Fanfic: Te Daria Tudo - Vondy | Tema: Vondy

Eu tinha tudo o que sempre desejei, mas, de alguma forma, a vida de Dulce ainda conseguia mexer comigo de um jeito que eu não entendia. Pela primeira vez, sentia que talvez houvesse algo que não conseguia deixar para trás – um pedaço do passado que continuava me assombrando. Não era ciúmes, mas a ideia dela ser pintada como algo que ela talvez não fosse me incomodava profundamente.

A vida seguiu seu curso. Pelo menos, foi o que tentei dizer a mim mesmo. Trabalhar no novo projeto consumia a maior parte do meu tempo e energia, e, de certa forma, eu usava isso como uma distração do turbilhão de emoções que havia ressurgido. Mas enquanto eu tentava ignorar isso, minha mente frequentemente vagava para aquela mulher que, mesmo distante, parecia ocupar mais espaço do que deveria. Era como se uma parte de mim não conseguisse deixá-la ir, mesmo tendo certeza de que minha vida com Natalia era tudo o que sempre desejei.

No set, Ana Serradilha era um turbilhão. Sua presença era impossível de ignorar, e, aos poucos, sua proximidade começou a se tornar algo mais. Eu tentava me convencer de que era apenas amizade, de que a conexão que sentíamos era profissional, fruto do tempo que passávamos juntos no set. Mas era mais do que isso. Havia uma faísca, algo que eu não conseguia apagar.

Ela tinha uma energia vibrante, seus olhares carregados de intenção e sua maneira de transformar cada conversa em algo pessoal traziam uma estranha familiaridade. Ana me lembrava de Dulce, com toda sua intensidade. Ela era como um espelho distorcido, uma lembrança do passado que eu não conseguia apagar. Sua impulsividade, sua paixão, até mesmo seus momentos de raiva e doçura me faziam lembrar da mulher que eu amei.

Numa noite solitária, em um quarto de hotel, longe de Natalia e de casa, depois de um dia exaustivo no trabalho, encarei meu celular por longos minutos, decidindo se cruzaria aquela linha. Havia algo que eu precisava fazer, mesmo sabendo que poderia ser um erro. Digitei o número de Dulce, hesitei por alguns segundos e, antes que pudesse mudar de ideia, apertei para chamar.

Do outro lado da linha, uma voz que eu conhecia tão bem atendeu.

– Christopher? Que surpresa – sua voz era calma, mas carregava uma leve tensão.

– Oi, Dulce. Eu... só queria saber como você está.

– Estou bem. Trabalhando muito, como sempre. E você?

A conversa começou de forma educada, mas logo o clima mudou. Não consegui evitar tocar no assunto que vinha me atormentando.

– Vi algumas coisas sobre você e o Paco. Queria saber se você está bem, com toda essa confusão na mídia.

Houve um momento de silêncio, e então ela respondeu, com uma firmeza que me surpreendeu.

– Estou bem, Christopher. E sim, estamos juntos. Eu sei o que estão dizendo por aí, mas ele está resolvendo sua vida, e isso não é algo que você precise julgar.

Aquelas palavras me atingiram como um soco. Dulce estava assumindo o relacionamento com Paco, e a ideia de vê-la com outro homem, especialmente em meio a tantas especulações, despertou algo em mim que eu não queria reconhecer.

– Ele ainda está casado, Dulce – retruquei, minha voz mais dura do que pretendia. – Você sabe como isso parece?

– Não preciso que você me diga como viver minha vida, Christopher – ela rebateu, sua voz cheia de determinação. – Não foi isso que você quis? Que eu seguisse em frente? Bem, é o que estou fazendo.

– Isso não é seguir em frente – eu disse, a raiva e a frustração tomando conta de mim. – Isso é se envolver em algo que só vai te machucar.

– E quem é você para me dizer isso? O homem que me quebrou e seguiu em frente com outra? Não me procure mais para dar lições, Christopher. Você não tem esse direito.

A ligação terminou abruptamente, e fiquei segurando o telefone, sentindo um vazio que não conseguia explicar. Dulce tinha razão em cada palavra, mas isso não tornava mais fácil aceitar e dentro de mim havia uma mistura de frustração, arrependimento e um desejo confuso de reescrever tudo o que tinha acontecido entre nós.