Fanfics Brasil - Shattered Slipping through my fingers

Fanfic: Slipping through my fingers | Tema: Harry Potter


Capítulo: Shattered

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~~ Slipping through my fingers ~~ 


Draco estava literalmente vivendo um inferno em sua casa. Se a família dele e todas as que fazem parte dos sagrados vinte e oito não gostam de trouxas, então por que seguem um? Por que estavam do lado dele? Isso não entrava em sua cabeça, não fazia o menor sentido. Não ia contra tudo o que eles pregavam?


 As reuniões dos Comensais eram frequentes em sua casa, as idas Daquele-Que-Não-Deve-Ser-Nomeado também — tanto que a residência dos Malfoy, antes um ambiente “feliz”, estava impregnada de magia negra. Isso fazia com que Draco se sentisse cada vez mais perdido, com raiva e com menos orgulho do lugar onde morava. Sentia-se deslocado, angustiado e com um certo medo das pessoas de lá, entretanto mantinha-se sempre firme.


Com Hermione foi diferente. Antes da guerra ela obliviou os pais para que não fossem mortos pelos Comensais da Morte e os mandou para a Austrália, para então sair em missão atrás das horcruxes com Harry e Rony. Foi um sacrifício muito difícil para ela e a consumiu em vários momentos, durante a guerra e depois dela. 


A última vez que a viu foi no chão de sua sala de estar, sua tia estava torturando-a e lágrimas caiam por seu rosto alvo. Ela gritava de dor, medo e agonia. Não sabia se sairia viva dali e estava farta de esperar que alguém a salvasse. Ele assistia a tudo paralisado e horrorizado, não achava certo. Por um momento quis que aquela maldita guerra acabasse e que bruxos puro-sangues e sangues ruins vivessem em comum acordo no mundo bruxo, em paz.


Uma parte dele queria interferir, ajudá-la a se livrar das amarras de sua tia insana que a todo momento atacava-a com a maldição cruciatus enquanto usava uma adaga para marcar os dizeres “sangue ruim” em seu antebraço. Então uma ajuda inesperada veio e salvou-a daquilo. Os amigos dela, antes presos, tendo ouvido o horror em todos os seus gritos logo vieram a seu chamado, abraçando-a e ficando ao seu lado a todo momento.


Quando tiveram a chance de sair da mansão com o elfo que os resgatou, não poderiam prever o que viria a seguir. A tia louca do seu inimigo, no meio de uma Aparatação, jogou a maldita adaga e acertou o pobre elfo, causando sua morte. O que era para ser uma missão de salvamento com um final feliz, acabou tornando-se uma tragédia. 


Apesar dos percalços no caminho e das muitas missões em sua jornada tortuosa para destruir todas as Horcruxes, tiveram de ser fortes uma vez mais. Então, para que pudessem dar um enterro digno ao elfo, encaminharam-se para o Chalé das Conchas


Draco ficou aliviado quando eles conseguiram fugir de sua casa e, naquele momento, uma voz que jazia dentro de si emanava um mantra constante que lhe dizia que eles dariam um fim nessa maldita guerra. Ele torcia para que aquilo acontecesse logo.


E aconteceu, mas não da forma que imaginou. Quando soube que Harry Potter foi morto por Voldemort no castelo de Hogwarts, não pôde acreditar — foi-se o seu único fio de esperança de acabar com tudo. Porém, sua esperança renovou-se segundos depois, quando Harry ergueu-se e começou a lutar contra o Lorde das Trevas.


Óbvio que não ficou lá para saber como tudo tinha acabado. Na primeira oportunidade que teve viu-se saindo de lá com os seus pais. Os aurores foram para sua mansão e apreenderam tudo que era das artes das trevas, prendendo Lucius no processo e dando  a ele o fim trágico, o beijo do dementador.


Passada a guerra, muitos retornaram a Hogwarts para concluir os estudos e poder enfim trabalhar no mundo bruxo. Enquanto Harry e Rony, que não voltaram à escola, pois foram chamados pelo Ministro da Magia para serem treinados como aurores de imediato, a “sabe tudo” passou a trabalhar no Departamento de Criação de Leis da Magia — onde fundou o F.A.L.E. para que todos os elfos domésticos fossem livres e remunerados.


Malfoy, mesmo que na espreita, acompanhou todos os seus passos e viu-a se reerguer de longe ao longo dos anos com todos os seus traumas. Ele a viu se tornar uma bela mulher, não que já não fosse, até o curso em Hogwarts acabar e depois disso não a viu mais. 


Diferente dela, ele, antes benquisto na sociedade bruxa, tornou-se escória do  mundo bruxo por ter apoiado Voldemort. Todos o olhavam com nojo e indiferença. Sempre que ia ao beco diagonal com sua mãe, Narcisa, e entrava nas lojas era mal antendido ou escorraçado delas. Conseguiu, ainda que dificilmente, formar-se em Hogwarts. Mesmo tendo um amor imenso por poções, desejou ser alquimista por pouco tempo, mas logo achou que medibruxaria seria melhor opção, pois queria curar-se e curar os traumas de outras pessoas — fossem internos ou externos.


O que nem todos sabiam era que algumas coisas ainda assombravam Draco Malfoy. Os pesadelos eram constantes, por muitas noites não dormia, ficando assim com uma aparência horrível, cheio de bolsões d'água embaixo dos olhos. Aparentava estar mais magro que o normal. Trocava literalmente o dia pela noite e tinha vezes que nem dormia, pois dormir o levaria ao inferno devido aos pesadelos. Sendo assim, estava mais aliviado quando não dormia. 


Os  gritos de terror dela naquela noite em sua sala ainda ecoavam em sua mente, assombrando-o toda noite na hora em que ia se deitar. Tinha vários pesadelos relacionados com isso. Será que um dia se livraria desse trauma? Será que ela também se libertaria disso? Será que algum dia ela o perdoaria? Tantas perguntas, mas sem nenhuma resposta. Sabia que haveria marcas e que elas demorariam para se curar.


O tempo foi passando e aos poucos os dois foram se curando. Cada um à sua maneira, é claro.


O seu mais profundo desejo era que ela, depois de toda a merda que passou, ficasse bem, ficasse cada vez mais forte e que conquistasse tudo o que imaginou antes, durante e depois daquela maldita guerra. Ela o fez entender que o sangue de um bruxo não servia como medida de status e que ser, ou não, sangue-puro não mudava nada as capacidades de um bruxo.


Ela era uma irritante “sabe tudo”, a bruxa mais inteligente da escola, daquele país — e se possível do mundo —, a mulher elegante do trio de ouro. A bruxa mais brilhante da sua idade, que nunca se acovardou quaisquer que fossem os momentos, a mais destemida da casa mais corajosa de toda Hogwarts. Na visão dele, Granger era delicadamente bela, fascinante, uma deusa da inteligência e de um caráter impecável. 


Ele sentia uma atração enorme por ela, quem sabe até mais que isso. Balançou a cabeça em negação dando um meio sorriso, pensando consigo mesmo que ela seria uma maluca de ter qualquer tipo de relacionamento com ele devido ao histórico de ambos. O soco que ela deu em si no terceiro ano ainda estava vívido em sua memória, ela tinha um belo gancho de direita.


Por sua vez, Draco tinha a certeza que os Malfoy eram fadados a terminar sozinhos. Complicou mais devido à segunda guerra bruxa e o que devia ser prestígio virou escória. Sua mãe, Narcisa, que era uma pessoa muito requisitada na alta sociedade bruxa, após a guerra foi completamente excluída por algumas das sagradas vinte e oito. A pena de Narcisa foi branda, graças à ajuda de Harry Potter, já que ela salvou-o mentindo para Lorde Voldemort. 


Draco não foi para Azkaban, pois Potter e Granger também ajudaram em sua sentença. Foi-lhe determinado que ficaria sem a varinha até se formar, que deveria ter Estudo dos Trouxas em seu histórico, que ficaria em prisão domiciliar até terminar tudo — sendo permitido apenas deslocar-se da escola para casa, viajar era proibido. Uma vez cumprido o ditame imposto, ele finalmente poderia ir para qualquer lugar da sociedade bruxa ou trouxa se assim fosse do seu desejo.


Draco sentia-se verdadeiramente livre. Sua mãe e ele mudaram e fizeram questão que a mansão dos Malfoy transparecesse isso, então a redecoraram toda e fizeram questão de colocar um jardim com todos os tipos de flores nos fundos. A casa ficou mais alegre e arejada, um lugar para que os dois possam chamar de lar. 


Narcisa sentia a falta de Lucius constantemente, mas não podia dizer o mesmo de seu filho. Pelo pouco que pôde observar dele, notou que ele sentia-se aliviado. Ela sabia que ele sempre buscava aprovação do pai em cada passo que dava, todavia a marca que ele deixou foi a gota d'água para que Draco sucumbisse. 


Submeter o próprio filho à marca do Lorde das Trevas foi o pior dos erros que um pai poderia cometer e isso criou vários traumas para a vida do rapaz. Coisas das quais ele não se orgulhava mais. Foi criado para odiá-los, xingá-los e repudiar tudo que vinha deles, entretanto, logo depois da guerra, Draco tornou-se um curioso sobre a vida dos trouxas no geral e sobre o mundo deles.


Queria saber mais. Por muito pouco seu pai não o pegou lendo livros trouxas em casa, mas a mãe sempre lhe acobertava e ainda trazia doces ou comida trouxa na ausência de Lucius — que não era burro e que de algum modo desconfiava, porém, não podia acusar ninguém sem provas. Lucius várias vezes fez vista grossa quando o via lendo um livro que não era mágico. Amava o filho, à sua maneira, é claro, e sabia que poderia ser um pai melhor para Draco, contudo a pior parte de si falou mais alto.


Nunca soube o que era amor de verdade. Sabia o que era amor de mãe, pois a sua era como um raio de sol durante um tempo ruim, entretanto carecia de amor paternal — e foi o que os distanciou antes da chegada de Voldemort. A base entre eles não era sólida e forjada no afeto e confiança, mas uma construída pelo pavor e desconfiança.


Draco deixou sua casa logo após terminar seus estudos e escolheu um apartamento na Londres bruxa para morar. O apartamento era mediano comparado a mansão de onde vivia, tinha uma cozinha americana interligada diretamente com a sala de estar — decorada com um sofá preto e uma mesinha de vidro — onde ficavam as portas de acesso ao banheiro e ao quarto — ornado com uma cama de casal e uma estante repleta de livros. Ainda que pequeno para seu gosto, o lugar era bastante aconchegante de modo que ele não se preocupava com o luxo deixado na mansão.


 Narcisa ainda morava na mansão dos Malfoy — com alguns elfos — e ele ia visitá-la de vez em quando.


A noite se precipitava e Draco estava farto de ficar em casa. Tinha certeza de que precisava espairecer, sair um pouco de casa e que ficar em sua zona de conforto seria muito ruim para ele e fácil também. Pensando nisso, decidiu dar uma volta, mas não queria ficar na Londres bruxa, queria experimentar uma coisa diferente, ver pessoas diferentes, coisas que nunca tinha visto. Decidiu então ir para Londres dos trouxas.


Aparatou num segundo, saindo de um beco escuro qualquer e seguiu caminhando pelas ruas observando carros passando apressados, pessoas na rua que também caminhavam ou que estavam simplesmente entrando nas lojas que ainda estavam abertas.


Não muito longe dali, Draco avistou duas pessoas que conhecia muito bem do seu tempo em Hogwarts. Eram ninguém mais, ninguém menos que a Weasleyzete, a  quem, se sua memória não o traia, agora chamavam de Gina Potter, e a própria Granger. Dadas as vestimentas elegantes que as deixavam belíssimas — principalmente Hermione cujo vestido verde musgo caía como uma luva —, ficou curioso para saber onde elas estavam indo.


Por mera curiosidade resolveu segui-las.


Resolveu segui-las por pura curiosidade e tamanha foi sua surpresa ao vê-las entrando numa boate para se divertir. Entrou minutos depois delas, pois também estava de fato curioso pelo lugar já que era sua primeira vez. Foi ao bar e pediu um Whiskey, a única coisa que o agradou realmente, pois a música alta incomodava seus ouvidos, e continuou com o olhar atento sobre Granger. Tudo nela parecia magnético. Como ela dançava sensualmente, o jeito dela se divertir e rir quando a ruiva lhe dizia algo. 


Ele ficou encantado pela beleza daquela mulher, mas tinha a certeza de que não a merecia, principalmente depois de tudo. Ela estaria melhor e mais feliz sem ele, por mais que ele a amasse do fundo de seu coração. Seu sangue não importava mais. Nunca imaginou que se apaixonaria por alguém como ela e gostava de pensar que daria e faria tudo por ela, todavia, no fundo sabia que era um covarde. 


Acovardou-se aquele dia na mansão, acovardou-se quando lhe deram a missão de matar Dumbledore e quantas vezes mais? Só de se lembrar disso uma angústia e vergonha sem tamanho lhe tomam a mente. Ele, que fez todas as escolhas erradas, não podia fazer mais essa — não com ela.


E no final fez como sempre fez: agiu como um covarde, como foi da última vez. 



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Autor(a): Moonfoys

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