Fanfic: Te Daria Tudo - Vondy | Tema: Vondy

Eu me agarrei ao trabalho como um refúgio. Quando surgiu a oportunidade de viajar para finalizar as filmagens de um projeto, aceitei sem hesitar, mesmo sabendo que isso significaria passar semanas longe de Natalia. Durante a viagem, o distanciamento ficou ainda mais evidente. Evitei ao máximo nossos telefonemas, preferindo apenas mensagens curtas e quando atendia, inventava desculpas – reuniões, ensaios, cansaço – qualquer coisa para encurtar as conversas. Não era que eu não quisesse falar com ela; era que, toda vez que ouvia sua voz, a culpa me atingia como um soco no estômago.

Eu sabia que estava me afastando de Natalia, e, no fundo, entendia que isso não era justo com ela. Mas a confusão dentro de mim me impedia de corrigir o rumo. Cada dia parecia me empurrar mais para longe do relacionamento que construímos juntos, e eu não sabia como reverter isso. Ou se realmente queria.

Na manhã de uma terça-feira, enquanto eu estava em uma pausa das filmagens, meu celular vibrou com uma mensagem da minha mãe.

"Oi, querido. Você viu a confusão envolvendo a Dulce? Como pode uma menina tão boa acabar nesse tipo de escândalo? Espero que ela esteja bem.

Cliquei no link anexado, e meu estômago afundou ao ler que estavam apontando Dulce como amante do produtor Paco Alvarez. O artigo estava repleto de especulações. Ele mencionava que Paco ainda estava casado, mas supostamente em crise, e ele e Dulce teriam iniciado um romance durante as gravações do videoclipe de No Sé Llorar.

– Isso não pode ser verdade – murmurei para mim mesmo, tentando ignorar o desconforto crescente.

Enquanto lia, meu coração se apertava. Não apenas por causa da gravidade da situação, mas pela maneira como o texto tratava Dulce. Imagino sua reação ao ler esses absurdos. Eles a pintavam como uma destruidora de lares, uma mulher que se aproveitava da vulnerabilidade dos outros.

Meu celular vibrou novamente. Era uma mensagem de Natalia.

Natalia:
"Você viu a confusão envolvendo a Dulce? Que situação complicada… Espero que não esteja te afetando."

Ela sempre sabia quando algo me incomodava, mesmo que eu tentasse esconder. Respondi rapidamente:

Eu:
"Vi sim. Mas não é da nossa conta, né? Espero que tudo se resolva pra ela."

Guardei o celular e tentei voltar ao trabalho, mas minha mente estava longe. As palavras do artigo martelavam minha cabeça, misturadas com as memórias de Dulce.

Mais tarde, durante o almoço com o elenco, o assunto voltou à tona.

– Você viu a história do Paco e da Dulce? – alguém perguntou casualmente.

Mesmo sem a intenção, a simples menção ao nome de Dulce despertou em mim um instinto protetor.

– Conhecendo a Dulce, acho difícil que isso seja verdade. – Falei, defendendo-a.

– Eu conheço o Paco, e ele tem fama de galanteador – comentou, com um tom sugestivo. – Não me surpreenderia se fosse verdade.

– Dulce não é esse tipo de mulher – retruquei, minha voz mais firme do que eu planejava.

Ana ergueu uma sobrancelha.

– Talvez não seja, mas... as coisas podem acontecer, Christopher. Você sabe como é, não é? A proximidade, as emoções à flor da pele... Às vezes, é difícil resistir.

Aquilo me incomodou. Eu sabia o que Dulce representava e como ela funcionava. Ela não era alguém que brincava com sentimentos alheios.

– Eu só acho difícil de acreditar – insisti, desviando o olhar dela e me concentrando no prato à minha frente.

Ana não se deu por vencida. Ela inclinou-se mais um pouco, seus olhos fixos nos meus.

– Não estou julgando ninguém, claro. Mas você sabe, quando trabalhamos tão próximos de alguém, mesmo comprometidos... coisas podem acontecer.

Algo no jeito que ela falou, no leve sorriso que surgiu no canto de seus lábios, tornou suas palavras mais pessoais do que o contexto sugeria. Era uma provocação velada. Havia algo em sua atitude que mexia comigo, e isso só fazia o peso em meu peito crescer ainda mais.

– Talvez você só não a conheça como eu a conheço.

Ana deu uma risada baixa, como se não acreditasse na minha tentativa de ser objetivo, e mudou de assunto, mas o desconforto permaneceu. Minha mente estava cheia quando, mais tarde, vi um vídeo de Dulce negando os boatos.

Dei o play no vídeo e ela estava sendo entrevistada por uma repórter. Dulce negava os boatos com firmeza, mas havia algo na sua expressão que não parecia tão seguro e o sorriso discreto que ela dava ao falar dele me incomodava.

 "Obviamente não, nós somos apenas amigos e eu o respeito muitíssimo. Ele apenas produziu meu último videoclipe, é um profissional muito sensível e talentoso.”

A maneira como seus olhos brilhavam ao mencioná-lo, a forma como desviava ligeiramente o olhar ao falar, deixaram uma pergunta incômoda pairando na minha mente. Será que havia alguma verdade naquilo? Ou seria apenas a minha imaginação, projetando lembranças do passado?

Eu conhecia os truques que ela usava para mascarar seus sentimentos quando fosse necessário. Na verdade, havia perdido a conta de quantas vezes presenciei algo semelhante no passado – ela negando nosso relacionamento para o mundo, enquanto vivíamos um amor intenso e avassalador por trás das cortinas.