Fanfic: Te Daria Tudo - Vondy | Tema: Vondy

Pov Christopher

Minha vida nunca esteve tão alinhada. Pela primeira vez, eu não sentia apenas equilíbrio, mas uma paz genuína que vinha de dentro. E isso, eu sabia, era graças a Natalia. Ela era meu pilar, minha bússola, e a razão pela qual eu tinha me transformado em uma pessoa melhor, o homem que eu sempre quis ser – alguém que eu finalmente podia respeitar e admirar. Pela primeira vez, eu sabia que queria construir um futuro sólido ao lado de alguém.

Natalia era minha segurança, meu amuleto. Ela fazia com que a ideia de amor e parceria ganhasse forma real, ela me ensinou que relacionamentos não precisavam ser campos de batalha. Com ela, tudo era claro e estável, nosso relacionamento era sólido, bonito em sua simplicidade e profundidade e nossa conexão se fortalecia dia após dia.

Há alguns anos, eu jamais teria imaginado isso. Quando Christian reintroduziu Natalia em minha vida, eu estava perdido. Não sabia ser o homem que uma mulher precisava e, honestamente, não acreditava que poderia ser. Minhas crenças sobre amor eram baseadas em exemplos de relações construídas sobre areia movediça. Mas Natalia destruiu todas essas certezas. Ela me mostrou que o amor podia ser algo seguro, algo que se construísse ao invés de destruir.

Agora, eu sabia quem eu era. Eu sabia o que queria. E esse querer começava e terminava com ela.

Era uma tarde tranquila de quinta-feira quando meu celular vibrou. Uma notificação na tela me fez hesitar. O nome dela estava lá: Dulce. Não era uma mensagem, claro. Era uma notificação do seu canal no Youtube, cliquei no alerta e vi que era o videoclipe de sua nova música, No Sé Llorar.

Por um momento, considerei ignorar, porque sabia que Dulce era uma página virada na minha vida. Mas a curiosidade venceu. Cedi e cliquei.

O vídeo começou. E lá estava ela. Linda como sempre. Era impossível não notar. O vermelho vibrante que costumava iluminar seus cabelos havia sido substituído por um castanho profundo com mechas douradas que brilhavam sob a luz. Parecia que qualquer cor combinava com ela – ou talvez fosse ela quem desse vida às cores. Mesmo depois de tudo, Dulce sempre teria esse efeito em mim. Mas algo naquela música me atingiu como uma tempestade inesperada, como se tivessem sido diretamente para mim. Será que eram? Poderiam ser sobre outra pessoa? Se eu conhecesse Dulce – e eu conhecia –, sabia que sua música era sempre uma extensão de sua alma. Ela transformava seus sentimentos em arte.

E cada verso parecia despertar uma sensação estranha de perda que eu não queria admitir.

– Christopher? – a voz de Natalia me tirou do transe.

Olhei para ela. Ela tinha acabado de chegar e trazia consigo aquela paz que só ela conseguia proporcionar. Mas, ao mesmo tempo, sentia como se algo importante estivesse escapando por entre os meus dedos, mesmo que eu não soubesse exatamente o que era.

– O que está vendo? – ela perguntou, com um sorriso curioso, enquanto deixava a bolsa no sofá.

Hesitei antes de responder, bloqueando o celular e forçando um sorriso.

– Só um vídeo qualquer, nada importante.

Ela assentiu, sem desconfiar de nada, e se aproximou para me dar um beijo. Mas, enquanto ela sorria para mim, eu ainda sentia aquele peso no peito. Algo que não deveria estar ali. Dulce sempre seria especial para mim. Isso era inegável. Mas Natalia era meu presente e meu futuro.

Naquela noite, enquanto Natalia dormia ao meu lado, o vazio dentro de mim parecia crescer. O conforto que eu sempre encontrava na sua presença havia sido substituído por um peso incômodo. E eu me odiava por isso. Natalia era tudo o que alguém poderia desejar. Mas, de alguma forma, minha mente insistia em vagar para o passado, para Dulce.

Peguei o celular, e, sem pensar muito, digitei uma mensagem rápida.

"Parabéns pelo novo single.”

Observei as palavras na tela, o polegar pairando sobre o botão de enviar. Mas, antes que pudesse apertá-lo, apaguei a mensagem. Não havia sentido em reabrir portas que já deviam estar fechadas. Respirei fundo, coloquei o celular de lado e me forcei a fechar os olhos, tentando ignorar os pensamentos que me assombravam.

Os dias se arrastavam, mas aquele incômodo continuava me perseguindo. Eu tentava focar no trabalho, no presente ao lado de Natalia, mas era como se a sombra de Dulce estivesse sempre ali, pairando sobre mim. Não era algo que eu conseguia definir com clareza, mas parecia uma sombra que não desaparecia, mesmo sob a luz mais brilhante.