Fanfic: Volúpia (TERMINADA)

Depois do
episódio em que fora refém, seu terapeuta lhe disse que seu desejo por homens
acabaria voltando, provavelmente quando ela menos esperasse. Annie havia
viajado um pouco, visitado os pais e a irmã na Flórida, onde eles haviam
marcado para ela vários encontros com rapazes, mas nada acontecera. Ali,
naquela sala, o desejo não apenas havia voltado, como havia voltado cheio de
sinos e luzes coloridas.

Céus.

Sem
conseguir evitar, ela continuava imaginando Alfonso Herrera com o aquele peito
forte, bronzeado, suado, a tatuagem, as cicatrizes que indicavam seu heroísmo.
O jeans tinha um buraco no joelho e outro na coxa da outra perna, expondo sua
pele lisa.

Ele havia
se virado e notado que ela o observava. Nervosa, ela deixou o garfo cair no
colo. O garfo estava cheio de comida.

Aqueles
olhos cor de chocolate haviam derretido seu olhar. Ele não disse uma palavra
enquanto vestia uma camisa limpa, seus bíceps e quadríceps se flexionando, seu
abdômen rígido se ondulando. Seus olhos, embora cansados, ainda transmitiam um
calor que a excitava.

Depois
disso, Poncho nunca aceitara seu frio silêncio, seu grito desesperado para que
ele mantivesse distância. Porque ela precisava se distanciar. E não podia
culpá-lo por não entender. Droga, pelo menos por um momento ela havia lhe dado
uma impressão errada. Havia dado a si própria uma impressão errada,
porque o havia desejado. Queria seus braços, queria que ele a beijasse, longa e
profundamente, e deslizasse as mãos sobre seu corpo, dando-lhe um prazer que há
muito tempo ela se negava a ter.

Mas ela
havia recuperado os sentidos e não deixaria aquele lapso acontecer de novo.

Pelo menos
não publicamente.

Como novata
na divisão, Annie fizera um enorme esforço para se adaptar e se familiarizar
com todos os colegas. Mantinha-se afastada de Poncho, e somente dele, porque
achava que era o melhor a fazer até estar pronta para os sentimentos que ele
despertava nela. E ainda não estava pronta.

Isso não
quer dizer que ela não se importasse com ele. Importava-se muito. Aí é que
estava o problema.

Desde aquele
momento salada-no-colo, Annie olhava para ele, para seu físico de menino, seu
sorriso. Agora estava sentada na van, imaginando desesperadamente Poncho diante
de si, porque tinha que acreditar que ele estava bem.

Por favor,
esteja bem.

- Alguém
caiu - a voz era de Christian. - Repetindo, um agente caiu.

Oh, Deus.
Certa vez, ela havia sido o agente que caíra, e aquelas palavras
trouxeram de volta o terror.

Sala
escura.

Acorrentada
a uma parede.

Frio,
depois quente, depois medo como nunca antes havia sentido ao perceber que seus
captores queriam informações que ela não tinha, e que eles a torturariam de
qualquer modo...

Mas aquilo
havia passado. O que acontecera a ela não aconteceria agora. Concentre-se, droga.
Foco.

- Onde ele
está?

Os homens
que estavam com ela, Ken e Wayne, já estavam em alerta devido à falha do
equipamento, trabalhando freneticamente.

- Christian
- disse ela. - Esclareça.

Nada.

- Thomas,
você está com Christian?

Novamente
nada. Virando-se para trás, olhou para os dois homens sem acreditar.

- Vocês
estão sem cordato novamente? Os dedos de Wayne batiam no teclado.

- Droga.
Sim - disse ele.

Era
possível um coração parar completamente e bater ao mesmo tempo?

- Eles
precisam de apoio.

Ela se
levantou e tirou o casaco.

- O que
você está fazendo? - perguntou Ken.

- Me
preparando.

Annie se
livrou do fone inútil.

- Não
devemos...

- Pelo
menos um homem caiu e não temos rádio - interrompeu ela.

Annie
vestiu o colete e apanhou uma pistola.

- Vamos
entrar - disse.

Houve
alguma movimentação. Ela não sabia se para se juntar a ela ou impedi-la, porque
não olhou para trás quando abriu a porta da van.

Ucker
atravessava o telhado do celeiro, procurando a sombra que havia visto. Não James,
mas um de seus capangas, vindo do lugar onde ele havia visto Poncho pela última
vez. Ele se apressou. Trabalhavam juntos há anos, e era o que sempre faziam:
apoiar um ao outro.

Mas naquele
momento tudo o que ele sentia era terror.

Poncho
havia caído.

Num canto
do telhado, Ucker viu uma passagem. Quando se abaixou ali para examinar a
situação, sentiu uma dor cega no pescoço. Quando se virou para lutar, foi
atingido novamente por um pedaço de pau, era o que parecia. Em seguida estava
voando do telhado para o chão.

Droga. Agora ele e Poncho haviam caído.

Isso era
ridículo, disse Annie a si mesma, o vento frio batendo no rosto. Desistira do
trabalho de campo. Prometera que nunca voltaria. E agora estava ali, correndo
diante do primeiro sinal de problema, porque não conseguia admitir a idéia de
que um agente havia caído.