Fanfic: Entre Linhas e Olhares | Tema: Vida na favela, Romance....

Enquanto Maju se preocupava com a ausência de Dany, em uma parte isolada do morro, um cenário muito mais sombrio se desenrolava. Dany estava cercada por integrantes de uma gangue rival, os rostos carregados de tensão e determinação. Eles não estavam ali para fazer amigos, seu objetivo era claro e perigoso.

Você sabe onde está o carregamento, garota? Perguntou um dos rapazes, seu olhar penetrante demonstrava que ele não estava disposto a perder tempo. Dany, com os olhos arregalados e a respiração ofegante, mal conseguia processar suas palavras. Ela estava em choque, sem entender como havia chegado naquela situação aterradora.

Eu… eu não sei do que você está falando! Dany respondeu, sua voz tremendo. Eu só estou aqui para a festa. Eu não faço parte disso!

O grupo trocou olhares um instante. A pressa em encontrar o carregamento a qualquer custo parecia competir com a curiosidade pelo que uma menina comum poderia saber. Eles não podiam se dar ao luxo de deixar que Dany saísse sem entender a gravidade de suas palavras, mas forçar ela falar poderia ser arriscado.

Escuta aqui, a gente só quer saber onde estão as drogas que chegaram. Você pode facilitar a nossa vida, ou isso pode ficar muito complicado para você ,disse uma garota que se destacava entre a gangue, com um olhar frio e decidido. Dany sentia que sua mente estava atordoada,o medo, a confusão e a urgência se misturavam, enquanto ela tentava permanecer alerta.

Eu juro, eu não sei nada! Não sei de drogas, não sei de nada! implorou Dany, as lágrimas começaram a escorregar por seu rosto. A situação se tornava cada vez mais insustentável e ela sabia que precisava encontrar uma maneira de sair dali.

A gangue estava prestes a intensificar suas ameaças quando o som de uma festa ao longe chegou aos ouvidos deles. As risadas e as batidas da música se misturavam com a tensão no ar. Um dos membros da gangue disse, vamos dar um jeito nisso rápido. Se a gente não tiver o que queremos, podemos ter problemas com os outros grupos. A última coisa que precisamos é que alguém venha até aqui e veja o que estamos fazendo.

Com seu coração acelerado e a mente em modo de fuga, Dany sabia que precisava de um plano. Dentro de si, ela começou a buscar por qualquer oportunidade de escapar daquela situação. Ao olhar ao redor, ela notou que a vegetação não estava muito longe, o que poderia ser sua única chance de se livrar daquelas garras perigosas.

O silêncio foi interrompido pela voz de Dany. Se vocês me deixarem ir, eu posso tentar descobrir informações para vocês. Prometo que não direi a ninguém, mas preciso voltar para a festa.O olhar intrigado da gangue fez com que ela soubesse que sua vida dependia daquela mentira. Se conseguisse enganar eles por tempo suficiente, talvez pudesse conseguir escapar e voltar para Maju, que certamente estaria à sua procura.

Dany foi colocada amarrada a uma cadeira, o coração palpitando em seu peito enquanto a gangue discutia o que fazer com ela. A garota da gangue, uma mulher alta e de expressão severa, não desviava o olhar. Era claro que ela não confiava em Dany. Você acha que pode enrolar a gente? Sabemos quem é seu pai, e que está com o João. Não tem como escapar disso disse a garota, com um sorriso sarcástico que fazia a pele de Dany se arrepiar.

Dany tentou manter a calma. Em sua mente, repetia como um mantra que precisava ficar focada. Ela sabia que Maju e os outros estavam à sua procura. Eles vão me encontrar  pensava, eles sempre fazem isso. Mas a pressão da situação a fazia duvidar se conseguiria sair a tempo. A tensão no ar enquanto a gangue decidia o que fazer a seguir.

Devemos entregar ela ao chefe e fazer com que ele decida, sugeriu um dos membros, sua voz cheia de desdém. Ela pode ser útil se falarmos sobre o que vale a pena.

Outra integrante retrucou: E se ela não souber nada? Estamos apenas desperdiçando nosso tempo. Precisamos do carregamento, não de uma garota que provavelmente está tão perdida quanto nós.

Dany ouviu tudo isso, sua mente girando com todo tipo de plano de fuga, mas as cordas a mantinham firmemente presa. Ouvia cada proposta, cada discussão, e percebia que, embora estivesse cheia de medo, havia uma pequena luz de esperança dentro dela. Algo lhe dizia que a ajuda estava mais perto do que imaginava.

Enquanto a gangue começava a se agitar e a discutir entre si, Dany notou um movimento na escuridão à sua esquerda. Uma sombra se movia silenciosamente entre as árvores. Seu coração disparou. É um deles? pensou, mas a figura não parecia ameaçadora. Por um breve momento, seu olhar encontrou os olhos de um pequeno grupo de pessoas que se aproximavam cautelosamente.

Era João e outros amigos, que tinham seguido suas pistas até ali. João, com seu comportamento determinado e olhar firme, gesticulava para que Dany tivesse calma. Ele entendia a gravidade da situação e sabia que precisava agir rapidamente. Sentindo que a situação estava prestes a esquentar, ele sinalizou para os outros que estavam ali para ajudar.

O que vamos fazer? Sussurrou um dos homens de João, preocupado. 

Precisamos ser estratégicos, respondeu João, com a voz baixa. Eles não pode saber que estamos aqui ainda, mas temos que tirar ela dessa.

Enquanto a gangue continuava debatendo sobre a utilidade de Dany, ele sussurrou para seus amigos: Vamos distraí eles. Se conseguirmos desviar a atenção, podemos soltar Dany.

João tomou a frente e fez barulho ao se aproximar, chamando a atenção da gangue. Ei, o que está acontecendo aqui? gritou ele, o tom de voz firme imprimindo de confiança.

As cabeças da gangue se viraram em sua direção, surpresas e confusas. Era a distração que Dany precisava. Ela sentiu uma esperança enquanto observava seus amigos prontos para agir. Com um movimento rápido, João se lançou em direção à gangue, enquanto os outros se posicionavam ao redor para cercar eles.

Dany, vendo a oportunidade, começou a arranjar os nós das cordas com todas as suas forças, determinada a se libertar a tempo. Com um pouco de sorte e a ajuda de seus amigos, ela sabia que logo estaria livre e em segurança. A adrenalina tomou conta dela, e uma nova energia a fez acreditar que tudo estava prestes a mudar.

João e os outros homens cercaram a gangue, Ruan apareceu e ajudou a filha a se soltar. No meio do caos houve uma troca de tiros onde ninguém se feriu mas a gangue conseguiu fugir. Mas naquele momento o que importava era a segurança de Dany.

Enquanto a tensão começava a sumir e os últimos ecos dos tiros ainda estavam no ar, João respirou fundo, olhando nos olhos de Dany. A festa, que antes vibrava com música e risos, agora parecia um sussurro distante, uma lembrança do que poderia ter sido uma noite perfeita. Muitos convidados, assutados pela situação, se agrupavam nervosamente, enquanto outros tentavam entender o que havia acontecido.

Ruan, ainda ao lado de Dany, garantiu que ela estava bem. Você está segura agora murmurou, mas a preocupação ainda misturava-se à adrenalina pós-conflito. Dany assentiu, mas sua mente estava longe, pensando na gangue que ainda rondava, nas incertezas do futuro.

João, percebendo que precisava agir para restaurar a normalidade, se virou para os convidados. Pessoal, foi só um susto. A festa continua! Ele tentou transmitir confiança, embora seu coração ainda estivesse acelerado. Algumas pessoas pareceram relaxar um pouco, enquanto outras começaram a murmurar entre si.

Um grupo de músicos que havia ficado em silêncio durante a confusão finalmente começou a tocar novamente, e a música tomou conta do ambiente, ajudando a acalmar o clima de medo. João sentiu um peso sair de seus ombros. Ele se dirigiu a Dany e Ruan, Vamos nos juntar aos outros. Precisamos mostrar que não vamos deixar que isso estrague a nossa noite.

Enquanto eles começavam a se afastar do local onde a maré de tensão ainda permanecia, Dany lançou um olhar para os amigos que se reuniam novamente. A festa estava longe de terminar, mas aquela noite permanecería gravada em suas memórias uma mistura de medo, coragem e união.

Com um último olhar para o horizonte, onde a luz da festa se misturava à escuridão, Dany sorriu levemente. Havia um novo fortalecimento entre eles, um laço inesperado que, apesar do que havia acontecido, os tornava mais fortes. Era hora de celebrar a vida, de dançar e rir, mesmo que a sombra da gangue ainda estivesse em suas mentes. O capítulo de terror poderia ter terminado, mas a história deles continuava cheia de promessas, desafios e a certeza de que, juntos, poderiam enfrentar qualquer tempestade.

E assim, a música aumentou, e a festa recomeçou.