Fanfic: Te Daria Tudo - Vondy | Tema: Vondy

Ao chegarmos, o evento já estava a todo vapor. O tapete vermelho era um caos de flashes explodindo como fogos de artifício, vozes se sobrepondo em um frenesi de perguntas e jornalistas se acotovelando por um espaço próximo às cordas de segurança. Era um cenário familiar, reconfortante para alguns, esmagador para outros. Para mim, era um misto dos dois. A fama me abriu portas que jamais imaginei atravessar, mas também me deixou cicatrizes que por mais que tentasse esconder, ainda ardiam de vez em quando.

E por alguma ironia cruel do destino, uma delas estava bem ali, diante de mim. Sorrindo e acenando.

Christopher.

Meu coração tropeçou em um compasso irregular, e um frio cortante percorreu minha espinha. Ele caminhava pelo tapete como se fosse dono do lugar, ao lado de uma mulher que parecia saída de um editorial de revista. Alta, esguia, vestindo um deslumbrante vestido preto de pedrarias que abraçava cada curva de forma impecável. Seus cabelos estavam perfeitamente penteados e sua postura irradiava confiança. Eu não precisava de apresentações para saber quem ela era. Bakuza.

Christopher usava um terno preto impecável, os cabelos penteados para cima, uma aparência sofisticada, mas ainda carregando aquele resquício de rebeldia, um resquício do homem que um dia eu conheci tão bem. Ele sorria para as câmeras, sua expressão perfeitamente esculpida para o público, e apresentava sua nova conquista ao mundo como se ela fosse um troféu. Ele parecia em casa sob os holofotes. Ele sempre esteve.

Minha respiração ficou presa por um momento, uma pontada de algo – raiva, dor, nostalgia? – subindo pelo meu peito, mas me obriguei a manter a compostura. Eu não daria ao destino e a ele o poder de me desestabilizar.

– Tudo bem? – Paco perguntou ao meu lado, notando a tensão súbita em meu corpo.

Assenti rapidamente e lhe ofereci um sorriso seguro, embora sentisse que qualquer deslize revelaria a tempestade dentro de mim.

– Tudo ótimo. Vamos?

O segurança abriu a porta do carro, e os flashes nos engoliram. Paco saiu primeiro, sempre elegante e sereno, mas ao estender a mão para mim, vi no brilho de seus olhos que ele também lutava contra a ansiedade. Peguei sua mão com firmeza, sustentando um sorriso confiante, e deslizei para fora do carro.

— Uau — Paco murmurou quando ficamos lado a lado. Ele olhou para mim com um sorriso que misturava admiração e um leve nervosismo.

— Você vai tirar de letra — sussurrei de volta, apertando sua mão. — Só olhe para as câmeras e sorria. Eles vão te adorar.

Ele respirou fundo e assentiu, e juntos caminhamos pelo tapete vermelho, enquanto eu cumprimentava rostos conhecidos e posava para os fotógrafos, fazia questão de manter Paco no centro das atenções, cada movimento meu era calculado. Ele era a estrela desta noite, e eu faria questão de garantir que brilhasse. Sempre que nos pediam para parar para uma foto, eu me posicionava ligeiramente ao lado, de maneira que ele fosse o foco. Quando os jornalistas chamavam meu nome, eu desviava delicadamente a atenção para ele.

— Dulce! Dulce! Como está sendo acompanhar Paco hoje? — perguntou um repórter, estendendo o microfone em nossa direção.

Sorri calorosamente e olhei para Paco antes de responder.

— Hoje é sobre ele. Estou aqui para apoiar e desfrutar dessa noite incrível. — Olhei diretamente para Paco, que sorriu timidamente, e continuei: — Vocês vão ouvir muito o nome dele daqui para frente, acreditem em mim.

Paco riu baixo, balançando a cabeça e murmurou para mim:

— Você sabe mesmo como roubar a cena sem roubar a cena.

— É um talento — brinquei, piscando para ele.

Dentro do evento, onde as luzes eram mais suaves e o ambiente mais intimista, a presença de Christopher ainda pesava no ar. Ele ainda não tinha me visto, ou pelo menos eu achava que não e preferia que continuasse assim. De qualquer maneira, fiz o possível para ignorá-lo e manter meu foco em Paco e em sua ascensão. Ele cumprimentou conhecidos da indústria, foi apresentado a outros por amigos em comum, e eu via o brilho em seus olhos a cada novo contato, cada aperto de mão que significava uma nova oportunidade. Ele estava finalmente no seu elemento, e eu não poderia estar mais orgulhosa.

Enquanto Paco conversava com um pequeno grupo de diretores e produtores, meu celular vibrou discretamente dentro da minha bolsa. Uma mensagem.

De Christopher.

O nome na tela fez meuestômago se revirar, mas não respondi. Não queria nenhum tipo de aproximação.Ele não era meu inimigo, mas definitivamente não era meu amigo. Não mais.