Fanfic: Te Daria Tudo - Vondy | Tema: Vondy

Christopher percebeu minha presença e nossos olhares se cruzaram. Havia algo nos olhos dele, algo que me fez sentir pequena e exposta, como se ele pudesse enxergar cada pensamento que eu tentava esconder.

– Dulce – a voz dele me chamou, interrompendo meus pensamentos.

Ele se aproximou, ainda com aquele olhar intenso, mas algo diferente. Um traço de maturidade que não existia antes.

– Oi, Chris – respondi, com um sorriso breve, tentando não transparecer o turbilhão que ele ainda causava em mim.

– Faz tempo – ele disse, sorrindo de forma contida.

– Faz – concordei, sentindo as palavras travarem na garganta.

Conversamos por alguns minutos, mas minha atenção se dividia entre ele e Natalia. Ela parecia confortável ao lado dele, mas também observava a interação entre nós com um olhar curioso. Eu não podia culpá-la. Christopher e eu compartilhávamos um passado intenso, e isso era evidente para qualquer um que nos visse juntos, mesmo agora.

Tentei me misturar com os outros, engajando em conversas casuais, mas era difícil ignorá-lo. Ele estava ali, tão perto e, ao mesmo tempo, tão fora do meu alcance. Cada risada que compartilhava com os outros, cada gesto de carinho para Natalia, era como uma pequena agulha espetando meu coração.

Durante o jantar, sentei-me entre Christian e Guillermo, mantendo uma distância segura de Christopher. A conversa ao redor da mesa era animada, cheia de lembranças dos velhos tempos e histórias que arrancavam risadas. Por um momento, me permiti relaxar e aproveitar o momento.

Mas então, Christopher falou.

– Lembra daquela vez em que nos perdemos na estrada para o show em Monterrey? – ele disse, rindo enquanto olhava para Maite.

A lembrança me atingiu como uma onda, trazendo de volta aquela noite caótica e cheia de aventuras. Ele olhou brevemente para mim ao contar a história, como se buscasse minha reação, mas eu mantive meu sorriso neutro.

– Claro que lembro – respondi, minha voz mais firme do que eu esperava. – Foi você quem insistiu em fazer o desvio, achando que sabia o caminho melhor que o GPS.

A mesa explodiu em risadas, e por um momento, tudo parecia mais leve.

Quando o jantar terminou e as conversas se dispersaram, Anahí me puxou para um canto.

– E aí, como você está? – perguntou ela, sempre atenta.

Suspirei, encarando o chão por um momento.

– Estou bem, acho. Só... é estranho vê-lo assim.

– Assim como? – ela perguntou, curiosa.

– Mudado. Ele parece diferente.

– Ele está – disse Anahí, com um sorriso pequeno. – Christopher mudou. Natalia tem sido boa para ele. Eles estão falando até em casamento.

Aquelas palavras me atingiram em cheio, e precisei de um momento para digeri-las. Casamento. Christopher estava pronto para dar o passo que nunca conseguimos dar.

– Que bom pra ele – respondi, tentando soar sincera, mas havia algo doloroso em dizer aquilo.

Anahí me estudou por um momento, mas não disse nada. Ela sabia que eu precisava lidar com aquilo sozinha.

Aproveitei a oportunidade para escapar para o jardim dos fundos, buscando um pouco de ar fresco.

Ouvi passos atrás de mim e, quando me virei, lá estava ele.

– Dulce – ele disse, com aquela voz suave que eu conhecia tão bem.

– Christopher – respondi, tentando manter minha postura.

Ele se aproximou, parando a poucos passos de distância.

– Como você está? – perguntou, seus olhos fixos nos meus.

– Estou bem – menti novamente. – E você?

Ele hesitou, como se escolhesse as palavras com cuidado.

– Estou bem também. Natalia tem sido uma boa companheira. Estamos... felizes.

Aquelas palavras pairaram no ar, pesadas e carregadas de significados.

– Isso é bom – murmurei, desviando o olhar para a lua que brilhava no céu.

– E você? – ele perguntou, sua voz mais baixa agora. – Está feliz?

A pergunta me pegou de surpresa. Respirei fundo antes de responder.

– Acho que ainda estou tentando descobrir o que é felicidade para mim.

Christopher assentiu, como se entendesse o que eu não estava dizendo. Havia tantas coisas não ditas entre nós, tantas perguntas que nunca seriam respondidas.

– Dulce, só queria que soubesse... – ele começou, mas então parou, como se não tivesse certeza de como terminar.

– Que eu fosse feliz? – completei, olhando para ele.

Ele sorriu de leve, mas havia uma tristeza em seus olhos.

– Sempre. – Ele balançou a cabeça, como se entendesse. – Dulce, eu só queria dizer que lamento muito por como as coisas terminaram entre nós. Sei que não fui o homem que você merecia naquela época.

Olhei para ele, surpresa pela honestidade.

– Chris, isso foi há tanto tempo. Não precisamos reviver o passado.

– Talvez não. Mas, vendo você hoje, percebi que parte de mim ainda sente falta do que tínhamos – ele disse, a voz firme, mas carregada de emoção.

Meu coração deu um salto, mas antes que eu pudesse responder, ele continuou:

– Não estou dizendo isso para confundir você. Estou com Natalia agora, e quero fazer as coisas certas com ela. Quero levá-la ao altar, construir algo sólido. Mas você sempre será alguém especial para mim, Dulce.

Fiquei sem palavras por um momento, tentando processar o que ele havia acabado de dizer. Christopher estava ali, diante de mim, reconhecendo o que tivemos, mas também deixando claro que seu futuro estava com outra pessoa. Era agridoce, como uma ferida antiga que ainda latejava, mas também trazia um estranho conforto.

– Você também foi especial para mim – murmurei, sentindo minha voz falhar levemente. – Sempre será, de alguma forma.

Ele assentiu, seus olhos nunca deixando os meus. Havia tanto para dizer, tantas perguntas que jamais seriam feitas. Mas ao mesmo tempo, talvez fosse melhor assim. Algumas coisas eram melhor deixadas no passado, por mais difíceis que fossem de esquecer.

O silêncio entre nós foi quebrado pelo som de risadas vindas da casa. Era um lembrete de que ainda havia pessoas lá dentro, de que aquele momento existia em um mundo cheio de outras realidades.

– Eu deveria voltar – disse ele, um sorriso triste surgindo em seu rosto. – Natalia deve estar se perguntando onde estou.

– Claro – respondi, forçando um sorriso que não alcançou meus olhos.