Fanfic: Meu irmão é um idol | Tema: Exo, BTS, KPOP, Dorama, kdrama

Mochila nas costas, um suspiro, ansiedade. 

Hoje era meu retorno às aulas após todo o circo da semana anterior. Adentrei aos portões com as mãos agarradas nas alças, tomada pelo nervosismo.

Fui imediatamente cercada por um grupo de garotas.

-Nae Ra, comprei esse suco para você. - Uma delas me estendeu uma caixinha.

-Não, eu comprei refrigerante. - Uma outra garota se manifestou. - Escolha o meu.

-Eu não quero nada, mas obrigada. - Agradeci e me sentei em meu lugar. 

-Posso me sentar com você? - Outra garota que eu nem sabia o nome se aproximou.

Dong Hee chegou, graças a Deus.

-Esse é o lugar dela. - Eu puxei a cadeira para minha melhor e única amiga se sentar.

-O que vai fazer no próximo final de semana, Nae Ra? - Outra desconhecida se apoiou na mesa. - Eu posso ir na sua casa?

-Olha, eu não quero ser grosseira, mas vocês não precisam forçar amizade comigo. Continuem ignorando a minha existência como sempre fizeram. - Eu disse olhando para todas e parece que foi o bastante.

Paz.

-Elas sequer disfarçam o interesse. - Dong Hee as fuzilou com o olhar enquanto davam as costas e iam para seus respectivos lugares.

As apáticas chegaram, se sentaram e nem ao menos olharam para mim.

DEFINITIVAMENTE PAZ. 

Enquanto terminava minha última lição antes do intervalo, meu celular tocou, porém eu não podia atender antes que a aula acabasse. Tocou mais três vezes, ignorei.

O sinal soou, guardei meu material e segui com Dong Hee para o refeitório. Todos me olhavam, pudera, seria assim a partir de hoje. 

-Eu sinto muito pela sua mãe. - Uma menina disse enquanto passou por mim.

-Do que está falando? - Franzi a testa.

-Você não sabe? - Ela arregalou os olhos, se curvou como um pedido de desculpas e saiu correndo.

Dong Hee mexia em seu celular e paralisou, pegou em meu braço e me puxou.

-Venha comigo.

Cochichos, muitos cochichos ao nosso redor. Algo não estava certo.

Meu celular tocou mais uma vez.

-Nae Ra, finalmente. Preciso que você venha para casa, agora. - A voz de Namjoon parecia aflita.

-O que houve? 

-Venha para casa, aqui conversamos.

Liguei os pontos, eu não era boba.

-Como a mamãe está? 

-Aqui nós nos falamos.

-Oppa, como a mamãe está?

-Sinto muito. - Foi tudo o que ele conseguiu dizer, e sua voz também perdeu toda a firmeza. - Apenas venha embora. Agora. - Ele disse antes de desligar.

Eu já tinha entendido tudo.

Continuei com o celular na orelha, digerindo que meu mundo havia desmoronado, mas eu ainda estava ali, em meio a tanta gente, com aquele ``sinto muito`` ecoando na mente.

As lágrimas surgiram: uma, duas, muitas. Meus joelhos involuntariamente perderam as forças e eu caí ajoelhada, mas fui amparada enquanto deixava o celular rolar pelo chão. Alguém me segurou e me fez pousar tão suave que mal senti.

-Respira devagar, fica calma. Você precisa ficar calma. - A voz de Chanyeol falou bem rente ao meu ouvido, de forma que somente eu o ouvia. Eu não sabia como ele foi parar lá, agora isso não era de fato importante. Ele continuava repetindo para que eu respirasse com calma, fui envolvida por seus braços, ainda ali, ajoelhada no chão com tanta gente ao redor.

-Me tira daqui, por favor, me tira daqui. - Foi a única coisa que saiu em meio aos meus soluços de choro desesperado. Ele me pegou pelo braço, mas eu não conseguia levantar.

Senti seu braço passar por baixo da minha perna e assim fui carregada para longe dali. Não me dei ao trabalho de abrir os olhos, eu não queria ver nada, ouvir nada, eu só queria me desmanchar em lágrimas.

Ele me sentou no banco do carro e fechou a porta.

-Vou te levar pra casa, mas você precisa se acalmar primeiro, ta bem?

Fiz que sim com a cabeça e ele me estendeu uma garrafa de água.

-Não quero.

-Por favor...

Peguei, mas não conseguia abrir, minhas mãos tremiam. Ele a abriu e me devolveu, enquanto sua outra mão tirava o cabelo do meu rosto que já estava todo molhado a essas alturas do campeonato.

Levei cerca de vinte minutos para conseguir me estabilizar, em todo tempo ele ficou ali do meu lado, quieto, aguardando meu último gemido antes de dar partida com o carro.

Namjoon me esperava na porta, eu corri para o seu abraço e talvez tenha sido o choro mais triste de todos os tempos. A nossa dor era recíproca.

-Isso faz algum sentido? Ela acordou ontem, ela se comunicou com a gente. Oppaaa, ela estava melhorando!

-Talvez seja exatamente por isso, ela queria se despedir. - Ele respondeu enquanto acariciava meu cabelo.

Namjoon me amparou até a sala e eu me sentei no sofá. Chanyeol deixou minha mochila em algum canto e foi procurar por mais água. Os meninos estavam quietos, nada se havia a dizer. Agora era momento de haver consolo mútuo entre nós.

-Preciso ir ao hospital fazer toda a papelada e organizar o funeral. Você pode ficar com ela? - Oppa não falou comigo, e sim com Chanyeol.

-Mas é claro, leve o tempo que precisar, eu não tiro meus pés daqui.

-Você não precisa fazer isso. Você é ocupado demais. - Falei para ele assim que oppa saiu. Talvez eu tenha sido ríspida, mas ele tinha a vida dele e não deveria pará-la por causa de mim.

Ele pareceu não ter se incomodado com minhas palavras, se abaixou para que nossos olhos ficassem na mesma altura e deu um breve sorriso.

-Eu prometi a ela que cuidaria de você. Eu não costumo quebrar promessas. Nunca.

-Como você foi até minha escola? 

-Assim que soube da notícia corri para cá, mas como seu irmão não conseguia falar com você, decidi ir ao seu encontro. - Ele disse enquanto tirava meu celular do seu bolso e colocava na pequena mesa da sala.

-Obrigada, por tudo.

-Não sei o que te dizer nesse momento, mas saiba que você nunca estará sozinha a partir de hoje.