Fanfic: Duas Faces de Mim | Tema: Harry Potter, Hogwarts Legacy
[Lívia]
Já fazia umas semanas que eu estava nisto, ansiosa enquanto minhas amigas tentavam motivar. Eu e Sebastian tentávamos ao máximo não estarmos tanto tempo juntos por Hogwarts, mesmo que ele não soubesse. Eu tinha as minhas suspeitas sobre os parentes dos magos do rei. Era tão frustrante; eu me sentia presa, mesmo quando andava a descobrir mais sobre mim. Eu sentia o olhar deles sobre mim, mesmo nunca os ter visto.
A sensação de estar a ficar paranoica era evidente em algumas das minhas ações. Muitas vezes, me escondia na estufa onde inventava desculpas à professora Garlick, que era uma boa fonte da minha admiração pelo seu conhecimento por plantas. Apesar de o meu maior fascino ser por enigmas. Não foi por nada que, quanto mais encontrava obras de Merlim espalhadas ao redor do mundo mágico, mais ficava fascinada.
Mas a perda do professor Fig deixou um vazio enorme em mim. Me fazia lembrar a perda de meu pai. Minhas lágrimas queriam sair, mas passavam apenas de simples dores internas, onde só o coração egoísta queria ficar com estas.
As férias estavam quase a chegar e, mesmo estando ansiosa para ver minha querida amada mãe e irmão mais novo, sabia que iria ter que enfrentar a pessoa que eu mais detestava.
Mas hoje eu não iria deixar que nada estragasse aquele dia. Eu prometi a mim mesma que não deixaria nenhuma marca ou responsabilidade estragar aquele momento. "Mas é tão estranho", pensei para mim mesma. Eu iria me casar. Sei que era normal para uma garota da minha idade, até porque se não fosse por estar em Hogwarts, meu destino seria o casamento com sua majestade o príncipe herdeiro, mais conhecido como meu primo de consideração.
Lembrando nele me veio à ideia uma figura feminina que não gostava de mim na minha infância e essa pessoa não era mais nem menos que Lilith Fitzroy, filha do Arqueduque Fitzroy, uma garota mimada que sempre nas sessões de chá me humilhava à frente de suas amigas, para além de não conseguir aceitar o facto da boa relação que eu tinha com meu primo, por eu ser uma filha adotiva, mas sinceramente eu não ligava, passei por coisas bem piores no orfanato que me recordo todos os dias quando olho para as cicatrizes em minhas nádegas o qual eram conhecidas por poucas pessoas e eu consegui tapar com vestidos longos ou meias calças.
Eu abanei a cabeça negativamente, olhando para o vestido sobre minha cama, com um toque suave e delicado de seda e malha misturados. Suas mangas não compridas, até porque estávamos na entrada do verão, e sua saia ia até ao meio das pernas. Com um pouco de nervosismo, mordi meu lábio inferior em pensamento de como Sebastian iria reagir ao me ver, ou o medo de algo correr mal era muito grande. Eu tinha feito inimigos ao longo da minha jornada de me encontrar e a origem de meus poderes e isso era o que mais me assustava. Mesmo Sebastian sempre dizendo que às vezes para conseguimos certas coisas precisamos de dedicar de outras, eu sempre tentava fazer tudo ao meu alcance, mas falhava ao pensar que não iria sofrer as consequências por minhas ações, um desses casos foi quando deixei que Sebastian fosse com aquela ideia da reliquia o que causou aquele acontecimento trágico com seu tio.
Eu suspirei triste pensando o quanto quebrou o relacionamento maravilhoso que eu assisti entre os gémeos, num ponto me sentia culpada. Minha mania de querer ajudar tudo e todos às vezes!
Mas eu não ia desistir da promessa meses atrás a Sebastian e agora a Anne, eu ia curar a Anne, nem que fosse a última coisa que eu fizesse, pelo menos uma solução temporária eu tinha arranjado, eu falei com a professora Weasley à umas semanas de ligeiro de forma que ela não entendesse minhas intenções, até porque eu também andava a estudar o pergaminho que obtém na torre de Merlin.
As palavras da senhora foram que um solitário muitas das vezes consegue fazer coisas que nem mesmo ele sabia, eu ao princípio não entendi aquele enigma, mas pensando bem agora, a maior fonte de resolver qualquer problema é a nossa mente e quando estamos no nosso interior conseguimos ter ideias para qualquer solução. Mas eu precisava de falar com ela uma hora ou outra sobre o meu conhecimento de seus poderes de cura e o porque ela nunca ter feito nada pela Anne quando a escola sobre o caso da família Sallow.
Mas aquele não era o dia nem a hora, eu coloquei as coisas na minha bolsa e me dirigi para o pó de fogo, no qual fui transferida para a aldeia a onde meus amigos esperavam por mim. Ominis parecia estar a falar com Anne que cruzava os braços um pouco frustrada apesar da sua expressão um pouco abatida por causa da doença. Ominis parecia estar a chamar sua atenção, o qual eu desconfiava que fosse pelo facto de seu irmão se casar e a possibilidade dela nem mesmo querer comparecer, eu fui chegando perto deles com um sorriso sorrateiro.
- Conseguiste colocar alguma coisa na cabecinha dela?
Ominis e Anne me olharam com expressões que denotavam seriedade, mas optei por ignorar o clima tenso no ar e tentar desviar a atenção para algo mais leve.
- Bom dia, pessoal, está um belo dia hoje. *Tentei soar descontraída mesmo sentindo meu interior se revirar de ansia*
- Bom dia, Lívia. *Anne respondeu, mas sua voz carregava um peso que não passou despercebido por mim.*
- Sim, está uma manhã agradável. *Ominis acrescentou, tentando contribuir para amenizar a atmosfera.* - Estou a tentar, mas a Anne, está teimosa.
Suspirei, sentindo-me responsável por trazer essa tensão para o ambiente. Afinal, eu não sabia o que Ominis tinha dito a Anne, mas parecia que algo sério estava acontecendo.
- Anne, eu posso falar contigo? *Comentei, tentando dissipar um pouco da tensão.*
Anne assentiu, mas sua expressão ainda era sombria.
- Sim eu também preciso falar contigo Lívia, Ominis eu vou com ela lá em casa. *Seu olhar sério me deixando um pouco apreensiva.*
Ominis pareceu entender a necessidade de privacidade entre Anne e eu, pois ele se afastou um pouco, enquanto nós nos dirigíamos à casa da garota, era admirável como uma garota tão nova tinha conseguido arranjar uma casinha fora de velha vila em Feldcroft a onde vivia antes com seu falecido tio ou a capacidade dela conseguir cuidar dela mesma sem a proteção de um adulto, Anne era uma garota astuta e bem formada apesar do que lhe aconteceu e da maneira que ela falava que já se tinha conformado que o seu destino era a morte e nada podia ser mais feito, eu sabia que no fundo, ela não queria morrer e eu não iria deixar que isso acontece.
- Começo eu ou tu? *Perguntei, tentando manter minha voz calma e receptiva*
Nós estávamos já sentadas na mesinha de refeições a olhar uma para a outra.
- Lívia possivelmente vamos entrar no mesmo diálogo por isso, vou pedir que seja eu.
Eu fiquei quieta esperando por seus questionamentos e perguntas. Anne fechou os olhos por uns instantes e respirou fundo antes de começar.
- Bem, eu soube sobre a tua noite com o meu irmão. *Ela levantou a sobrancelha*
Partir daquele momento eu corei sobre a maneira como ela colocou aquilo naqueles termos.
- Anne... *Eu tentei me explicar um pouco atrapalhada*
- Está tudo bem. *Falou num tom suave* - Eu não te censuro, mesmo que nossas situações sejam diferentes. Neste momento não sou a melhor pessoa para julgar, até porque eu sei o que te levou a tal ato. *Ela ficou um pouco pensativa* - Eu concordo com a ideia do teu irmão.
- Eu acho que o Blake foi um pouco precipitado. *Falei com uma careta, mesmo entendendo o ponto da questão* - Mas acredito que se o Sebastian soubesse sobre ti e o Ominis ele reagiria da mesma forma. *Comecei a rir imaginando a cena*
Ela se riu juntamente comigo.
- Sim, mas ele não sabe. *Sua expressão ficou um pouco mais séria* - Lívia, mesmo esta situação de eu estar muito magoada com o Sebastian por causa de suas ações. *Ela ficou triste e bateu na sua própria testa* - Eu na altura só tinha vontade de o denunciar, mas o Ominis e tu entreviram em defesa dele. Até porque agora sabendo do vosso caso me faz pensar que tu só impediste que eu falasse por causa de gostares dele...
- Anne, vós, não podia estar mais enganada sobre isso. *Eu olhei fixamente em seus olhos amêndoa* - Eu não sei quando comecei a ter estes sentimentos pelo teu irmão, mas essa não foi a razão que me levou a o livrar desse peso. Eu estive em Askaban! Esse seria o destino do Sebastian, eu vi o que se passava lá, as pessoas que vão para lá se transformam na sua pior versão sem pestanejar!
Minha mente começou a devagar aquele dia que estive naquele local desprezível e esquecido as visões daquelas pessoas a dizerem coisas sem sentido, outras a fazerem mal umas às outras, os dementadores a sugar o que ainda existia de bom naquelas pessoas. A lady Thistlewood aquele ataque daquela senhora que ela estava a tentar ajudar há anos por uma acusação de assassinato falsa pela família Blake. Aquela pobre mulher estava com sua sanidade mental destruída, então eu não queria que o Sebastian passasse pela mesma situação daquela mulher, apesar de saber que o que ele fez foi uma coisa muito grave, pois ele sim matou alguém. Mas eu sabia que o Sebastian iria ver as coisas de outra forma uma hora ou outra. Além de tudo nós somos apenas adolescentes, mesmo eu me esforçando sempre para ser uma filha exemplar para meus pais, eles sempre me diziam que errar é humano, mas o mais importante é sabemos e aprendemos com nossos próprios erros, ou caso contrário teremos que sofrer as consequências. Eu queria dar o benefício da dúvida também.
E quando o Sebastian abriu os olhos sobre suas ações eu vi que tinha tomado a melhor solução, mas acredito que foi ali.
- E na verdade eu só consegui ver meus sentimentos pelo teu irmão que eu negava, no dia que vi arrependimento em seu olhar, tu não tens a mínima ideia como estes dias tem sido para ele. *Eu queria fazer Anne entender que o irmão dela sentia sua falta*
Anne ficou um pouco distante, possivelmente eu podia ver a dor em seu olhar, mas ela respirou fundo e depois sorriu de leve.
- Eu sei que ele tem sofrido. *Anne concordou, sua voz um pouco mais suave agora.* - E acho que eu também. *Ela pausou por um momento, como se estivesse refletindo sobre algo.* - Eu não sei como agir, Lívia. Estou confusa e magoada, mas ao mesmo tempo não consigo ignorar o fato de que ele é meu irmão, que já passamos por tantas coisas juntos.
- Eu entendo, Anne. *Falei com sinceridade.* - Mas vocês precisam se entender. Vocês são uma família, e mesmo que as coisas estejam difíceis agora, o amor entre irmãos é algo poderoso. *Tentei transmitir um pouco de esperança.* - Talvez seja hora de vocês conversarem de coração aberto.
Anne assentiu, parecendo considerar minhas palavras. Eu sabia que não resolveríamos todos os problemas ali naquele momento, mas pelo menos começamos a desenterrar as raízes do mal-entendido. Ominis estava certo, precisávamos falar sobre isso.
- Talvez tenhas razão, Lívia. *Anne finalmente disse, parecendo um pouco mais leve.* - Acho que é hora de eu conversar com o Sebastian.
Sorri, sentindo-me aliviada por termos alcançado um ponto de entendimento. Anne e eu nos abraçamos, compartilhando um momento de cumplicidade. Eu sabia que as coisas ainda seriam complicadas, mas pelo menos havíamos dado o primeiro passo para uma possível reconciliação o que me deixava muito feliz.
- Estou aqui para o que precisares, Anne. *Eu disse com sinceridade.* - E sei que o Sebastian também estará. *Sorri carinhosamente*
Anne assentiu, com um sorriso tímido brincando em seus lábios.
- Obrigada, Lívia. *Ela murmurou, parecendo genuinamente grata.* - Por tudo.
Nos separamos do abraço, e eu sabia que havia muito trabalho pela frente. No entanto aquele momento eu queria fazer uma pergunta que se calhar Ominis já tinha falado com Anne, mas gostaria de reforçar isso. Eu tentei limpar uma lágrima que queria escapar.
- Bem, antes que comecemos a chorar feitas crianças. *Peguei numa de suas mãos enquanto a outra abanava a outra sobre meus olhos*
Eu a voltei a encarar de seguida.
- Anne minha querida amiga, acredito que o Ominis já tenha falado contigo sobre isto. *Tentei soar séria desta vez* - Mas eu e teu irmão iriamos amar te ter como nossa madrinha.
- Vocês os dois me apanharam complemente desprevenida.
Eu dei a minha melhor expressão de inocência na espectativa de tentar convencer, o que fez a garota olhar para o teto e de seguida para mim.
- Pelo menos vem, isso iria deixar ele muito feliz. *Murmurei na esperança de que pelo menos isso fosse realizado* - Por favor, Anne faz isso.
Anne bufou.
- É que ainda por cima, me apanhas um pouco desprevenida. *Ela repetiu*
- Hey! O Ominis falou contigo, vós, não tens justificação sobre isso. *Levantei a sobrancelha em julgamento*
Anne fez cara feia e, depois de um instante, fez um sorriso mais suave
- Fine, eu vou. Mas, só porque me apanhaste desprevenida, é claro.
- Claro. *Usei um tom brincalhão*
Meu sorriso se transformou em compaixão, até porque mesmo sendo um dia especial, nada me deixaria mais feliz se os dois pudessem resolver aquele momento que os anda a assombrar há meses, eu só espero estar a tomar a melhor decisão. Mas para eu conseguir curar a Anne também preciso que o Sebastian fique ao lado dela. E assim vou ter mais tempo de tentar aos poucos puxar o assunto com a professora Weasley. Eu realmente não queria usar os meus poderes, porque eu estaria a fazer o mesmo que a Isadora, e depois da minha promessa com os guardiões e o professor Fig, eu não me podia sujeitar a isso.
Notei que ela estava um pouco pensativa sobre o assunto, talvez sobre o que eu tinha acabado por falar, mas era a verdade eu sabia que ela sentia a falta de seu irmão, e acredito que essa seria a melhor prenda que o Sebastian poderia ter, a conciliação com sua irmã, a vi suspirar com uma pausa acompanhada de seguida antes de voltar a falar-me.
- O que disseste, faz um pouco de sentido.
Eu fiquei serena enquanto a encarava com um sorriso em meus lábios que demostrava minha gratidão.
- Você sabe o que, eu vou falar com o Sebastian. *Ela disse de forma serena, apesar de ainda ter dúvida em seu olhar.*
- Me conta *Perguntei na curiosidade*
- Quando eu falar com ele, te conto. *Ela reticente, mas depois deu um sorriso frágil.*
- Oook...
Naquele momento me senti meia iludida e por ela me ter deixado na curiosidade, mas tentei não lhe fazer mais perguntas sobre aquilo, possivelmente seria um assunto entre irmãos.
- Anne, *A fitei seriedade* - tens tomado a medicação, que o Ominis tem trazido? *Eu já era para lhe ter perguntado quando tinha chegado, mas isso me passou da cabeça*
- Sim, eu tomo, porque afinal, não quero morrer na minha própria casa por ter ignorado a minha doença, só porque não gosto que me digam o que fazer. *Ela revirou os olhos enquanto fazia uma careta de descontentamento*
Ao pensar que ela estava a falar aquilo de forma que parece ironia ou que eu e o seu namorado estivéssemos a puxar por algo que ela não queria fazer, me doía o coração, eu sabia que o Solomom tinha plantado coisas na cabeça de Anne, mas eu acreditava que ainda tinha esperança para a garota, então acabei expressando de forma preocupada.
- Ani, sabes que nós só queremos o teu bem, querida. *Tentei demostrar empatia mesmo estando preocupada*
- Lív, eu estava apenas a brincar. *Ela suspirou* - Mas eu sei, eu tenho andado a tomar eles.
Anne deu outro sorrisinho e depois pareceu-me ver um pouco de sua ansiosa, eu senti um pouco desconfortável com isso, então quis mudar um pouco o assunto.
- Bem, e que tal me ajudar a me arranjar? *Transmiti o meu melhor sorriso, enquanto colocava a bolsa que tinha trazido em cima da mesa*
Ao princípio a vi a ficar com uma expressão de deboche, a onde a dúvida reinava na sua face o que me fez franzir a testa enquanto me inclina para frente, eu estava um pouco ansiosa agora, até porque eu queria muito ajuda dela, no final Anne aceitou me ajudar, a expressão dela naqueles dias parecia um pouco melhor do que antes o que me deixava maravilhada, Anne era uma garota muito bonita a qual seu brilho tinha sido roubado por uma maldição de uma pessoa mal amada e desprezível, um lado de mim sabia que aquilo que aconteceu foi em minha defesa, mas a outra no final sentiu um alivio por se ter vingado por Anne e Sebastian. No entanto eu preferia pensar que tinha sido por um bem maior.
A Anne achou meu vestido simples, mesmo que isso não fizesse diferença a maneira que ela me fez o penteado o qual eu fiquei encantada. Era a minha vez de arranjar, foi difícil lhe ver algo em seu guarda-roupa, eu pedi a todos que tentassem vir simples, para não causar suspeitas, mesmo que o sítio a onde fosse acontecer seria num local reservado, meu irmão queria que eu e Sebastian assinássemos papeis, mas isso era uma coisa que estava fora de questão, eu tive que explicar aos dois, que isso era muito arriscado, então o gryffindor pediu pelo menos para que um oficial de casamento conhecido dele fizesse a realização com o juramento que nada do que acontecesse seria divulgado, já eu dei o beneficio da duvida, mas eu queria acreditar em meu irmão então aceitei, e admito que o Sebastian também teve um pouquinho de influencia disso.
Eu sentia como estivesse a realizar algo proibido, mas que ao mesmo tempo era tão excitante que fazia minhas mãos soarem de nervosismo e rezava para que ninguém descobrisse todos os dias.
Quando acabei de arranjar a ex sonserina, posso dizer que ela estava muito bonita também, tentei a deixar de uma forma que achei que ficava bem com ela, mesmo nos termos nos arranjado com um pouquinho de magia no meio para acelerar o processo, no final nos abraçamos e eu tentei pedir algo a ela que a deixou um pouco repreensiva, mas era isso que eu desejava e pedi com carinho, e mesmo não entendendo ela aceitou.
Blake e Ominis estava no lado de fora à nossa espera, meu irmão estava com cara de tacho me fazendo rir por dizer que estávamos atrasadas, e o caso é que realmente com a conversa e a diversão enquanto nos arranjávamos nem notamos o tempo a passar. Anne era muito divertida, mesmo quando falava das aventuras que ela tinha nos tempos que era saudável e fazia traquinagens. Sebastian não mentia quando dizia que ela era a pior dos 3, mas ela era simplesmente uma garota que gostava de se expressão da sua maneira.
[Sebastian]
Eu não podia acreditar ainda no que meus olhos estavam a ver, creio que minha boca estava semiaberta do meu espanto por ver minha irmã ali, eu podia ver que ela ainda guardava magoa dentro dela, mas sua beleza natural me fez lembrar do tempo que sua saúde era boa. Mas uma pergunta que não parava no ar porque ela estaria ali?
- Anne, tu vieste?
- Se estou aqui é porque vi. *Ela respondeu um pouco com sete pedras na mão*
Eu senti-me mal, sabia que ela possivelmente ainda estava magoada comigo, na verdade eu sentia, contudo não a podia discriminar, eu não sabia como reagir aquela situação atual, eu só sentia o peso da vergonha, ouviu-se um suspiro de sua parte quando abaixei a cabeça.
- Sim, eu vem, ainda estou magoada contigo Sebastian. *Ela confessou com uma voz mais suave*
O impacto das palavras de Anne foi como uma onda de choque que percorreu todo o meu ser. Eu sabia que ela estava magoada, mas ouvir isso diretamente dela trouxe uma sensação de pesar ainda maior. Ainda assim, sua presença ali era um alívio para mim, mesmo que viesse acompanhada de uma carga de dor e ressentimento pela morte de nosso tio.
- Eu entendo. *Minha voz saiu um pouco trêmula, carregada com a gravidade da situação.* - E eu sinto muito, Anne. Pelas escolhas que fiz, pelas consequências que trouxeram...
Anne ergueu o olhar para mim, e pude ver a mistura de emoções em seus olhos. Havia dor, sim, mas também havia compreensão e, talvez, uma ponta de perdão.
- Sebastian não tem ver com isso, é só que, *Ela suspirou* - Me custa, olhar apenas para ti e não pensar no que aconteceu. * Ela respondeu, sua voz suave.* - Mas possivelmente esta situação não deve estar a ser fácil para ti.
Eu sabia que não seria fácil para Anne me perdoar de um dia para a noite, mesmo me conhecendo eu tinha receio de cair naquela tentação, aparência da minha irmã parecia um pouco mais descontraída mesmo que ainda tivesse traços da doença a envolver. Eu assenti, mesmo que nós não pudéssemos apagar o peso do que aconteceu. A lembrança daquele terrível dia ainda assombrava meus sonhos, me atormentando com seus horrores.
- Eu só queria que as coisas pudessem ser diferentes. *Murmurei, sentindo a dor da perda e da culpa pesando em meu coração.*
Anne suspirou, como se compartilhasse do mesmo desejo. Ela se aproximou e colocou uma mão gentil em meu ombro.
- Eu também, Sebastian. *Ela disse com sinceridade.* - Mas o passado não pode ser mudado. Tudo o que podemos fazer é aprender com ele e seguir em frente.
Seus olhos encontraram os meus, e por um momento, vi uma chama de esperança brilhando em seu olhar. Era uma lembrança de que, apesar de tudo, ainda havia um futuro à nossa frente. Mas a maneira dela falar parecia muito com Lívia.
- Foi a Lívia que te convenceu a vir?
Vi Anne a ficar calada por uns estantes o que podia confirmar a minha suspeita.
- Não, o Ominis é que é muito chato. *Ela apontou para nosso amigo que fez uma careta como não estivesse a entender*
- Mas o que... *Respondeu o loiro*
Quando o garoto ia para falar mais alguma coisa minha irmã falou em cima dele.
- Vamos tentar fazer o melhor que pudermos, juntos. *Disse Anne, sua voz firme e determinada.*
Eu achei estranho a mudança o que me fez piscar os olhos algumas vezes, porém acabei por assentir, sentindo um leve alívio se infiltrar em meu coração. Talvez, com o tempo, pudéssemos encontrar uma solução para tudo ou até mesmo as feridas do passado e construir um futuro mais brilhante juntos. Eu olhei para a forma que ela estava vestida, mesmo com sua aparência um pouco pálida e suas sardas um pouco mais invisíveis, ela estava muito bonita naquele vestido castanho, realçava seus olhos.
Ominis pigarreou, o que fez nossa atenção se dirigir a ele.
- Bom, acho que deveríamos de nos colocar em nossos lugares. *Ominis interrompeu o momento, trazendo-nos de volta à realidade.* - A noiva também já chegou. *Ele falou com um sorriso malicioso*
Por um instante, senti um leve rubor em minhas bochechas, questionando-me se os dois teriam estado com a lufana.
- Vocês já a viram? *Perguntei com um pouco de curiosidade*
Anne olhou para Ominis, que tentava entender em que direção eles estavam, com a varinha em sua mão para o guiar. Naquele momento, achei estranha a maneira como ela olhava para o nosso amigo, contudo ela mudou sua expressão e ficou igual ao garoto. Ela então assentiu, como se estivesse confirmando internamente algo que apenas ela entendia. Uma troca de olhares entre eles pareceu transmitir uma mensagem silenciosa, algo que me deixou um pouco intrigado. Contudo, antes que pudesse ponderar mais sobre aquilo Anne falou:
- Mas vais ter que esperar para ver. *disse ela com um sorriso convincente*
Estreitei os lábios, mas estava um pouco mais descansado por a lufana estar já lá, tentei ver em todo o lado se a encontrava naquele espaço esquecido pelo mundo bruxo, a brisa da noite lá fora naquela gruta iluminada por velas as quais Adelaide tinha configurado deixava o ambiente mais classico e elegante pelos efeitos que as meninas mesmo não sabendo de muitos detalhes além claro de Poppy que tinha muito mais conhecimento sobre as razões e da existência de Blake neste casamento.
Nós fomos para nossos lugares eu ainda perguntei à minha irmã se o Ominis lhe tinha perguntado sobre meu gosto por ela ser nossa madrinha, o qual a resposta foi um não direitinho, acho que ela ainda me estava a punir, eu não a podia julgar, seria uma luta a conquistar mesmo sabendo que ela estava também a tentar.
Adelaide acabou por ser a madrinha de Lívia, pela boa amizade que as duas tinham, me admirava como a garota loira desconhecia o passado de sua amiga, mas isto eram coisas que só diziam respeito a Lívia, eu queria acreditar nela. Mas eu temia também que algo mudasse entre nós, pois a posição de uma rainha ao meu ver seria muito mais vantajosa para a garota do que se casar com um simples bruxo que ainda estava a aprender a lidar com as consequências de seus atos.
Eu abanei a cabeça negativamente "Não eu não vou permitir que ela seja de outra pessoa, a Lívia é minha! Só minha!" Disse em pensamento para mim mesmo, eu sei que ela não vai deixar que aquilo aconteça especialmente agora, mesmo que nosso casamento fosse clandestino, guardado por Merlin e nossos amigos. Eu no futuro queria que ele se tornasse oficial em papel, por agora me teria que contentar pelo oficial de casamento que estava a arranjar o qual notei sua ansiedade também, o senhor era de meia-idade, mesmo nunca o ter visto antes, me fazia lembrar alguém.
Finalmente vi Blake vir ter com a gente, ele me cumprimentou e foi até ao oficial dizer algo no ouvido dele que eu não entendi muito bem para se dirigir a mim com um sorriso.
- Estou a ver o teu nervosismo ao longe. *Ele falou de forma a zombar da minha cara, me deixando lixado por seu comentário*
- Blake, me poupa, ok? *Revirei os olhos em descrença*
O garoto riu e me empurrou para que eu a encontrasse na entrada, ela estava simplesmente linda, seus cabelos ondulados estavam decorados com um laço atrás, mesmo vestido dela ser um pouco simples, ressaltava a beleza natural dela e realçava sua elegância. Seus olhos brilhavam com uma mistura de emoções, refletindo tanto a ansiedade quanto a felicidade que sentíamos naquele momento.
- Você está deslumbrante. *Murmurei, enquanto beijava sua mão tapada pela luva de renda, olhando-a nos olhos e sentindo meu coração acalmar um pouco diante de sua presença.*
Ela corou, mas sorriu, um sorriso terno que iluminou seu rosto e aqueceu meu coração.
- Fico feliz que tenhas gostado. *Ela confessou* E você está incrível também. *Respondeu com retribuição, sua voz suave e reconfortante. O que me levantou um pouco meu ego.*
Segurando sua mão, caminhamos juntos em direção ao local onde nosso casamento seria celebrado. Os olhares curiosos dos presentes nos acompanhavam, mas eu só tinha olhos para ela, para a mulher que escolhi amar e proteger pelo resto da minha vida.
Ao chegarmos ao altar improvisado na gruta iluminada, olhei para Blake e para os outros amigos que nos aguardavam lá. Eles sorriam, compartilhando nossa alegria e apoiando-nos nesse momento tão importante.
O oficial de casamento olhou para Lívia com uma expressão que eu não soube identificar me deixando um pouco intrigado até que começou a cerimônia, suas palavras preenchendo o ambiente com solenidade e significado. Lívia e eu trocamos votos, prometendo amar, honrar e cuidar um do outro, não importando os desafios que o futuro nos reservasse. Quando finalmente fomos declarados marido e mulher, senti uma onda de emoção me invadir. Segurei Lívia em meus braços, selando nosso compromisso com um beijo apaixonado.
Ao nosso redor, nossos amigos aplaudiam e comemoravam, Gareth e Blake assobiar de forma engraçada enquanto as meninas configuravam pétalas de flores caiam em nossas cabeças, achei o facto de Lívia estar tão corada e a esconder sua timidez em meu peito simplesmente fofa, o ambiente estava cheio de alegria e felicidade. Naquele momento, eu soube que não importava o que o destino reservava para nós, desde que estivéssemos juntos, poderíamos enfrentar qualquer desafio.
Um tempo depois fomos falar com as pessoas ao redor até que Anne pega no meu braço me pegado desprevenido eu a encarei desentendido, no entanto a garota me fez sinal com a cabeça para que eu a seguisse. Curioso assim o fiz, afastando-nos um pouco do restante dos convidados. Senti um leve arrepio de preocupação, questionando-me sobre o que ela queria conversar. Já num sítio isolado dos de mais, ela me entregou uma chave a qual eu conhecia muito bem. Olhei para Anne, ainda confuso e com boca semiaberta enquanto ela me encarava com um sorriso travesso nos lábios. A sobrancelha arqueada dela e o olhar provocador indicavam que ela estava até mesmo se divertindo com minha perplexidade.
- Sei, pode causar algumas nostalgias, mas pensei que para um fim de semana, seria bom para vocês os dois.
Voltei meu olhar para a chave em minha mão. Fiquei meio pensativo por uns tempos, pensando nas recordações que aquela casa me trazia, mesmo que nem todas fossem positivas, a verdade é que eu não saberia o que fazer depois de casar com a Lívia. Ir para antiga casa de meu tio possivelmente seria uma solução, contudo temia que a experiência não fosse tão agradável.
- Sebastian, *Anne respirou fundo* - A mim me custa também, no entanto eu fui lá antes de vir para aqui, aquilo estava cheio de pó... *Ela estava a tentar ser engraçada mesmo que houvesse um pouco de tristeza naquelas palavras* - Acho que é melhor que nada.
Fiquei olhando para a chave por um momento, e de seguida meu olhar se encontrou com o de Anne absorbendo o significado de suas palavras. Era um gesto gentil e, de certa forma, reconfortante, mesmo que a ideia de voltar à casa de meu tio trouxesse à tona uma mistura de lembranças dolorosas e nostálgicas.
- Obrigado, Anne. *Finalmente murmurei, dando-lhe um sorriso sincero.* - Agradeço por pensar nisso. Talvez seja uma boa ideia mesmo.
Guardando a chave no bolso, senti um peso se dissipar de meus ombros. A perspectiva de ter um lugar para onde ir depois do casamento, mesmo que temporário, era reconfortante. E sabia que, mesmo com as memórias difíceis que aquela casa trazia, também havia momentos felizes que compartilhei lá com meu tio, minha irmã e o Ominis mais tarde.
- Vou considerar isso. *Afirmei, olhando novamente para Anne com gratidão.* - E obrigado por verificar o lugar antes. Significa muito para mim.
Anne assentiu com um sorriso gentil, parecendo aliviada por eu ter aceitado a oferta. Era reconfortante saber que, apesar de nossas diferenças e dos desafios que enfrentamos, ainda podíamos contar um com o outro mesmo que a garota à minha frente ainda continuasse magoada comigo.
- Que estás aqui a fazer ainda, vai buscar a tua esposa! *Anne, começou a me enxotar com as mãos*
Eu comecei a rir com a forma que ela o fazia, ela parecia bem, pelo menos parecia, ou ela estaria a fingir para não me preocupar.
- Tu, ficas bem? *Perguntei, com uma certa preocupação*
- Sebastian, eu estou bem. *Ela revirou os olhos* - Vai logo! *Ela me repreendeu me empurrando*
Eu fiquei a olhar para ela em dúvida, mas me deixei ir mesmo estando preocupado com ela, eu acabei indo enquanto a via acenar para mim como uma forma de isentivo. Chegando ao local de novo encontrei Ominis encostado a uma parede a conversar com Gareth, enquanto os outros também falavam uns com os outros. Eu me cheguei perto de meu melhor amigo colocando a mão sobre seu ombro.
- Ominis, cuida da Anne por mim. *Lhe pedi com simpatia e um pouco de preocupação*
O vi a soar um sorriso compreensivo.
- Descansa a Anne fica em boas mãos.
- Eu sei que ficará. *Murmurei retribuindo com uma voz animada*
- Hoje vai ter!
Eu olhei para o Weasley que sorria maliciosamente, sinceramente, hoje estava a levar com muito desses sorrisos, não era como eu e a Lívia já não tivéssemos feito. Mas pensando nisso, desta vez não ia ter influência de uma poção no meio.
- Tu és um idiota Weasley! *Respondi, comecei a rir de seguida*
- Eu concordo com o Weasley, aproveitem bem o tempo, um fim de semana passa rápido. *Ominis bateu em minhas costas me incentivando*
Eu suspirei com os olhos revirados, mas sorri juntamente com eles, eu olhei para Lívia que estava ao pé do oficial e Blake, ela estava a abraçar o senhor com os olhos em lágrimas o que eu até podia ficar preocupado se não fosse por emoção, no entanto me deixou intrigado e me fazendo pedir licença aos rapazes e me aproximar deles.
Eu passei meus braços à volta de seus ombros assim que a garota se tinha separado e limpava as lágrimas.
- Está, tudo bem por aqui? *Perguntei, a curiosidade era evidente*
- Sim, *Ela respondeu, sorrindo com ternura e um brilho nos olhos enquanto direcionava sua atenção para mim* - Eu estava a...
- Bem, meus jovens acho que vocês, tem um casamento para consumar. *O senhor interrompeu, e pegou a mão dela depositando um beijo suave na mão* - Eu preciso de me retirar. *Ele olhou para mim em forma de confronto* - Cuide bem desta jovem.
Eu sem entender, olhei para Blake que apenas nos observa com uma expressão de quem estava a gostar de ver a minha cara de confusão e ao mesmo tempo nos questionando ao nos fitar.
- Ele sabe que se falhar com a minha irmã, a coisa vai ficar preta para ele, neh menino Sallow? *Ele serrou os olhos*
Eu curvei os lábios meio aborrecido e sem paciência com as provocações ou julgamentos do irmão gémeo da minha girl, abanei a cabeça de seguida.
- Blake, eu te respondia a isso, mas não quero ser indelicado na frente da tua irmã.
- Vocês os dois podem parar com isso? *Ela olhou para o oficial e lhe devolveu o sorriso* - Foi muito bom o conhecer, creio que nos veremos mais vezes no futuro.
- Sim, nós nos veremos! *Ele prometeu*
Fiquei observando a interação entre Lívia, Blake e o oficial, tentando decifrar o significado por trás daquelas trocas de olhares e palavras. Parecia haver mais do que simples formalidades na despedida do oficial, e a maneira como ele olhava para Lívia deixava claro que algo estava acontecendo ali.
- Vocês estão bem? *Perguntei novamente, sentindo uma pitada de curiosidade misturada com preocupação depois que ele foi embora.*
Lívia assentiu com um sorriso reconfortante, mas seus olhos ainda brilhavam com emoção.
- Sim, estamos bem. *Ela assegurou, apertando minha mão com carinho.* - Apenas algumas emoções à flor da pele. Mas tudo está bem agora.
Blake, por outro lado, parecia mais interessado em provocar do que em responder à minha pergunta. Ele lançou um olhar desafiador, mas não pude deixar de notar a tensão em seus ombros.
- Vamos, Blake, não estrague o momento. *Lívia repreendeu-o levemente, mas com firmeza.* - Acho já te fiz a vontade!
- UE! Vós faleis como eu vos tivesse obrigado e não tivesses gostado de casar com ele? *Ele levantou a sobrancelha*
- Não é isso, tu entendes o que eu quis dizer.
Suspirei, eu sabia a onde ela queria chegar, o nosso casamento em caso de descoberta iria ter influência dos problemas que isso poderia causar à família dela.
- Lívia tem razão. Vamos aproveitar o momento. *Disse, tentando dissipar a tensão.*
Pegando na mão de Lívia, dei-lhe um olhar reconfortante antes de nos despedirmos dos outros presentes. Era hora de nos concentrarmos no que realmente importava: Nós dois!
Autor(a): CatFlower
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[Blake] Me recostei sobre a parede fria daquela gruta, observando as pessoas ao meu redor em diálogos dispersos. Depois que minha irmã se foi com Sallow, senti a necessidade de ficar um pouco sozinho, mergulhado em meus próprios pensamentos. Por dentro, uma mistura de sentimentos tumultuava minha mente, e eu me questionava se realmente fiz a coisa certa ...
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