Fanfics Brasil - O encontro O Escritor: Wizard - Resignificação

Fanfic: O Escritor: Wizard - Resignificação | Tema: Super Heróis, Harry Potter, Jogos, Livros, Animes, HQs


Capítulo: O encontro

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  O cheiro doce e inconfundível da tinta sendo liberada pela pequena Emilinhas, tornasse em um atrativo e inesperado presente de redenção aguardado por longa data pela apaixonada cobiçosa Úrsula Eros principal líder dos Encantadores, uma mulher de pele extremamente branca, cabelos bagunçados ruivos, possui em seu rosto um semblante atordoado, olhos em tom amêndoa, boca avantajada com grandes dentes desalinhados, sua voz é trêmula e disfluênte.


  Úrsula reconhece o aroma da tinta, assim que fareja com seu olfato sensível, percebendo também o cheiro do sangue de Henry. A ordem dos Encantadores a muito tempo deseja obter o controle das linhas que separam os diversos universos existentes, esse desejo tornou-se ainda mais real e possível, a partir das revelações feitas pela traidora Assistente de Documentação, antiga funcionária do Arquivo Universal.


  No momento o qual foi despertada de seu sono, Úrsula procura por seu companheiro em sua cama, encontrando apenas um vazio. Sem perder tempo, a líder dos encantados se apressa para procurar seu esposo Juliano que observa o universo sentado em uma das constelações do sistema onde habitam, Úrsula cavalga em seu cavalo percorrendo os possíveis locais onde poderia encontrá-lo.


  Ao avistar de longe Juliano que observa fixamente um determinado ponto do universo, como quem soubesse exatamente a direção que deveria seguir, Úrsula não o aborda de imediato, antes permanece por alguns minutos admirando a beleza de seu cônjuge. Juliano Eros, herdeiro legítimo e conselheiro da Ordem do Encantadores, um homem de pele morena, cabelos negros, expressão cativante, sorriso envolvente, extremamente paciente e sábios com as palavras, anseia pelo poder, dominação e controle dos portais que interligam os universos, desde a morte do seu pai Philipe Eros.



  Tempestuoso nome do cavalo pessoal da líder dos Encantadores ajoelha suas patas dianteiras, baixando parte do seu corpo robusto, para que Úrsula pudesse descer. Caminhando vagarosamente em direção do marido com seu andar manco e desajeitado, Úrsula estala duas vezes os seus dedos liberando seu cavalo alado para que o mesmo os deixassem a sós:


  -Fui acordada com o doce aroma de tinta liberado pela Emilinhas.


  -Eu também. – Apressei meus passos, correndo o mais veloz que consegui na intenção de subir o mais rápido possível na mais alta constelação, afim de farejar melhor a direção que cheiro poderia estar vindo.


  - Conseguiu identificar? - Questiona Úrsula passando a mão em seu pescoço na altura da garganta devido a dificuldade que possui para falar.


  - Não. – Quem utilizou a Emilinhas escreveu muito pouco.


  - Foi o menino. – O menino quem escreveu.


  - Tem certeza Úrsula?


  - Sim. – Emilinhas só liberaria a tinta especial se fosse manuseada por um legítimo Agostini.


  - Ele sobreviveu. – Isso explica o motivo pelo qual você não consegue desvendar os códigos que abrem as portas das linhas do tempo.


  Úrsula engole seco, movimentando seus olhos como quem não concorda com as palavras ditas pelo esposo, seus lábios realizam movimentos involuntários, provocados por pequenos tremores em sua cabeça que se inclina ora para esquerda, ora para direita em movimentos que ela não consegue controlar. Era difícil demais para Úrsula reconhecer que seu matrimônio não era tão feliz como ela desejava, devido o fato dela não conseguir cumprir dois importantes pontos estabelecidos no acordo nupcial:


  - Esse menino terá que escrever novamente, escrever algo mais longo para podermos fareja-lo.


  -Não será preciso, meu amor.


  - O que você quer dizer?


  - Ele se cortou. – Provavelmente o menino realizou algum movimento que deixou Emilinhas assustada e ela usando sua defesa, o machucou.


  - Sendo assim?


  - Sendo assim, eu consigo sentir o cheiro do sangue dele que se misturou na tinta. – Não será difícil encontrá-lo.


  - Ótimo! – Só precisamos que você use suas habilidades e nos guie na direção certa de onde esse Agostini se esconde.


  - Farei o meu melhor.


  - Seja rápida. – Temo que os bibliotecários já estejam pesquisando a classificação do corredor que servirá de trilha para os levarem até localização exata caneta. - Infelizmente eles dispõem de diversas vantagens.


  - Eu entendo perfeitamente sua preocupação.


 Úrsula fita os olhos do marido carinhosamente, enquanto ele acaricia seu rosto, dando lhe um beijo na testa. Juliano volta seu corpo em direção ao lugar que observava anteriormente, manifestando um sorriso timidamente maléfico. Úrsula estala seus dedos, arrumando a saia do seu longo vestido prata cintilante, instantes depois Tempestuoso surge cavalgando, liberando um imenso rastro brilhante de pó de estrelas:


  - Vamos para casa?


  - Ficarei mais um pouco. – Preciso organizar meus pensamentos minha linda esposa.


 Juliano auxilia Úrsula a montar em seu cavalo, devido uma grave sequela que possui em uma das suas pernas, resultado de um acidente sofridos alguns anos atrás, beijando sua mão que em seguida toma as rédeas do animal. Úrsula brada um forte grito que serve como um sinal de ordem para que Tempestuoso cavalgasse o mais rápido possível, abrindo suas asas por completo, mergulhando em um voo profundo numa nebulosa.


 Juliano retoma seu momento de solidão, chamando uma das estrelas, ordenando que a mesma o conduzisse pelo universo. Subindo em sua superfície, ele é transportado até a beira do local que observava por longo tempo. Como não possui o conhecimento necessário, os olhos do conselheiro só conseguiram avistar o escuro intenso do imenso sistema que habita.



....



 Lia e Clarice chegam na mais importante biblioteca do universo, local onde concentra todos os portais que dão acesso a todos o multiversos existente. Um onipotente prédio em formato octógono, dividido em diversos setores que salvaguardam os principais suportes de informações de todos os tempos. Os vitrais que reproduzem as mais belas obras produzidas por todos os pintores renomados, despertam o fascino daqueles que visitam o local. A cúpula de vidro localizada no alto do prédio, se estende pelos oito pontos do edifício, permitindo uma visão panorâmica em trezentos e sessenta graus, uma bela vista do universo e de todas as incontáveis linhas que se separam, mas que podem se juntar diante de qualquer descuido provocando um desastre no tempo com consequências muita das vezes irreversíveis.


 Enquanto caminham pelo salão principal da biblioteca, Lia reconhece o funcionário assistente do importante chefe do departamento de pesquisas:


 - Olá Joshua! – Recebi o recado do pesquisador Frederick Thomas, a respeito da localização da Emilinhas.


 Joshua movimenta sua cabeça de maneira cordeal, estendendo sua mão para cumprimentar a famosa bibliotecária Lia Letters e sua auxiliar de bibliotecas Clarice Teléfora:


  - Permita-me orientar as senhoras entre os corredores da biblioteca. – Se me permitir uma breve opinião, um dos nossos guerreiros poderá acompanhá-las até o destino final.


  - Como sempre solicito, senhor lanterna.


  - É um prazer servir ao Conselho Geral dos Bibliotecários. – Vamos por esse corredor.


  Joshua Brown um dos guerreiros que integra uma das diversas tropas dos lanternas espalhadas pelo universo, carrega consigo o espectro da força de vontade, sendo assim escolhido por seu líder para ser o representante da Tropa no Conselho Geral dos Bibliotecários.


  Joshua, Lia e Clarice seguem por um corredor estreito, com altas e largas estantes. Um gigantesco acervo que possui um exemplar de cada obra publicada de todos os universos existentes. Sendo de responsabilidade do Conselho Geral dos Bibliotecários, manter a ordem e guarda de todas as obras ali registradas. Cada livro, periódico, mapa, quadros ou qualquer tipo de suporte que contenha informação e o código de registro do Conselho, possui o acesso apropriado para os diversos mundos e universos. Toda comunicação é compartilhada entre os membros do Conselho Geral dos Bibliotecários, também conhecido por CGB e os outros membros que compõe o corpo de funcionários do local composto por um ou mais membros figurado em de cada publicação disponível no complexo acervo da onipotente Biblioteca Universal:


 - Chegamos.


 - Portal 474?


  - Esse é o portal que levará a senhora e sua auxiliar até o local onde Emilinhas foi localizada. – Permita-me um minuto, por favor.


 Joshua toma uma certa distância de Lia e Clarice. Aproximando-se para conversar com outro lanterna que parecia estar relutante com o pedido feito pelo colega da Tropa. Os sucessivos gestos e expressões irritadas fizeram com que Lia deixasse de ser apenas expectadora da cena e chegasse mais perto dos dois lanternas com a intenção de tomar conhecimento do assunto que causava tamanha irritação entre os guerreiros:


 - Com licença, senhores.


 - Senhora Lia.


  O segundo lanterna ao ver que a bibliotecária que seria conduzida por ele era Lia Letters, fica extremamente sem jeito e sem palavras. Apenas se desculpando e culpando Joshua por não falar de imediato quem seria a tal mulher que ele deveria acompanhar. Lia sorri educadamente, se desculpando também pela situação embaraçosa entre os lanternas. Imediatamente, o segundo lanterna cria um jatinho luxuoso com seu anel, para que as senhoras pudessem desfrutar de uma rápida e confortável viagem entre os universos.


  Joshua um exímio guerreiro gentil caminha com Lia e Clarice que se antecipa embarcando no magnífico avião. Antes que pudesse subir as escadas, Joshua toca no ombro de Lia, que volta sua atenção para ele:


 - Estarei vigiando a senhora durante sua visita ao menino.


 - Não se preocupe. – Assim como o anel não erra quando escolhe o representante que será digno de ser seu portador, Emilinhas jamais se confundiria em reconhecer um Agostini.


  - Perfeitamente! - Boa viagem, senhora.


  - Obrigada, meu amigo.


  Lia se despede do lanterna que possui corpo com traços humanos e cabeça de pássaro. Um amigo fiel que assim como outros funcionários da Biblioteca Central do Universo, protege os documentos e passagem que interligam as linhas do tempo.



....



  Henry permanece com uma leve dor na palma de sua mão. Observando a linha que ficou marcada com o corte, o estudante de medicina concluí a organização do seu material de estudos, arrumando seus livros e tablet em sua mochila. Buscando evitar que sua mãe ou irmã movidas pela a curiosidade em escrever com a caneta, acabassem se machucando, Henry decide guardar o objeto na gaveta da sua escrivaninha, onde era possível trancar e retirar chave para que ninguém conseguisse abrir.


  Após um dia com várias emoções o jovem finalmente se deita em sua cama. Henry se imagina usando a caneta para rubricar as receitas e prontuários médicos dos seus futuros pacientes. Uma forma de honrar a memória da sua mãe, mantendo-a próxima dele por um tempo maior, ainda que esse tempo fosse até a tinta da carga acabar.
Somente as luzes dos refletores espalhados nos prédios iluminam o quarto do futuro médico geriatra que observa os distantes pontos luminosos que brilham no céu, junto a luz do luar até adormecer.


  Sonhos confusos, feitiços, uma agitação em seu corpo, o suor que escorre em seu rosto, deixando seus cabelos e fronha do travesseiro molhados. Henry corre por um parque com jardins semelhante ao parque do Ibirapuera. O dia se torna noite num piscar de olhos. As árvores são cortadas ao meio, suas folhas arrancadas, as águas do lago se agitam com tamanha fúria formando uma espécie de cortina d’água, o vento forte quase impede o jovem de manter os olhos abertos. Um ser luminoso, de longos cabelos esvoaçantes perseguia o jovem Henry que protege parte do rosto com seu antebraço, para que pudesse enxergar minimamente mesmo com toda dificuldade. Percebendo que o ser caminhava em sua direção, Henry com o punho cerrado, estende seu braço em direção ao ser luminoso, proferindo um dos mais conhecidos juramentos: “No dia mais claro, na noite mais densa, nenhum mal escapará à minha presença, todo aquele que venera o mal há de penar, quando o poder do Lanterna Verde enfrentar”. O ser observando a luz que Henry direcionava para ele arreganha sua boca, demonstrando sua última tentativa de ataque, uma imensa boca que possuía estrelas e planetas em seu interior, um rápido e determinado movimento que tem como objetivo engolir o jovem estudante.


 Henry balança seu corpo, dando um leve salto em seu colchão. Ao abrir os olhos, Henry se depara com um par de olhos verdes o observando, notando em frente a janela a silhueta de uma mulher que está de costas para sua cama, olhando para lado de fora do seu quarto. No mesmo instante, ele deita, puxando o lençol para que pudesse cobrir o rosto:


 - Ele acordou e dormiu novamente, senhora Lia.


 - Ele está acordado. – Apenas assustado com o sonho e nossa presença.


  A respiração forte de Henry consequências do sonho que acabou de acordar, o fizeram imaginar que poderia estar escutando vozes:


  - Você consegue me ouvir? – Disse Clarice sussurrando com seu rosto colado no ouvido de Henry.


  O medo e o sentimento de estar ficando louco faz com que Henry acreditasse que ainda estivesse sonhando. Fazendo com que o jovem se lembrasse e começasse a pronunciar novamente o juramento citado em seu sonho: “No dia mais claro, na noite mais densa, nenhum.....”. Duas vozes femininas acompanham Henry em uníssono: “... nenhum mal escapará à minha presença, todo aquele que venera o mal há de penar, quando o poder do Lanterna Verde enfrentar”.
Clarice se espanta por constatar ser verdadeira as histórias que a fez escolher a Biblioteca Central do Universo para trabalhar.


  - Ele conhece o juramento. – Eu não acreditava que nossa Biblioteca realmente pudesse guardar todos os exemplares publicados no universo. – Disse Clarice abismada quase que pulando no colchão.


 Henry movimenta vagarosamente o lençol que desce por seus cabelos, testa, deixando seus olhos destampados. Olhando para o lado, a silhueta do corpo feminino está na mesma posição em frente a janela, direcionando seus olhos para o outro lado, Henry se depara com as costas da jovem de cabelos loiros medianos, que usa uma blusa longa que cobrem todo seu braço e parece usar um tipo de saia plissada.


 A jovem Clarice ao voltar seu pescoço para a direção de Henry, se assusta por vê-lo olhando para ela:


 - Você finalmente acordou?


 - Acho que ainda estou sonhando. – Respondeu Henry em voz baixa.


 - Não. – Você não está sonhando. – Disse Lia enquanto observa os prédios que formam o condomínio onde Henry reside.


 - Como vocês conseguiram entrar no meu quarto, na minha casa, no condomínio? – Ninguém consegue chegar aqui sem que seja anunciado pelo porteiro.


 - Sua estante desorganizada serviu de porta para entrarmos.


 - Como assim, desorganizada? - Que dizer que meus Mangás, HQs e todos os meus outros livros, trouxeram vocês duas até aqui. – Henry não consegue acreditar na situação que está vivendo. – Sinceramente, eu não estou entendendo nada.


 - Sente-se Henry. – Você verá que não está sonhando.


 Henry leva suas mãos até sua orelha, tampando seus ouvidos, Clarice continua olhando para o jovem que está imóvel deitado em sua cama. Lia caminha em direção ao rapaz sentando do seu lado. O jovem ainda com os ouvidos tampados, movimenta seus olhos em direção a Lia, observando sua pele marrom, seus olhos castanhos escuros, cabelos volumosos cacheados. Sua roupa lembra um vestido social com estampa geométrica nas cores preto com azul escuro e um estiloso blazer de cor preto.


 Lentamente Henry se ajeita na cama, impulsionando seu tronco para que pudesse se sentar, esticando seu braço para que acender o abajur que estava no criado mudo. A cama se torna um pouco estreita para os três, ainda sim, Clarice, Lia e Henry se olham, parecem estarem se entendendo ou ao menos tentando entender a situação:


  - Quer iniciar as perguntas? – Questionou Lia em tom de voz calmo e sereno.


 Henry esfrega seus olhos, coça a cabeça com movimentos rápidos, alisa o rosto, franzindo sua testa, suspirando fundo. Lia e Clarice observam com certas estranheza cada movimento feito pelo rapaz que um dia foi o pequeno bebê deixado no orfanato São Miguel:


 - Está sendo um pouco complicado, entender essa situação.


 – Sinceramente, eu acho que tudo isso é fruto da minha imaginação.


 - Não é imaginação. – Onde você colocou a Emilinhas?
- Emilinhas? – Disse Henry erguendo os ombros em sinal de dúvida.


 - A caneta que você herdou da sua mãe biológica. – Onde você a guardou?


  Um pequeno barulho se espalha no ar, vindo da direção da gaveta da escrivaninha. Clarice e Lia olham para o móvel, enquanto Henry se espanta com o som que acabara de escutar. Sem dar muita atenção para o barulho, Henry que estava curioso por saber mais da sua história, retoma a conversa com Lia:


 - Você conheceu a minha mãe?


 - Sim. – Onde você guardou a Emilinhas?


 - Então o nome da caneta é Emilinhas. – Sussurrou Henry enquanto leva uma das suas mãos na altura da boca, com os dedos levemente fechados.


 - Exatamente. – Sua mãe deu esse nome para ela, quando a recebeu de presente da sua avó ainda criança.


 - Eu passei anos esperando por algum tipo de resposta a respeito da minha mãe biológica e hoje fico sabendo até da minha avó.


  Emilinhas se debate inquieta dentro da gaveta, Lia sentindo a angústia da amiga de longa data, decide encurta o diálogo que estava tentando manter de maneira pacífica com o jovem estudante:


 - Henry, você pode por favor, retirar a Emilinhas de dentro da gaveta?


 - Mano! – Esse som que estamos escutando é da pequena caneta?


 - Henry, por favor!


 - Espero que essa caneta impaciente, não seja amaldiçoada. – Um comentário infeliz dito por Henry enquanto se levanta da cama. – Calma, caneta apressada.


 - Emilinhas não é uma maldição. – Assim como todo objeto, ela se comporta de acordo com os desejos que você carrega em seu coração.


  Henry volta seu olhar para Lia, demonstrando uma expressão pensativa. Enquanto retira a chave da gaveta de um dos bolsos da sua mochila, Lia prossegue com seu comentário explicativo:


 -Estive analisando algumas cédula do dinheiro que vocês utilizam aqui nesse sistema. – Pude perceber que existe de um lado um rosto e no outro lado alguma espécie de um animal.


 - Boa observação. – Complementa Henry cortando rapidamente a fala de Lia. – Esse rosto o qual você se refere é conhecido por Efígie da República, uma figura feminina que representa o Estado, podendo ser conhecida também como Marianne, que representa a liberdade da República Francesa.


 Clarice esboça um rápido sorriso, fazendo em seguida uma careta engraçada, levantando seus dois antebraços, enquanto ergue os dedos indicador e médio, gesticulando um sinal de paz. Lia olhar para Henry cerrando os olhos:


  - Obrigada pelas explicações históricas e culturais. – No entanto, eu apenas quero te explicar que assim como Emilinhas, o seu dinheiro possui apenas um rosto, uma intenção e essa intenção é regida pelo que você carrega em seu coração.


 - Você está querendo dizer que o dinheiro não age com falsidade com ninguém?


 - Sim. – Se seu coração tiver inclinação para o bem, você fará bom uso e proveito, mas se seu coração estiver inclinado para o mal, você usará para maldade e destruição.


 - Interessante. – Então, eu não posso dizer que fui corrompido pelo dinheiro.


 - Não. – Você apenas deixou aflorar o real desejo que cultiva em seu coração.


  As palavras de Lia fizeram com que Henry mais uma vez se lembrava do texto gravado na caixinha de mdf “Pois, onde estiver o seu tesouro, ali também estará o seu coração”. Henry destranca a gaveta abrindo-a delicadamente. Emilinhas salta do seu interior rodopiando, posicionando-se de pé em sua ponta fina, sobre a mesa. Lia se levanta, dando a volta na cama, caminhando em direção ao móvel, chamando por seu nome.


  Emilinhas escutando a voz de Lia, salta e se acomoda na altura dos seios da bibliotecária. Em seguida Emilinhas flutua em direção ao rosto da auxiliar, sendo então apresenta por Lia:


 - Essa é Clarice, minha auxiliar de biblioteca.


  Clarice, sorri para Emilinhas que paira sobre a mesa, buscando por algum pedaço de papel. Henry fica atônito diante de tudo que contemplava com tamanha admiração:


  - Não use sua carga desnecessariamente, Emilinhas. – Esqueceu-se que eu consigo interpretar seus movimentos?


 Emilinhas baila sua fina ponta pelo ar escrevendo:


“Senti sua falta, sinto falta da nossa casa, da nossa biblioteca, sinto falta da Evelyn”.


  Henry fica curioso para saber o que a caneta havia escrito. Lia explica que Emilinhas estava sentindo saudades de casa, do seu universo e da mãe dele. O rosto de Henry se fechou em uma expressão de tristeza. Lia percebeu que ainda não era o momento ideal de contar para Henry a respeito da sua verdadeira origem.


Clarice encontra caído no canto do quarto um pedaço de papel com um pequeno rabisco e manchas secas que lembram marcas de sangue, entregando-o nas mãos de Lia:


- Acredito que esse tenha sido o rabisco que Henry fez quando resolveu verificar se Emilinhas ainda possuía alguma carga.


- Sim, isso mesmo. – Eu até ia avisar para vocês duas não escreverem com a caneta, pois eu acho que ela está com alguma rachadura ou rebarba. – Explicou Henry olhando par a palma de sua mão. – Como podem ver, eu acabei me machucando.


- Você se machucou? – Questionou Lia, reparando que havia tinta e sangue misturados no papel.


  Clarice contrai os lábios um contra o outro, por notar a expressão preocupada que nasceu no rosto da bibliotecária, que caminha em direção a estantes verificando todos os títulos disponíveis. No mesmo instante, Emilinhas toca no ombro de Lia três vezes seguidas:


- Só um instante Emilinhas. – Lia encontra em um determinado HQ um personagem que poderia ajudá-la a dar fim no papel.


Com leves batidas na lombada do quadrinho, Lia chama com voz baixíssima:


- Alfred, Alfred Pennyworth.


Alguns segundos depois uma voz educada responde:


- Senhora Lia. – O que deseja?


- Seu patrão está em casa?


- Não senhora. – Patrão Wayne deve estar nesse momento, ou aproveitando a noite com uma bela mulher ou combatendo o crime pelas ruas de gotham city.


- Ótimo! – Preciso que você queime esse pedaço de papel por completo. – Seja discreto, não comente com seu patrão que eu te procurei.


- Serei discreto. – A senhora tem minha total fidelidade.
- Obrigada! – Até outro momento.


  Lia encosta o pequeno pedaço de papel na lombada, onde o mesmo é puxado para o interior do quadrinhos. Henry aproximasse da estante, esticando seu pescoço quase que beijando o HQ, em seguida desliza seu dedo sobre o papel sentindo apenas a textura lisa da folha.


- Era o Alfred? – O mordomo do Batman? – Disse Henry com voz sussurrante, como quem conta um segredo.


- Era ele sim. – Alfred é mordomo do Bruce Wayne e “assistente secreto” do Batman. – Não misture as funções.


- Eu realmente sempre achei que eles fossem personagens fictícios criados por pessoas “comuns” que gostam de histórias que se passam em universos inventados.


- Você acompanha a rotina de pessoas que você não acredita que existam? – Lina apresenta uma expressão incrédula, diante do comentário feito por Henry.


- Talvez para o Henry esses materiais sejam idênticos aqueles periódicos que recebemos semanalmente na Biblioteca Universal. – Repletos de histórias extravagantes e feitos inimagináveis de alguns seres do nosso universo. – Concordo que alguns são realmente difíceis de acreditar que existam.


- Talvez Clarice. – As pessoas “comuns” que você se refere meu querido Henry, são pessoas que receberam habilidades especiais. – Concluiu Lia demonstrando um tom de voz um tanto desanimado.


- Acredito que terei muita coisa para aprender com você, Clarice e Emilinhas.


  Lia e Henry se olham tentando entender como fariam para cumprir suas missões depois desse encontro inesperado, confuso e necessário. Emilinhas novamente toca no ombro de Lia para que pudesse explicar o ocorrido. Lia volta sua atenção para a pequena caneta que baila no ar para poder escrever:


“Eu me assustei, primeiro o rapaz torceu meu corpo com tamanha forma que me machucou, estou a anos sem me movimentar e essa torção poderia ter me danificado. Em seguida, esse mesmo rapaz colocou-me na palma de sua mão, eu me senti ameaçada, por imaginar que ele quebraria minha delicada ponta, então, eu me defendi arranhando a mão dele”.


  Lia suspira fundo, passando suas mãos em seus cabelos. Clarice observa as expressões feitas pela bibliotecária que mais uma vez explica para Henry as informações escritas por Emilinhas:


- Pelo que me parece foi um acidente. – Emilinhas se assustou com sua atitude de pressiona-la contra a palma de sua mão e instintivamente, ela se defendeu.


- Defendeu? – Minha mão está dolorida até agora.


-Agradeça por ter sido apenas um corte. – A defesa de Emilinhas poderia ter sido fatal.


O barulho alto de patas correndo se aproximando, seguido de um sucessivo e forte som ofegante de respiração vindo da parte de baixo da porta do quarto de Henry, fez com que Clarice se apavorasse, correndo para próximo da estante de livros, enquanto chama o nome de Lia:


- Farejadores, senhora Lia.


- Acalme-se, Acalme-se. - Não são os Encantadores.


- Calma, Clarice! – O barulho que você está ouvindo é o Café, o cachorro da minha irmã Marcela. – Explicou Henry, surpreso por ver o temor manifestado no corpo e no olhar congelado da auxiliar.


 
  Lia, esfrega sua mão nos ombros de Clarice, na tentativa de acalma- lá. Henry fica intrigado com as palavras de Clarice sobre os farejadores. Sem que tivesse chance de perguntar, a bibliotecária toma a palavra: 


- Está na hora de você dormir Henry. – Daqui a pouco você terá que cumprir seus afazeres.


- São quase quatro horas da manhã, eu preciso acordar por volta das sete horas. – Por curiosidade você e Clarice ficarão aqui no meu quarto?


- Sim e não.


- Não entendi.


- Bem, não ficaremos visíveis. – Estive olhando sua estante e podemos nos acomodar em alguns dos seus livros.
Henry fica surpreso com a resposta da bibliotecária, esticando rapidamente suas sobrancelhas, enquanto balança sua cabeça, como quem ainda não estava acreditando na situação que está a vivendo.


  Lia afastou-se de Clarice, posicionando-se em frente a estante, deslizando seus dedos nas lombadas dos livros e capa dos Dvds organizados nas prateleiras:


- Precisamos de um lugar calmo para descansar e planejarmos nossos próximos passos. – Deixe-me ver, esse aqui: “ Um lugar silêncio”.


- Acredito que esse não seja um local tão apropriado assim.


Lia duvida das palavras ditas por Henry, retirando a capa do Dvd da estante para que pudesse ler a sinopse. Não demorando para concordar com as palavras do rapaz:


- Por mais que seja um lugar com poucos habitantes, o fato da Clarice roncar seria um agravante para sermos descobertas rapidamente.


- Não me recordo de algum personagem ter morrido enquanto dormia ou pelo simples fato de estar roncando.


Henry libera um pequeno sorriso, se desculpando em seguida ao ver as bochechas de Clarice ficando coradas. Após um rápido instante, Lia encontra um outro Dvd:


- Podemos descansar no hotel Continental de Nova York.


- Esse filme é de ação. – Terá muitos tiros e brigas.


- Acredito que não possa ter confusão nas dependências do hotel. – Uma regra que não pode ser quebrada.


Henry não se recorda da série de filmes sobre o assassino mais temido da alta cúpula, ter se tornado livro. Ainda sim os detalhes ditos por Lia o fez imaginar que ela conhecesse a história:


- Você já assistiu esse filme?



- Não. – Na verdade, nós recebemos a um tempo atrás um exemplar em quadrinhos e posteriormente o volume um do livro com esse mesmo título na Biblioteca Central do Universo.


- Biblioteca Central do Universo?


- Sim. – Depois do meu merecido descanso, prometo que explico o que é a BCU.


  Lia devolve o dvd do filme John Wick na estante, retirando em seguida, outro dvd intitulado “O Terminal”:


- Eu acho que as senhoras ficarão presas nesse dvd por mais tempo do que desejam.


- Pelo contrário. – No que pude analisar, o personagem passa dias e meses preso em um aeroporto. – Meu desejo é apenas usufruir de sua casa, aproveitando o período que ele ficará ausente.


Lia sorri, devolvendo o Dvd na estante, se deparando com um guia de viagens pelos mais belos lugares do Brasil. O livro de opções turísticas abrilhantou os olhos da bibliotecária, despertando subitamente o interesse da sua auxiliar.


- Você escolhe Clarice. – A página do guia que você abrir será o local que descansaremos.


Clarice segurou firme o guia em uma de suas mãos, fechando seus olhos, respirando fundo. Após correr o dedo em algumas páginas, a jovem abriu o guia na opção que indicava o local conhecido como Bonito uma das cidades que formam o centro de ecoturismo no estado do Mato Grosso do Sul.
Henry achou incrível a escolha feita por Clarice, mesmo que ele ainda não conhecesse a região cento-oeste do Brasil. Lia sugere que Henry acomodasse Emilinhas novamente na gaveta, trancando-a como medida de segurança e levasse consigo a chave do móvel. Henry obedece as orientações da moça que se despede enquanto coloca o livro no chão.


 Clarice pisa na página descendo pela folha com quem tivesse caído em um buraco, em seguida Lia repete o mesmo movimento realizado por sua auxiliar, sumindo do alcance dos olhos de Henry. Após passarem pela página, o livro se fecha, saltando para a estante, ocupando sua posição original. Henry que estava com o corpo curvado para retirar o livro do chão, fica sem acreditar no que aconteceu:


- Primeiro a caneta que escreve no ar, depois o livro que se auto organiza. – Essa noite deve ser um daqueles sonhos bem malucos, sem falar das mulheres que surgiram misteriosamente no meu quarto.


Henry se deita em sua cama, olha para o relógio que marca quatro e trinta e dois da manhã. Mentalmente ele calcula quantas horas de sono ainda teria, antes de se levantar para ir para a universidade.
Henry fecha os olhos, muda de posição diversas vezes, ora de lado, ora de bruços, barriga para cima, ora coberto, ora descoberto. Os primeiros raio de sol começam a indicar que um novo dia estava nascendo, o tom escuro do céu vai dando lugar para azul, com tons vermelho alaranjado. As estrelas começam a desaparecer, alguns pássaros entoam seus cantos, o ciciar das cigarras e a estridulação dos grilos vão se tornando cada vez mais distantes até que somem por completo, abafados pelo barulho dos carros. O som das patinhas do café, acompanhados de passos mais fortes denunciavam que a rotina na casa da família Medeiros estava começando.



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Autor(a): Luah Nova

Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).

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A movimentação por parte dos velocistas, seguida da agitação entre os farejadores, despertou a atenção de Gamarra, principal informante de Juliano Eros, uma mulher de pele preta com diversas e pequenas manchas escurecidas de melasma espalhadas em seu rosto, seu corpo possui algumas escamas semelhantes as dos répteis, seus cabe ...


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