Fanfics Brasil - Capítulo Único Jogo do Destino (OneShot)

Fanfic: Jogo do Destino (OneShot) | Tema: Naruto


Capítulo: Capítulo Único

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Era uma manhã fria de outono, e o ar estava nítido com o cheiro de folhas secas e a promessa de um dia que seria marcado por pequenas coincidências. Naruto Uzumaki, como de costume, estava apressado, correndo para pegar o ônibus para a escola. Ele odiava ser pontual e, frequentemente, chegava a uma corrida. Mas naquele dia, uma sensação peculiar o fazia acelerar ainda mais. Ele não sabia, mas o que o aguardava não era apenas uma viagem qualquer.


Assim que entrou no ônibus lotado, Naruto procurou um lugar para se sentar. Seus olhos escanearam o ambiente até que se fixaram em uma garota que estava sentada perto da janela. Ela usava um suéter azul claro e tinha o cabelo escuro, longo, preso em um coque bagunçado. Sua pele era suave, quase etérea à luz suave da manhã, e seus olhos, grandes e serenos, estavam fixos na paisagem que se passava lá fora.


Hinata Hyuga, com sua aura calma, parecia alheia ao burburinho ao seu redor. Seu rosto estava imerso em pensamentos profundos, mas, por um momento, ela percebeu os olhos de Naruto em sua direção. Ele rapidamente desviou os olhos, corando. Sentia uma sensação estranha, como se uma corrente invisível o atraísse para ela, mas ele não sabia o que fazer com isso.


Hinata, por sua vez, também sentia uma espécie de magnetismo. Aquelas aparições dele, olhando de relance, nunca duravam muito, mas sempre eram suficientes para fazer seu coração bater um pouco mais rápido. Ela não sabia o que sentia, mas algo dentro dela dizia que havia algo especial naquele garoto de cabelos loiros bagunçados e um sorriso travesso.


Os dias foram passando, e o encontro no ônibus tornou-se uma rotina. Naruto começava a perceber que, a cada viagem, os olhares entre ele e Hinata se tornavam mais frequentes, mais carregados de um significado que ele ainda não entendia completamente. Às vezes, ele queria dizer algo, mas as palavras pareciam escapar dele como um vento forte. Ele não sabia se deveria abordá-la ou se isso a faria se sentir desconfortável. Ela, por outro lado, sentia o mesmo, mas sua timidez a impedia de tomar a iniciativa. A proximidade física não fazia mais diferença; o que os separava era um muro invisível de insegurança.


Uma terça-feira pela manhã, algo mudou. O ônibus estava menos cheio do que de costume, e a luz da manhã entrou pelas janelas, iluminando os rostos dos passageiros. Naruto estava de pé, segurando firme na barra do ônibus, seus olhos novamente buscando a familiar figura de Hinata. Ela estava lá, sentada com sua postura delicada, com o cabelo preso de forma despretensiosa e o olhar calmo que estava sempre voltado para a janela, como se estivesse observando o mundo passar em sua mente silenciosa.


Mas hoje, algo estava diferente. O ônibus estava mais vazio do que o usual, o que lhe deu a oportunidade de se aproximar dela. Seus olhos a observavam com uma atenção maior, sem desviar. Ele sentia o calor da sua presença de uma forma que nunca havia sentido antes. Os outros passageiros, o barulho ao redor, tudo parecia sumir enquanto ele fixava o olhar nela.


Hinata não era apenas uma das garotas do ônibus, ela era diferente. Seus olhos grandes e claros pareciam carregar segredos silenciosos, algo que ele nunca soubera como entender. Sua pele suave parecia brilhar suavemente sob a luz do sol que entrava pelas janelas. Seu rosto, delicado e quase etéreo, era de uma beleza que Naruto nunca havia notado de forma tão intensa antes. Ela era, sem dúvida, uma das meninas mais lindas que ele já havia visto, e, pela primeira vez, ele percebeu o quanto a beleza dela o deixava sem palavras.


O ônibus fez uma curva, e ele, como que hipnotizado, foi levado a dar um passo adiante. Ele não conseguia desviar os olhos dela, e, de repente, seu coração começou a acelerar. Não era apenas atração superficial; era uma conexão que ele não conseguia compreender totalmente. Ele queria se aproximar, falar algo, mas as palavras se emaranhavam em sua mente, como se ele estivesse preso por uma força invisível.


O lugar vazio ao lado de Hinata parecia o único espaço do ônibus que ele poderia ocupar. A dúvida ainda lhe apertava o peito. E se ela o achasse estranho? E se ela o ignorasse? Essas perguntas se chocavam em sua mente enquanto ele, lentamente, se aproximava.


Finalmente, ele se sentou ao lado dela, mas, ao fazê-lo, as palavras ficaram presas em sua garganta. Ele não sabia o que dizer. O silêncio se instalou entre eles, mas de uma maneira que não era desconfortável. Naruto olhou para a janela e então de volta para ela, tentando reunir coragem, mas a boca parecia seca, e o que ele queria dizer não saía.


Hinata, por sua vez, percebeu sua presença ao lado dela, mas não sabia como reagir. Seus olhos se encontraram brevemente, e, embora seu rosto ficasse levemente ruborizado, ela não conseguia tirar os olhos dele. Ela sabia que ele a observava, e a simples ideia de estar perto dele a deixava inquieta, mas, ao mesmo tempo, confortável.


O tempo parecia esticar em torno deles, e embora o ônibus seguisse seu caminho, eles estavam presos no espaço de silêncio e observações mútuas. Naruto sentia o peso do momento, a ansiedade de querer se conectar com ela, mas, ao mesmo tempo, o medo de parecer tolo.


Ele tentou abrir a boca várias vezes, mas as palavras pareciam fugir, não importava o quanto ele tentasse. Tudo o que ele queria era dizer algo que fizesse ela sorrir, que fizesse ela perceber que, mesmo sem palavras, ele estava ali, ao seu lado, tentando entender o que estava acontecendo dentro dele.


A respiração de ambos parecia sincronizada, o som suave do ônibus as únicas palavras entre eles. Quando, por fim, a parada do ônibus chegou, Naruto se levantou, ainda sem saber o que dizer. Ele olhou para ela mais uma vez, e seu coração disparou com a esperança de que, no próximo dia, ele fosse mais corajoso.


Com um leve sorriso tímido, ele saiu do ônibus, mas no fundo sabia que aquele pequeno momento ao lado de Hinata mudaria tudo.


Na manhã seguinte, Naruto acordou com um sentimento estranho, uma mistura de expectativa e nervosismo. Ele não sabia exatamente o que esperava, mas uma coisa estava clara: o encontro com Hinata no dia anterior o deixara com uma sensação que ele não conseguia definir. Uma sensação boa, mas ao mesmo tempo desconfortável. Ele queria vê-la novamente, queria falar com ela, tentar entender o que aquela conexão silenciosa significava.


Ele correu para o ônibus, como sempre fazia, e quando entrou, seus olhos rapidamente buscaram o local onde ela costumava se sentar. Hinata estava lá, mas o que ele não esperava era que ao lado dela estivesse alguém que, de imediato, fez seu estômago se revirar.


Sasuke Uchiha.


Naruto parou na porta do ônibus, seus olhos fixados nela e, por consequência, em Sasuke. O silêncio repentino parecia tomar conta do ambiente enquanto ele observava os dois. Hinata estava sentada calmamente no banco ao lado da janela, seus olhos ainda tranquilos, talvez observando a paisagem, ou perdida em algum pensamento seu. Mas o que fez o peito de Naruto apertar foi ver Sasuke sentado ao seu lado, com sua postura impecável e seu olhar distante, como sempre.


Sasuke era um dos garotos mais cobiçados da escola, não só pela sua aparência atraente, mas pela aura de mistério que o cercava. Ele tinha tudo o que a maioria dos estudantes queriam: status, beleza e uma presença que parecia dominar qualquer ambiente. E agora, ali estava ele, ao lado de Hinata, como se fosse o lugar natural para ele estar.


Naruto sentiu uma pontada no peito. Por que ele estava ali? Pensou. Eles eram completamente diferentes. Enquanto Sasuke era calado e sério, Naruto, por mais que tentasse esconder, sempre foi mais aberto e expressivo. Mas o que ele realmente odiava era o fato de que Sasuke parecia nunca precisar fazer esforço algum para chamar a atenção das pessoas. Ele simplesmente tinha isso. E, naquele momento, ele também parecia ter a atenção de Hinata.


A frustração de Naruto foi imediata. Ele não sabia o que estava acontecendo, mas a ideia de que Hinata, uma garota que ele mal conhecia, mas que já fazia seu coração bater mais rápido, estivesse ao lado de Sasuke, o fez sentir algo que ele não costumava sentir: inveja.


Sasuke percebeu a presença de Naruto ao entrar no ônibus e, sem sequer olhar para ele, fez um movimento sutil com os olhos, como se estivesse ciente de tudo ao seu redor, mas de forma impessoal, como se Naruto fosse apenas uma parte do cenário. Naruto sentiu um estremecimento. Ele sabia que, para Sasuke, ele nunca passaria de uma figura secundária, algo irrelevante. Mas, de alguma forma, isso só alimentava sua necessidade de ser visto, de mostrar que ele também tinha algo a oferecer, que ele também poderia conquistar o que quisesse.


Com os músculos tensos, Naruto olhou para o banco vazio à frente de Hinata e Sasuke, o lugar ao lado dela já estava ocupado. E foi nesse momento que ele percebeu que estava preso em uma verdadeira batalha interna. Ele queria se aproximar de Hinata, queria falar com ela, mas a presença de Sasuke ao lado dela tornava tudo mais difícil, mais incerto.


Naruto se sentou, mas não conseguia tirar os olhos deles. Sasuke, como sempre, não parecia se importar com nada. Seu semblante impassível e os olhos calmos faziam parecer que ele estava em um mundo totalmente diferente. E, por mais que Naruto quisesse simplesmente ignorar, ele não podia. O olhar de Sasuke era tão indiferente, tão distante, e isso só fazia com que a sensação de rivalidade fosse mais forte.


Hinata, por outro lado, não parecia perceber o conflito interno de Naruto. Ela estava, como sempre, calma e serena. Seus olhos brilharam por um momento quando ela olhou para ele, mas rapidamente ela voltou a olhar para a janela, talvez para dar espaço a Sasuke ou apenas perdida em seus próprios pensamentos.


A interação entre os dois era silenciosa, e isso era o que mais incomodava Naruto. Ele estava tão acostumado com as suas conversas abertas, com sua personalidade extrovertida, mas ali, com Hinata e Sasuke, ele sentia como se não houvesse um espaço para ele. Sasuke estava lá, sem fazer nada, mas sua presença parecia ocupar todo o espaço, tornando tudo mais difícil.


A tensão entre Naruto e Sasuke estava no ar. Eles nunca precisaram trocar palavras para saberem que existia uma rivalidade entre eles, algo que ambos, à sua maneira, sentiam. Era uma competição silenciosa, uma batalha que se travava não com palavras, mas com olhares e gestos. Sasuke nunca o desafiara abertamente, mas o simples fato de estar ali, tão perto de Hinata, parecia dizer tudo.


O ônibus fazia sua rota, e Naruto não conseguia se concentrar em nada mais. Ele sentiu uma raiva crescente dentro de si, não apenas por Sasuke, mas por si mesmo. Ele sentia que estava perdendo algo, que havia uma oportunidade que ele não soubera aproveitar. E, enquanto Sasuke continuava ali, ao lado de Hinata, falando com ela em voz baixa, Naruto simplesmente se afundou em seu lugar, em silêncio, observando.


E então, algo estranho aconteceu. Sasuke, de forma natural, olhou para ele, como se soubesse exatamente o que estava acontecendo em sua mente. Naruto não sabia como reagir. Aqueles olhos escuros e impenetráveis eram como um desafio silencioso. Mas, ao invés de ceder, Naruto segurou seu olhar com força, tentando se afirmar, tentando mostrar que, de alguma forma, ele também fazia parte daquele jogo.


Hinata, finalmente, percebeu o desconforto entre os dois. Ela olhou de um para o outro, e seus olhos brilharam com uma leve confusão. Ela não entendia a tensão, mas, mesmo assim, sorriu para Naruto de uma forma que fez seu coração disparar. Era um sorriso gentil, um sorriso que parecia estar tentando dizer que, apesar de tudo, ela estava ali. Para ele.


A parada chegou, e o ônibus se preparava para seguir para o próximo destino. Sasuke se levantou, quase sem um olhar para Naruto, e se afastou do banco, deixando Hinata sozinha. Naruto observou cada movimento, o som do tecido da mochila de Sasuke sendo ajustada, os passos firmes e impassíveis. Aquele gesto simples, aquele movimento de Sasuke, fez o coração de Naruto disparar de uma forma que ele não esperava.


Hinata olhou para ele mais uma vez, dessa vez com um sorriso ainda mais tímido, e Naruto, por um breve momento, se sentiu confuso e perdido. Era como se as palavras que ele queria dizer estivessem presas dentro dele, e nada parecia certo.


Quando desceu do ônibus, Naruto sentiu um peso no peito, como se tivesse falhado de alguma forma. Mas ele sabia que, de alguma maneira, essa batalha estava apenas começando. E, talvez, no fundo, ele soubesse que a verdadeira luta não era contra Sasuke, mas contra a insegurança que o impedia de dar o próximo passo.


A rivalidade, assim como a esperança, estava lá, em cada olhar trocado e em cada pensamento não dito.


O dia foi marcado por um caos silencioso na escola. Naruto, embora tentasse se concentrar nas aulas e nas tarefas, não conseguia afastar os pensamentos sobre Hinata e a presença de Sasuke ao seu lado no ônibus. Desde o momento em que o ônibus partiu e os dois desceram na mesma estação, a sensação de que algo estava mudando, algo que ele não entendia, não o abandonou. Mas ao chegar à escola, o que ele não esperava era que a rivalidade com Sasuke se intensificasse, ainda que de maneira silenciosa, a cada passo.


Sasuke estava interessado em Hinata? Naruto não sabia disso. Hinata não estudava na mesma escola que eles. Ela frequentava um colégio próximo, não compartilhava os mesmos corredores ou as mesmas aulas que Naruto e Sasuke. Contudo, isso não impediu Sasuke de se aproximar dela durante aquele momento no ônibus, de forma tranquila e quase possessiva. Embora ele não precisasse de Hinata, nem mesmo em um sentido romântico, a ideia de que ela estava agora, de alguma maneira, mais perto, o incomodava de uma forma sutil, mas real.


Era como se, na mente de Naruto, a presença de Hinata ao lado de Sasuke fosse uma provocação. Ela não era apenas uma garota qualquer; ela era diferente, e Naruto sentia que sua natureza silenciosa e focada precisava de um toque especial. Algo que Sasuke já possuía, sem esforço. E isso irritava Naruto profundamente.


No entanto, Sasuke não precisava realmente de Hinata. Ele poderia ter qualquer garota que quisesse, e Naruto sabia disso. As meninas na escola o viam como uma figura quase inalcançável, um ícone distante. Sasuke não precisava de mais ninguém para provar seu valor. Mas o fato de ele se aproximar de Hinata, mesmo que apenas de forma casual e sem maiores intenções, fazia Naruto se sentir como um espectador involuntário da vida de Sasuke. Uma vida que parecia ser perfeita em tudo o que ele fazia. Não era apenas popularidade, era respeito. Sasuke parecia ser uma entidade à parte, e qualquer coisa que ele tocasse se tornava um objetivo inalcançável para Naruto.


Na escola, era difícil passar despercebido por Sasuke. Embora o garoto fosse quieto e metódico, seu olhar não deixava nada de bom para quem quer que fosse. Todos os dias, durante as aulas, quando Naruto cruzava o corredor, lá estava Sasuke, observando-o com aquele olhar calculista. Não era óbvio, mas Naruto sabia que, a cada olhar que trocavam, a rivalidade entre eles ficava mais evidente. Não havia necessidade de palavras. A forma como eles se observavam era o suficiente para transmitir tudo o que estava por trás dessa competição silenciosa.


Durante o intervalo, Naruto sentia a tensão no ar. Ele costumava se sentar com seus amigos, conversando e brincando, mas sempre havia aquele olhar constante de Sasuke. O garoto estava ali, parado ao longe, com um grupo de amigos, mas nunca se afastava de onde Naruto estava. Era como se Sasuke tivesse o radar ligado, sempre pronto para analisar cada movimento de Naruto, para capturar qualquer fraqueza que pudesse surgir. E quando seus olhares se cruzavam, havia uma espécie de confirmação silenciosa de que a luta entre eles nunca cessaria.


Mas o verdadeiro teste para Naruto chegou durante a aula de Educação Física. A escola tinha uma tradição de jogos entre as turmas, e o dia da competição era sempre uma oportunidade de mostrar o que valia. E, como sempre, Naruto estava determinado a ser o melhor. Ele queria mostrar não só a Sasuke, mas a todos, que ele também poderia se destacar.


Mas, como de costume, Sasuke estava lá, jogando com uma habilidade incomum, sempre calmo, sempre preciso, enquanto Naruto se esforçava ao máximo para se destacar. Eles estavam em equipes separadas, mas de alguma forma, a presença de Sasuke na quadra fez a tensão crescer. A rivalidade de ambos transbordava a cada movimento, cada corrida, cada ponto.


Naruto se posicionava ao lado da linha de ataque, respirando pesadamente, seus músculos ardendo com o esforço. Ele queria dar tudo de si para marcar o ponto decisivo, mas quando viu Sasuke ao outro lado da quadra, pronto para interceptar, uma raiva silenciosa o tomou. Sasuke não estava se esforçando ao máximo. Ele jogava com uma calma imperturbável, como se estivesse entediado com o próprio jogo. Mas cada vez que ele se movia, o mundo parecia parar, e tudo que Naruto conseguia ver era a maneira como Sasuke dominava a quadra sem fazer nenhum esforço.


Naruto correu para interceptar a bola. Ele se aproximou com tudo, sentindo o peso da competição em seus ombros. Mas quando ele olhou para Sasuke, viu um leve sorriso no rosto dele – aquele sorriso de quem já sabia o resultado antes mesmo do jogo acabar. Aquele sorriso irritante, como se Sasuke estivesse, de alguma maneira, se divertindo com a sua luta.


A bola passou por Naruto e foi direto para Sasuke, que não perdeu a oportunidade. Com um movimento quase perfeito, ele marcou um ponto decisivo, e a torcida ao redor aplaudiu, completamente fascinada pela forma como ele jogava.


Naruto sentiu a raiva crescer dentro de si. Não! Eu vou derrotá-lo. A frase ecoou em sua mente enquanto ele se recompunha rapidamente, pronto para o próximo movimento. Mas Sasuke apenas olhou para ele, e novamente aquele olhar silencioso se fez presente. Não era um olhar de desprezo, mas de uma confiança que fazia Naruto se sentir inferior, como se, mais uma vez, ele estivesse lutando para alcançar algo que parecia fora de seu alcance.


No final da aula de Educação Física, enquanto todos se dispersavam, Naruto se aproximou de Sasuke, querendo dizer algo, qualquer coisa que pudesse diminuir aquele peso no peito. Mas Sasuke o ignorou, com um leve aceno de cabeça, como se sua presença não fosse necessária.


– Você foi bem, Naruto. – Sasuke disse, suas palavras curtas, mas carregadas de uma certa frieza. – Só não se esqueça que essa não é sua melhor jogada.


Naruto respirou fundo, olhando para Sasuke com um olhar de desafio. Mas no fundo, ele sabia que Sasuke estava certo. A cada encontro, a cada interação, ele sentia como se estivesse um passo atrás, como se a competição fosse desleal. Sasuke não estava tentando, e ainda assim sempre conseguia ser melhor.


Mas algo dentro de Naruto o impedia de desistir. Ele sabia que a luta não era só contra Sasuke. Era contra si mesmo, contra suas próprias inseguranças, contra a ideia de que ele nunca seria suficiente. Mas ele não queria mais ser só um espectador dessa competição. Ele queria mais, queria ser o cara que Hinata olhasse e visse algo que Sasuke nunca poderia ter.


Enquanto o dia chegava ao fim, Naruto ficou pensando em tudo o que havia acontecido: o olhar de Sasuke, a sensação de estar sempre um passo atrás, e, claro, a figura serena de Hinata. Ela, que não fazia parte desse jogo, mas que, de alguma forma, era a razão pela qual tudo isso parecia tão importante. Ela, que com seu sorriso tímido e seu olhar gentil, fazia Naruto se sentir algo que ele nunca pensou ser capaz de ser: alguém digno de atenção.


Ele sabia que a rivalidade entre ele e Sasuke era só o começo. E talvez, naquele jogo silencioso de olhares e desafios, Hinata fosse a única que poderia realmente fazer a diferença.


O amanhecer trouxe consigo uma mistura de euforia e inquietação para Naruto. Seus pensamentos estavam divididos entre dois cenários que ocupavam espaço demais em sua mente. Por um lado, ele estava ansioso para encontrar Hinata novamente. Havia algo na suavidade de seu olhar e na tranquilidade que ela emanava que o fazia querer saber mais sobre aquela garota misteriosa do ônibus. Por outro lado, o campeonato municipal de basquete ocupava seu coração com uma adrenalina diferente. Era o tipo de emoção que fazia seus músculos pulsarem antes mesmo de entrar na quadra. Hoje, ele jogaria no mesmo time que Sasuke – uma colaboração forçada que não diminuía em nada a rivalidade entre os dois.


Enquanto se arrumava para sair, Naruto respirou fundo, tentando afastar a sensação de inquietação. Ele precisava se concentrar, tanto no encontro que esperava no ônibus quanto no jogo que aconteceria mais tarde naquele dia. Ele sabia que Sasuke também estaria no time titular, e a ideia de competir ao lado dele, mesmo como companheiro de equipe, fazia seus dentes rangerem. Sasuke era tecnicamente perfeito, frio e calculista. Naruto, por outro lado, jogava com o coração – instinto puro e determinação. E essa diferença de estilos sempre os colocava em conflito, mesmo quando deveriam estar lutando pelo mesmo objetivo.


O caminho até o ponto de ônibus foi tomado por uma energia nervosa. Naruto mal se deu conta do vento frio da manhã ou das conversas cotidianas das pessoas ao seu redor. Tudo o que ele conseguia pensar era no momento em que veria Hinata novamente, talvez com um sorriso suave ou até mesmo uma troca de olhares que o fazia sentir que o mundo se tornava um lugar mais leve.


Mas ao entrar no ônibus, sua expectativa se transformou em uma pontada de decepção. O assento onde Hinata normalmente estava sentado estava vazio. Apenas Sasuke estava ali, encostado na janela com os fones de ouvido, o rosto sereno e distante como sempre. Naruto hesitou por um momento, seus olhos vasculhando o ônibus na esperança de que Hinata pudesse ter mudado de lugar. Não, ela realmente não estava lá.


"Ela deve ter pegado outro ônibus hoje," pensou ele, tentando disfarçar a frustração que se formava no peito. Ele caminhou pelo corredor e acabou se sentando no banco ao lado de Sasuke, mesmo que uma parte de si preferisse ter ficado em pé.


O silêncio entre os dois era quase palpável. Sasuke parecia alheio à presença de Naruto, os olhos fixos em algum ponto fora da janela, enquanto a cidade passava por eles em flashes de prédios e árvores. Por mais que quisesse ignorar a presença do rival, Naruto sentia cada segundo passar como uma batalha interna. As lembranças do jogo anterior, os olhares desafiadores e a constante necessidade de se provar eram difíceis de esquecer.


Depois de alguns minutos, Sasuke retirou os fones e virou levemente a cabeça em direção a Naruto, quebrando o silêncio de maneira inesperada.


— Está pronto para o jogo hoje? — perguntou, sua voz calma, sem qualquer sinal de provocação.


Naruto franziu a testa. Ele não esperava uma abordagem direta de Sasuke. Normalmente, suas interações eram limitadas a olhares silenciosos ou trocas breves de palavras carregadas de rivalidade.


— Sempre estou pronto, teme! — respondeu Naruto com um sorriso desafiador, usando o apelido que costumava irritar Sasuke. — Não precisa se preocupar comigo.


Sasuke ergueu uma sobrancelha, mas não mordeu a provocação. Em vez disso, manteve o olhar firme e sereno, algo que sempre irritava Naruto.


— Não estou preocupado com você. Só quero garantir que o time não dependa apenas de mim hoje — disse Sasuke com uma calma que soava quase como uma afronta. — Vamos precisar de todos se quisermos vencer.


Naruto estreitou os olhos. A tensão entre os dois era quase palpável, mas havia algo diferente naquele comentário. Não soava como uma crítica, mas quase como um reconhecimento velado.


— Não se preocupe — respondeu Naruto com seriedade, sua voz firme. — Vou dar tudo de mim. Vou marcar mais pontos que você, só para deixar claro quem manda em quadra hoje.


Sasuke apenas soltou um leve suspiro, como se o entusiasmo competitivo de Naruto fosse algo esperado.


— Boa sorte então — disse Sasuke, sua voz sem traço de sarcasmo.


Naruto ficou em silêncio por um instante, surpreso com a sinceridade naquelas palavras. Não era comum Sasuke demonstrar algo próximo de camaradagem, mesmo que de forma sutil.


— É... boa sorte pra você também — respondeu Naruto, meio relutante.


O resto da viagem seguiu em um silêncio mais confortável, com Naruto perdido em pensamentos sobre o jogo que se aproximava e a ausência de Hinata. Talvez hoje fosse um teste não apenas para sua determinação em quadra, mas também para lidar com a paciência que ela, de alguma forma, inspirava nele.


Enquanto o ônibus se aproximava da escola, Naruto respirou fundo, sentindo a tensão nos ombros se transformar em pura determinação. O jogo estava para começar, e, com ou sem Hinata por perto, ele sabia que precisava se concentrar. Ainda havia muito a se provar – para Sasuke, para o time, mas principalmente para si mesmo.


A quadra do ginásio municipal estava iluminada de forma intensa, as luzes refletindo no piso polido, e as arquibancadas já começavam a se encher com alunos e torcedores. Naruto entrou no ambiente com um misto de adrenalina e foco. O cheiro familiar de madeira encerada, o eco das bolas batendo no chão e os gritos entusiasmados dos espectadores formavam o cenário perfeito para um dia de competição. Hoje era o dia do confronto decisivo no campeonato municipal de basquete, e Naruto estava determinado a dar tudo de si.


Ele ajeitou seus cabelos loiros para trás e respirou fundo, tentando acalmar o coração acelerado. Este jogo não é só sobre mim e Sasuke, ele pensou, tentando afastar a rivalidade constante entre eles. É sobre vencer por todo o time.


Mas bastou um olhar em direção ao centro da quadra para que a tranquilidade que buscava se fragmentasse. Sasuke já estava lá, fazendo seus alongamentos com a serenidade habitual, os músculos se movendo com uma precisão quase irritante. O grupo de líderes de torcida da escola parecia gravitacionalmente atraído por ele, soltando risos e comentários que Sasuke, como sempre, ignorava com sua indiferença característica. Mesmo assim, isso não diminuía a atenção que recebia.


Naruto bufou, apertando os punhos. Como ele consegue não se importar? O contraste era evidente: enquanto Naruto se sentia constantemente em luta para se provar, Sasuke parecia carregar consigo uma naturalidade arrogante que fazia tudo parecer fácil.


"Naruto! Vem se aquecer!" a voz do técnico interrompeu seus pensamentos. Ele acenou rapidamente, correndo para se juntar ao grupo de colegas que já começavam a praticar arremessos e passes.


O ginásio começou a encher ainda mais quando o time rival fez sua entrada. Os jogadores usavam uniformes azul com dourado, e suas expressões sérias mostravam que estavam tão determinados quanto os anfitriões. Naruto observou com atenção enquanto eles se espalhavam pela quadra, aquecendo-se em silêncio disciplinado.


Mas então, algo capturou seu olhar além dos jogadores adversários. Um grupo de líderes de torcida da escola rival entrou no ginásio logo atrás deles, com pompons e sorrisos prontos para levantar a torcida. E ali, entre elas, estava Hinata.


Naruto quase tropeçou ao vê-la. Ela vestia um uniforme de líder de torcida azul com detalhes em dourado, o cabelo azul-escuro preso de modo elegante. Os pompons brilhantes em suas mãos pareciam refletir a luz da quadra, mas era o brilho suave em seus olhos que capturava toda a atenção de Naruto. Mesmo de longe, ele conseguia perceber o nervosismo sutil em sua expressão, como se ela não estivesse acostumada com a multidão ou o papel que desempenhava naquele momento.


Hinata... ela é da escola rival? A constatação o pegou de surpresa. Ele sabia que ela estudava em uma escola diferente, mas não esperava enfrentá-la daquele jeito – no meio de um jogo decisivo.


Enquanto ela se posicionava ao lado das outras líderes de torcida, Naruto percebeu algo mais: a forma como ela olhava para o time adversário. Não era com a mesma despreocupação das outras garotas que torciam com sorrisos despreocupados. Havia algo sincero e levemente hesitante em seu olhar, algo que Naruto reconhecia como familiar – a busca por força interna.


Sasuke, agora completamente aquecido, notou a tensão no rosto de Naruto e seguiu seu olhar até Hinata. Seu rosto permaneceu impassível, mas Naruto sabia que ele tinha percebido a mesma coisa.


— Foco, Naruto — disse Sasuke sem emoção, passando ao lado dele enquanto fazia mais um passe perfeito para um colega. — Ou vai se perder antes mesmo de começar o jogo?


Naruto cerrou os dentes, ignorando a provocação. A presença de Hinata não deveria tirá-lo do foco. Este era seu momento para mostrar que podia ser o melhor em quadra. Ainda assim, era impossível negar o nó de emoções que se formava em seu estômago ao vê-la ali.


O apito inicial do técnico soou, trazendo Naruto de volta ao presente. O jogo começaria em poucos minutos, e ele precisava deixar de lado todas as distrações, incluindo Hinata e a constante presença provocadora de Sasuke. Eles eram adversários ferozes em espírito, mas hoje precisavam trabalhar como uma equipe para vencer.


Os jogadores se posicionaram na quadra, os líderes de torcida em seus lugares, e o ginásio ecoou com os gritos animados da multidão. Naruto sentiu o coração acelerar, mas ao olhar uma última vez para Hinata antes do apito, ele viu algo que o acalmou: um sorriso tímido que ela lhe dirigiu discretamente, como se desejasse boa sorte.


Ele retribuiu o sorriso, sentindo uma nova onda de determinação tomar conta dele. Não importava quem estava na quadra ou quem liderava as torcidas. Hoje, Naruto Uzumaki faria valer seu lugar em campo – e no coração da batalha silenciosa que travava consigo mesmo.


O apito do árbitro cortou o ar, sinalizando o início da partida. A bola subiu em um arco perfeito e por um breve momento parecia suspensa no ar, flutuando acima da tensão entre os dois times. Naruto respirou fundo, deixando a adrenalina tomar conta de seus sentidos. Este era o momento que ele esperava – a oportunidade de se provar, não apenas para o time ou a escola, mas para si mesmo.


Logo o ritmo frenético do jogo tomou conta da quadra. Jogadores avançavam, fintavam, defendiam, buscando cada oportunidade de tomar a liderança. Naruto se movimentava com energia incansável, seus olhos atentos ao movimento da bola e à posição de seus companheiros de time. Ele sabia que Sasuke era o armador natural do grupo, o estrategista que controlava o ritmo do jogo com precisão impecável.


Por isso, foi uma surpresa quando Sasuke, em vez de conduzir a jogada sozinho, passou a bola para Naruto logo no início do jogo. Naruto mal teve tempo de processar o movimento antes de reagir por instinto, avançando pela quadra e saltando para um arremesso certeiro. A bola passou pelo aro com um swish perfeito, e os primeiros dois pontos foram marcados para o time.


As arquibancadas explodiram em gritos e aplausos, mas Naruto estava mais preocupado em entender o que havia acontecido. Ele olhou para Sasuke, esperando ver algum tipo de frustração ou desaprovação, mas em vez disso, Sasuke apenas assentiu levemente, como se tivesse esperado exatamente aquele resultado.


A dinâmica se repetiu nas jogadas seguintes. Toda vez que Sasuke tinha a chance de arremessar, ele procurava Naruto, criando espaços com passes precisos que deixavam o loiro em posição perfeita para marcar. Naruto não conseguia entender por que Sasuke, sempre tão obstinado em ser o melhor, estava intencionalmente colocando-o no centro das atenções. Cada ponto marcado trazia um aumento na confiança de Naruto, mas a perplexidade permanecia.


Mesmo assim, ele se entregou completamente ao jogo. Seus pés mal tocavam o chão enquanto corria pela quadra, a bola quase uma extensão natural de seu corpo. A cada ponto marcado, ele olhava automaticamente para a arquibancada do time rival, onde sabia que Hinata estava.


Ela o observava com uma mistura de concentração e entusiasmo, os olhos brilhando a cada lance bem-sucedido. Mesmo vestida com as cores do time adversário, era impossível não perceber a felicidade genuína que ela demonstrava. Quando Naruto marcou um ponto crucial, um sorriso tímido iluminou o rosto dela, e ele sentiu seu coração acelerar de uma forma que não tinha nada a ver com o esforço físico do jogo.


O ginásio estava tomado pela energia da competição. O placar mostrava uma vantagem crescente para o time de Naruto, e cada ponto reforçava a conexão silenciosa entre ele e Sasuke. Apesar da rivalidade que sempre existira entre eles, algo estava diferente naquele jogo. Sasuke não estava ali para competir com Naruto – ele estava ali para elevá-lo.


Entre uma pausa rápida para hidratação, Naruto não conseguiu segurar a curiosidade. Ele se aproximou de Sasuke, a respiração pesada, mas os olhos fixos no companheiro de time.


— O que você tá tentando fazer, Sasuke? — perguntou, a voz ainda ofegante. — Não é do seu feitio deixar outra pessoa brilhar em quadra.


Sasuke levantou uma sobrancelha, pegando uma garrafa de água e tomando um gole antes de responder com sua calma habitual.


— Não estou deixando você brilhar, Naruto — respondeu. — Estou ajudando o time a ganhar. E hoje, você é o melhor caminho para isso.


Naruto piscou, surpreso com a resposta direta. Sasuke não era exatamente conhecido por dar elogios, mas havia algo sincero em suas palavras.


— Só não estrague tudo, dobe — acrescentou Sasuke com um leve sorriso de canto, antes de voltar para a quadra.


Naruto bufou, mas não pôde evitar um pequeno sorriso. Mesmo quando tentava ser legal, Sasuke ainda conseguia ser irritante.


O jogo recomeçou, e Naruto mergulhou novamente na intensidade da partida. Cada ponto marcado era uma vitória pessoal, mas também uma demonstração de como o time estava funcionando como uma máquina bem ajustada. Ele sabia que sem os passes precisos de Sasuke, nada daquilo seria possível.


E a cada ponto conquistado, seus olhos instintivamente buscavam Hinata. Ela estava lá, o sorriso delicado sempre presente, como se torcesse em silêncio por ele apesar de estar do lado oposto. Essa conexão silenciosa entre eles, construída apenas com olhares, dava a Naruto uma motivação extra.


Quando o jogo finalmente chegou ao fim, o placar deixou claro: vitória esmagadora para o time de Naruto. A quadra explodiu em celebração, os colegas de time o cercando com gritos e abraços comemorativos.


Naruto respirou fundo, deixando a euforia da vitória se espalhar por todo o seu corpo. Ele olhou para Sasuke, que lhe ofereceu um breve aceno de cabeça em reconhecimento, antes de ser cercado por outros jogadores.


Mas foi o olhar de Hinata, ao longe, que realmente capturou sua atenção. Ela ainda estava ali, os pompons em suas mãos, um sorriso suave iluminando seu rosto.


Ganhei o jogo... mas por alguma razão, sinto que esse não é o fim.


Hinata, mesmo do outro lado da quadra, continuava sendo o ponto que ele não conseguia tirar da mente – um desafio diferente, mas igualmente importante.


O eco dos últimos gritos da torcida ainda vibrava pelo ginásio enquanto os jogadores comemoravam sua vitória. A quadra fervilhava de energia – alunos, professores e familiares aplaudiam efusivamente o desempenho dos times. Naruto respirava fundo, o suor escorrendo pela testa, mas o sorriso em seu rosto era a expressão pura de satisfação. Ele havia dado tudo de si naquele jogo, e a vitória parecia ainda mais significativa com Hinata ao longe, compartilhando de alguma forma sua alegria.


As líderes de torcida começaram a atravessar a quadra para cumprimentar os jogadores em um gesto tradicional de cordialidade. Vestidas com uniformes coloridos e pompons nas mãos, suas risadas e conversas alegres preenchiam o espaço enquanto se aproximavam dos atletas. Naruto tentava manter a compostura, mas seus olhos inevitavelmente procuravam por Hinata.


Ela estava mais para trás, caminhando em um ritmo sereno, seus olhos tímidos observando a multidão sem se deixar levar pelo alvoroço. O uniforme de sua escola contrastava com a leveza de seu sorriso discreto, e a forma como ela parecia quase alheia ao frenesi ao redor a tornava ainda mais fascinante para Naruto.


Antes que pudesse decidir o que fazer, Sasuke apareceu ao seu lado. Mesmo após um jogo tão intenso, ele parecia completamente tranquilo, com a mesma expressão serena que sempre ostentava.


— Bom jogo, Naruto — disse Sasuke, com um tom neutro. — Você se destacou.


Naruto piscou, surpreso pelo elogio direto. Ele abriu a boca para responder, mas o olhar de Sasuke se desviou para algo ao longe. Naruto seguiu o olhar do companheiro e viu Hinata se aproximando, a passos lentos, mas decididos.


O coração de Naruto disparou. Ele não sabia ao certo se era por causa do jogo ou pelo fato de Hinata estar vindo em sua direção. Talvez fosse um pouco dos dois. Antes que pudesse pensar em uma reação, Sasuke colocou a mão firmemente em seu ombro.


— Boa sorte, dobe — disse Sasuke com um leve sorriso enigmático.


Sem esperar uma resposta, Sasuke virou-se e caminhou tranquilamente em direção ao grupo de líderes de torcida da escola deles, que imediatamente começaram a vibrar com sua aproximação. Naruto viu as garotas sorrirem animadas, algumas até tentando chamar a atenção do jogador prodígio, mas Sasuke parecia pouco interessado.


No entanto, o olhar de Sasuke encontrou o de Naruto uma última vez antes de se afastar completamente. Com um aceno quase imperceptível, Sasuke transmitiu uma mensagem silenciosa, clara como o dia: É sua vez agora.


Naruto engoliu em seco, mas se forçou a respirar fundo. Ele não poderia recuar naquele momento. Quando Hinata finalmente parou à sua frente, os olhos perolados encontraram os dele, e por um instante o barulho ao redor desapareceu.


— Você... jogou muito bem, Naruto — disse Hinata, sua voz suave, mas cheia de sinceridade. — Parabéns pela vitória.


Naruto sorriu, passando a mão pela nuca em seu gesto habitual de nervosismo.


— Obrigado, Hinata. E você estava incrível como líder de torcida. Sério, foi difícil não ficar olhando pra você durante o jogo.


O rosto dela ficou imediatamente corado, e Naruto percebeu que talvez tivesse sido um pouco direto demais. Ele tentou consertar.


— Quer dizer... você tava bem lá, sabe? Fazendo sua parte e tal...


Hinata riu suavemente, um som que fez o coração de Naruto acelerar ainda mais.


— Fico feliz que tenha notado — respondeu ela com um sorriso tímido.


O silêncio confortável que se seguiu foi interrompido por um breve olhar que Naruto lançou para Sasuke. Ele ainda estava cercado pelas garotas, mas, mesmo assim, encontrou tempo para observar Naruto e Hinata. Quando Naruto cruzou seu olhar, Sasuke fez outro aceno encorajador com a cabeça, como se dissesse: Continue assim.


Naruto respirou fundo, voltando sua atenção para Hinata.


— Ei, Hinata... o que acha da gente sair um dia desses? Não pra comemorar o jogo, mas só... conversar e tal?


Os olhos dela se arregalaram por um breve instante, mas logo um sorriso suave surgiu em seus lábios.


— Eu adoraria, Naruto.


Naquele momento, Naruto soube que a vitória mais importante do dia não havia sido marcada com uma bola passando pelo aro. E talvez, só talvez, ele tivesse encontrado algo ainda mais valioso do que o reconhecimento em quadra.


Os dias seguintes ao campeonato municipal trouxeram uma mudança sutil, mas marcante, para Naruto. O reconhecimento que recebera por seu desempenho em quadra era recompensador, mas algo ainda mais significativo havia surgido das tensões daquela competição: uma nova percepção sobre rivalidade e amizade.


A amizade inesperada com Sasuke começou a florescer de maneira silenciosa, mas inegável. Embora os comentários provocativos e a competitividade entre eles continuassem, havia agora um respeito mútuo que transcendia a rivalidade inicial. Sasuke havia provado ser um rival feroz, mas também um companheiro de equipe disposto a compartilhar o brilho da vitória quando isso significava algo maior para o grupo.


Naruto, por sua vez, passou a perceber que a rivalidade não precisava ser uma barreira para a amizade. Pelo contrário, foi através dela que ele aprendeu a se superar, a descobrir seu potencial e, mais importante, a reconhecer o valor de ter alguém ao lado para desafiá-lo e apoiá-lo.


Hinata também se tornou uma presença constante e inspiradora em sua vida. Suas conversas simples no ônibus evoluíram para passeios tranquilos pela cidade, onde o silêncio confortável entre eles muitas vezes dizia mais do que palavras. Naruto descobriu que a conexão com ela era algo que não precisava de pressa, apenas sinceridade.


Em uma tarde ensolarada, Naruto encontrou Sasuke no ponto de ônibus, como fazia de vez em quando. A sombra do passado competitivo ainda pairava sobre eles, mas havia agora um companheirismo discreto.


— Ei, Sasuke — disse Naruto, com um sorriso. — Quem diria que acabaríamos assim, hein? Rivais em quadra, amigos fora dela.


Sasuke deu um leve sorriso de canto, cruzando os braços.


— Você não é tão insuportável quanto parecia, Naruto. Só não deixe isso subir à cabeça.


Eles riram juntos, um som raro, mas natural. Ambos sabiam que essa rivalidade os empurrava para serem melhores.


— Sabe — disse Naruto pensativo — eu costumava achar que rivalidade era só sobre vencer. Agora percebo que é mais sobre ter alguém que não deixa você se acomodar.


Sasuke assentiu, seus olhos refletindo a mesma compreensão.


— E amigos também não deixam você desistir — respondeu Sasuke. — Acho que você finalmente entendeu isso, dobe.


Naruto riu alto.


— Ah, não muda nunca, teme!



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Autor(a): danieef

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