Fanfic: Te Daria Tudo - Vondy | Tema: Vondy

– E você, Christopher? – perguntou ela, olhando para mim de lado. – Quem é você quando não está perdido nesses pensamentos?

– Essa é uma pergunta que nem eu sei responder. – Sorri de canto, enfiando as mãos nos bolsos do casaco. – Ultimamente, sinto que sou apenas um cara tentando descobrir o que fazer com as peças quebradas que sobraram.

Ela riu baixinho, mas havia ternura no som.

– Todos temos pedaços quebrados. A diferença está no que fazemos com eles. Às vezes, você só precisa reorganizá-los de uma forma diferente. E então ela virou-se para mim, com um olhar sério, mas gentil. – Você já pensou que talvez a vida esteja te pedindo para desacelerar?

– Constantemente, – admiti, encarando o chão. – Mas, para mim, desacelerar parece desistir. E isso é assustador.

– Não é desistir. É só aceitar que você não pode controlar tudo. Às vezes, a vida precisa de espaço para acontecer.

Ficamos em silêncio por mais algum tempo, apenas dividindo o momento.

– Obrigada por ter me trazido em segurança. – Ela disse parando em frente a fachada de um hotel e olhou para mim com aquele sorriso tranquilo que parecia iluminar tudo ao redor. – Espero que essa caminhada tenha ajudado um pouco.

– Mais do que você imagina, – respondi sincero.

Ela estendeu a mão para um aperto caloroso antes de se afastar.

– Boa noite, Christopher. Cuide-se.

– Boa noite, Marian.

Cheguei em casa sentindo o peso de uma noite cheia de reflexões. Marian tinha sido um respiro inesperado no meio do caos, mas agora que estava de volta ao meu apartamento vazio, a realidade parecia ainda mais nítida. Dulce ainda estava em todos os cantos da minha mente, e o simples pensamento dela me fazia sentir um misto de saudade e culpa.

Sentei-me no sofá e encarei o telefone sobre a mesa de centro. Já fazia dias que minhas mensagens para Dulce permaneciam sem resposta. Parte de mim queria desistir, deixar que ela seguisse seu caminho, mas outra parte, teimosa e desesperada, ainda acreditava que havia algo a ser salvo entre nós.

Respirei fundo antes de desbloquear o telefone e abrir a conversa. Minhas mãos hesitaram sobre o teclado antes de finalmente digitar:

"Dulce, preciso falar com você. É importante. Por favor, me liga quando puder."

Enviei a mensagem e me recostei no sofá, passando a mão pelo rosto. Era tarde, mas sabia que, mesmo com o fuso horário, ela provavelmente ainda estaria acordada. Esperei alguns minutos, que pareceram horas, mas nenhum sinal dela. Fechei os olhos e respirei fundo novamente. Talvez eu estivesse sendo impaciente, ou talvez estivesse insistindo onde não havia mais espaço para mim.

Tentando manter minha sanidade, me levantei, peguei o violão que estava encostado em um canto e comecei a dedilhar acordes aleatórios. Cada nota parecia um reflexo da minha depressão. E, sem perceber, comecei a cantarolar algo que parecia ser a verdade mais dolorosa: eu não sabia como deixar Dulce ir, mas também não sabia como trazê-la de volta.

A madrugada avançava, e ainda não havia sinal dela. Decidi tentar algo mais direto. Disquei o número dela, segurando o telefone com força enquanto os toques soavam repetidamente. Meu coração acelerou quando a ligação foi atendida.

– Oi, Chris, – sua voz soou baixa e contida, como se já soubesse o que eu queria dizer.

– Dulce, – comecei, sentindo um nó se formar na garganta. – Eu... Eu precisava falar com você. Tenho tentando por mensagem, mas...

Ela suspirou do outro lado da linha.

 – Eu sei, Chris. Recebi suas mensagens. Só... só não sabia como responder.