Fanfics Brasil - Thorny Roses Como Nascem os Monstros

Fanfic: Como Nascem os Monstros | Tema: Harry Potter; Marotos; Comensais de Morte


Capítulo: Thorny Roses

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Capítulo 3



 


29 de Agosto de 1981


Merda, merda, merda. Isso não pode estar acontecendo. Pense, Evan, pense! Como vamos sair dessa? Como? Não acredito que nos pegaram. Maldito Moody. Maldito seja. Meu ombro está doendo tanto. Deve ter deslocado depois de tentar bloquear aquela última azaração. Maldito Moody. Maldito seja esse desgraçado.


O gosto de sangue na minha boca, a dor no ombro, o suor que escorre no meu rosto, fazendo meus olhos arderem. Um. Dois. Três. Quatro aurores... e somos apenas eu e Sigmond. Olhe pra ele. Pobre garoto. Só tem vinte e poucos anos. Só isso. Ele é mais novo que Viktor... E agora... como podemos fugir? O pai dele está morto, ele tem uma irmã pra cuidar. Ele não pode ser morto, mas agora já viram nossos rostos. Já sabem quem somos. É tarde demais.


Viktor e Ethan, acho que não vamos nos encontrar no feriado de Páscoa, como tínhamos combinado...


-Eu não vou pra Azkaban! Não vou! Não vou! – Lamentou Sigmond. Eu também não quero ir, mas o babaca do Crouch nos fez o favor de tornar as Imperdoáveis perdoáveis aos aurores. Se resistirmos à prisão, eles nos matam.


-Rendam-se ou teremos que usar força letal. – Disse Moody. Quase consigo escutar Anne falando que qualquer dia desses eu iria ir preso. Oh, ela iria adorar me visitar na prisão e falar que tinha me avisado... Isso se não estivesse morta, claro.


E pensar na minha irmã fez com que eu me sentisse pior.


-Eu não vou pra Azkaban! Não vou! Não vou! – Insistia Wilkes, basicamente fora de si. Eu sei o motivo do pânico dele. O coitado morre de medo de dementadores. E quem poderia julgá-lo por isso, não é?


-Abaixem as varinhas. Esse é o último aviso! – Moody não parece estar brincando. Anne... eu queria poder dizer que eu sinto muito. Eu acho que você não vai acertar, afinal. Eu não vou pra Azkaban. Eu acho que vou morrer aqui. Vou morrer porque não acho que seja justo que eu vá para Azkaban. Talvez pro inferno, mas não Azkaban.


Eu lembro que tinha meus bons motivos. E eu lembro quando começamos a ultrapassar os limites. Mas era tudo por uma boa causa. Os fins justificam os meios, eu sempre te disse isso. E acho que teria concordado comigo se não tivesse se casado com o desgraçado do seu marido. Eu te avisei também, Anne, que se não conseguisse calar a boca dele, sua família inteira iria ser prejudicada. Ele era um hipócrita, Anne. Não importa que você o amasse. Eu era seu irmão. Por que você nos deixou, Anne? Por que escolheu a ele antes da sua própria família?


-Não! – Gritou Wilkes lançando azarações contra os aurores. Ele é só um moleque, mas está lutando como um homem e eu estou aqui. Paralisado. Só consigo lembrar de você, Anne. Céus, eu sinto muito. Eu estava tão zangado, Anne. Eu nem mesmo tentei ajudar a sua filha. Ela ficou sozinha, Anne... me perdoe, por favor... Ela ficou sozinha e morreu. Eu deveria tê-la ajudado. Eu deveria tê-la adotado. Mas era tão difícil, Anne... me perdoe, por favor. – Eu não vou pra Azkaban! Não vou. Me deixem em paz! Me deixem em paz!


-Apaguem ele.


E você me avisou tantas vezes, Anne. Tantas vezes. Eu sinto muito por tudo. Tento pôr os sentimentos em ordem. Levanto as mãos, como que me rendendo. Os quatro aurores aceitam minha rendição. Wilkes está tão em pânico que nem nota o que eu estou fazendo. Os quatro aurores se concentram nele. Essa é minha chance. Me movo rápido, brando a varinha. Merda, Longbottom notou. Atiro a maldição, mirando em Moody, mas Longbottom o empurra. O acerto assim mesmo, no rosto. Espero que tenha morrido. Mas me acertam em seguida. Vejo o raio verde acertar Wilkes. Ele cai no chão com o olhar de pânico ainda marcado em seu rosto. Morto. Morto. Morto... espere por mim, Wilkes. Eu não vou me entregar. Não vou...


Moody se levanta, o maldito. Ele não está morto, mas arranquei metade do nariz dele fora. Ele me olha furioso. Eles vão ter que me matar, Anne. Não vou enlouquecer em Azkaban. Não vou ficar louco como a mãe dos meus filhos ficou... se possível, venha me ver no outro mundo, antes que eu vá pro inferno. Eu quero poder pedir o seu perdão, mesmo que você não o conceda. Eu quero ao menos pedir.


-Vai se arrepender por isso, Rosier. – Escuto Moody falar enquanto seu rosto sangra copiosamente. Engulo em seco e volto à posição de combate. Me pergunto se você se reencontrou com sua filha, Anne. Eu espero que estejam juntas no céu. Eu e Rabastan conversamos muito nesses últimos dias... Eu espero que ele consiga se perdoar por ter deixado a mulher que ele amava para trás. Rabastan é um bom garoto. Ele teria cuidado bem de sua filha, Anne. Eu realmente sinto muito.


-Pode vir, Moody. Eu não vou me entregar! Eu vou seguir Wilkes pro inferno.


Mas antes vou tentar te ver uma última vez, Anne. Eu preciso pedir desculpas... Eu matei pessoas demais para ir até o céu como você. Eu sei que estávamos em guerra e em guerras sempre existem baixas, mas já faz tempo que algo dentro de mim mudou. Antes era um trabalho amargo, mas eu tomei gosto. Eu sou bom nisso. Eu vou matar todos os que eu conseguir aqui, Anne. E então eu vou te pedir desculpas. Pra você e pra sua filha. Nos vemos em breve, espero.


Uma maldição. Moody está lento pelo ferimento. Bloqueio Longbottom e ataco o auror que Wilkes tinha atacado antes. O que já estava ferido. Menos um auror pra me atacar. Outro raio em Moody, ele tropeçou e caiu no chão, mesmo que tenha feito um feitiço escudo. O terceiro auror me ataca, defendo-me e miro em Longbottom, mas ele é filho do seu amigo, Anne... Erro o feitiço de propósito, ele me olha chocado. Já lutamos antes. Ele sabe que eu errei de propósito.


-Esperem! – Pediu ele. Ataco o outro auror, o que não conheço. Ele cai no chão morto, minha varinha começa a se direcionar a Moody. Ele levanta a varinha contra mim – Esperem! – Escuto a voz dele, mas Moody atira primeiro e eu não vou conseguir desviar. Frank o defende do meu feitiço. É a última coisa que vejo.


Anne. Me perdoe. Estou indo te ver. Por favor, não feche a porta pra mim. Me deixe pedir desculpas, Anne... Por favor, fique de olho nos meus filhos aí em cima...


Anne...  


24 de Dezembro de 1967


-Temos mesmo que ir? – Perguntou Viktor. Os cabelos loirinhos e curtos. Os olhos verdes azulados e uma cara de desânimo.


Ele mesmo não sabia se queria ir. Na verdade, sabia que não queria ir. Mas não era como se tivesse opção. Seria absolutamente feio se não fosse. O filho caçula, de cabelos castanhos e olhos castanhos o olhou com expectativa.


-Por que temos que ir? – Perguntou Ethan – Eu queria ficar jogando quadribol com o Viktor! Ficamos um tempão sem nos ver agora que ele foi pra Hogwarts! – Resmungou ele e Viktor o olhou com os olhos pidões.


-Eu sei, garotos, eu sei. Mas precisamos ir. Foi um pedido da vovó. E nós não sabemos por quanto tempo teremos a vovó. – Disse sem rodeios e os meninos soltaram um muxoxo.


Evan tinha dois garotos, um de onze e outro de oito. Além disso, era viúvo, mas não sentia falta da falecida esposa. No momento da morte dela, ele não a via há meses. Os dois se desprezavam e ele tentou mantê-la o mais longe possível de seus filhos. Ela morrera há aproximadamente cinco anos e Evan achava que a família vinha funcionando melhor desde que ela partira.


Alisa Grant era uma menina bonita, mas de mente fraca. Filha de primos de primeiro grau, com uma infância difícil. No dia em que se casaram, se conheciam muito pouco, mas ele tentou ser um bom marido. Mas era como as coisas eram. Alisa tinha a mente fraca. Ela vivia doente e muitas vezes dizia que estava sendo perseguida, que ouvia vozes. Outras vezes ela começava a tremer tanto que caía no chão e a bexiga se soltava. Ele detestava que a esposa fosse fraca assim, mas sempre tentara ser amável com ela.


E então ela engravidou. Ele temia que os acessos da mulher machucassem seu bebê, mas Alisa parecia curada pela gravidez e foi, certamente, os melhores dias de seu casamento. Quando Viktor nasceu, ele era tudo o que Evan e Alisa mais desejavam. Mas quando o filho completou um ano, a esposa voltou a ficar doente de novo. Evan chegou a contratar um profissional para ver se a casa estava com alguma entidade, algum espírito agoureiro, mas ninguém descobriu coisa alguma.


Alisa então começou a pedir por outro bebê, porque dizia que se tivesse outro bebê, as vozes iriam deixá-la em paz. Evan achava que aquela ideia era louca e preocupante, mas acabou cedendo aos pedidos da esposa. No entanto as vozes não pararam de atormentá-la. Evan tinha muito medo de que ela simplesmente perdesse a cabeça, mas quando Ethan nasceu, aparentemente ela teve uma melhora.


No entanto, quando o menino não tinha nem três meses, Evan estava indo para o trabalho, quando notou que tinha esquecido um documento importante. Voltou a entrar em casa e flagrou Alisa tentando afogar Ethan na banheira. Viktor era apenas um menininho, mas olhava para a cena, incrédulo. Evan tentou desesperadamente salvar seu filho caçula, mas Alisa garantia que a culpa das vozes era do menino e que se ela o matasse, tudo ficaria bem.


Então ele a internou no Mungus. Ethan sobrevivera por muito pouco. Alguns poucos anos depois que a internara, ela mesma se matou, usando o lençol da cama. Ele levou os filhos no cemitério, para que se despedissem da mãe. Ethan estava triste pela morte dela, mesmo que não se lembrasse direito dela. Mesmo que só a visse uma vez por mês, com muita vigilância. Nas visitas ela era doce com ele e com Viktor. Seus olhares rancorosos eram sempre para Evan.


E durante o enterro dela, ele notou que, ao contrário de Ethan, Viktor mirava a lápide com mágoa e frieza. Tinha certeza de que ele se recordava bem do motivo que levara o pai a afastá-la deles.


Ele ensinara aos filhos que a família deles eram apenas os três. Se afastara completamente da família da esposa, que sempre o acusara de ser um péssimo marido por prendê-la no Mungus. Mas ele não tinha arrependimentos.


Faria o que fosse necessário para proteger seus dois filhos.


Ele também tinha uma família. Um pai, uma mãe e duas irmãs. Ele tivera um irmão mais velho, contudo, ele fora assassinado por outro bruxo enquanto viajava para o Egito, deixando para trás uma filha e uma viúva. Sua irmã Druella era dois anos mais velha que ele e um ano mais nova que o irmão morto. Ela se casara com Cygnus Black e tivera três filhas. Sua irmã caçula se chamava Anne e era dois anos mais nova que ele e os dois sempre foram muito próximos. A amizade deles só se desintegrou quando ela começou a sair com Valentine.


Seus pais tinham feito um arranjo e queriam prometê-la ao caçula dos Lestrange, mas ela se recusou a casar com ele e cortou relações com a família, se casando com Valentine. Eles eram sangue puro, ao menos, o que confortava a todos, mas mesmo assim, o desconforto na família foi absurdo.


Ele e Anne não se falavam desde o casamento dela, alguns anos atrás. Mas a mãe dos dois adoecera e estava nas últimas. Então ela pedira, implorara, para poder voltar a ver os três filhos que ela tanto amava. Seu pai cedeu, no fim das contas e Anne lhe escreveu que iria para o jantar da família com o marido e a filha de ambos. O sogro de Anne tinha morrido recentemente e abalara demasiado o marido dela. E isso a tinha feito tomar a decisão de fazer as pazes com a família enquanto ainda dava tempo.


Mas ele não sabia se conseguiria se comportar com Valentine ali. Ele odiava Richard Valentine.


-Escutem. Vocês devem se comportar direito e mostrar como duas crianças devem se portar adequadamente. Vocês vão conhecer a priminha de vocês, não sei quantos anos ela tem, mas deve ter a idade próxima da sua, Ethan. Então tentem ser educados com ela.


Viu seus dois filhos se entreolharem, Ethan parecendo menos aborrecido que Viktor.


-Eu não vou brincar com ela. – Disse seu mais velho, com firmeza.


-Nem eu! – Decidiu o caçula, que sempre imitava o irmão em tudo.


-Não precisam brincar com ela. Apenas sejam educados. – Disse Evan – Vão se arrumar.


Os minutos passaram e logo estavam todos em frente à lareira. Um pouco de flu e lá estavam, na casa dos pais. Seu pai o esperava com um copo de conhaque e uma expressão de peso. Ele ofereceu doces aos netos, que correram para dentro de casa, procurando alguma bagunça para fazer. Julius Rosier era alto e loiro, com o rosto quadrado, assim como o filho. Os dois trocaram um olhar pesaroso e Evan cortou o silêncio.


-Como mamãe está? – Perguntou ele.


-Está se sentindo mais forte essa manhã. Suas irmãs e sua cunhada estão com ela. – Disse ele e Evan o olhou, surpreso.


-Lórien veio também? – Perguntou, surpreso. Lórien era a viúva de seu irmão. Ela vinha de uma família puro sangue americana e quando enviuvou, voltou para os Estados Unidos para ficar com a própria família.


-Ela está pensando em se mudar de volta para Londres. Sabe como os Estados Unidos são em relação aos nascidos trouxas e mestiços. – Disse seu pai calmamente – Ainda temos algum juízo aqui.


Evan sabia que nos Estados Unidos não havia distinção entre mestiços e puro sangues. Foi até um tanto controverso quando seu irmão decidira casar com ela. Seu pai exigiu ver um monte de papéis até que se comprovasse que ela vinha de pelo menos quatro gerações de bruxos. Só quando ela provou, ele deu o aval para o casamento. E Lórien nunca desapontara como esposa.


-Bom... Hogwarts é mais segura que aquela outra escola americana. – Disse dando de ombros e dando um gole no conhaque. Seu pai o acompanhou para sala e ele notou duas menininhas brincando de bonecas – Quem são?


-A de cabelos curtos é a filha de Anne, Emily. A outra é a filha do seu irmão, Diana. – Disse seu pai, com um suspiro. Evan olhou ao redor e viu que seus filhos se ocupavam brincando com as varinhas de brinquedo que sempre usavam quando vinham visitar os avós. Cada um falava palavras sem sentido, imaginando que eram feitiços, e as varinhas faziam coisas aleatórias, como fazer barulho, mudar de cor ou piscar luzinhas nas pontas.


-Onde estão as filhas de Druella?


-Não vieram. Druella não quis arriscar misturar suas três princesas com... – Ele lançou um olhar intenso à filha de Anne – As três meninas ficaram em casa. Sua mãe ficou bastante chateada. – Murmurou seu pai e Evan respirou fundo, fazendo uma careta.


-Valentine veio? – Perguntou com desgosto e seu pai o imitou.


-Sim, veio. Está lá na sala. Vamos. – Disse seu pai e os dois foram até a sala de jantar, onde Richard Valentine lia o jornal sem parecer muito feliz. Ele levantou os olhos para ele e os dois se encararam friamente.


-Rosier. – Cumprimentou ele.


-Valentine. – Rosnou de volta. Seu pai deu a volta mesa, para chegar em uma estante e pegar um pouco de fumo pro cachimbo.


-Sobre o que está lendo, Richard? – Perguntou seu pai. Evan se sentou ao lado da cadeira do pai, o mais longe possível do cunhado.


-Leach passou mal durante um discurso ontem e ainda está hospitalizado. – Respondeu ele de cara fechada – Ele estava discursando sobre como deveriam abrir mais vagas na Corte dos Bruxos destinadas à nascidos trouxas. Ele acredita que isso iria trazer uma modernização para nossa política. – Respondeu ele.


-Uma boa desculpa para disfarçar que ele só quer se fortalecer, isso sim. – Riu seu pai. – Leach é fraco. É o Ministro mais fraco que tivemos em toda a história do Ministério da Magia.


-Concordo. – Disse Valentine – Eu não gosto muito dele. Eu sempre disse que sua administração seria um desastre. – Adicionou ele passando a página do jornal, com tranquilidade e Evan trocou um olhar surpreso com seu pai, que parecia surpreso também.


O grande motivo de sempre terem tido uma implicância com Valentine era que ele era um progressista. Ele era um homem ambicioso e sabia que o fato de não ser de uma família tão importante dificultava sua escalada política. Nada tirava de sua cabeça que ele seduzira sua irmã para ganhar status.


Valentine defendia tolices. Ele defendia nascidos trouxas e falava contra a preservação da pureza de sangue. Mas claro, ele não era de uma família tradicional. O bisavô dele ficara muito rico depois de inventar a penseira e o feitiço de colher memórias. O avô dele então desenvolveu o feitiço de apagar e modificar memórias, o que enriqueceu ainda mais a família. Mas o pai de Valentine não seguiu o modelo e se tornou um jornalista investigativo. Tendo uma excelente habilidade para se disfarçar, ele conseguia se meter em lugares que outros jornalistas não conseguiam. A última investigação dele fora sobre Abraxas Malfoy, mas a reportagem que ele escreveu nunca foi publicada, obviamente.


Valentine trabalhava no Ministério da Magia, no Departamento de Execução das Leis da Magia e era um político em ascensão.


-Nunca imaginaria que você não era apoiador de Leach. – Riu seu pai e Valentine sorriu, sem tirar os olhos do jornal.


-Não mesmo. Leach é bem-intencionado, mas ele não tem força política. Com ele sendo Ministro, a causa progressiva só se desgasta sem conseguir resultados... Eugenia Jenkins por outro lado... – Ele deu de ombros como se a informação por si só fosse o suficiente. Evan sorriu com descaso.


-Jenkins é uma desmiolada, radical, sem noção de nada.


-Ela tem o apoio de boas famílias. Os Abbott, os Longbottom, os Prewett, os Weasley, os Crouch, os Shacklebolt, além, é claro, de Albus Dumbledore. – Retrucou Valentine – Se ela ganhar as eleições... – Ele soltou um assovio provocativo e Evan sorriu mais uma vez antes de bater o copo sobre a mesa, com força, e se levantar com a mão indo para a varinha.


-Evan? – Perguntou uma voz vinda de trás de si. Se virou e viu Anne, vindo com Lorien, Druella e sua mãe. Sua pobre mãe, tão magrinha, encurvada, pequena e frágil.


 Não pegou a varinha e foi até a mãe, abraçá-la.


-Olha só pra você... meu menino. – Murmurou sua mãe o olhando com carinho e Evan suspirou – Onde estão meus netos?


-Correndo pela casa e fazendo bagunça, como é direito deles. – Riu seu pai e Evan procurou pelos dois, mas não havia sinal deles.


-E minhas netas? Sei que Bella, Andrômeda e Cissa não vieram, mas... Onde estão Emily e Diana? – Perguntou sua mãe e Lórien se virou para assoviar e chamar Diana. As duas meninas vieram juntas. Diana tinha os cabelos num loiro mais platinado, com os olhos azuis, grandes, e um narizinho pontudo e adorável que ela herdara da mãe. Os cabelos compridos e lisos estavam soltos e ela parecia uma pequena princesinha. Mas Emily não ficava atrás. Seus olhos eram duas esmeraldas, muito verdes, com uma carinha tímida. Os cabelos um pouco mais curtos, mais pro tom de dourado, ondulados e enfeitados com fitas cor de rosa. Ambas vestidas como duas bonecas de porcelana – Oh, mas que coisinhas mais lindas.


-Emily, como se fala com a vovó? – Perguntou Valentine, sem levantar os olhos do jornal. A menininha respirou fundo e deu um passo adiante, as mãozinhas foram para a saia do vestido, ela cruzou de leve a perna, levantando a barra da saia e fez uma mesura perfeita.


-É uma honra conhecê-la, avó. – Disse ela, sem olhar para ninguém em específico. Seus olhos estavam baixos e ela estava visivelmente intimidada, mas os modos eram adoráveis – Eu sou sua neta Emily. – Depois de se apresentar, ela levou as mãozinhas para frente do corpo e as uniu.


Diana a olhou, parecendo achar graça e fez uma mesura também, mais extrovertida e energética, mas menos tradicional também.


-Oi, vovó. Eu sou a Diana. – Então ela se endireitou e sorriu um sorriso adorável.


-São umas gracinhas. – Riu sua mãe se abaixando para abraçar as duas.


-Peço sua benção, avó. – Pediu Emily.


-Pois a tem, Emily. – Disse sua mãe e Diana sorriu.


-Eu também quero isso aí. – Disse ela, arrancando gargalhadas de sua mãe e de Lórien.


-Pois também lhe dou a minha bênção. – Disse sua mãe beijando as duas na testa.


[] [] []


Estava mirando a janela, sentindo-se desconfortável com a presença do cunhado, mesmo que ele não lhe desse mais atenção do que um cachorro daria a uma mosca a andar calmamente no telhado. Valentine tinha bons modos e não tocou no assunto “política”, o que ajudou a manter os ânimos calmos. Mas ainda tinha vontade de socar a cara do cretino.


Mas ele era um marido amoroso, ao menos isso notou. Ele a irmã trocavam olhares apaixonados todo o tempo e sua irmã chegou a falar que estavam pensando em ter mais um filho, pois ela queria ter um menino. Mas Valentine não fazia questão de ter um menino. Ele dizia que estaria satisfeito com duas meninas, pois não se importava se seria ou não o último Valentine.


Claro que ele não se importava com legados de família.


Maldito.


-Evan? – Se virou e notou a irmã caçula, que o olhava timidamente. Estavam sós na sala de jantar – Se eu tentar te dar um abraço, será que me negaria isso? – Perguntou ela e ele bufou – Vamos, um abraço em sua irmãzinha que te ama tanto e sente tanto sua falta.


-Foi você quem decidiu ir embora. – Disse friamente, se virando para a janela.


-Eu preferi dar uma chance ao meu coração antes de simplesmente aceitar tradições sem sentido. Meu crime foi tão imperdoável assim? – Perguntou ela e Evan engoliu em seco – Tão terrível que não mereço nem mesmo um abraço do meu irmão que não vejo há anos? – Questionou ela e ele não respondeu.


-Você quem decidiu ir embora. Você quem quis cortar o vínculo na família. Foi sua decisão, não minha. – Retrucou e Anne se aproximou um passo.


-Evan... Por Merlin... Nossa mãe está morrendo. Ela não deve viver nem mais um ano. Vamos fazer as pazes, por ela. Papai me perdoou, ela também. Só você... Só você que não quer dar uma chance a Richa...


-Me poupe, Anne. – Retrucou ele a olhando com frieza – Ele defende tudo o que tem de errado. Ele quer enterrar nossas tradições mais antigas porque isso abriria caminho para que ele cresça politicamente. E se você não vê isso é porque não quer ver.


-Richard luta pelo que ele acha certo. E eu acho isso adorável. Você deveria fazer o mesmo. – Disse ela com frieza – No lugar de ficar se escondendo e reclamando que outros estão tentando defender uma ideologia diferente da sua. Você nunca lutou por nada, Evan.


-Cale-se.


-Nossos pais te obrigaram a se casar com aquela mulher maluca, por conta de sangue. Nossos pais quase destruíram o noivado do nosso irmão, porque Lórien é americana. Luke pelo menos lutou pelo que ele queria. Você simplesmente deixou a mulher que você realmente gostava para trás, porque papai e mamãe queriam que você casasse com uma Grant. No que isso te ajudou, heim? – Perguntou ela e ele avançou um passo na direção dela, sentindo-se ultrajado.


-Não abra a boca para falar de Alisa! – Rosnou.


-Oh, porque você a amava tanto, não é? – Zombou sua irmã.


-Estou avisando, Anne... – Rosnou, mas ela não recuou. No entanto uma voz grave veio de trás dela.


-Anne... vamos embora? – Perguntou Valentine, lhe dirigindo um olhar frio. Evan engoliu em seco e recuou um passo.


-É melhor mesmo. Não deveriam nem mesmo ter vindo aqui. Não pra ficar cuspindo essas ideias toscas de vocês. – Disse, zangado. Valentine entregou o casaco para Anne, a cobrindo sobre os ombros e lhe dirigiu um sorriso sarcástico.


-Eu luto pelo que eu acho certo. Você se esconde na sua casa envergonhado da própria covardia, Evan.


-Não me chame de covarde, Valentine. – Rosnou furioso, mas o homem não recuou o olhando com impertinência.


-Richard. Esqueça isso. Vamos. Vamos pegar e Emily e ir. – Disse sua irmã e Richard sorriu de maneira amável para olhar para ela.


-Claro, meu amor. Eu vou avisar Emily que já estamos saindo.


Ele se virou e se afastou, deixando os irmãos sozinhos. Anne o olhou e suspirou. Parecendo derrotada.


-Sem abraços, então? – Perguntou ela.


-Pegue o cretino de sangue sujo do seu marido e saia da nossa casa. Saia de nossas vidas! Não me importo. – Rosnou voltando a olhar a janela.


Anne ficou em silêncio por um momento, antes de suspirar.


-Eu te amo, Evan. Eu espero que você nos dê outra chance, um dia. – Disse ela, mas ele não se virou para encará-la. A ouviu se afastar e então suspirou, entristecido.


[] [] []



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Autor(a): Tia Vênus

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