Fanfic: Como Nascem os Monstros | Tema: Harry Potter; Marotos; Comensais de Morte
3 de novembro de 1981
Quando Dumbledore em pessoa apareceu, eu soube que aquilo era o fim. Eu não dei atenção aos sinais de que cedo ou tarde isso iria acontecer. Há muito Rabastan tinha começado a vacilar e eu entendia. No início eu também tinha vacilado. Não era fácil ser um soldado. Foram dez anos de guerra. E quando as coisas começaram a ficar realmente feias, eu fui aquele quem se ofereceu para fazer o que ninguém tinha pulso pra fazer. Eu abri as portas para todas as ferramentas que começaram a virar o jogo. Começamos a ganhar a guerra por conta dos meus sacrifícios. E, sinceramente, há alguns anos, eu não queria que Rabastan seguisse minhas pegadas.
Mas tudo mudou e tudo o que eu queria era que ele, pelo menos ele, estivesse de verdade, comigo. E se eu precisei quebrar alguns ossos no caminho pra fazer isso acontecer... bem, eu não me arrependo. Ele nunca vai ficar sabendo da verdade.
Os flashes das câmeras me cegam, muitos tentam fazer perguntas para os aurores que estão nos levando. Sem varinha, cercado por tantos homens de Dumbledore, nossa sina já é bem clara e evidente.
Miro meu irmãozinho, que tem os olhos baixos e um semblante pensativo. Ele não começara a vacilar na casa dos Longbottom, foi muito antes daquilo. Frank e Alice Longbottom sabiam que não teriam chances contra mim e Bella, mas eles tinham esperanças em Rabastan e eu vi nos olhos dele... Eu vi arrependimentos. Acho que ele ainda tem uma alma, no fim das contas.
A minha eu abandonei há muito tempo. Olho para Bella e vejo que ela tenta manter a postura, cabeça erguida, olhos decididos. Não é como Rabastan que aceitou a derrota, ou como Bartô, que está tentando se safar, tentando dizer que é inocente. Tento seguir o exemplo de minha esposa. Minha alma já se foi, mas eu ainda tenho meu orgulho. Acho que a essa altura é tudo o que me resta.
As pessoas me chamam de monstro. Algumas estão violentas. Os aurores precisam sacar as varinhas para nos manter seguros. A multidão grita as ofensas.
Monstro. Monstro. Monstro.
Eles têm razão. Foi isso que me tornei. Eu sei. Eu alcancei o limite e abri mão de tudo, pois era tarde demais para voltar atrás. Mas nem sempre eu fui assim. Eu já fui só um garoto. Miro Rabastan e ele me olha de volta. Há pedidos de desculpas em nossos olhares. Penso no que nossos pais vão dizer.
-Eu sinto muito por tudo isso, Rabastan. – Sussurro pra ele. Ele concorda com um aceno de cabeça.
-Eu também sinto muito. – Lamenta meu irmão caçula – Mas agora... Agora é tarde demais para isso.
-Eu sei. – Murmuro. Céus. Como eu sei.
Olhando para meu querido irmão caçula, eu pergunto a mim mesmo, enquanto andamos para nosso inevitável destino. Do que eu me arrependo?
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31 de Outubro de 1959
Rodolfo adorava o dia das bruxas. Era o dia em que podia comer todos os doces que desejasse. Sua mãe escondia-os pela casa e brincavam de caça aos doces. Seu pai dizia que não gostava e que não queria participar, mas era ele quem comprava os doces e encantava as abóboras. A família ficava a contar histórias e tomar chocolate quente, em frente à lareira e quando Rodolfo caía no sono, seu pai o pegava no colo e o levava para a cama. Sua mãe lhe beijava a testa e ele tinha uma boa noite de sono.
Mas aquele ano o dia das bruxas seria diferente. Sua mãe não escondera os doces e seu pai não encantara as abóboras. E, sinceramente, Rodolfo não ligava para isso. Seu aniversário já tinha passado, mas o presente que mais gostaria de ganhar chegaria naquele dia. Já fazia mais de um ano que ele implorava aos pais que lhe dessem um irmãozinho.
Um garoto com que pudesse brincar.
Há meses seus pais tinham contado que finalmente iria ganhar um irmão ou irmã e ele não poderia ter ficado mais contente. Mas agora estava ligeiramente preocupado. Sua mãe parecia estar sentindo dor e seu pai estava muito ansioso. Um homem mais velho tinha vindo visitar e seu pai explicara que era um medibruxo. Seria aquele homem quem iria trazer seu novo irmão ou irmã.
Rodolfo estava mais do que impaciente. O velho já tinha chegado há horas e nada de seu irmão surgir. Cinco anos não é a idade mais paciente de todas e ele estava pensando seriamente em chutar a porta e entrar no quarto onde sua mãe estava, para pedir satisfações. Desde antes do almoço estavam falando que seu irmão ou irmã estava pra chegar e agora o jantar já estava quase pronto e o bebê ainda não tinha chegado. Se perguntava se a coruja que o traria havia se perdido na tempestade.
Foi quando teve um pensamento horroroso. Olhou por toda a casa, preocupado, finalmente notando o que estava errado. Todas as janelas estavam fechadas por conta da chuva. A coruja que traria o bebê jamais conseguiria entrar daquele jeito, a não ser que apenas a janela do quarto onde a mãe estava aberta. Talvez para que a coruja não se confundisse. Mas ele não tinha como ter certeza disso. Os adultos tinham a mania chata de se esquecer das coisas. Talvez a janela do quarto também estivesse fechada e a coruja estivesse presa do lado de fora, com o bebê. Esse pensamento o deixou muito preocupado.
Só tinha uma coisa que poderia fazer. Verificar se a janela do quarto dos pais estava aberta. Se não estivesse, ele abriria a janela de seu quarto, para que a coruja deixasse o bebê ali. Seria o primeiro a conhecê-lo!
Com um sorriso divertido no rosto, e com o coração à mil pelo plano que bolara, Rodolfo saiu pela porta dos fundos, mandando que os elfos ficassem de boca calada e continuassem fazendo o jantar, sem denunciar o que estava fazendo. A chuva caía forte e o céu já estava bastante escuro. Mas isso não o intimidou. Ele não era de açúcar, afinal de contas. Sob os pingos grossos e pesados da tempestade, e enfrentando o vento forte que uivava, Rodolfo deu a volta na propriedade e notou o quanto os adultos eram mesmo uns bobos. Até mesmo o doutor com aquela cara de sabichão. Todas as janelas da casa estavam fechadas!
Voltou correndo para dentro de casa, pela mesma porta que tinha saído, para então ir correndo para o próprio quarto. Deixou os sapatos molhados no corredor e então fechou a porta com muita pressa. Correu até a poltrona onde sua mãe costumava colocá-lo no colo para ler histórias antes que ele fosse dormir. Empurrou o móvel até a janela, subiu na poltrona e com algum esforço abriu a janela. A chuva entrou em seu quarto e começou a molhar o chão, mas ele não ligava. Ele mesmo estava mais molhado do que qualquer outra coisa; seus cabelos castanhos estavam ensopados, colados em sua testa. Seus olhos prateados procuravam pela coruja, pelos céus.
-CORUJAAAAAAA! AQUI É A RESIDÊNCIA DOS LESTRANGE! – Gritou o mais alto que conseguiu, procurando por uma ave com algum embrulho, grande o suficiente para ter um bebê dentro. Mas seus olhos só viam chuva por todos os lados. Rodolfo gritou mais algumas vezes até que a porta de seu quarto se abrisse. No susto, pulou e tropeçou no braço da poltrona, caindo sobre almofadas molhadas pela chuva que entrara pela janela.
Fazendo careta, a criança mirou o pai, que olhava para o quarto, parecendo tentar entender o que raios estava acontecendo ali.
-Rodolfo, o que você está fazendo? – Perguntou ele pegando a varinha do bolso. O pequeno garoto se sentou, zangado, sentindo um galo na cabeça que se formava rapidamente pelo tombo. Seu pai se aproximava parecendo apenas ligeiramente bem-humorado. Com um aceno de varinha a janela voltou a fechar e com o outro a poltrona começou a flutuar para seu lugar de origem.
-Não, papai! Se fechar a janela, como a coruja vai trazer o bebê? – Perguntou com as roupas e o cabelo encharcados pela chuva. Seu pai deu uma risada bem-humorada.
-Bem, o bebê acabou de chegar, mas como você vai aparecer pro seu irmãozinho todo molhado desse jeito? – Perguntou seu pai e Rodolfo piscou, em choque. Depois sorriu, sentindo a empolgação e a alegria que aquela notícia trazia.
-Um irmãozinho? Eu tenho um irmãozinho? – Perguntou se colocando de pé e pulando de alegria. Seu pai deu uma gargalhada e concordou acenando a varinha para que as gavetas da cômoda se abrissem. Depois, outro conjunto de roupas vieram voando para cima da cama.
-Accio toalha. – Disse seu pai enquanto o pequeno garoto tentava se livrar das roupas molhadas o mais rápido que podia. A toalha entrou voando pela porta e seu pai o secou com ela. Depois o ajudou a se vestir e voltou a pentear seus cabelos, apesar de Rodolfo não facilitar a tarefa, pulando de um lado para o outro, cheio de entusiasmo – Sua mãe está muito cansada. Então precisa falar baixinho quando for ver o bebê, está bem? – Perguntou seu pai e Rodolfo concordou, tentando sair correndo, mas os dedos fortes de seu pai o seguraram no cotovelo – Rodolfo, espere. Eu preciso falar com você. – Disse seu pai e o garoto o olhou absolutamente impaciente – Rodolfo. Você entende que sua vida vai mudar completamente agora, não sabe? – Perguntou seu pai e Rodolfo o olhou, confuso.
-Por que?
-Porque antes você era a criança da casa, agora você é o irmão mais velho. – Seu pai se curvou para que ficasse com os olhos na altura dos seus. Os mesmos olhos prateados que ele tinha, olhos que puxara da avó, já que o falecido vovô Ophiucus tinha olhos verdes – Você entende que agora você tem uma missão importante, não entende?
-Uma missão? – Perguntou Rodolfo, franzindo o cenho, enquanto seu pai ajeitava suas roupas para que não ficassem tortas.
-Você vai se tornar um herói, agora, Rodolfo.
-Um herói? – Perguntou o menino, ainda confuso, mas gostando daquele rumo da conversa.
-Sim. Você vai ser o herói de seu irmão. Você tem a importante missão de se tornar o ídolo dele. De mostrar a ele como é agir certo. De como é que um bruxo de verdade deve ser. Você, Rodolfo, vai ser o maior exemplo de homem que seu irmão vai ter. Diferente de mim, que serei apenas o papai, você vai ser o irmão mais velho. Vai ser o melhor amigo dele. Então você tem a enorme responsabilidade, de cuidar bem do seu irmãozinho e não deixar que ele se meta em furadas. Tem que protegê-lo, aconselhá-lo, cuidar dele, dar conselhos e tudo o mais. Você acha que consegue fazer isso? – Perguntou seu pai, com um sorriso torto, o tipo de sorriso que Rodolfo mais gostava, afinal, seu pai era um homem normalmente muito sério. Mas era visível que ele estava muito feliz naquele momento. Rodolfo também estava.
-Eu consigo. Eu vou cuidar sempre dele. Eu prometo.
-Promete? – Perguntou seu pai com orgulho e o garoto concordou com um aceno. Seu pai lhe apertou a bochecha e acenou com a cabeça para a porta. Rodolfo então se colocou a correr e dessa vez ninguém o segurou.
Correu até o quarto dos pais e abriu a porta com cuidado. Engolindo em seco, viu o médico guardar suas coisas numa maleta e viu a mãe sentada na cama. Os cabelos dourados presos num coque, um sorriso doce para um pequeno embrulho que tinha nos braços.
-Rodolfo, meu amor. Venha ver. Venha ver seu irmãozinho. – Disse sua mãe e Rodolfo concordou com um aceno de cabeça. Controlando a vontade de correr, ele foi a passos contidos até o irmão. Subiu na cama, já que estava descalço, e mirou o bebê que estava envolto nos panos – Rodolfo, esse é seu irmãozinho Rabastan. – Disse ela e Rodolfo concordou olhando hipnotizado para ele. Com um sorriso animado, esticou o braço, para segurar na pequena mãozinha do irmão. Ele o olhou, parecendo enfezado. Tinha as sobrancelhas e os cabelos num tom vermelho escuro, como o tapete da sala. De cara fechada, com os olhos fechados, o pequeno Rabastan fez um biquinho parecendo que iria chorar.
-Não chore, Rabastan. – Pediu Rodolfo, falando baixinho – Eu estou aqui. Eu vou cuidar de você. Não chore, tá bom? – Pediu e Rabastan deu uma soluçada e bocejou – Ele deve estar muito cansado. Com essa chuva toda, deve ter sido muito difícil chegar aqui, não é, mamãe? – Perguntou ele olhando para a mãe, que sorria, serena.
-Com certeza.
-Demoraram muito para ver a coruja? As janelas estavam todas fechadas! O pobrezinho deve ter ficado muito tempo na chuva.
-E como sabe que as janelas estavam fechadas? – Perguntou sua mãe, parecendo desconfiada.
-Ele foi ver. Estava encharcado, no próprio quarto, gritando a plenos pulmões para que a coruja achasse a casa. – Riu seu pai, encostado à porta, com os braços cruzados.
-Oh. – Sua mãe o olhou e Rodolfo se perguntou se ela ficaria zangada – Ainda bem que fez isso, querido. Ou ela jamais teria nos encontrado no meio dessa tempestade. – Riu ela e Rodolfo sorriu novamente.
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1965
-Não tão rápido, Rodolfo! – Pediu sem fôlego. Seu irmão, lá em cima da pedra, o olhou e sorriu, para então gargalhar – Eu... Eu não consigo. – Lamentou e Rodolfo se ajoelhou lá do alto e estendeu a mão.
-Vamos, eu te ajudo! – Disse ele com um sorriso animado – Você quer ou não ver o ninho? – Perguntou ele e Rabastan mordeu o próprio lábio.
-Eu estou com medo, Rodolfo. – Lamentou mirando a pedra em que seu irmão tinha subido.
-Não precisa ter medo. Eu estou aqui. – Disse Rodolfo confiante e Rabastan respirou fundo. Procurou por algum lugar que pudesse servir de apoio e então tentou escalar a rocha. Quando conseguiu subir um pouco sentiu a mão firme de seu irmão segurar a sua. Rodolfo o puxou e Rabastan por fim conseguiu subir. Olhou para trás, impressionado com o quão alto tinha subido – Vamos. A árvore é bem ali. – Disse Rodolfo ainda segurando a sua mão. Rabastan concordou e os dois irmãos correram de mãos dadas, dando risadas. Chegaram numa árvore de galhos grossos. Rodolfo olhou para algum lugar lá em cima e então sorriu – Ali. É bem ali que está o ninho. – Disse ele e Rabastan tentou achar, mas não conseguiu identificar nada entre os galhos e folhas. Rodolfo se abaixou e colou a bochecha contra sua, para então apontar para alguma coisa, no alto da árvore – Ali, olha. Está vendo?
Foi quando notou o ninho. Um emaranhado de pequenos galhos embolados, formando o ninho dos passarinhos.
-Eu vi! Eu vi, Rodolfo! – Disse alegre e Rodolfo sorriu para ele – Você consegue chegar lá em cima?
-Sim. Eu e Max subimos lá em cima dois dias atrás. Têm quatro ovinhos. – Disse Rodolfo.
-Eu quero ver! – Disse Rabastan, animado, mas Rodolfo franziu o cenho.
-Não sei se você consegue subir lá em cima, Rabastan. Você é muito pequeno e lá é muito alto.
-Você pode pegar um ovinho! Podemos levar pra casa e cuidamos dele! – Disse Rabastan e Rodolfo negou.
-E se um trasgo achasse você bonitinho e te levasse pra caverna dele, pra cuidar de você? Você iria gostar? – Perguntou Rodolfo e Rabastan negou prontamente com a cabeça – Não devemos mexer nos ovos. – Disse ele e Rabastan concordou. Os dois se sentaram embaixo da árvore, aproveitando a sombra e Rodolfo pegou algumas balas do bolso, para lhe oferecer – Bala?
-Tem de maçã verde? – Perguntou procurando pela sua favorita e Rodolfo concordou entregando para ele – Eu queria conseguir subir lá, que nem você e o Max.
-Um dia você vai subir, não se preocupe. – Riu Rodolfo.
-Você vai pra Hogwarts no ano que vem. – Disse, repentinamente e Rodolfo o olhou, com um semblante sério – Eu não quero que você vá. Eu vou ficar sozinho. – Lamentou mirando tristemente a balinha que seu irmão lhe presenteara. Rodolfo soltou um suspiro e passou o braço ao redor de seus ombros.
-Não se preocupe, Rabastan. Eu prometo escrever. – Disse ele, mas isso não o animou – O que significa que você vai ter que treinar sua escrita e leitura. Só vou escrever em letra cursiva.
-Mas é muito difícil, Rodolfo! – Reclamou – Escreve na letra normal. – Pediu se referindo às letras que começara a aprender. Ainda não conseguia ler muito bem, mas Rodolfo sempre o ajudava quando pedia – Eu não quero que vá pra Hogwarts. – Lamentou querendo chorar. Rodolfo suspirou e o afagou no ombro.
-Não fique assim. Eu prometo voltar em todos os feriados e te contar tudo sobre a escola. E quando você for pra Hogwarts, vai ficar comigo, eu vou te apresentar todos os meus amigos. Está bem?
-Mas vai demorar MUITO! – Reclamou com os olhos cheios de água e Rodolfo sorriu.
-Eu fiquei cinco anos sozinho, antes de você nascer, irmãozinho. Você aguenta alguns meses, tenho certeza. – Disse ele lhe bagunçando os cabelos.
Rabastan sorriu e empurrou a mão do irmão, que se colocou a lhe fazer cócegas. Mas logo estavam de pé e decidiram continuar a passear. Deixaram o parque e voltaram a passear pelas ruas. Rabastan sabia que seu pai não se importava que ficassem na rua apenas os dois. Ele confiava que Rodolfo não os levaria por ruas perigosas. Podiam brincar na rua desde que estivessem em casa às 17h.
Rodolfo os guiou até um parquinho e Rabastan logo correu até um balanço. Rodolfo se colocou a balançá-lo e Rabastan gargalhava pedindo que o irmão mais velho o empurrasse mais para o alto. Rodolfo fingia estar empurrando com toda sua força, mas Rabastan sabia que ele não faria isso.
Rabastan sabia que seu irmão mais velho era muito forte e que se o balançasse com toda sua força, poderia acontecer um acidente. Não existia ninguém que deixasse Rabastan com a sensação de segurança como Rodolfo fazia. Logo Rodolfo se sentou no balanço ao lado e os dois ficaram se balançando e Rabastan ficou impressionado com o quanto Rodolfo conseguia ir alto, gargalhando, sem parecer ter medo algum de altura.
Foi quando outra família chegou no parquinho. Duas mulheres acompanhadas de cinco crianças. Rabastan mirou os dois garotos que pareciam ter sua idade. Um deles parecia intimidado com o lugar, enquanto o outro já estava correndo para descer no escorregador. As outras três crianças eram meninas. Duas delas pareciam ter mais ou menos a idade dos meninos, sendo talvez apenas um pouco mais velhas. Mas a criança mais velha mirava Rodolfo com olhos calculistas. Ela tinha a idade dele, certamente, sendo bastante alta e magra. Rodolfo não pareceu notar, apenas tentava ir mais e mais alto.
-Olha pra mim, Rabastan! – Gritou ele e Rabastan obedeceu. Seu coração pareceu parar por um segundo quando Rodolfo pulou do balanço quando ele estava no ponto mais alto. De boca aberta viu o irmão parecer voar pelo ar e cair na areia com agilidade, sem se machucar. Ele ficou de pé e olhou para o irmão com aquele sorriso divertido e convencido e Rabastan parou de se balançar para aplaudir.
-Uau! – Disse o garoto, que tinha acabado de chegar, lá de cima do escorregador – Isso foi demais! – O menino escorregou novamente e veio correndo, enquanto Rabastan o olhava com desconfiança – Como fez isso?
-Sirius! – Ralhou uma das adultas. Eram duas mulheres bonitas, uma loira, de longos cabelos lisos e outra de cabelos negros e cacheados – Não saia falando com estranhos, não sabemos de qual famílias eles pertencem. – Disse ela e Rabastan não gostou de seu tom, mas Rodolfo não se intimidou e bagunçou os cabelos do tal Sirius do mesmo jeito que fazia com os de Rabastan. E isso não deixou o menino nem um pouco feliz.
-Não se preocupe, senhora. Nós somos Lestrange’s. – Disse ele e as duas senhoras pareceram relaxar. Uma das meninas se aproximou, a de cabelos castanhos. A mais nova, de cabelos platinados, ficou mirando as senhoras, enquanto a mais velha, de cabelos negros e cacheados, seguia mirando Rodolfo como se o medisse. Mas o irmão, até aquele momento, não a tinha notado – Vocês certamente são bruxos também.
-Sim. Somos Black’s. – Disse o tal Sirius e Rodolfo concordou. Rabastan não tinha permissão para falar com trouxas, mas já que aqueles ali eram bruxos, não viu motivo para não tentar se enturmar – Quero tentar pular igual a você, do balanço.
-Sirius, tente não se machucar. – Ralhou uma das senhoras, enquanto se sentava no banco ao lado da senhora loira. A menina mais nova correu até a mais velha e sussurrou algo para ela, enquanto a terceira menina, a de cabelos castanhos se aproximou dos balanços.
-Eu também vou tentar. – Disse ela com um sorriso – Eu me chamo Andrômeda.
-Rodolfo, seu criado. – Disse Rodolfo fazendo uma mesura, arrancando risadinhas da menina. Ela cruzou as pernas e segurou as saias, retribuindo o cumprimento.
-Encantada. – Retrucou ela e o tal Sirius veio em sua direção.
-Você vai pular ou vai ficar só olhando? – Perguntou ele. Rabastan segurou as cordas do balanço com força.
-Não quero pular. Mas não vou sair do balanço. Quero brincar. – Disse ele e o tal Sirius lhe deu um sorrisinho maldoso.
-Esse aqui é seu irmão, Rodolfo? – Perguntou Sirius e Rodolfo concordou – É muito chato ter um irmão covarde. O meu também é. – Riu ele e o garotinho, provavelmente irmão dele, o olhou com os olhinhos cheios de água.
-Não seja cruel, Sirius.
-Você tem medo de tudo, Regulus! – Ralhou o outro garoto e o tal Regulus começou a chorar, voltando correndo para a mãe.
-Meu irmão não é covarde. – Ralhou Rodolfo, fechando a cara e Rabastan sorriu, agradecido – Meça suas palavras, garoto.
No entanto, Sirius sorriu com desdém.
-Se ele não gostou do comentário, por que ele não vem dizer na minha cara? – Perguntou o tal Sirius e Rabastan corou de vergonha.
-Será que o gato comeu a língua dele? – Riu a garota mais velha. Ela se aproximava com os braços cruzados e só então Rodolfo pareceu notá-la. Os dois trocaram um olhar furioso e ela sorriu com desdém – Que Sirius é uma peste, não há dúvidas. – Riu ela e o tal Sirius mostrou a língua para ela – Mas se seu irmãozinho só quer esquentar o banco, no lugar de deixar os outros brincarem, peça que ele se retire.
Ela era mais alta que Rodolfo e olha que ele era bastante alto. Rabastan engoliu em seco, se perguntando se seriam expulsos, mas Rodolfo apenas sorriu com desdém e se aproximou dela para sussurrar.
-Me obrigue.
-Acha que eu não obrigo, baixinho? – Perguntou ela fechando o punho para Rodolfo.
-Bella. Deixa disso. Eles chegaram primeiro. Deixa o menino brincar no balanço. – Pediu Andrômeda.
-Mas Sirius quer brincar. – Disse a tal Bella com uma vez arrastada.
-Como se você se importasse. – Resmungou Andrômeda.
-E não é como se esse perfeito cavalheiro tivesse coragem de machucar uma dama. – Rabastan viu a garota se aproximar. Ela segurou sua orelha e começou a puxá-lo para fora do balanço, mas logo a mão de seu irmão a segurou no pulso com muita força. Ela o olhou com surpresa e Rodolfo falou num sibilo bem zangado.
-Não vejo dama nenhuma aqui. Dá o fora, antes que eu chame a sua mamãe. – Rosnou ele. Mas a garota, no lugar de parecer se assustar, sorriu, largando sua orelha.
-Não consegue lidar com isso sozinho por um acaso? – Provocou ela e Rodolfo sorriu.
-Claro que consigo. – Ele puxou a mão dela com força e ela precisou se aproximar um passo dele – Mas acho que menininhas selvagens como você só se comportam depois de uma bronca da mamãe ou do papai.
Bella fechou o cenho e puxou a mão, se livrando de Rodolfo. Rabastan olhava de um para o outro, sem saber o que fazer com tudo aquilo.
-Quebra ele, Bella! – Gritou Sirius e as duas adultas chegaram.
-Sirius Black. Você está implicando com Regulus de novo? – Perguntou quem deveria ser a mãe dele.
-Bella, o que você está fazendo? – Perguntou a mulher loira e Bella olhou dela para Rodolfo.
-Amizades, mamãe. – Disse ela com um sorriso cínico e Rodolfo se afastou dela, para se voltar a empurrar Rabastan no balanço.
Houve um momento onde a mãe de Sirius dizia que ele era impossível e mandava ele ir brincar com o irmão nas gangorras. Bella foi fazer companhia à menina loira, em outro banquinho, enquanto Andrômeda brincava no outro balanço.
-Desculpe pela Bella. Era adora arrumar confusão. – Riu ela e Rodolfo deu uma risada desdenhosa.
-É sua irmã, o furacãozinho? – Perguntou ele.
-As duas são minhas irmãs. Bella é a mais velha, Narcissa é a caçula. Sirius e Regulus são meus primos. – Disse ela e Rabastan concordou com um aceno de cabeça. – Vocês têm primos?
-Em primeiro grau temos dois primos. – Disse Rodolfo – Mas não temos contatos com eles.
-Nós vivemos juntos. – Riu Andrômeda olhando para Regulus que pedia desesperadamente para que Sirius o deixasse descer do alto da gangorra enquanto o garoto apenas gargalhava o chamando de medroso – Não na mesma casa, claro, mas sempre nos reunimos nos fins de semanas e feriados.
-Deve ser uma loucura. – Riu Rodolfo e Andrômeda concordou.
-Você não faz ideia.

Autor(a): Tia Vênus
Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).
Prévia do próximo capítulo
Birth Right 10 de Dezembro de 1981 Maldito Karkaroff. Como ele ousou denunciar meu pai? Crouch não perdeu tempo em prendê-lo. Logo meu pai, que sempre teve tanto prestígio no Ministério. Não havia uma pessoa que falasse mal dele. Ele era querido e confiável. Mas agora, uma simples acusação daquele tratante filho da p ...
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