Fanfic: Corações Em Meio Ao Caos | Tema: Vida na favela
O silêncio dentro do pequeno quarto da tia Rosa , era quebrado apenas pelo som distante das sirenes e vozes que se elevavam e abaixavam, como se toda a favela estivesse presa na tempestade que se aproximava. Samyra envolveu Lorenzo em seus braços, tentando oferecer o conforto que a situação não permitia. O coração dela ainda batendo rápido, a adrenalina que a levara até ali.
Mamãe, eu tenho medo dizia Lorenzo, sua voz um triste sussurro.
Eu sei, meu amor. Estou aqui com você, tudo vai ficar bem respondeu Samyra, acariciando os cabelos da criança. Havia um consolo na presença de Tia Rosa, mas o futuro permanecia incerto, como a nuvem escura que sobre suas cabeças.
Do lado de fora, Felipe e a tia Rosa debatiam o que fazer. Samyra podia ouvir partes da conversa, cheios de urgência e preocupação. Havia planos sendo traçados, alternativas sendo discutidas, mas tudo parecia tão distante e irrelevante para ela naquele momento. O papel da mãe falava mais alto.
Samyra, precisamos que você fique calma disse Tia Rosa ao entrar novamente no quarto, a expressão dela marcada pela determinação. Não sabemos quanto tempo isso vai durar, mas devemos nos preparar.
Como? Samyra perguntou, a voz tremendo. O que eu posso fazer?
Manter Lorenzo tranquilo é a prioridade. Rosa fez questão de enfatizar, olhando para o menino, que agora se agarrava mais perto da mãe. E se você puder, me ajude a organizar algumas coisas na cozinha. É bom termos água e comida aqui.
A ideia de se mover, mesmo em um pequeno espaço, trouxe um sopro de vida a Samyra. Ela se levantou, limpou as lágrimas que teimavam em cair e respirou fundo. Certo, vamos fazer isso.
Na cozinha, Rosa e Samyra começaram a reunir suprimentos. A luz fraca projetava sombras que dançavam nas paredes enquanto conversavam em sussurros, motivos e esperanças entremeados.
Você sabia que isso poderia acontecer de novo? Samyra murmurou, enquanto pegava garrafas de água da prateleira.
Eu temia. Rosa respondeu. Mas sempre espero que o amor e a paz prevaleçam. A verdade é que o poder e o medo têm uma forma de nos pegar desprevenidos.
Com um leve tremor nas mãos, Samyra embalou as garrafas e as enfiou em uma sacola junto com algumas frutas. O tempo parecia arrastar , mas nesse movimento, ela começou a visualizar o que poderia ser um futuro diferente. Um futuro que era possível para Lorenzo, um futuro que não deveria ser definido pela guerra e pelo medo.
Ao voltar para o quarto, uma nova resolução tomou conta dela. O que acontecia fora da casa era incontrolável, mas dentro daquele espaço, Samyra poderia criar uma sensação de normalidade.
Lorenzo! ela chamou, com um tom alegre. Vamos brincar!
Os olhos do menino brilharam por um breve momento, a ideia de brincar trazendo um sorriso ao seu rosto. Samyra encontrou alguns brinquedos que estavam guardados e começou a contar histórias enquanto os dois brincavam juntos. Rosa observou, um semblante gentil no rosto. O riso de Lorenzo era um alívio em meio ao caos lá fora.
Alguns minutos depois, Felipe entrou, o olhar preocupado. A situação está piorando. Temos que ter um plano de saída, caso a gente precise.
Samyra sentiu um frio na espinha, mas olhou para Lorenzo, que estava tão distraido na brincadeira que não percebia a tensão crescendo. Onde vamos? Perguntou, a voz firme.
Para um lugar mais seguro, longe do morro respondeu Felipe. Há amigos que podem nos ajudar, mas precisamos fazer isso rapidamente.
Rosa questiona com uma preocupação profunda refletida em seu olhar. Não podemos simplesmente correr para a rua. A situação está tensa e a violência está próxima.
O olhar de Samyra se tornou assustado. Então, precisamos esperar o momento certo. Nós sabemos como agir no morro. Vamos nos preparar.
Felipe a observou, um sorriso de compreensão se formando em seu rosto. Você está certa. Não temos que agir precipitamente.
Enquanto planejavam o que fazer a seguir, Samyra olhou para Lorenzo. A necessidade de garantia, de segurança, estava firme em seu coração. Havia uma tempestade se aproximando, mas o amor, fortaleza e a esperança que ela buscava dar a Lorenzo eram mais poderosos que qualquer medo.
Com tensão aumentando e a incerteza no ar, Samyra e Felipe se reuniram com a tia Rosa, trocando ideias e estabelecendo um plano. O crepúsculo começou a tomar forma, fazendo com que a luz do dia e as sombras se alongassem, refletindo o simbolismo do momento que viviam.
Vamos colocar alguns suprimentos em mochilas sugeriu Felipe, e preparar uma rota de saída. Precisamos ser rápidos e discretos.
Concordo respondeu Samyra, absorvendo tudo como uma esponja. Mas, por favor, tudo deve ser feito enquanto Lorenzo estiver distraído.
A tia Rosa, com sua experiência e sabedoria, começou a organizar a casa. Cada item armazenado parecia um passo em direção à proteção do que mais importava: sua família, seus laços. A cada garrafa de água e cada alimento enfiado na mochila, um misto de medo e determinação se formava dentro dela.
Samyra lançou um olhar amoroso para Lorenzo, que estava agora completamente envolvido em sua brincadeira. Precisava transmitir a ele um sentimento de segurança, mesmo em meio ao caos. Ela se aproximou, se agachando para ficar à altura do menino.
Lorenzo, você se lembra do que a mamãe sempre diz? perguntou, tentando passar confiança.
O que? ele respondeu, seus olhos brilhando de expectativa.
Que somos mais fortes quando estamos juntos, não é?
Ele concordou sorrindo. A inocência dele trouxe alegria ao coração de Samyra, como um raio de sol perfurando uma nuvem escura.
Isso mesmo, meu amor. E vamos fazer o que for preciso para manter nossa família unida. Então, suavemente, ela recomeçou a brincar com ele, aproveitando o momento.
Enquanto o tempo passava, as coisas começavam a mudar. As sirenes lá fora se tornaram mais frequentes, e as vozes mais exaltadas nas ruas. Samyra sabia que o momento de agir estava se aproximando, mas ainda podia sentir a proteção daquele espaço ao seu redor.
Quando tudo pareceu pronto, Felipe deu uma última olhada no relógio na parede. Precisamos ir agora. O céu já está escurecendo e não podemos nos arriscar em sair à noite.
Dando um último olhar afetivo para o quarto que tanto significava, Samyra pegou a mão de Lorenzo, que a olhou com confiança. Juntos, eles caminharam para a saída, com a tia Rosa e Felipe seguindo logo atrás.
Lembrem de que, mesmo que o mundo lá fora esteja confuso e perigoso, o amor nos mantém firmes disse Rosa com uma voz baixa, mas firme.
Samyra apertou a mão de Lorenzo, sentindo seu pequeno coração pulsar rápido. Era hora de enfrentar a tempestade, de sair em frente. Às vezes, o ato mais corajoso era simplesmente seguir em frente, não importa o desafiado no caminho que poderia ser.
E assim, sob o manto da escuridão, eles deixaram o abrigo que havia sido seu refúgio, decididos a lutar por um futuro mais brilhante, juntos.
Autor(a): anonimamisteriosa_
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A noite envolveu a cidade como um cobertor pesado. As luzes das ruas piscavam, refletindo o caos que estava no ar. Samyra, Felipe, a tia Rosa e Lorenzo caminharam em silêncio, cada passo pesando mais do que o anterior. Para onde vamos? Perguntou Lorenzo, sua voz baixa e trêmula, um misto de curiosidade e temor. Temos uma amiga da vovó que ...
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