família de sangue nunca quis saber dela por ter ficado em um colégio interno. A experiência que ela me contou do tempo que passou naquele local cruel, o momento em que foi adotada por uma família nobre que a acolheu com amor e lhe ensinou a sobreviver. A experiência de ter que passar pela perda de seu pai, uma situação que eu conhecia bem, apesar da minha situação ter sido pior, segundo Lív, pois ela ao menos tinha a mãe dela. A questão do rei que quer casá-la com um homem apenas por ganho de poder em dois mundos e por saber de seu segredo, o que me faz desconfiar que a informação chegou aos ouvidos do rei por algum dos seus magos. A experiência de ter vindo para Hogwarts, algo pelo qual eu agradecia a Merlin, pois ela foi uma das melhores coisas que me aconteceram, apesar de termos nos usado mutuamente no começo. Meu interesse por ela cresceu a partir do momento em que ela me venceu na disciplina de "Defesa Contra as Artes das Trevas", mas só tive certeza dos meus sentimentos por ela naquele dia em que nos reconciliamos. Eu sou um cara teimoso, eu sei disso o bastante. Também consigo ser um babaca quando quero, mas o que posso fazer? Ninguém nesta vida é perfeito.
E eu faço as coisas porque me importo!
Mas à momentos em que eu não consigo me controlar, não sei se foi pelas experiências de vida que tive. Não que a morte dos meus pais e o acolhimento pelo meu falecido tio, juntamente com minha irmã, não tenham feito bem, mas o Salamon era complexo. Uma hora ele estava muito cuidadoso, em outra implicava conosco. Nunca entendi a razão dele ter saído do Ministério, o que deixava eu e minha irmã curiosos, mas depois de um tempo, isso já não nos importava. Quando minha irmã ficou doente, ele ainda demostrou preocupação, e tentamos quase tudo para curar sua condição. No entanto, depois de um tempo, meu tio desistiu, se dando por vencido e aceitando que poderia perder sua sobrinha favorita.
Naquele momento senti um calor gostoso em meu coração com aquela declaração.
- Eu também te amo. *respondi na mesma intensidade que ela me transmitia.* - Mas isso não tira o fato de que não é ciúmes, eu só não...
Ela passou um dedo sobre meus lábios, me impedindo de continuar meu raciocínio.
- Eu sei, Seby. Eu senti o mesmo quando tu foste com a Imelda ao baile, e sei que não tiveste outra escolha. Eu entendo tuas razões, mesmo não concordando com elas, assim como tu não concordas com a minha maneira de lidar com as coisas. *suspirou um pouco triste.*
- Hey, hey... *Passei minha mão delicadamente em seu rosto.* - Tá tudo bem, nós vamos dar um jeito de alguma maneira, eu te prometo. Só tens que aceitar a minha ajuda e confiar em mim e em teu irmão.
- Seby. *Ela me olhou séria.*
- Diz. *falei enquanto passava o polegar em seus lábios e os observa com desejo de os tomar de novo.*
- Me promete que não voltarás a usar a Maldição da Morte de novo.
Parei e abanei a cabeça, um pouco atordoado por seu pedido.
- Por que esse pedido agora?
- Seby. *ela respirou fundo antes de continuar, com um ar cansado.* - Eu sei que já tivemos esta conversa naquele dia...
- Lív, eu não quero falar sobre aquele dia. *Revirei os olhos, um pouco aborrecido. A recordação daquele dia não era uma boa lembrança.*
- E-eu sei, Seby... *Ela começou a gaguejar, possivelmente se sentindo um pouco desconfortável por tocar em um assunto delicado.* - M-mas eu temo que se isso voltar a acontecer, isso acabe te causando problemas. E-eu... *negou com a cabeça.* - Eu não quero que tu sofras mais do que já sofreste. Nós somos tão jovens. E a vida é tão curta para desperdiçar em coisas como esta. Matar não é a resposta só porque somos pessoas impulsivas. Tu sabes as consequências disso. E-eu tenho medo de não estar lá para te proteger desta vez. *Seu tom transmitia preocupação e dor.*
Antes que ela mordesse o lábio, deixei meus dedos passarem sobre eles, impedindo-a de continuar demonstrando sua preocupação por mim. Sabia que Lívia tinha um lado protetor, por todas as vezes que conversamos, mas também sabia me defender. A maldição só se ativava se a pessoa realmente desejasse, e eu havia prometido a mim mesmo que não a usaria novamente depois do ocorrido. No entanto, às vezes me perguntava se realmente conseguiria cumprir essa promessa. Precisava tranquilizá-la, mesmo não estando tão seguro sobre minhas ações impulsivas.
- Lívia, eu irei fazer o possível para não usar a maldição.
A lufana tirou meus dedos e me analisou com um ar desconfiado, mas em seguida encolheu os ombros.
- Se o dizes, eu vou acreditar. *seu tom era sério e transmitia que a garota estava um pouco mais descontraída.* - Mas lembra-te, nós somos responsáveis por nossas ações. *Murmurou.* - Isto sempre foi o que me disseram. *Completou e, com um ar sentido, continuou.* - Eu falo contra mim também... *Respirou pesadamente.*
- Shiuuu, tá tudo bem, Lív.
Pus as mãos em seu rosto e a encarei, tentando transmitir um pouco mais de confiança para ela. Mesmo que não estivesse tão ciente de meus atos futuros, eu queria apenas pensar no presente. Isso era o mais importante, especialmente em um momento de pura felicidade, ela aceitou meu pedido.
- Confia em mim. *Estava sorrindo de forma calorosa, ao repetir aquelas palavras.*
Vi seus lábios se estreitarem enquanto seu olhar transmitia serenidade.
- Fine, eu vou confiar em ti.
- Essa é a minha garota.
Puxei seu rosto em minha direção e depositei um beijo em sua testa, em seguida, em seus lindos lábios, os quais deliciei com um toque leve.
- Eu ainda não posso imaginar como as coisas estão indo tão rápido. *murmurei, demostrando minha emoção, na qual foi retribuída por seu sorriso gentil.*
- Eu que o diga, eu nunca pensei que ficaria com alguém ou que muito menos me casasse assim. *Deu uma risada graciosa com um suspiro em depois.* - Acho que a vida é uma caixa de surpresas.
- É, tens razão. *Meu sorriso indicava o quanto me sentia feliz.*
Passei o dia todo com a cabeça nas nuvens por causa do ocorrido. Acredito que meu sorriso, assim como o de Lívia, não deixava de se destacar no meio das aulas. Tentávamos disfarçar na frente dos outros alunos; apenas nossos amigos sabiam. Mesmo os que não souberam do detalhe no qual, eu e Lívia tínhamos tido relações sexuais um com o outro. Chegamos a ver felicidade nos olhos dos nossos amigos. No entanto, há algo que tenho estranhado.
O loiro tem andado muito sumido ultimamente, mais do que o costume. Sei que ele tem ido ver como minha irmã está, já que continuo tentando obter informações sobre seu estado. Salvos sejam os efeitos da medicação que a minha amada noiva tem arranjado. Mas ele tem andado muito estranho. Mesmo no dia em que Lívia aceitou meu pedido, tentei procurá-lo na sala comunal e no nosso dormitório, e nenhum sinal do sonserino.
Não quero ser invasivo, mas a curiosidade sobre isso me intriga ao mesmo tempo que estou bastante ocupado com os planejamentos com Lívia. Ela planeja fazer uma coisa simples, onde apenas nossos que sabem sobre nosso relacionamento possam estar, o que eu acho certo. Só que eu adoraria ter minha irmã presente. Sinto tanta falta dela, e meu coração dói sempre que penso em como a afastei de mim.
Já se passaram quase seis meses desde os acontecimentos naquela maldita gruta. Só queria voltar a falar com Anne. Não pedia mais nada. Suspirei com uma tristeza profunda em meu coração, chamando a atenção de Ominis e Blake, que estavam caminhando comigo pelo castelo.
- O que está acontecendo contigo hoje?! *perguntou o grifinório, levantando a sobrancelha.* - Tens andado estes dois dias um pouco cabisbaixo. Anima-te, faltam três dias para o grande dia. *Blake tentou me animar.*
- Ele está assim por causa da irmã dele... *murmurou Ominis.*
Já havia falado com Ominis sobre o quanto sentia a falta de Anne e o quanto queria que ela estivesse presente neste grande dia. O que meu melhor amigo sempre me dizia era que a garota ainda não se sentia preparada para encarar o irmão, o que me deixava ainda mais deprimido. Mas eu tinha que entender as razões dela, por mais que doesse. Mesmo que, na hora do acontecimento, eu tenha achado certo, era como se o tio Salamon realmente não quisesse curar Anne. Sei que os meios que estava usando não eram os mais indicados, mas para mim era tão certo. Blake pôs sua mão em meu ombro e, com uma expressão compreensiva, falou:
- Eu entendo que queiras ter tua irmã no casamento. E que está sendo complicado. Eu, no teu lugar, ficaria assim se acontecesse o mesmo. *Ele fechou os olhos e os abriu novamente.* - Se estivesse para me casar e minha irmã não comparecesse...
- Blake, este assunto é mais sério do que pensas! *Exclamou Ominis, deixando-se guiar por sua varinha.*
- Posso não saber, Ominis, mas uma coisa tenho certeza: nenhum irmão, especialmente quando é gêmeo, quer ficar longe de sua cara-metade. E tudo o que fazemos é para vê-las bem. Eu faria qualquer coisa pela Lívia agora que a encontrei. *Ele respondeu com firmeza e rapidez.* - Mesmo que ela vá casar com este menino aqui, eu a vou continuar a proteger e caso o Sebastian não faça seu papel, tem que se ver comigo! *Seu tom de voz era debochado, mas com uma sinceridade profunda.*
Olhei surpreso para o garoto de uniforme vermelho. Era a primeira vez que alguém entendia as minhas razões. Parecia que não me sentia tão só nesse sentimento profundo. Dei um sorriso ligeiro para meu futuro cunhado, estranho chamá-lo assim, mas era a verdade. Daqui a três dias, seria meu casamento com a Lívia. Ela hoje tinha ido com a Poppy à loja do Chapéu Invisível para ver o resultado de seu vestido. Só pensava que quanto mais perto estava aquele dia, mais ansioso eu ficava.
- Vocês dois, já não me bastava o Sebastian com as coisas dele ainda tenho que ouvir estas coisas também de um grifinório!
Olhei para o garoto que estava ao meu lado esquerdo, sendo guiado por sua varinha. Ominis, com um ar de frustração, bufou, possivelmente pelo que Blake poderia ter falado naquele momento, o qual este iria para responder se eu não o impedisse para responder:
- Ominis, tu sabes que a Anne é a pessoa que mais amo antes da Lív, mesmo que sejam amores completamente diferentes. *Falei com uma expressão séria.* - Posso ter errado no passado com Anne. Mas estou tentando não cometer os mesmos erros.
- Eita, minha irmã que não te ouça a dizer isso... *Blake murmurou com um sorriso malicioso.* - Imagino uma situação onde digas à Lívia que preferes a tua irmã do que ela.
Notei um pouco de ironia em sua voz, o que me fez rir com sua brincadeira. Ele era um cara engraçado na maior parte do tempo, mas, assim como um grifinório, o garoto era muito convencido para o meu gosto. Diferente de Lívia, que, mesmo sendo impulsiva como seu irmão, ela demonstrava quase na maior parte graça e simplicidade, alem de sua compreensão sobre as situações.
- Blake, tua irmã mesma me diz que a pessoa mais importante para mim sempre será a Anne! *Comprimi os lábios com um olhar baixo enquanto o encarava*
Enquanto Ominis esboçava um sorriso, o grifinório revirava os olhos sobre essa questão, o que ainda me fez rir ainda mais. Depois de algumas conversas e de um bom momento com meus amigos, os dias se passaram a correr. Eu e Lívia decidimos nos casar num ambiente fechado, fora de olhares curiosos, para que assim ninguém descobrisse sobre nosso relacionamento. Eu voltava com aquela questão em minha cabeça, o desconforto de ter que esconder meu relacionamento para proteger a família da minha amada. Eu tentava pensar naquele momento que, se fosse no lugar de Lívia por causa de Anne, eu faria o mesmo. Ou melhor, me livrava de uma vez, mas mexer com a realeza britânica era como mexer com o demônio por causa da proteção que aquela família recebia desde os tempos de Merlin, segundo meus estudos.
Eu sabia que Merlin nunca aprovou os ensinamentos de Slytherin para com seus alunos na época, o que até fez frente à sua própria meia irmã por ela ser a favor das artes das trevas. Mas tudo o que sei está nos livros, além da imagem vidrada junto à sala de Defesa contra as artes das trevas.
O tempo naquele local estava calmo. As folhas das árvores lá de fora ao redor pareciam saber da importância daquele momento, assim como o sopro do vento que batia pelas janelas tapadas por cortinas. Enquanto as meninas haviam transfigurado um cenário mais adequado para um casamento. Meu fato tinha sido oferecido por Ominis e Blake ou teria usado o mesmo que usei no dia do baile. Eu desajeitadamente puxei um pouco minha gravata borboleta pelo nervosismo que sentia naquele momento. Ominis falou que teria que tratar de umas coisas antes de vir, mas que estaria ali presente no momento do casamento. Eu esperava mesmo que ele aparecesse, até porque ele seria meu padrinho. Seu apoio era tão importante para mim, assim como se minha irmã pudesse estar ali presente. Meus pés pareciam que tinham vida própria, eu não me conseguia conter. Era uma sensação tão estranha. Lívia estava já 15 minutos atrasada, coisa que ela não costumava falhar nestas ocasiões. Ainda por cima no nosso casamento, Blake me mandou uma coruja a dizer que tinha acontecido um contra tempo e eles estavam a resolver isso. Eu olhei meu relógio de pulso, e meus sapatos até a voz do meu melhor amigo se fazer presente no local.
- Eu disse-te que ele estaria com os nervos à flor da pele.
Ele estava a fazer uma ironia enquanto falava com alguém. Meu olhar foi em sua direção e meu coração começou a ficar apertado. Eu não podia acreditar no que meus olhos viam naquele momento. Minha voz falhou.
- A-Anne?...
Ela me olhou com uma expressão séria e terna.
- Olá, Sebastian. *Seu tom de voz era neutro, mas eu senti um pouco de frieza naquelas palavras.*
Autor(a): CatFlower
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