Fanfic: Volúpia (TERMINADA)

É claro que
ela estava perguntando isso porque ele havia sido o agente da operação em que
os fuzis haviam sido apreendidos. Ele não tinha a menor idéia de onde estavam
as armas, mas sabia por que haviam sido roubados. Havia um agente duplo entre
eles, e Poncho estava perto de descobrir quem era.

- Não,
nenhuma notícia - respondeu ele.

- Sei -
reagiu ela, lançando-lhe um último olhar frio antes de bater à porta de Tibbs.

Sei? Que diabos ela queria dizer com isso?
Antes que ele pudesse perguntar, Tibbs os convidou a entrar. O supervisor
careca, alto e gordo ajeitou os óculos sobre o nariz proeminente.

- Temos uma
pista sobre os responsáveis pelas bombas - disse ele.

Poncho
trabalhara no caso dos Kiddie Bombers nos dois últimos anos. Um idiota, ou um
grupo de idiotas, estava ensinando adolescentes a fabricar bombas e usando os
explosivos para aterrorizar grandes corporações, intimando-as a pagar milhões
de dólares. Doze garotos já haviam morrido, e o ATF queria apanhar os
fabricantes de bombas.

Poncho
também queria apanhá-los, e capturar o homem que liderava os Kiddie Bombers.
Dezoito meses antes, quase o pegara numa operação num depósito na cidade.
Haviam lutado no chão. Poncho conseguira arrancar uma pistola de sua mão e
atirar nele, antes de ser atacado por outro Kiddie Bomber.

Poncho
escapara ileso graças a seu parceiro, Ucker, e como desde então a gangue
mantinha silêncio, haviam presumido que o líder ferido acabara morrendo. Mas um
ano depois os Kiddie Bombers voltaram a agir usando armas que haviam sido
apreendidas pelo ATF.

Poncho
tinha suas suspeitas, em grande parte porque só uma pessoa podia ser associada
a todas as operações: Derrick James. Mas aquilo parecia tão absurdo que ele só
revelou sua suspeita a Ucker. O que não escondeu foi sua promessa de prender o
líder dos Kiddie Bombers.

Só no mês
anterior, Poncho e Ucker haviam descoberto dois enormes depósitos cheios de
munição e outros suprimentos. Mas nenhum suspeito.

- Alguma
pista? - perguntou ele a Tibbs.

- Atividade
suspeita, rumores sobre um arsenal. As ordens vieram de James.

Derrick James
era o chefe regional. Ou, como diziam alguns, Deus. Dizia-se que o
Todo-Poderoso estava cansado da demora, cansado de pistas falsas e realmente cansado de ver o ATF sendo visto como um bando de idiotas.

- Vocês
dois vão cuidar disso - disse Tibbs, pondo um arquivo cheio sobre sua mesa para
que eles lessem. - Bullet City.

Norte de
Wyoming, a quatro horas e meia de lugar nenhum. É, fazia sentido, pensou Poncho.
Um lugar isolado e frio, o que era bom para o material que os fabricantes de
bombas usavam.

- A
informação é de que hoje à noite vão testar um produto novo. Precisamos
apanhá-los na hora do foguetório.

Poncho
apanhou o arquivo e o folheou, lendo sobre um celeiro cheio de equipamentos que
haviam encontrado, e cujo proprietário escapara. Annie se aproximou para ler
sobre os ombros de Poncho, fazendo-o notar a tensão em que ela estava.

- Vocês têm
duas horas. Vão voar juntos - disse Tibbs.

- Juntos? -
perguntou Annie, visivelmente incomodada.

- Você vai
comandar o show na van e Poncho em campo. Haverá uma equipe no local - disse
Tibbs.

- Mas... -
hesitou Annie.

Os dois
homens a olharam enquanto ela ficava vermelha. Interessante, pensou Poncho.
Normalmente ela era fria com gelo. O que a irritava? Ele? Porque ela com
certeza o atraía. Ele não conseguia evitar, sabia que por trás daquele verniz
havia algo... especial nela. Com certeza ela tinha vontade de fazer travessuras
com aquele corpo, e vice-versa, mas isso por si só não era motivo para deixá-lo
cercando-a há seis meses.

- Não se
preocupe - disse Poncho a ela. - Já fiz isso uma ou duas vezes.

- Ah -
reagiu Annie, franzindo a testa e apertando os lábios.

Normalmente
aquilo o faria imaginar por quanto tempo teria que beijá-la para amaciá-la, mas
não agora.

- O que é?
Você não confia em mim? - perguntou.

- Poncho -
interferiu Tibbs.

Ele ouviu a
advertência do chefe, mas não se importou:

- Não, acho
que já passou da hora de falarmos sobre isso abertamente. Eu quero saber, Annie.
Qual é o seu problema comigo?

- Nada -
ela o fulminava com aqueles olhos azuis. - Não há problema algum.