Fanfic: Te Daria Tudo - Vondy | Tema: Vondy

Eu fiz o possível para me concentrar em Natalia e em nossa vida juntos. Em um determinado fim de semana decidimos fazer uma pequena viagem para aproveitar um tempo só para nós dois, longe da correria do dia a dia. Não era algo que conseguíamos fazer com frequência, devido às nossas agendas agitadas, mas sempre que podíamos, nos desconectávamos do mundo e simplesmente desfrutávamos da companhia um do outro, curtindo a paz e tranquilidade de estarmos juntos.

Escolhemos uma cabana aconchegante na serra, o lugar era rodeado por árvores altas, e o som do vento passando por elas parecia apagar qualquer resquício preocupação – ou, pelo menos, tentar. Natalia estava radiante por estarmos tendo um tempo para nós dois, ela passou toda a manhã com sorriso que eu tanto amava, enquanto eu parecia um impostor dentro da minha própria vida. 

Na parte da tarde ela sugeriu que fizéssemos uma trilha até o lago que ficava a alguns quilômetros dali, eu aceitei e sua animação pareceu crescer ainda mais. Natalia sempre tinha essa energia contagiante que iluminava qualquer situação. Durante todo o percurso ela falava animadamente sobre seus projetos no trabalho, gesticulando com as mãos e rindo de vez em quando, mas embora sua animação fosse visível, eu não compartilhava do mesmo entusiasmo, meus pensamentos, traiçoeiros, insistiam em vagar para longe dali. Por mais que eu estivesse ali, ao lado de Natalia, e quisesse aproveitar cada momento com ela, flashes de memórias indesejadas surgiam na minha mente. Era Dulce. A música. A maneira como a letra parecia se comunicar diretamente comigo. Era uma invasão sutil, mas constante, que eu não conseguia controlar.

– Você está muito quieto, – Natalia observou, parando na trilha e me olhando com uma mistura de curiosidade e preocupação. – Está tudo bem?

– Sim, claro, – respondi rapidamente, forçando um sorriso. – Só estava pensando em como esse lugar é incrível.

Ela sorriu de volta, parecendo aceitar minha resposta, e voltou a caminhar à frente, falando sobre os planos para a nossa próxima viagem, apesar de saber quem eu fui, ela confiava em mim, e isso só fazia com que eu me sentisse mais culpado por meus pensamentos.

Eu sabia que precisava deixar o passado para trás. Natalia era tudo o que eu sempre quis, tudo o que eu precisava. Mas, de alguma forma, Dulce continuava sendo uma sombra que pairava sobre mim, desafiando meu desejo de seguir em frente.

Naquela noite, enquanto Natalia se aconchegava ao meu lado na frente da lareira, eu me esforcei para afastar os pensamentos que teimavam em voltar. O calor do fogo, o cheiro da madeira queimando, o som das árvores lá fora – tudo deveria ter sido reconfortante. Era um momento perfeito, tranquilo, exatamente o que eu deveria valorizar. Mas, mesmo assim, em algum lugar da minha mente, Dulce continuava presente. Eu não entendia por que ela ainda ocupava tanto espaço em minha mente. Talvez fosse apenas o impacto daquela música, talvez fosse nostalgia, ou talvez fosse algo mais profundo que eu ainda não estava pronto para enfrentar.

Natalia ergueu os olhos para mim, interrompendo meus devaneios.

– Você está pensativo de novo, – ela disse suavemente.

– Não é nada, – menti novamente, beijando sua testa. – Estou feliz por estarmos aqui.

E era verdade. Eu estava feliz, mas também estava inquieto. Ela sorriu, satisfeita com minha resposta e se aninhou em mim outra vez. Mas dentro de mim parecia preso entre o passado e o presente, era uma batalha constante entre o que eu tinha e o que parecia me chamar de volta. Eu sabia que o que importava era o presente, mas parte de mim ainda estava presa em um passado que eu não conseguia esquecer.

Quando voltamos para casa, percebi que algo havia mudado dentro de mim. Queria acreditar que aquele fim de semana com Natalia teria sido suficiente para apagar os pensamentos conflitantes, mas, na verdade, parecia que eles só haviam se intensificado. Em vez de nos aproximar, a viagem destacou ainda mais a distância que crescia entre nós. Eu havia erguido um muro invisível deixado a Natalia do lado de fora. Ela tentou, como sempre fazia, ultrapassar essa barreira. Mas eu não conseguia ser totalmente presente. Minhas respostas eram curtas, e meu sorriso, quando aparecia, não chegava aos olhos.