Fanfic: Volúpia (TERMINADA)

Aquele
idiota havia atirado nele. Fora atingido no peito. Abençoado colete à prova de
balas. Tonto e procurando ar, ele tentou se manter consciente, mas sua visão de
apagava enquanto ele olhava o céu, deitado no chão, sentindo todo o seu corpo
doer.

- Poncho?
Apareça - a voz de Annie soou em seu ouvido.

Ele se
sentia como se estivesse desaparecendo. Mas o rádio voltara a funcionar e
aquela voz soava sensual. O problema era que ele estava mergulhando numa
agonia, e não conseguia se mexer. Nem falar.

- Poncho.

Como era
doce aquela voz. Ela parecia preocupada.

Ele
precisava se levantar, mas um pé se plantou sobre sua garganta, e o ar lhe foi
abruptamente cortado.

Por James.
O diretor regional.

Traidor.

Poncho
tentou erguer um braço para segurar aquele pé sobre sua garganta.

- Não se
preocupe - James pressionava seu pescoço com mais força. - Logo você estará
morto, de qualquer jeito. Só quero vê-lo sofrer um pouco antes, por me
bisbilhotar por tanto tempo.

Poncho se
sentiu indefeso, uma sensação absolutamente nova e desagradável. Simplesmente
não conseguia respirar, e parecia que seu peito estava queimando.

- Dói
muito, não é? - disse James.

O que doía
mais era que ele não conseguia se lembrar se conseguira pronunciar o nome de James
antes de ser derrubado. Se tudo estivesse acabado, ele queria que Ucker
soubesse que eles estavam certos. Quer dizer, se o rádio tivesse funcionado.

- Ucker...-
disse ele.

- Sinto
muito. A noite vai ser trágica. Vocês dois vão morrer tentando enganar a
agência.

Em meio à
agonia, Poncho notou que ainda segurava sua arma. Se ele pelo menos conseguisse
mexer os músculos do braço e erguê-la. Foi quando ouviu alguém tentando fazer
contato.

Christian.

Ucker.

Graças a
Deus, Ucker.

Em algum
momento eles perceberiam que ele não fazia contato, que ele não conseguia...

- Poncho?
Vamos lá, Poncho - dizia Annie, tentando transmitir calma, embora suasse.

Havia algo
errado, e não era só o equipamento que havia falhado por longos cinco minutos.

- Não
consigo vê-lo - disse Thomas pelo rádio.

- Eu também
não - afirmou Christian.

-Vou voltar
ao telhado - respondeu Ucker. - Talvez ele não tenha descido.

Ela
esperava que Poncho aparecesse sorrindo, dizendo que estava tudo bem. Mas não
foi o que aconteceu. Ele não estaria brincando, não numa situação como aquela.
Ele conhecia o protocolo. Havia sido soldado das Forças Especiais. Sempre
seguia as regras.

- Poncho.

Como ele não
respondia, ela o visualizou. Seu terapeuta lhe havia ensinado que imaginar a
causa do sofrimento ajuda.

É claro que
o terapeuta se referia ao homem que a fizera refém, mas a idéia era a mesma.
Esperando que aquilo funcionasse, ela se concentrou na imagem de Alfonso
Herrera.

Em dois
segundos ela já o imaginava sem camisa. A única vez que o vira assim havia sido
seis meses antes, em seu primeiro dia no escritório. Ele e Ucker haviam passado
horas deitados embaixo de um caminhão, sob um sol abrasador, vigiando uma casa.
Depois da operação, Poncho fora ao escritório para trocar de roupa. Ele tinha
um armário.

Annie
estava sentada à mesa, na sala dos funcionários, fazendo um lanche. O garfo
ficou a meio caminho da boca e a salada foi esquecida quando ela o viu, com os
olhos cansados, barba crescendo há vários dias, óculos escuros no alto da
cabeça. Ele arrancou a camisa suada e ficou ali, só com uma calça jeans
perigosamente baixa na cintura, rindo com Ucker enquanto tentava abrir o
armário.