Fanfics Brasil - Capítulo 3 - O Casamento Te Daria Tudo - Vondy

Fanfic: Te Daria Tudo - Vondy | Tema: Vondy


Capítulo: Capítulo 3 - O Casamento

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POV Christopher


O cheiro de alho e ervas dominava o ambiente, misturando-se ao aroma sutil do vinho recém-servido. A cozinha de Maitê sempre tinha um ar acolhedor, mas naquela noite, tudo parecia mais pesado. Eu girava o líquido escuro no copo, observando as pequenas ondas formadas pelo movimento, tentando encontrar alguma distração. Ela havia me ligado nas últimas semanas para nos encontrarmos, conversar e matar a saudade, já não nos víamos há algum tempo, mas eu não tinha mais desculpas para dar a ela, então acabei cedendo e vindo jantar.


Mas a verdade era que tudo o que eu fazia ultimamente era esperar. Esperar que a sensação sufocante dentro de mim desaparecesse. Esperar que minha vida seguisse em frente. Esperar que o vazio deixado por Dulce não fosse mais tão esmagador. E essa espera era um inferno.


Desde que ela me disse que ia se casar, algo dentro de mim se partiu de uma forma irreparável. Eu tentei me convencer de que era o certo, de que ela estava feliz, mas a realidade era cruel demais para ser ignorada. Paco a fazia feliz como eu nunca consegui.


Isso me matava.


— Talvez você precise colocar pra fora tudo isso que está te incomodando — ela sugeriu, a voz suave, mas incisiva.


Revirei o vinho no copo, soltando um suspiro cansado.


— Não, obrigado.


Ela encostou o cotovelo na bancada, inclinando-se ligeiramente.


— Você precisa superar isso, Chris.


Soltei uma risada seca, amarga.


— Você acha que é tão simples assim?


— Não — ela admitiu. — Mas continuar se torturando também não vai mudar nada.


— E o que você quer que eu faça? — levantei o olhar, exausto.


Ela inclinou a cabeça, como se estivesse falando com uma criança teimosa.


— Aceite que acabou.


Meus dedos apertaram a taça por instinto, o vidro gelado contrastando com o calor da raiva fervendo sob minha pele.


— Você acha que eu não sei disso?


— Sabe. Mas não aceita.


Fiz uma pausa longa, sentindo o peso daquela verdade pairando entre nós.


— Que escolha eu tenho, Maite? Ela está noiva de outro, não está?


Minha própria voz saiu mais cortante do que eu esperava e ela soltou uma risada fraca, mas sem humor.


— O que você acha? Eu a amo mais que a minha vida — minha voz saiu mais baixa do que eu gostaria, rouca, como se cada sílaba estivesse saindo contra minha vontade.


Maite me observou em silêncio por um tempo, e foi como se ela estivesse medindo o impacto de cada palavra que poderia dizer. E então, finalmente, ela suspirou, profundamente, como se estivesse se preparando para algo muito difícil.


— O que foi agora? — perguntei, já antecipando a resposta que viria.


Maite parecia relutar, hesitando enquanto olhava para mim. Era como se ela soubesse que o que estava prestes a falar seria o corte final em algo que eu já sentia fragmentado há muito tempo.


— Um mês, Christopher. — As palavras dela caíram como uma bomba, e eu engoli seco.


Meu coração deu um salto no peito. Eu já sabia o que ela queria dizer, mas o simples fato de ouvir, de ser confrontado com aquilo... me fez perder o ar.


— O que você quer dizer com isso? — Minha voz saiu rouca, descontrolada.


Maite piscou, com os olhos desviando por um instante. Ela parecia pesar as palavras, como se estivesse escolhendo a pior opção possível.


— Diga logo, Mai. — O tom de minha voz estava quase imperceptivelmente mais baixo, mais urgente.


Ela hesitou, como se tivesse a intenção de suavizar o golpe, mas sabia que não havia como evitar.


— O casamento — Maite disse, o peso da palavra "casamento" soando estranho nos meus ouvidos. — Será mês que vem.


O ar desapareceu dos meus pulmões. Minha mente girou, e todo o ambiente à minha volta parecia desmoronar lentamente. O vinho na taça se estabilizou, parado, sem sentido, como tudo ao meu redor. O som do mundo pareceu ser silenciado, abafado, como se eu estivesse ouvindo através de água. O tempo, por um segundo, parou.


— O quê? — Minha voz soou áspera, quase ininteligível. Eu não queria acreditar no que acabara de ouvir.


Maite me observou com uma expressão tensa, como se estivesse esperando que eu reagisse. Quando ela falou novamente, a pena que antes estava oculta em seu olhar apareceu com clareza, e isso só piorou tudo.


— O casamento, Chris. Vai ser mês que vem. — As palavras dela se arrastaram no ar, como se me dilacerassem lentamente.


O impacto foi como uma soco direto no peito. Eu não conseguia pensar, respirar, nada. Ela ia se casar. Dulce. Ela ia pertencer a outro. A Paco. De um jeito que nunca pertenceu a mim.


Minha mão apertou o copo com tanta força que senti os dedos doerem. Mas eu não conseguia soltar. Como se, se eu soltasse, todo o peso daquilo se desintegrasse em mim.


Maite, percebendo o que acabara de fazer, suavizou a voz, como se tentasse acalmar a tempestade dentro de mim.


— Christopher, você precisa deixar isso ir.


Eu me forcei a rir, mas não era uma risada de diversão. Era uma risada sem humor, seca, amarga. Uma risada de quem já não sabia mais como lidar com a dor que o atingia. Um riso que, no fundo, precedia as lágrimas.


— Mês que vem ela vai se casar com outro... — repeti, como se eu precisasse que aquelas palavras saíssem de minha boca para acreditar nelas, como se dizer isso tornasse a dor um pouco mais suportável. — Como isso pode acontecer, Mai? Como ela... vai se casar? Você estava lá. Você viu tudo. Você viu tudo o que a gente viveu. Como ela pode simplesmente seguir em frente assim?


Maite não respondeu imediatamente. Ela simplesmente me olhou, e eu vi a luta em seus olhos, o esforço de tentar encontrar palavras para não me magoar. Ela estava tentando me proteger de algo que imaginava que eu não estava pronto para enfrentar, mas não havia mais como escapar. Porque, pela primeira vez, entendi o verdadeiro significado da palavra "perder". E isso... doía mais do que qualquer coisa que eu já tivesse sentido.


O ar parecia espesso, impossível de respirar. Eu queria fazer alguma coisa, gritar, lutar, mas a verdade era que não havia nada que eu pudesse fazer. Eu a perdi. Eu sabia disso. Ela ia se casar com outro.


Eu ri novamente, mas dessa vez, foi só uma gargalhada solitária, cruel. Como se fosse mais fácil suportar a dor desse jeito.


— Isso não é possível... — eu murmurei para mim mesmo, mais uma vez. Mas, no fundo, eu sabia que era real.


 



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Autor(a): siguevondy

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 4



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  • vondy_dulcete Postado em 21/01/2025 - 18:25:29

    Continua

    • siguevondy Postado em 21/01/2025 - 22:15:52

      Olá! Que alegria ver seu comentário! Seja muito bem-vinda! Continuando <3

  • vondyfforever Postado em 17/01/2025 - 02:23:41

    Affe, que dor, continuaaaa

    • siguevondy Postado em 17/01/2025 - 23:03:43

      Bem vinda! Que bom ler seu comentário! Muito obrigada! Achei que ninguém estava lendo! E sim, essa época foi terrível para nós.


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