Fanfics Brasil - Capítulo XXV Duas Faces de Mim

Fanfic: Duas Faces de Mim | Tema: Harry Potter, Hogwarts Legacy


Capítulo: Capítulo XXV

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[Sebastian] 


Eu estava furioso com o que ela tinha feito, sentia o sangue ferver em minhas veias, a raiva me cegava. Aquela podia ter sido a única oportunidade de mostrar à Anne que nosso tio era um monstro, mas a Lívia tinha que estragar a única prova que eu tinha para isso. 


Eu sabia que meu comportamento impulsivo frequentemente causava mais mal do que bem, mas não conseguia me controlar, especialmente o acontecimento naquela gruta que me assombrava até aos dias de hoje. Contanto, neste momento a única coisa que conseguia pensar era o facto daquele homem ter matado meus pais e do facto de a Lívia ter queimado a carta. 


Não fazia sentido na minha cabeça e só me irritava, atirava pedras no lago perto de casa, tentando me acalmar, mas não era fácil, me sentindo tenso e revoltado. Eu tremia em todo o lado e cada célula de meu corpo. 


“Aquele homem!” Pensei comigo mesmo mandando uma das perdas com mais força e quase que ela chegava no outro lado do lago de forma certeira. Eu respirei fundo, precisava de voltar para aquela casa e falar com ela para tentamos arranjar uma solução para aquele problema, já que a mesma destruiu a carta. 


Passei as mãos no rosto e comecei a caminhar, quando cheguei à casa respirei de novo, mesmo que minha cabeça estivesse um caco. 


-Lívia? *Chamei por ela, mas a única coisa que encontrei foi uma casa vazia* 


Eu entrei de vez, eu não acreditava que ela foi embora, olhei para a mesa que estava posta com o pequeno-almoço junto a um envelope o qual peguei de seguida e comecei a ler. 


“Querido Sebastian, 


Eu sinto muito por tudo o que aconteceu, eu juro que minhas intenções foram as melhores. Mas eu agi sem pensar, e é algo de que me arrependo profundamente. Tenho certeza de que a Anne, eventualmente, entenderá a situação se tu conversares com ela de maneira calma e transparente sobre o assunto. 


Entendo que tu estejas magoado, o que me faz sentir miserável por não ter considerado todas as possibilidades e por ter sido egoísta, pensando apenas que estaria fazendo algo positivo para você, sem avaliar as consequências adequadamente. 


Compreendo se tu preferires não falar comigo agora ou até mesmo se decidires te afastar. Acho que acabei causando mais confusão do que ajudando. Deixei algo para comeres, espero que gostes. Por favor, tenta te cuidar e não tomes nenhuma decisão precipitada. 


Saiba que estarei sempre aqui para te apoiar e ajudar no que for necessário. Peço desculpas mais uma vez pelo meu erro. 


Eu amo-te.  


Assinado: Lívia” 


Eu olhei para a mesa. 


-Fodasse, Lívia! *Resmunguei para mim mesmo* - Ela agiu sem pensar e depois fugiu. 


Suspirei, sentindo o aroma do bolo de nós e do chá de camomila. Estava revoltado por ela ter ido embora deixando apenas uma carta. Ela podia ter esperado. Podíamos ter conversado e encontrado uma solução. 


Sem apetite, mas vencido pelo cheiro, provei o bolo e o chá. O gosto era maravilhoso. "Aquela garota tem um talento nato com aquelas mãos pequenas", pensei. 


Os dias passaram lentamente. Minha vontade de tentar falar com ela era grande, contudo me sentia dominado pelo meu ego que me impedia que o fizesse, muitas vezes a ignorei ou até mesmo desisti de mandar uma simples carta.   


Cheguei a reparar que nas aulas ela parecia mais distante que nunca, muitos professores a questionavam.  Também a cheguei a ver algumas vezes com a professora Weasley. Ignorá-la também me estava a magoar, mas não sabia por que estava agindo assim, geralmente eu ficaria alguns dias sem comunicar-me com a pessoa, mas voltaria. 


Ela errou, mas suas intenções eram boas. Será que eu teria feito diferente em seu lugar? Ominis, sempre sensato, sugeriu que eu falasse com Lívia, mesmo achando que as ações de Lívia não foram as mais corretas. Mesmo Blake, que sempre a defendia, parecia achar que devíamos conversar. 


Tentei falar com minha irmã sobre o ocorrido, mas ela me criticava e ameaçava se afastar de vez se eu continuasse a falar sobre nosso tio. 


Eu já não sabia o que fazer. Só queria que Anne entendesse de uma vez por todas o canalha que aquele homem era. 


Sete semanas se passaram desde então. Não queria admitir o quanto sentia falta de Lívia. Geralmente, fico muito revoltado quando as coisas não me agradam, mas na busca pela relíquia, naquela altura precisava dela. Num momento como este era completamente diferente, eu não tinha um motivo para a procurar.  


Mesmo sabendo que a lufana era minha esposa agora, além de eu estar perdidamente apaixonado por ela. Mas ela fez aquilo, e eu perdi a cabeça. Me faltava coragem para falar com ela, essa era a verdade sem desculpas. 


Estava inquieto. Queria falar com ela de novo, mas ainda estava chateado. Meus pensamentos me levavam ao extremo, e quando dei por mim, estava no jardim vazio do colégio. Olhei para meu relógio que indicava 11h da manhã e o guardei de novo. 


Com a mão proteger-me dos raios solares daquele céu iluminado, tentava encontrar calma, até ouvir uns grunhidos do outro lado do jardim. Aproximando-me, notei uma silhueta familiar. Era ela, com uma expressão serena que me fez questionar tudo. “Como ela conseguia ser tão bonita mesmo dormindo?” me perguntei. 


Não resisti à tentação de observá-la por um momento. Sentei-me ao seu lado. Seu braço estava levemente levantado na grama e o outro sobre a barriga. Sua expressão transmitia paz, mas também tristeza e ouvi meu nome a sair de seus lábios me fazendo esboçar um sorriso satisfeito. Contudo desapareceu em preocupação e inconscientemente, toquei seu rosto, acariciando com os dedos até meu polegar chegar a seus lábios. Não resisti e a beijei. 


Quando me afastei, vi Lívia começar a se mover levemente. Levantei-me e me escondi atrás de uma árvore próxima, observando-a em seu despertar lento. Ela se sentou, esfregando os olhos e parecendo um pouco confusa, como se tentasse entender o que tinha acontecido ou a onde estaria. Seu olhar percorreu o jardim, mas felizmente ela não me viu. 


Afastei-me lentamente, não querendo ser descoberto. Precisava de mais tempo para organizar meus pensamentos e encontrar a coragem de falar com ela. Minha mente estava um turbilhão de emoções conflitantes - amor, raiva, arrependimento e esperança. 


Saí do castelo para espairecer, mas meus pensamentos não paravam de me atacar, e minha ansiedade quase me dominava. “Porque estou a agir assim?” pensei para comigo mesmo, suspirando de agonia. 


Até que uma borboleta azul e branca pousou em um muro, fazendo-me parar por um momento para estudá-la. Me perguntei qual foi a última vez que estudei algo. Andava tão perdido nas coisas da minha irmã e nos últimos acontecimentos que mal tive tempo de pensar em mim por um momento. 


Olhei com mais atenção entendendo que ela tinha algumas manchas douradas, possivelmente era uma borboleta rara de tão bela que era, precisava voltar a manter meu foco nos estudos e pesquisar mais livros de exploração. 


A borboleta alçou voo novamente, e eu a observei até desaparecer no horizonte. O que não notei é que meu caminho me levou à Floresta Proibida, um lugar que muitos estudantes evitavam. As árvores densas e a penumbra constante criavam uma atmosfera sinistra, mas eu não me importava. Talvez, no fundo, procurasse um desafio ou uma distração. 


Eu precisava de encontrar o caminho de volta, os sons da floresta eram abafados e misteriosos. O meu caminho me guiou para uma zona estreita enquanto eu tentava limpar a minha mente. Foi então que ouvi um som que me fez parar imediatamente. Um simples rosnado baixo e ameaçador surgiu à minha frente, escondido entre as sombras daquela vasta floresta, esta ameaça era um Trasgo das montanhas, enorme e furioso, aparentemente irritado pela minha presença. 


Minhas mãos instintivamente foram para minha varinha. Uma adrenalina familiar começou a pulsar em minhas veias, misturada com uma excitação quase visceral. 


- Boa, era exatamente isso que eu precisava. *Murmurei com um sorriso desafiador surgindo em meus lábios.* - Então, como vai a vista aí em cima? *Provoquei, colocando a mão sobre a testa para fingir que estava avaliando o tamanho da criatura.* 


O Trasgo avançou com um rugido gutural, sua clava gigantesca balançando ameaçadoramente. Eu levantei a varinha. 


- Protego! *Gritei, conjurando um feitiço de escudo que absorveu o impacto inicial.* 


A força do golpe fez o chão tremer sob meus pés, mas consegui manter meu equilíbrio. A excitação e o temor se misturavam dentro de mim, criando uma corrente elétrica que me mantinha alerta. Rolei para o lado, evitando a clava que desceu novamente com força brutal, sentindo o ar deslocado pelo impacto. 


“Concentra-te, Sebastian,” pensei. “Isso não é apenas um treino, essa criatura pode realmente te matar.” 


Conjurei um feitiço de ataque, lançando um jato de luz azul que atingiu o Trasgo no peito, forçando-o a recuar alguns passos. A floresta estreita dificultava minha mobilidade, mas eu precisava usar o ambiente a meu favor. 


- É só isso que você tem? *Provoquei novamente, minha voz carregada de uma confiança que mal disfarçava minha crescente ansiedade.* - Pensei que vocês, Trasgos, fossem mais perigosos. 


O Trasgo gritou em resposta, balançando sua clava novamente. Me esquivei, sentindo a clava passar perigosamente perto. Respirei fundo, o coração martelando no peito. 


- Vamos lá, grandalhão. Mostre-me do que você é feito! *Continuei provocando, tentando manter a criatura focada em mim.* 


Cada feitiço que lançava parecia apenas irritar mais a criatura. As árvores ao nosso redor explodiam em fragmentos de madeira quando a clava as atingia, criando um cenário caótico. Minha mente corria, procurando uma maneira de vencer e sobreviver desta situação. 


“Tenho que me concentrar, tu és inteligente, simplesmente só precisas de usar o que aprendes-te” pensei. “Não posso simplesmente confiar na força bruta.” 


Eu podia usar um único feitiço e acabar com aquilo de uma vez, mas assim não teria a mesma graça. Merlin sabia o quanto eu ansiava por adrenalina em cada célula do meu sangue. Comecei a usar feitiços mais estratégicos, criando barreiras de pedra e raízes para tentar prender o Trasgo, dando-me tempo para lançar ataques mais precisos. Cada movimento era calculado, a adrenalina agora transformada em um foco aguçado. 


- Petrificus Totalus! *Gritei, tentando imobilizar a criatura. O feitiço atingiu o Trasgo, fazendo-o cambalear, mas não foi suficiente para derrubá-lo.* 


- Vais precisar de mais do que isso para me derrubar, monstro feio! *Rosnei, mantendo minha varinha firme.* 


O Trasgo, agora ainda mais enfurecido, levantou a clava para um golpe final. Por um momento, tudo pareceu desacelerar. Meus pensamentos se voltaram para Anne, para Lívia, e para a promessa de proteger aqueles que amava. Não podia falhar aqui. 


- Confringo! *Lancei o feitiço com toda a força, mirando na clava. A explosão fez a arma do Trasgo voar em pedaços, deixando a criatura momentaneamente desorientada.* 


Aproveitei a abertura, lançando um feitiço final que atingiu o Trasgo na cabeça. A criatura desabou com um rugido final, caindo pesadamente no chão. Eu fiquei ali, ofegante, a varinha ainda erguida, esperando para ver se o Trasgo se levantaria novamente. 


Quando a certeza da vitória finalmente me alcançou, relaxei um pouco. As emoções finalmente me dominaram, uma mistura de alívio e exaustão. O confronto tinha sido intenso, e meu corpo inteiro tremia com a descarga de adrenalina. 


Enquanto recuperava o fôlego, percebi o quão perto tinha chegado da morte. Este era um lembrete cruel de quão perigoso e imprevisível o mundo mágico podia ser. Mas também me deu uma nova determinação. Precisava voltar, resolver minhas pendências com Lívia.  


Com um último olhar para o corpo inerte do Trasgo, procurei meu relógio nos bolsos, porém não o encontrei. Olhei à volta, procurando algum vestígio do objeto até o encontrar junto a uma árvore destruída. O que me deixou alerta foi a luz vermelha da sua ponta, que estava acesa, alertando-me de que a Lufana poderia estar em perigo. 


- Não, não agora. *Murmurei, pegando o relógio com pressa. Observei a luz vermelha com preocupação, notando que o relógio parecia ter congelado nos minutos que marcava. A ansiedade voltou a crescer dentro de mim enquanto tentava entender o que estava acontecendo.* - Lívia! *Exclamei* 


A luz vermelha piscou mais algumas vezes antes de apagar-se completamente. Respirei fundo, tentando controlar o pânico. O relógio voltou a funcionar normalmente, mas a sensação de que algo estava errado permanecia. 


“Ela está em perigo? O que isso significa?” Pensei, sentindo uma onda de desespero. Precisava encontrar Lívia, certificar-me de que ela estava bem. A ideia de perdê-la, especialmente depois de tudo o que aconteceu, era insuportável. 


Com determinação renovada, comecei a correr de volta para Hogwarts, precisava de ver se estava tudo bem. Cada passo ecoava com a urgência que sentia, minha mente fervilhando com cenários de perigo e preocupação. Assim que cheguei ao castelo, meus olhos vasculharam freneticamente o saguão de entrada, buscando qualquer sinal de Lívia. 


Comecei a percorrer os corredores, meu coração batendo forte enquanto chamava seu nome. A biblioteca, tentei perguntar a alguns alunos que saiam da sala comunal de Hufflepuff, mas a resposta que recebia era negativa, também fui ao Grande Salão, todos os lugares onde ela poderia estar, mas sem sucesso. A frustração e o medo cresciam a cada momento. 


Foi então que, ao virar um corredor, avistei Poppy, caminhando tranquilamente. Uma onda de alívio misturada com ansiedade percorreu meu corpo. 


- Poppy, graças a Merlin que te encontro.  *Eu disse, ofegante, com uma mistura de alívio e ansiedade.* 


Poppy se virou, seus olhos grandes e curiosos fixando-se em mim com uma mistura de surpresa e preocupação. 


- Sebastian, o que aconteceu-te? *Perguntou ela, sua voz suave e preocupada.* - Pareces exausto. 


Respirei fundo, tentando acalmar meus nervos antes de responder. 


-Viste a Lívia, eu...*Minha respiração estava frenética pelo cansaço* 


- Senhor Sallow não corra pelos corredores! *A voz do zelador da escola surge em repreendecão* 


- Minhas desculpas, senhor Moon. *Falei um pouco desconcertado* 


- Desculpas aceitas, mas da próxima vez, lembre-se das regras. Não tolerarei comportamento imprudente, mesmo em situações urgentes. *A voz de Moon era severa, mas havia uma ponta de compreensão em seu olhar, mesmo sem entender a razão.* 


Ele seguiu o caminho dele para continuar sua ronda pelo castelo. Voltei-me para Poppy, que agora me observava com uma expressão de compreensão. 


- Sebastian, não podemos falar aqui. *Disse ela em um tom baixo e urgente.* - Vamos para um lugar mais tranquilo. 


Ela me guiou até um canto mais reservado do corredor, longe de olhares curiosos. Uma vez lá, ela olhou ao redor para se certificar de que ninguém nos ouvia antes de continuar. 


- Lívia está com Blake. *Disse Poppy, seus olhos fixos nos meus.* 


Arqueia a sobrancelha em questionamento. 


-Eles foram em uma missão. *Explicou Poppy, sua voz suave, mas firme. Ela fez uma pausa, avaliando minha reação, e continuou com um tom tranquilizador.* - Eles estão bem, então não te preocupes. 


Poppy falou com tranquilidade, mas suas palavras não conseguiram acalmar completamente a inquietação que eu sentia. A simples menção de que Lívia e Blake estavam em uma missão juntos foi o suficiente para aumentar minha ansiedade. Eu sabia o quão perigosas podiam ser essas expedições, especialmente considerando os perigos que haviam enfrentado no passado recente. 


-Missão... *Repeti sua resposta como um fantasma familiar* 


Aquilo me fez lembrar das velhas missões que Lívia teve que fazer sozinha, eu a acompanhei em algumas, tenho que admitir que a primeira vez eu a segui por curiosidade, mas tudo o que se passou naquela missão me deixou intrigado depois dela me ter falado tudo sobre a Isadora e o que ela poderia fazer. Também foi nessa altura que ela me prometeu tentar curar a Anne, no que eu até agora nunca vi nada. 


-E qual delas eram? *Perguntei com um pouco de curiosidade, tentando acalmar o conflito interno* 


- Castelo Rookwood? 


Meus olhos regalaram em descrença, só o nome Rookwood no momento me colocava um odio profundo. Aquele homem filho da puta! Eu todo o tempo pensei que tinham sido os duendes a colocar aquela maldita maldição na minha irmã. Mas afinal tinha sido aquele maldito. Eu já mais teria imaginado, malditos bruxos das trevas! 


Eu sabia que o Blake andava a fazer as mesmas missões que a Lívia, mas eu pensei que ele já tinha feito essa segunda missão. Até aos dias hoje me questionava sobre os Guardiões, e tinha curiosidade de conhecer. Eu abanei a cabeça me tentando focar naquele momento. 


-E sabes quando eles vão voltar? *E perguntei um pouco ansioso* 


- Eu não sei Sebastian, o Blake e a Lívia apenas disseram que iam juntos, mas não me falaram se voltariam juntos. Mas ela deve estar a chegar. 


- Espera me estás a dizer que ela só foi e depois voltaria sozinha. *Levantei a sobrancelha de novo* 


- Sim. *Ela estreitou os lábios, suspirando de seguida* - Sebastian, eu não me queria meter nos teus assuntos com a Lívia. Mas vocês precisam de se resolver, não faço ideia do que se passou e nem ela fala sobre. Mas vocês estão casados. 


- Eu sei, e por ser casado com ela é que estou preocupado. *Fechei os olhos e a voltei a encarar* - Não digas ao Blake que te perguntei sobre isto. 


- Porque não queres que eu fale com o Blake? *Ela levantou a sobrancelha me questionando* 


- Porque ele me anda a encher a cabeça estes dias, e sinto que não devo justificação a ele, apenas a Lívia. 


- hum, *Ela estreitou os lábios pensativa* - Sabes que ele não é idiota? 


- Não, só se faz às vezes... 


Ela ficou com cara de tacho o que me fez rir no meio do meu conflito interno. 


-Sebastian! 


- Ok, ok... Mas realmente tenho o pressentimento que algo não está bem. *Confessei* 


Poppy, no entanto, manteve uma expressão séria. Ela colocou a mão em meu ombro, seus olhos grandes e compreensivos fixos nos meus. 


- Sebastian, confia na Lívia. Ela é uma bruxa forte e capaz. E Blake não deixaria nada acontecer a ela. Sei que estás preocupado, mas vamos aguardar juntos. Assim que tiver notícias, eu te aviso imediatamente.  


Seus olhos brilhavam com sinceridade e cuidado, e senti uma pequena onda de calma me invadir. Embora a ansiedade ainda estivesse presente, eu sei que Poppy tinha razão, mas meu interior não parava de me alertar que algo não estava tão bem como ela falava. Mas o que me restava era esperar, talvez fosse só coisas da minha cabeça e a Poppy tivesse razão. 


-Quando a Lív chegar eu digo a ela para ir te encontrar. Nem que seja amanhã. *Ela estava a tentar me tranquilizar, ou pelo menos foi o que pensei* 


Por agora resolvi não insistir já que a lufana, afinal depois ela falaria com a Lívia, eu até poderia tentar resolver as coisas. 


-Ok, mas por favor me vai manter informado.  


- Vai tranquilo, eu tenho que ir tratar de umas coisas agora. *Ela falou como me tivesse a despachar* - Devias de ir para o dormitório daqui pouco é hora de ponto. 


- Poppy, fala com ela por mim. *Lhe pedi, já que elas eram colegas de quarto* 


- Sim. *Ela deu um sorriso simpático e confiável*  


Eu me despedi dela, e fui indo para a casa Slytherin, mas porque eu sentia aquela sensação que algo não estava bem? Não sei, talvez fosse a minha insegurança por que eu sentia aquela sensação de que algo não estava bem? Não sei, talvez fosse a minha insegurança por estar tão distante de Lívia nos últimos tempos. À medida que caminhava pelos corredores do castelo, os ecos dos meus passos pareciam amplificar a minha ansiedade. 


Ao chegar à entrada da sala comunal, pronunciei a senha e a porta se abriu suavemente. Entrei no salão, que estava repleto de colegas, mas nenhum deles parecia notar minha presença. Todos estavam ocupados com seus próprios assuntos. Cruzei o salão em direção a uma poltrona vazia perto da lareira, onde poderia tentar acalmar meus pensamentos. 


Sentei-me e fechei os olhos, tentando ordenar as ideias. A preocupação com Lívia, a sensação de que algo estava errado, a frustração por não conseguir resolver as coisas entre nós... tudo se misturava em um turbilhão de emoções. Precisava pensar claramente, mas estava difícil. 


Olhei para a estante de livros do outro lado, respirei fundo, talvez eu só precisasse de ler um pouco para esquecer esta sensação, pois possivelmente não se passava nada. Me voltei a levantar e analisei os livros com o dedo indicador para ver qual seria a minha vítima, encontrei um de literatura clássica e mistério.  Me voltei a sentar com o livro em mãos, analisando cada contesto do conteúdo, até ouvir passos em minha direção, meu olhar se levanto encontrando um Ominis a se segurando na ponta do outro sofá. 


-Posso? *Ele perguntou, já quase sentado* 


- Obvio! *Exclamei, colocando o livro de lado enquanto ele repousava a varinha em cima de suas pernas* 


- Alguma coisa te está a preocupar? Sinto a tua tensão ao longe. 


Suspirei, sabendo que não conseguiria esconder nada de Ominis. Ele sempre foi bom em perceber quando algo estava errado. Respirei fundo, olhando para as chamas à minha frente. 


- É a Lívia. *Confessei.* - Pelo o que entendi ela foi acompanhar o Blake em uma missão, e eu não consigo me livrar dessa sensação que algo não está bem depois do relógio me alertar que algo não estava bem. 


Ominis ficou em silêncio por uns segundos, assentiu lentamente de seguida. 


- Pelo que me disseste na última vez tinha sido por causa do gryffindor. *Ominis levou a mão ao queixo e ficou com uma expressão pensativa* - Mas isso ainda continua a apitar? 


Eu peguei no objeto em meu bolso, a luz apagada e os ponteiros a trabalhar perfeitamente. 


- Ele voltou ao normal depois daquele momento...  


- hum, entendo a tua preocupação. *Ele estava a olhar desta vez para a direção das chamas da lareira* - Mas a Lívia é capaz de se cuidar. *Ele fez uma pausa, escolhendo as palavras com cuidado.* - E quanto a vocês dois? Já resolveram as coisas? 


Olhei para Ominis, meu amigo de longa data, e sabia que ele estava genuinamente preocupado com esse facto. 


- Ainda não. *Admiti, a frustração evidente na minha voz.* - Tem sido difícil falar com ela. Parece que estamos cada vez mais distantes. 


- Tens que tentar, Sebastian. Vocês dois já passaram por muita coisa juntos. Não deixem que isso se perca, até porque sabes o que está em jogo. 


Assenti, sabendo que ele estava certo. Mas era difícil não sentir a frustração e a insegurança corroerem minha determinação. E eu tinha jurado fazer os possíveis para que aquele destino que ela tanto teme aconteça. 


- Eu sei, Ominis. Vou tentar, prometo. 


- E não vieste comer? Não tens fome? *Ominis estreitou os lábios* 


- Não, com esta ansiedade de hoje, meu apetite se foi. *Eu revirei os olhos e voltei meu olhar para a lareira* 


- Assim não vais conseguir resolver nada. *Ele exclamou, não muito satisfeito com a minha resposta* - tenta pegar pelo menos alguma coisa para enganar o estomago. Vais precisar de forças, tanto para enfrentar o que quer que esteja a acontecer quanto para resolver as coisas com a Lívia. *Concluiu em preocupação* 


Relutante, assenti. Ele estava certo, como sempre. Me levantei, decidido a pegar algo para comer, mesmo que fosse pouco. Antes de sair, olhei para Ominis, que me deu um leve aceno de aprovação. 


Na mesa do salão comunal, peguei uma sandes e uma maçã, tentando ignorar o nó no estômago. Sentei-me novamente perto da lareira, mordendo da sandes sem muito entusiasmo. Ominis se juntou a mim em silêncio, sua presença oferecendo um conforto tácito. 


Enquanto mastigava, comecei a pensar em como abordar Lívia quando ela voltasse. Precisávamos conversar, resolver nossas pendências. Se eu pudesse entender o que estava errado, talvez pudéssemos trabalhar juntos para corrigir. 


- Sebastian. *A voz de Ominis me tirou dos pensamentos.* - Vai dar tudo certo. Confia em ti mesmo e na Lívia. Vocês dois têm uma conexão forte. 


- Eu acho que vou caminhar um pouco. *Murmurei me levantando* 


- Mas vais sair agora? Está tarde. 


- Eu sei, mas preciso apanhar ar, pode ser que a encontre agora. *Eu estava ansioso, e ao mesmo tempo requieto* 


Ominis sentiu entendendo meu ponto, me despedi dele lhe agradecendo pelo o apoio genuíno, pelo caminho pensei em ir até ao local a onde estive com ela na última vez que nunca conciliamos, talvez a voltasse a encontrar. Quase lá ouvi uma voz desesperada a chamar por mim, meu senso de alerta se já estava um caos ouvindo aquele garoto a chamar por mim daquele jeito ainda me deixou pior. 


Com a sobrancelha ligeiramente levantada os encarei. 


- Blake, Poppy? O que aconteceu? Por que essa urgência? 


- Viste a minha irmã? *Ele perguntou de forma direta* 


Eu olhei para Poppy por uns segundos de forma discreta enquanto ele recuperava o folgo, a garota me deu um olhar que precisava falar sobre a minha preocupação de mais cedo, entendi que esta não tinha contado nada.  


-Não. Tu sabes que eu e ela... *Voltei meu olhar para ele, tentando explicar até ele me interromper* 


- Isso não me interessa para nada neste momento, viste a Lívia ou não, porra! *Falou com frustração* 


Eu acho que ele achou que eu estava a querer o provocar ou algo do género, eu estava para lhe responder quase no mesmo tom até ouvir a voz de Poppy. 


- Sebastian, aquela situação era valida, eu pensava que ela estava a vir porem até agora não à sinal da Lív.  


Puta que pariu! Eu sabia que algo não estava bem... Eu tentei falar com eles para entender melhor sobre a situação, e quando falaram que iriam eu não exitei em querer ir também, porém Blake estava muito tenso, mas o facto de ele estar a meter-se a onde não era chamado, me irritava ainda mais, era por isso que eu não queria que a Poppy não falasse nada com ele, de repente suas mãos agarram o colarinho da minha camisa. 


- Escuta aqui! Isso não é apenas sobre vocês dois! É sobre a segurança da Lívia, e ela é minha irmã! *O tom de sua voz se elevou um pouco*   


Eu sabia que não tinha nada a ver com a gente os dois, porém ele é que tinha começado com aquele assunto. Estava prestes a lhe dar um soco para ver se ele me deixava em paz, mas antes que o fizesse Poppy interveio com firmeza. 


- Chega, vocês dois! Não é hora para brigas pessoal. O que importa agora é encontrar a Lívia e garantir que ela esteja segura. Sebastian, estás disposto a ajudar ou não? *Poppy, vendo a tensão crescer entre nós.*  


Ele me largou e me empurrou, eu respirei fundo, para não fazer a loucura que estava prestes a fazer fechando os olhos e encontrando o olhar da lufana de seguida. 


- Sim, eu vou com vocês. Ela é minha esposa.  *Respondi, ajeitando a minha camisa* 


Ouvi ele a resmungar enquanto leva um raspanete da garota, depois ela pegou a varinha e mudou as minhas roupas e as dela para algo mais prático, quando estávamos prestes a partir perto do jardim ouvimos a voz do zelador o que nos fez escondemos no final quando se foi embora eu suspirei de alivio. 


- Sallow, *Blake me parou por uns momentos antes de continuamos no lado de fora* - Quando encontramos a Lív tentem falar e resolver as coisas, ela não tem andado bem, mesmo que ela parecesse, eu consigo pressentir os sentimentos da Lívia assim como tu os da Anne. *Ele estreitou os lábios*  


Eu abaixei a cabeça pensativo quase nem ouvi o que ele dizia a seguir, eu sabia que ele tinha razão, e já o queria fazer, iria falar depois de uns minutos até ouvir o assoviou de Poppy. Dois hipogrifos apareceram um negro e outro castanho, ela subiu num deles e olhou para nós. 


- Vocês vem? 


Sem pensar duas vezes eu fui para cima do animal tentando o soldar primeiro antes de subir, pois não queria me magoar, Blake ficou no lado de Poppy por não querer vir no mesmo espaço que eu. Na altura do campeonato nem ligava, só a queria encontrar. 


[4 meses depois] 


Meus olhos se abriram de leve, vendo o lindo céu limpo do amanhecer, estranhamente olhei para o meu lado direito encontrando com o olhar cristalino que fazia meu coração palpitar, seu sorriso enquanto me observa fazia o meu surgir em sua presença. Sua mão acariciou meu rosto em uma ternura sem igual. 


Seu cabelo estava atado numa trança e estávamos com nossos uniformes, e minha mão acariciou de volta o rosto dela. 


-Descansas-te bem? *Perguntou com uma voz carinhosa e gentil, colocando delicadamente uma mancha de meu cabelo para trás* 


- Foi boa a ideia de trazer uma manta. *Murmurei, minha voz ainda um pouco sonolenta.* - Obrigado por cuidares de mim. 


Ela Humedeceu os lábios, achando graça às minhas palavras sem perder o contacto em meus cabelos. 


-Eu disse-te que era uma boa ideia. *Ela me sorriu* 


Seus olhos meigos não perdiam o contato com os meus. O momento era tão íntimo e perfeito que quase me esquecia da tensão e dos problemas que pairavam sobre nós. Não existia nada. Estávamos ali, apenas nós dois, como se o mundo exterior não existisse. 


-Sabes, Lívvy. *Tentei encontrar as palavras certas* - Tenho pensado muito sobre nós. Sobre tudo o que passamos e sobre o que ainda precisamos resolver. *Eu me referia ao caso dela com o outro lá e ao facto de ela ter estado a ajudar a minha irmã* 


Ela assentiu, seus dedos ainda brincando suavemente com meu cabelo. 


Também tenho pensado muito, Sebastian. *Disse ela com suavidade.* Sei que temos nossas diferenças, mas Sebyy também sei que somos mais fortes juntos.  


Olhei naquele cristal brilhante, sentindo uma mistura de amor e determinação. 


-Eu não quero que nada nos separe. Quero que resolvamos tudo, juntos.  


- Eu também estou cansada, e só quero resolver tudo para finalmente poder desfrutar de tudo a teu lado. *Ela suspirou, e de seguida voltou a me olhar com aquele sorriso que me derretia* 


Me aproximei, colocando minha testa contra a dela, sentindo seu cheiro a lavanda e hortelã. 


-Eu amo-te, Lívia Rauscher. *Murmurei seu nome inteiro em um sopro profundo* - Mais do que tudo. 


Ela fechou os olhos por um momento, absorvendo minhas palavras. 


-E eu amo-te, Sebastian Sallow. *Ela suspirou de novo* 


Nossos lábios se uniram em um suave beijo, como se selássemos um pacto, interno e cheio de saudade. O calor do sol nascente começava a nos aquecer, e por um breve instante, tudo parecia estar no lugar. Assim que nos separamos daquele momento, ela me voltou a olhar. 


-Só tenho pena de uma única coisa... *Ela murmurou deprimida* 


Eu a olhei sem entender suas palavras, uma preocupação crescente se formando no meu peito. Sua expressão mudara de repente, uma sombra de tristeza obscurecendo seus olhos. 


-O que se passa, Lívvy? *Perguntei, e acariciei seu rosto suavemente.* 


Ela suspirou, seus olhos fixos nos meus expressando sua intensidade que fazia-me sentir cada palavra antes mesmo de serem ditas. 


-Gostava que as coisas não tivessem acabado como acabaram. Lamento não termos resolvido tudo antes. *Disse ela, sua voz quase num sussurro.* - L-lamento o tempo que perdemos, as palavras que não dissemos.  


Seus olhos iriam desabar em lágrimas de novo, me fazendo sentir meu coração apertar. Seus olhos brilhavam com uma mistura de tristeza, e eu sabia que ela estava certa. Tínhamos perdido muito tempo com desentendimentos e inseguranças. Mas não podia deixar que isso nos definisse. Eu respirei fundo, tentando acalmar o turbilhão de emoções dentro de mim. Acariciei o rosto de Lívia, limpando sua lágrima que ameaçava cair de forma delicada enquanto ela fechava os olhos se permitindo sentir o meu toque. 


-Lívvy escuta, o que passou, passou. *Coloque a outra mão em seu rosto e encostei mais uma vez minha cabeça na dela a olhando* - Vai ficar tudo bem. 


- N-não agora. *Ela me olhou de uma forma distante* 


- O que queres dizer com isso. *Eu estava a tentar entender o lado dela, seu drama me estava a incomodar por uns segundos* 


- Porque eu não estou aqui mais. *Seu olhar escureceu e seu rosto estava palido* 


Minha mente girava enquanto tentava processar suas palavras. Não estou aqui mais. Aquelas palavras ecoavam em minha cabeça como um feitiço lançado em câmara lenta. De repente, o cenário começou a se desvanecer. O sol brilhante do amanhecer deu lugar a uma escuridão crescente, e o rosto de Lívia começou a desaparecer. 


-Não! *Tentei segurá-la, mas minhas mãos passavam através dela como se fosse fumaça.* 


Acordei de repente, ofegante, sentindo meu coração bater descontroladamente no peito. O teto do meu dormitório de Slytherin era a primeira coisa que via, e percebi que tudo havia sido um sonho ou pior mais um dos vários pesadelos que eu tinha tido. “Eu não podia desabar em lágrimas de novo”, tentei mentalizar-me disso. Me virei da cama, olhando para objecto familiar em minha mesinha de cabeceira. 


Finalmente sentei-me na cama, esfregando os olhos, e tentando afastar a sensação de perda e frustração. Peguei no colar, uma sensação de saudade imensa me inundou. 4 meses se tinham passado desde tudo. Eu e o Blake assim como Poppy, a procuramos por todo o lado, até chegamos a um monte e encontramos apenas o colar com algumas gotas de sangue pendurado num galho que tinha nascido num monte. 


Me lembrei da correnteza forte e dos avisos de Poppy para não mergulhar naquele momento, mas Blake e eu não desistimos. A esperança de encontrar Lívia era o que nos movia, mas tudo o que encontramos foi aquele sinal de que algo terrível poderia ter acontecido. 


Desde então, os dias foram uma luta constante para mim. Os pesadelos vinham todas as noites, me assombrando com imagens de perda e desespero. A sensação de não poder fazer nada para ajudá-la me consumia por dentro. 


Ainda por cima descobri que a Lívia andava focada em curar a minha irmã através da professora Weasley o que estava a ter bons resultados no momento, e era menos uma coisa que me preocupava. Olhei para o colar em minhas mãos. Aquele objeto significava tanto para nós dois. Foi um presente dado em um momento especial, e agora era tudo o que eu tinha. 


De seguida eu o arrumei dentro na velha caixinha da minha mãe, e respirei fundo. 


-É só mais um dia Sebastian, hoje vais estar com a tua irmã. *Murmurei para mim mesmo, tentando acalmar meus fantasmas* 


Ao me levantar fui até ao meu guarda roupa tirando o uniforme para a aula, passei por alguns dos meus colegas que estavam a conviver e reparei Ominis que falava com Grace Pinch-Smedley e Imelda, ao mesmo tempo que jogavam xadrez fui me aproximando deles um pouco atordoado com o sonho anterior.  


Grace e Imelda se voltaram para Ominis, suas expressões mudando para uma mistura de respeito e frustração ao ver a habilidade dele em guiar o jogo. 


-É sempre impressionante ver como consegues jogar xadrez tão bem sem enxergar. *Grace comentou, admirada.* 


-A prática faz o mestre. *Respondeu Ominis com uma leve risada.* - E a capacidade de ouvir é uma habilidade que não devemos subestimar. 


- Bom dia pessoal. *Cumprimentei, tentando soar casual.* 


Eles olharam na minha direção enquanto me aproximava, Ominis fez um gesto de reconhecimento com a cabeça em comprimento com aquele sorriso subtil atual dele, estando claramente concentrado na partida de xadrez também. Por sua vez, as meninas cumprimentaram. 


Eu dei uma olhada de leve para Imelda que assim como Ominis nunca deixava seu foco a distrair. 


- Bom dia, Sebastian. *A loira disse com um sorriso gentil* - Parece que a Imelda está em vantagem de novo. 


-  Claro que estou, tudo tem que ter foco para mim. *Ela falou mandando um cavalo na direção que pretendia* 


Eu comecei a pensar sobre o dia que ela me pediu desculpas, reconhecendo que foi um pouco imatura de sua parte, eu sabia que seu plano era atingir Lívia, e a mesma disse que tinha sido por sempre nos ver juntos, mesmo que na época fosse só amizade. E que ela sabia sobre Leander ter sentimentos pela lufana. Mas não entendeu porque o gryffindor se mutilou. 


Também soube por Lívia que esta a tinha procurado com o mesmo argumento, eu ainda fiquei meio repreensivo na altura de estar a dar um voto de confiança na sonserina, mas Lívia me convenceu. 


- Sallow, já sabes alguma coisa da Rauscher? *Ela perguntou, me encarando* 


- Parece que alguém está a sentir falta. *Falou Ominis num tom sarcastico* 


Imelda corou de leve e olhou para o loiro expressando tédio. 


-Não é saudades, já faz 4 meses que ela desapareceu. *Tentando se justificar, Imelda olhou para mim* - Segundo o que disseram, ela desapareceu junto no monte da cascata, ela provavelmente caiu no riu e... 


- Nem te atrevas acabar isso, Reyes! *Exclamei, sentindo um calafrio pela minha espinha* 


- Sallow, estou a tentar especular, mas esperemos que eu esteja errada, faz 4 meses e ninguém encontrou o corpo dela. 


- xeque-mate! 


A voz de Grace fez com que prestássemos atenção, Ominis tinha ganhado e desta vez Imelda estava aborrecida. 


-Que?! *Ela falou incrédula* - Como é possível? Eu estava em vantagem! 


- Se te concentrasses nada disso acontecia. *falou Ominis, levantando-se, e foi na minha direção* - Sebastian, a esperança é a ultima a morrer. *Foram suas últimas palavras* 


Ele deve ter dito aquilo por perceber que eu começava a acreditar no que Imelda havia falado, mas ele parecia estranho, especialmente porque já fazia um mês que andava assim. Talvez fosse por estarmos de férias. 


Era a primeira vez que eu ficava em Hogwarts nessa época, e eu também andava preocupado com Anne, já que ela estava sozinha. Apesar de sempre me garantir que estava tomando cuidado e preferir que eu não estivesse em sua casa, eu havia perdido a garota que amava e minha própria irmã não queria que eu morasse com ela. 


- Vais ver a Anne em Hogsmeade? 


- Sim. *Respondi um pouco relutante, esfregando os olhos.* - Ominis, tens um segundo? *Perguntei.* 


Ele assentiu, e fomos andando até o Salão Principal. 


- Ominis, me diz, a Anne tem estado bem? *Tentei evitar o assunto anterior, então foquei em minha irmã.* 


- Não tens falado com ela? *Ominis arqueou a sobrancelha levemente.* 


Suspirei enquanto subíamos os degraus do corredor das escadas. 


- Sim, mas sabes como é a Anne. 


- Sim, eu sei. *Ele ficou um pouco pensativo.* - Mas posso te garantir que ela tem tentado se manter firme. Além disso, a autoestima que Solomon havia destruído está melhorando. *Sua mão alcançou meu ombro como forma de consolo.* - Sebastian, tua irmã é forte, não é um vidro que pode quebrar. 


- Eu sei, sabes como me preocupo desde tudo o que aconteceu. *Comecei a mover as mãos inconscientemente.* - Além disso, só tenho ela. 


- Hey! E eu não sou gente? 


- Claro, Ominis, eu te considero muito, mas ela é minha irmã. *Estreitei os lábios.* - É diferente. 


- Sebastian, vai ficar tudo bem. A professora Weasley tem ajudado muito. *O loiro tentou me encorajar, mas sua expressão mudou para algo mais sério.* - Não querendo tocar no assunto, mas já tocando, como andam as buscas com o Blake? 


E lá estava o assunto que eu queria evitar. E tentei não lhe confessar que também desconfiávamos que tinha dedo dos bruxos das trevas, cinzais ou o caralho que os foda, e estávamos secretamente à procura destes, chegamos a entrar dois ou três, mas eles nada nos dizerem mesmo nós os triturando. Respirei fundo. 


- Nada. Nessas férias, quase reviramos todas as florestas naquela zona, ou até onde a corrente nos levava. A Nerida tentou nos ajudar com as sereias, mas nada até agora. *Abaixei o olhar com frustração.* 


-A Nerida? *Ele levantou as sobrancelhas surpreso* - Mas ela não tinha ido para Londres? 


- Foi antes das férias. 


Acenando em compreensão Ominis suavizou sua expressão. 


- Acredito que esteja sendo difícil para vocês lidarem com essa situação. O que posso sugerir é que, com o retorno das aulas no próximo mês... *Ele parou para pensar antes de continuar.* 


- Como, Ominis? A Lívia desapareceu há quatro meses, e eu e o Blake mal sabemos o que fazer. Focar em outras coisas é admitir que ela... 


- Sebastian, acho que a Lívia gostaria que te concentrasses nos teus estudos e objetivos futuros, e não que desistisses. Acho que entendes onde quero chegar. *Ele usou um tom sério e direto.* 


- Sabes como sou, não posso ficar parado. *Respondi no mesmo tom.* 


Ominis apertou os lábios, considerando minhas palavras. Ele sabia como eu era teimoso e impetuoso, e como não deixaria essa situação descansar facilmente. Mas, ao mesmo tempo, eu sabia que ele estava tentando me ajudar a manter os pés no chão, a me concentrar no que ainda podia controlar. 


- Sebastian, entendo que te sintas assim. *Ominis disse, com a mão ainda repousando no meu ombro enquanto caminhávamos.* - Mas, às vezes, a melhor maneira de ajudar alguém que amamos é cuidar de nós mesmos primeiro. Se te perderes na busca, o que te sobrará quando ela finalmente voltar? 


- Quando ela voltar? *Repeti, franzindo o cenho, o tom da minha voz misturando dúvida e esperança.* - E se não...? 


- Não permitas que essa dúvida te consuma. *Ominis interrompeu, virando a cabeça na minha direção, com uma expressão firme e determinada.* 


- Ominis, é errado me dares esperanças? *Levantei a sobrancelha, e meu pé direito ganhou vida própria, movendo-se nervosamente.* 


- Apenas foca-te agora na tua irmã e no teu futuro, é o mais importante. 


Aquele pedido parecia um pouco egoísta da parte de Ominis, mas eu entendia que ele também estava preocupado comigo. Isso, porém, não tornava as coisas mais fáceis. A ideia de seguir em frente, mesmo que temporariamente, parecia uma traição. No entanto, parte de mim reconhecia que eu precisava manter um equilíbrio, para não me perder completamente na escuridão da incerteza. 


- Vou tentar, Ominis. *Respondi, com um suspiro resignado.* - Mas sabes que não vou desistir dela. 


- E nem estou a sugerir que o faças. *Ele replicou calmamente, dando-me um leve empurrão no ombro, numa tentativa de aliviar a tensão entre nós.* - Mas talvez possas encontrar um meio-termo. E hoje vais estar com a tua irmã, tenta relaxar. 


- Sim. *Assenti, tentando focar-me na tarefa à frente.* 


- Boa. Tenho certeza estando com ela vai te fazer bem. *Ominis comentou, sua expressão suavizando um pouco.* - Muitas vezes, o que precisamos é estar com quem gostamos para ajudar a clarear a mente. 


Eu não sabia se a visita a Anne realmente me traria a paz que Ominis sugeria, mas não tinha outra opção. Precisava tentar, por mim e por ela. Sabia que minha irmã tinha passado por muita coisa, e a última coisa que eu queria era acrescentar mais peso aos seus ombros. 


- Obrigado, Ominis. *Murmurei, genuinamente grato por sua amizade e apoio constantes.* 


Ele sorriu de leve, um raro brilho de tranquilidade atravessando sua expressão usualmente reservada. Era incrível como Ominis, apesar de tudo o que passou. Mas creio que foi justamente por ter enfrentado tanto que hoje é assim. 


- De nada. E, Sebastian, lembra-te: não estás sozinho nisso. *Ele disse, parando quando chegamos ao pé da escadaria que levava ao Salão Principal.* - Se precisares de qualquer coisa, estou aqui. 


- Obrigada. *Disse e assenti, sentindo um breve conforto em suas palavras, entretanto chegamos no salão principal.*



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Autor(a): CatFlower

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