Fanfic: Volúpia (TERMINADA)

Agora, um
ano depois, em outro momento e lugar, alguém murmurava alguma coisa com a voz
baixa, que ela não conseguia entender, e vários homens reagiam rindo.

Estavam
tentando relaxar, ela sabia, provavelmente com alguma piada que não queria
ouvir. Ser uma mulher num mundo de homens não era algo novo, mas ela tinha que
admitir que desta vez, estava ficando irritada.

É verdade
que seus nervos estavam alterados só por estar ali, mas a culpa por isso era
dela própria. A seu pedido, James a havia transferido após um período de
licença. Annie queria provar a si própria que ainda podia fazer o seu trabalho,
e que não deixaria que o "incidente" a prejudicasse.

Mas com seu
estômago revirando, achou que talvez tivesse mais coisas para superar do que pensava.

- Ei.

Levando um
susto, Annie se virou para Poncho. Ele estava equipado e pronto para enfrentar
a noite. Parecia grande, mau, firme e preparado para qualquer coisa. Com
certeza seu estômago não estava revirando.

Os outros
conversavam, mas Poncho se mantinha perto dela, olhando-a como se pudesse ver
sua ansiedade.

- Está
pronta?

Ele podia
ver seu nervosismo.

- É claro,
estou pronta.

- É claro -
repetiu ele. - Olhe, sei que você vai querer me matar por isso, mas estou
sentindo uma estranha vibração em você e...

- Eu disse
que está tudo bem.

Para provar
isso, ela se voltou para o computador.

- Então
tudo bem. Você está bem, eu estou bem, estamos todos bem - disse ele.

Ela sentia
que ele a observava de perto. Ouviu quando ele se virou e seguiu os outros homens
em direção à porta e voltou-se para olhar aquele homem tranqüilo que não fazia
esforço algum para esconder o poder latente que havia sob sua superfície. Ou a
irritação.

Annie
expirou o ar com força. Droga. Ele podia ser incrivelmente atraente, mas
também era um agente incrível e, verdade seja dita, ela admirava sua ética no
trabalho ainda mais do que admirava secretamente seu corpo. E queria que ele a
admirasse por sua ética no trabalho.

- Poncho.

Ele olhou
para trás, seus ombros largos escondendo a visão da noite, mas não o vento
gelado.

- Sim?

- Tenha
cuidado.

Um leve
sorriso irônico passou pelos lábios dele.

- Pensei
que você fosse cuidar de mim.

Ela sentiu
um calor subindo pelo rosto, mas se manteve impassível. O sorriso dele era
seguro, e sexy o suficiente para confortá-la.

Quando ele
saiu, ela se abanou.

- Caramba,
como está frio aqui fora.

Diante do
comentário óbvio de Ucker, Poncho soltou com força o ar, formando uma neblina
com sua respiração. Os dois estavam deitados de bruços no telhado do celeiro
que havia sido apontado como uma fábrica de bombas.

Sim, estava
frio demais, porém ele se concentrava mais no fato de que estava a nove metros
do chão, sem uma corda de segurança e enfrentando um vento forte que parecia
querer derrubá-lo.

Céus, ele realmente
odiava alturas.

Ucker
abaixou o binóculo.

- Talvez a
gente consiga fazer isso antes de congelarmos como picolés aqui no telhado.

Assim como Poncho,
Ucker estava pronto para tudo. Era forte e ágil. Mas gostava de reclamar. Poncho
sabia disso desde que eles tinham 18 anos e treinavam juntos. Haviam se tornado
irmãos e conheciam um ao outro como ninguém.

Para chegar
ali, eles tiveram de sedar alguns rottweilers, desligar um alarme na casa da
fazenda e caminhar pela mata até o celeiro. O lugar parecia adequado para uma
atividade criminosa. Não havia nada ali perto além de ursos e coiotes. E muitos
carros e caminhões estacionados atrás da casa.

Estranho.
Parecia que havia muita gente ali, em algum lugar, mas não havia uma alma viva
na casa nem nos galpões dos fundos.

Restava o
enorme celeiro.

Poncho
tinha que admitir: as coisas estavam ficando perigosas, porque as telhas de
metal embaixo dele estavam ficando escorregadias devido ao acúmulo de gelo.
Qualquer movimento poderia ser fatal.

Graças aos
óculos especiais que usava, Poncho enxergava bem o chão lá embaixo, e a altura
lhe dava vontade de vomitar. Mas já havia estado em situações muito piores. Em
mais de uma ocasião, ele e Ucker haviam sobrevivido apenas graças ao instinto,
em lugares do mundo que nem mereciam estar no mapa.

Portanto,
mal ou bem, as coisas haviam melhorado.

- Espero
que não chova - disse Ucker.

- Ucker?

- Sim?

- Cale a
boca. Ele sorriu.

A
temperatura caíra para dois graus, e o vento parecia congelá-los por dentro. Poncho
queria avançar. Mas eles estavam presos ali até receberem um sinal da estação
de comunicações, instalada na van onde estavam Annie e uma equipe, na estrada
principal, a 400 metros de distância.

-
Precisamos chegar mais perto - disse ele pelo microfone.

-
Mantenham-se em posição - ordenou Annie, com a Voz cheia de ruídos, mas ainda
suave, calorosa e incrivelmente sexy.

Pelo menos
na opinião de Poncho.

Só de
ouvi-la ele ficava excitado, imaginando fazer sexo selvagem com ela encostado
num muro.