Fanfics Brasil - Capítulo 03 - Artes e Metáfora Coração de Prata [+18]

Fanfic: Coração de Prata [+18] | Tema: Amor Doce


Capítulo: Capítulo 03 - Artes e Metáfora

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No dia seguinte, toda a Sweet Amoris amanheceu em agitação por conta do primeiro dia de aula.


Como resultado, o edifício principal, um complexo de cinco andares, estava repleto de estudantes que, após o café da manhã no refeitório, procuravam incansavelmente descobrir para quais salas de aula deveriam ir naquela caótica manhã.


Um mural de avisos, contendo diversos recados colados nele, comunicava aos variados grupos de discentes para onde cada um deveria seguir.


Nathaniel, que tinha acabado de ajudar um grupo de primeiranistas a se localizar, seguiu o seu percurso usual até alcançar o seu armário de numeração 135. 


Ao fazer isso, ele retirou lá de dentro alguns de seus materiais escolares, como um caderno velho que continha folhas em branco, e um estojo verde-limão, totalmente desgastado. Em seguida, os guardou numa pequena mochila preta no qual trazia pendurada em suas costas.


Ao trancar o próprio armário com um cadeado, Nathaniel subiu até o terceiro andar, onde chegou na sala 3-1, onde normalmente aconteciam as aulas de Artes. 


Assim que adentrou no recinto, o garoto notou que alguns de seus colegas e amigos já estavam presentes, inclusive, a sua irmã Ambre, que conversava animadamente com Li e Charlotte.


Com um movimento diligente, Nathaniel sentou-se num lugar vazio e notou que a sala de aula estava organizada no formato de uma meia-lua, tendo os seus assentos posicionados na referida posição, enquanto as mesas de apoio tinham sido empurradas ao fundo, estando estas, encurraladas em alguns armários e tapando a porta que dá acesso ao depósito de materiais.


Ao centro do aposento, em um banco relativamente mais alto do que os outros, estava o novo professor de Artes, Patrick Garcia, sentado de pernas cruzadas e observando a inquietação de seus alunos. 


Os seus olhos acinzentados analisavam vividamente a todos, conforme o mesmo alisava a sua barba grisalha, mantendo um sorriso sereno.


Os seus pés, movendo-se suavemente, pareciam querer dançar, assim como o restante do seu corpo, que balançava sutilmente de um lado para o outro.


Após breves minutos em silêncio, aguardando a sala de aula encher, o professor Patrick, resolveu, por fim, se pronunciar.


Nathaniel, que estava papeando com Melody e outras duas colegas, sendo elas, Kim e Iris, imediatamente se calou assim que o docente demonstrou querer falar.


-Bom dia! -A sua voz soava potente e, ao mesmo tempo, pacata, o que gerou uma comoção entre os adolescentes, que prontamente se calaram. 


-Bom dia! -A turma o respondeu, em uníssono. 


-O meu nome é Patrick Williams Garcia. Tenho 60 anos e sou um artista plástico nascido e criado na Austrália. Há aproximadamente 40 anos, imigrei para estudar em uma universidade pública daqui e, desde então, tenho me aventurado nesse universo louco que é o mundo dos artistas plásticos.


O seu comentário salientando a palavra “louco”, terminou por arrancar alguns sorrisos de seus alunos, que estavam interessados em saber mais sobre o seu novo professor. 


-Por ser o nosso primeiro dia juntos, eu gostaria que cada um se apresentasse e expressasse de que forma a arte contribuiu para a vida de vocês. Certo? E se por acaso, eu me confundir ou esquecer de algum nome, já peço perdão. 


Entre risos e sorrisos envoltos de receptividade, cada um dos alunos ali presentes foram se apresentando, individualmente. 


Assim que os irmãos gêmeos Alexy e Armin terminaram de falar, foi a vez de Nathaniel. No entanto, no momento em que o loiro ia iniciar o seu discurso, a porta da sala de aula foi aberta subitamente, desviando a atenção de todos, que se voltaram para a figura parada ali.


-Bom dia! -O professor Patrick ergueu os braços, num sinal de acolhimento, e convocou Castiel para entrar. -Qual o seu nome, filho? -O homem perguntou, gentilmente.


-Castiel. -O ruivo o respondeu de um jeito seco. 


-É um prazer conhecê-lo, Castiel! Sente-se, por favor! -O professor Patrick o conduziu a uma cadeira vazia praticamente colada ao cangote de Ambre. A garota, que até então se encontrava perdida em devaneios, despertou de sua dissociação e fitou o ruivo com um notável desejo, porém, os seus olhares cobiçosos passaram despercebidos pelo delinquente que foi se sentando de um jeito desleixado.


Assim que Castiel acomodou-se, o professor Patrick retomou a dinâmica que foi proposta, explicando-a novamente. 


-Pelo visto eu perdi uma parte da brincadeira… que peninha!  -Castiel comentou com um tom de ironia. 


-Não se preocupe, Castiel! -O professor Patrick, que pareceu não ter entendido o tom irônico do ruivo, o tranquilizou. -Haverão mais oportunidades de atividades grupais e colaborativas no decorrer das nossas aulas. Por isso, é importante que todos sempre cheguem cedo. -O educador direcionou a sua atenção para o restante da turma. -Eu entendo que por ser o primeiro dia, há uma certa dispersão em relação ao horário, mas eu peço encarecidamente que não se atrasem, pois isso ficará registrado na minha caderneta. Estamos entendidos? 


De forma coletiva, várias cabeças começaram a se mexer, em assentimento.


-Eu posso contar contigo também, Castiel? -O professor perguntou ao ruivo, visto que, ele tinha sido o último a chegar. 


-Claro, professor! -Castiel respondeu com um sorriso sarcástico. -Eu vou conversar com o meu “cachorrinho” mais tarde e garantir que não aconteça de novo. 


A resposta avulsa de Castiel surpreendeu a todos que, pouco a pouco, foram soltando risos comedidos. 


Nathaniel, diante da provocação, sentiu-se totalmente abismado pela falta de compostura do outro, passando a fuzilá-lo ferozmente pelo restante da aula. 


Quando o sinal tocou, indicando o fim daquele período, Nathaniel puxou Castiel de canto para eles conversarem. 


-O que foi aquilo? -O loiro interpelou, irritado.


-Aquilo, o quê? -Castiel indagou, fingindo-se de desentendido. 


-Você sabe exatamente do que eu estou falando. -Nathaniel afirmou com convicção. 


-Aquela piadinha de antes? -Castiel sorriu de lado. -Você se preocupa demais! 


-É claro que eu… -Nathaniel interrompeu a própria fala e suspirou em frustração. -Ah! Quer saber? Esquece!


-Ótimo! -Castiel deu de ombros e saiu andando para fora da sala de aula, deixando Nathaniel para trás, bufando.  


Sentindo-se exaurido devido a mais uma falha de comunicação com o ruivo, Nathaniel soltou o ar preso em seus pulmões e foi se preparando para sair também, já que nos próximos minutos seria a aula de História com o professor Faraize. 


Contudo, antes que ele pudesse se mexer, uma mão pousou em seu ombro direito, captando a sua atenção.


-Nath! -Iris, uma de suas amigas, se aproximou dele, sendo seguida por Kim e Melody.


-Sim? -O garoto se virou para ficar frente a frente com ela. 


-O professor Patrick mandou chamá-lo. -A ruiva o informou. -Ele disse que é um assunto importante! 


-Ah! Certo! -Nathaniel agradeceu com um sorriso. -Obrigado! 


-Ei! Quando precisar de um advogado para lidar com a partilha de bens entre você e o ruivinho, me avise, pois a minha tia Renata é uma advogada daquelas. -Kim declarou com um certo deboche, fazendo tanto Melody quanto Iris darem risinhos. 


-Não liga pra ela! -Disse Melody, interferindo na brincadeira. -Kim só está lhe perturbando porque eu contei a ela que Castiel é o seu novo colega de quarto.


-Eu sei! -Nathaniel afirmou revirando os olhos, mesmo sabendo que não deveria levar as piadas de Kim tão a sério.


-Até mais tarde! -Kim se despediu juntamente com Iris.


-Eu estarei lhe esperando do lado de fora! -Melody avisou a Nathaniel, que assentiu para ela.


Conforme o trio de garotas saía e o restante da turma também, o loiro prontamente se ajuntou ao docente, que lia atentamente alguns papéis soltos em sua mesa de trabalho. 


-Está precisando falar comigo, professor? -Com uma pitada de hesitação, Nathaniel perguntou.


-Sim! -O professor Patrick sorriu para ele com a mesma simpatia de antes. -Você é o presidente do Conselho Estudantil, não é?


-Sou sim! -O loiro respondeu com um certo orgulho.


-A diretora Shermansky comentou comigo sobre você. Ela disse que o senhor é uma pessoa de extrema confiança. -O homem enunciou enquanto empurrava para trás a armação de seu óculos que teimava em escorregar pela ponta do seu nariz.


-Sou sim! Eu estou sempre disposto a ajudar no que for preciso! -Nathaniel reafirmou com determinação, o que agradou o educador.


-Eu estou sabendo da atual condição do seu colega de quarto, o Castiel. Eu sei que ele passou vários anos em um reformatório juvenil e eu entendo que pode ser bastante desafiador lidar com alguém tão hermético como ele. -Naquele momento, Nathaniel sentiu uma enorme necessidade de gritar em concordância, porém o cujo se conteve para não atrapalhar a linha de raciocínio do seu professor, que trazia uma certa seriedade em sua voz. -Mas eu preciso da colaboração, tanto de você, quanto de seus colegas, para conseguirmos trilhar um caminho sem nenhum tipo de impasse. Você entende?


-Eu entendo, professor! -Nathaniel disse, compreendendo a situação.


-Estou lhe dizendo isso, pois reparei um certo desleixo por parte dele no decorrer da aula, assim como uma tensão entre vocês dois. Eu estou errado?


Por mais que o loiro quisesse negar a existência de uma rixa crescente entre ele e Castiel, não tinha como negar que havia uma animosidade nascendo.


-Não! Você está certo! -Nathaniel concordou, carregando um certo peso em sua voz. 


-Eu também notei que Castiel não tem nenhum material de apoio com ele. Nem uma mochila ou sequer uma caneta em mãos. E isso me preocupa. Você sabe algo a respeito?


-Bem… -Nathaniel engoliu em seco, antes de começar a falar. -Ele me contou que uma parte de seus pertences, como livros didáticos e tal, serão entregues no decorrer desta semana na Secretária Acadêmica. 


-Ah! Muito bem! -O homem mais velho pareceu estar aliviado ao saber da referida informação. 


-E professor… -Nathaniel, com um acanhamento, murmurou para o homem, como se tivesse medo de levar um sermão a qualquer instante. 


-Diga, filho! -Ao reparar os ombros curvados do loiro, o professor apoiou uma de suas mãos no ombro do mesmo. 


-Eu queria dizer que… a culpa não foi minha do atraso de Castiel. Eu tentei fazer ele sair da cama, mas ele não quis e dificultou tanto as coisas que eu acabei desistindo. Sinto muito!


-Ora meu rapaz, não precisa se desculpar por isso! -O homem sorriu calorosamente, confortando-o. -Há coisas que estão totalmente fora do nosso controle. E o mais importante nisso tudo é você saber que por mais desafiador que seja, não deixe que o desespero lhe consuma. Castiel pode não entender muita coisa agora, mas eventualmente entenderá.


-Mas como eu posso ajudar alguém que se recusa a querer ser ajudado? 


Nathaniel perguntou absorto em suas próprias reflexões. 


-Hmm… -O professor Patrick coçou o queixo, pensativo. -Eu costumo dizer que as pessoas são como os livros. -Disse o homem. -Elas são constituídas de títulos, sumários, capítulos e páginas, mas é no meio das palavras, que nasce uma infinidade de histórias que ainda não foram ditas ou descobertas, e a isso, cabe ao leitor querer decifrá-las.


Absorvendo a metáfora dita pelo docente, Nathaniel interpelou, novamente, com exasperação.


-Mas de que forma eu consigo obter essa leitura?


-Conquistando-a. 


Com uma simplicidade sublime, o professor Patrick encerrou a conversa.



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Autor(a): robbiedawson

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