Fanfic: Te Daria Tudo - Vondy | Tema: Vondy

2015

     Eu estava sentada na sala, afundada no sofá, enquanto meus olhos vagavam pela janela. A lua brilhava no céu, silenciosa e serena, como se estivesse ali apenas para me fazer companhia. O apartamento estava mergulhado em um silêncio acolhedor, quebrado apenas pelo tique-taque do relógio na parede. Era tarde, mas Rodrigo ainda não tinha chegado do trabalho. Eu sabia que talvez devesse me preocupar com sua ausência constante, com o fato de ele estar cada vez mais distante, mas, ao contrário, sentia-me aliviada.

Havia algo reconfortante naquele tempo sozinha, uma paz que eu já não encontrava quando estávamos juntos. Rodrigo é um homem bom, disso não há dúvidas. Ele é atencioso, compreensivo, o tipo de pessoa que poderia me fazer feliz. Mas, nos últimos meses, tenho a sensação de que estou me perdendo em um relacionamento que já não faz sentido. Tudo parece um esforço, uma tentativa constante de sustentar algo que, no fundo, eu sei que não tem mais força. Cada conversa, cada gesto de carinho, cada tentativa de reavivar o que um dia foi natural entre nós. É como segurar um castelo de cartas que está prestes a desmoronar.

Suspirei, apertando o cobertor contra mim, enquanto a luz da lua banhava a sala com seu brilho pálido. Todo aquele silêncio parecia sussurrar verdades que eu não queria ouvir, eu sabia que estávamos apenas prolongando o inevitável, mas ainda assim, continuava tentando, talvez por medo de encarar o vazio que viria depois que ele se fosse.

Meu celular vibrou, quebrando a calmaria, o nome estampado na tela fez meu coração acelerar. Era Anahí. Fazia algum tempo que não nos falávamos, não como antes. Nossa amizade havia mudado, mas a conexão entre nós permanecia intacta, inexplicável. Eu a amava e amava a amizade que havíamos construído ao longo dos anos. Deslizei o dedo sobre a notificação e a mensagem apareceu.

“Dulce, que tal um jantar na próxima semana? Só nós seis. O que acha? Quero muito que você venha.”

Por um momento, fiquei encarando a tela, sentindo meu coração acelerar mais do que deveria. Seis pessoas. Era óbvio quem estaria lá, e só a possibilidade de vê-lo novamente me deixou inquieta. Christopher.

Passei meses tentando enterrá-lo nas profundezas da minha memória, afogando meus sentimentos em trabalho e em um relacionamento que nunca chegou a preencher o vazio que ele deixou. Mas bastava a ideia de um reencontro para que tudo voltasse à tona. Era como uma música que se recusava a parar de tocar, mesmo quando você mudava a estação.

Apertando o celular com força, respirei fundo. Eu poderia recusar. Poderia inventar uma desculpa qualquer e continuar vivendo minha rotina abafada, onde ele existia apenas em memórias vagas e não na realidade. Mas algo dentro de mim, algo que eu não queria admitir, ansiava por vê-lo novamente. Nem que fosse uma última vez.

Sem me permitir pensar demais, digitei uma resposta curta:

“Claro, Annie. Pode contar comigo.”

Na noite do jantar, enquanto me arrumava, senti o peso de cada memória que carregava. Escolhi um vestido simples, elegante, mas discreto. Não era para ele. Não podia ser. Era para mim.

Quando cheguei à casa de Anahí, o som das risadas e vozes conversando já preenchia o ambiente. Ela abriu a porta com aquele sorriso caloroso de sempre, e, por um breve momento, me senti acolhida. Talvez eu tivesse feito a escolha certa.

– Dulce! Que bom que veio! – exclamou, me puxando para dentro e  me abraçando como se o tempo não tivesse passado. – Não ia ser a mesma coisa sem você aqui.

Seu entusiasmo me fez sorrir, mesmo que por dentro eu ainda estivesse hesitante. Ela me pegou pela mão e me guiou para a sala.

– Vamos, estão todos ansiosos para te ver.

Ao entrar, vi rostos familiares e sorrisos nostálgicos. Velasco, o noivo de Anahí, estava conversando animadamente com Pedro, Luís e Guillermo. Maite e Christian estavam desacompanhados, sentados em um canto e rindo de algo. Parecia um ambiente agradável, acolhedor, quase como os velhos tempos.

Mas então, meus olhos o encontraram.

Christopher estava em pé, do outro lado da sala, perto da janela.  Ele parecia diferente, mais maduro, mais confiante. Sua postura era tranquila, mas havia algo nele que ainda parecia familiar, algo que fazia meu coração acelerar de um jeito que eu detestava admitir. E, ao seu lado, estava Natalia. Ela era linda. Elegante e confiante, do tipo que parecia pertencer naturalmente ao mundo dele.

Meu coração deu um salto desconfortável. Eu sabia que ele tinha seguido em frente, mas vê-lo com outra pessoa era algo para o qual eu não estava preparada Não era ciúme. Era algo mais profundo, uma sensação de deslocamento, como se eu estivesse assistindo a algo que nunca mais poderia ser meu.

– Está tudo bem? – Anahí perguntou em um sussurro, tocando meu braço.

– Claro – menti, forçando um sorriso.

Ela não insistiu, mas me lançou um olhar preocupado antes de se afastar para cumprimentar outros convidados.