Fanfic: Te Daria Tudo - Vondy | Tema: Vondy

A cafeteira na cozinha é meu único destino, porque se vou encarar mais um dia sem ele, ao menos preciso de café para sustentar minha dignidade. Passo apressada pelo balcão, evitando a louça do jantar que ainda está espalhada sobre ele, é quase engraçado como tudo parece tão distante agora. Canalizo toda minha atenção preparando minha dose de cafeína diária, mas a tempestade que troveja dentro de mim não parece querer se acalmar. E como uma maldição, a imagem de Christopher invade minha mente como um fantasma, o sorriso dele, o som da sua risada que costumava iluminar meu mundo, as palavras que ele sussurrava ao me segurar nos braços, como se eu fosse a única coisa que importava.

Tudo tão bonito, tão... falso.

Por que ele não pode simplesmente ficar? Por que ele sempre acha que ir embora é a solução? Não há lógica no caos que ele cria.

Sento à mesa com a xícara fumegante entre meus dedos, o calor do líquido é um contraste com o frio que parece se instalar no meu peito, outra vez.

As palavras dele ecoam em mim. – Você é tudo que eu sempre quis, Dul. Mas eu não sou o homem que você merece. – Ele diz isso como se fosse uma verdade absoluta, como se me amar de longe fosse melhor para mim do que me amar de perto. Como se ele pudesse decidir por nós dois o que eu mereço. E algo muito parecido com ódio borbulha dentro de mim.

A campainha interrompe meus pensamentos. O som é inesperado, quase agressivo. Quem poderia ser tão cedo? Levanto-me com certa hesitação e caminho até a porta. Quando abro, meu coração parece parar.

É ele.

Christopher está parado ali, a cabeça baixa e as mãos enterradas nos bolsos do casaco. Seus olhos encontram os meus, e por um instante, não há palavras. Apenas aquele silêncio pesado que diz mais do que qualquer discurso.

– Você esqueceu algo? – Minha voz sai mais firme do que eu esperava, mas por dentro eu estou tremendo.

Ele balança a cabeça lentamente.

– Eu não esqueci nada, Dul. Eu... – Ele suspira, passando a mão pelos cabelos. – Eu não consegui ir embora de verdade. Eu achei que estava fazendo o certo, mas... não consigo. Sempre volto para você.

Minhas mãos apertam a porta. Por um instante, quero acreditar. Quero me jogar em seus braços e fingir que isso é suficiente. Mas as rachaduras entre nós são profundas demais para ignorar.

– Christopher, isso não é amor, – digo, minha voz tremendo. – Você não pode continuar me deixando para depois voltar como se nada tivesse acontecido. Eu não posso continuar vivendo assim. Isso está me matando.

Ele se aproxima, os olhos cheios de um pedido mudo, suplicante.

– Eu te amo, Dulce. Mais do que qualquer coisa. Eu só... eu não sei como ser o homem que você precisa. Mas não consigo ficar longe de você. Por favor, me dê mais uma chance.

É sempre isso, não é? Mais uma chance. Mais uma promessa. Mais um ciclo que sempre termina com o travesseiro vazio e um bilhete no lixo. Meu coração grita para que eu diga sim, mas minha mente está cansada. Cansada de acreditar que o amor pode ser suficiente quando tudo o que temos são fragmentos de um sonho que nunca se concretiza.

– Eu não sei se consigo, Chris, – respondo, com lágrimas se formando nos olhos. – Não sei se ainda consigo acreditar em nós dois.

Ele segura minha mão, seu toque quente contra minha pele fria.

– Eu vou provar que você pode. Vou fazer o que for preciso para te mostrar que você é tudo para mim. Por favor, Dulce. Me deixe tentar.

Eu o encaro, dividida entre a razão e o coração. Ele está aqui, implorando, mas eu sei que amá-lo é como abraçar um espinho: sempre deixa marcas. A pergunta é: estou disposta a sangrar mais uma vez?