Fanfic: Como Nascem os Monstros | Tema: Harry Potter; Marotos; Comensais de Morte
Capítulo 5
Sisters
24 de Dezembro de 1966
Entrou no quarto das irmãs mais novas fazendo gestos dramáticos.
-Eu odeio Rodolfo Lestrange. – Disse Bellatrix e suas irmãs gritaram de alegria, vindo abraçá-la. Andrômeda e Narcissa eram os dois amores de sua vida e Bellatrix não via motivos para disfarçar isso. Estava emocionada por voltar a vê-las. A última vez tinha sido ainda em casa, antes de pegar o trem para Hogwarts. Seus pais não quiseram levar as irmãs por não verem motivos lógicos para isso. Bella ficara absolutamente chateada por não poder se despedir de suas irmãzinhas na estação, mas isso já não importava mais. Tinha voltado para casa para o recesso de natal e agora gastaria cada minuto do feriado para matar a saudade de suas duas meninas – Ele é quase tão irritante quanto vocês duas. – Brincou arrancando risadas de Andrômeda e Narcissa – Como estão minha florzinha e minha estrelinha? – Perguntou fazendo uma voz aguda e as duas a abraçaram ainda mais forte.
-Bella! Como é Hogwarts? Conte tudo! – Pediu Narcissa a soltando para olhá-la com aqueles olhos enormes e azuis. Andrômeda também se afastou para pular no mesmo lugar.
-Queremos saber de tudo! – Disse ela e Bella gargalhou.
-Claro. Vou contar tudo para as duas curiosas. – Riu Bellatrix arrancando mais risadinhas entusiasmadas das irmãs. Narcissa a puxou pela mão para sua cama e Bella se sentou sentindo os olhares cheios de expectativas das irmãs – Como sabem, fui pra Sonserina.
-Lógico. – Disse Narcissa.
-E sou a melhor aluna do meu ano, claro. – Disse com pompa e suas irmãs sorriram cheias de orgulho – E tudo na escola é incrível. Bem... Quase tudo. Tem uns desmiolados de sangue sujo lá, mas é só ignorar. Eles não costumam encher nosso saco. A Sonserina está na frente na disputa pela Taça das Casas, mas perdemos o primeiro jogo pela Taça de Quadribol. – Disse tranquilamente e Andrômeda pulou de joelhos na própria cama.
-Tem uma Taça de Quadribol?
-O que é a Taça das Casas? – Perguntou Narcissa de cenho franzido.
-Sim, tem. Mas é idiota. Não sei o motivo de todo mundo se empolgar com isso... – Respondeu Bellatrix com pouco caso. Estava para responder à pergunta de Narcissa, quando Dora a cortou.
-Como assim, é idiota? Quadribol é o melhor esporte do mundo! – Disse ela parecendo indignada.
-Fala sério. É um esporte ridículo. Digo, a hipótese de que os goleiros e os artilheiros farão diferença no jogo é quase inexistente. Tudo que importa é que os batedores impeçam o apanhador adversário de pegar o pomo de ouro. Cento e cinquenta pontos por uma bolinha? Se fosse só cinquenta, faria mais sentido. – Disse Bella. Andrômeda estava para contra argumentar quando Bella continuou, a ignorando – E a Taça das Casas é um prêmio para a Casa que conseguiu mais pontos durante o ano. Quando um aluno de uma Casa se comporta bem, ganha pontos. Quando faz besteira, perde pontos. – Explicou para Narcissa.
-Você ganhou muitos pontos para a Sonserina? – Perguntou a caçulinha.
-Claro. E a disputa não estaria sendo tão acirrada se o idiota do Rodolfo não ficasse perdendo pontos por besteira.
-Rodolfo? Rodolfo Lestrange? O garoto do parquinho? – Perguntou Andrômeda com um sorriso.
-Esse mesmo. Acredita que ele está no mesmo ano que eu e que ainda foi para a Sonserina? – Perguntou indignada.
-Por que ele ficou perdendo pontos? O que ele fez? – Perguntou Narcissa.
-Ah, um monte de coisas. Arrumando confusão, passeando pela escola depois do toque de recolher... Ele é um idiota. – Resumiu se deitando na cama – E ele gosta de implicar comigo. Se acha o dono do mundo. Um dia eu vou azarar a cara dele com tanta força que nem os pais dele vão voltar a reconhecer aquele rostinho irritante um dia. Ele tem o sorriso mais petulante que eu já vi.
-Nossa. – Riu sua caçula.
Bella se levantou de leve, apoiando-se nos cotovelos.
-Eu falo sério. Ele é quase tão terrível quanto Sirius. E eu quase não suporto o Sirius.
-Você implica demais com ele. Sirius é engraçadinho. – Defendeu Andrômeda.
-Ele é uma verdadeira peste, isso sim. – Resmungou Bella – Mudando de assunto... Como andaram as coisas na minha ausência?
-Do mesmo jeito. – Garantiu Andrômeda virando o rosto.
-Papai andou brigando muito com vocês? – Perguntou preocupada.
-Nada além do normal, juro. – Respondeu Andrômeda. Bella a encarou, voltando a se deitar, tentando descobrir se a irmã estava mentindo. Aparentemente não estava, mas Andrômeda era muito boa mentirosa. Então encarou Narcissa, que pareceu empalidecer. Mas a caçula sorriu, se recuperando da tentativa de Bella de ler suas feições.
-Entre nós, você é a mais encrenqueira, Bella. A casa nunca esteve tanto em paz. – Provocou ela e Bella gargalhou, lhe dando um tapinha de brincadeira.
-Acho que não vou mais voltar para os natais se é assim... – Ameaçou fazendo drama, para em seguida sentir suas duas irmãs pularem em cima dela, pedindo que não fizesse isso.
24 de Dezembro de 1967
-Pronto, cheguei. Me deem amor. – Exigiu abrindo os braços e jogando sua mochila no chão de qualquer jeito. Narcissa e Andrômeda gritaram de felicidade, correndo para abraçá-la.
-Bella, que saudades! – Choramingou Narcissa.
-Como está sendo seu ano letivo? – Perguntou Andrômeda – A Sonserina está ganhando os jogos de quadribol?
-Só tivemos um jogo de quadribol. Sonserina e Corvinal. Perdemos. – Disse ela dando de ombros – Mas não me perguntem como foi o jogo, eu nem assisti. – Disse com pouco caso, indo até a cama de Andrômeda, para se deitar e abraçar o travesseiro.
-Você tem que parar com isso! – Ralhou Andrômeda – Eu quero saber como anda o time da Sonserina! – Adicionou ela e Bella deu de ombros.
-Ano que vem você pode assistir por si mesma. – Resmungou Bella.
Suas irmãs se sentaram na cama ao seu lado e Bella sorriu para as duas.
-E Rodolfo? Andou implicando muito com você? – Perguntou Andrômeda.
-Ele é meu maior pesadelo. – Resmungou ela – Tivemos nossa primeira aula de duelos esse ano. Eu fiz questão de ir contra ele só pra poder azará-lo de todos os jeitos. Mas o cretino é bom.
-Ele te derrotou num duelo? – Perguntou Narcissa, em choque.
-Não. Claro que não. – Riu com deboche – Mas não se deixou ser derrotado também. – Bella olhou para as duas, com irritação em seu olhar – Ele teve a audácia de colar um chiclete nos meus cabelos! Além de ficar me chamando de varinha de tronquilho, ou de Bella Shooting Star. – Resmungou e Andrômeda começou a rir.
-Eu não entendi. – Murmurou Narcissa, franzindo o cenho.
-Ele quer dizer que Bella é magricela. – Riu Andrômeda e Narcissa pareceu entender.
-Mas Bella só tem doze anos. O que ele queria? – Perguntou Narcissa.
-Meninos são idiotas. Todos eles. – Resmungou Bella para então notar que as duas irmãs trocaram um olhar apreensivo – O que houve?
-Ouvimos nossos pais conversando sobre você na semana passada. Sobre querer arrumar um noivo pra você. – Respondeu Narcissa e Bella se sentou de uma vez, como se tivesse deitado em um prego.
-O que?!
-Sim. Parece que é meio que tradição de família... Sabe? Noivar as filhas aos quatorze. Então eles já estão procurando um pretendente. – Explicou Narcissa.
-Mas não tinham nenhum nome em particular. Não ainda. – Disse Andrômeda e Bella engoliu em seco, parecendo ligeiramente apreensiva – Está tudo bem, Bella?
Não. Não estava.
Bellatrix sabia que não havia nada de surpreendente nessa decisão dos seus pais. Sempre ouvira que precisaria arrumar um bom casamento pelo bem da família. Quando tinha nove anos e sua mãe viera explicar de onde vinham os bebês, o tópico casamento também foi citado. E depois, sempre que podiam, seus pais voltavam ao assunto. Bellatrix era uma garota num mundo onde seu único dever era se casar com um homem rico e de sangue puro. Seu pai não teve filhos, então era ela quem precisava escalar socialmente pelo bem da família. Ela era a mais velha e a mais esperta entre as irmãs. Narcissa era uma romântica ingênua e Andrômeda uma sonhadora quase rebelde. E pelas barbas brancas de Merlin, Bellatrix, mesmo tão jovem, já sabia como o mundo bruxo podia ser traiçoeiro e maldoso com meninas românticas, ingênuas, sonhadoras e rebeldes. Ela duvidava muito que Sirius fosse ter uma boa postura como chefe da casa e Régulos, que era mais ajuizado, era mais novo e muito medroso. Era ela quem iria proteger a honra da Casa Black. E essa era uma responsabilidade que pesava em seus ombros.
Então, mesmo que não fosse exatamente uma novidade, ouvir que seus pais estavam oficialmente procurando alguém para se casar com ela... Isso a deixou muito apreensiva.
-Está tudo bem. – Mentiu, engolindo em seco – Não se preocupem comigo.
-Eu acho um absurdo que eles façam isso. – Confessou Andrômeda – Não vão nos dar o direito de escolher com quem iremos passar o resto de nossas vidas. Deveríamos poder ser ouvidas nessas questões.
-As coisas são como são, Dora. – Murmurou Narcissa, mas Andrômeda não parecia nada convencida.
-São erradas. Eu não vou deixar que o papai ou a mamãe decidam com quem eu vou me casar. Se eu não gostar do pretendente, eu simplesmente vou me recusar e pronto! – Disse ela e Bella engoliu em seco.
-Eu vou me casar primeiro. – Disse Bella, calmamente. A voz firme, por mais que o coração estivesse a mil – Assim que eu arrumar um bom casamento, as coisas vão ficar mais fáceis pra vocês. Se eu arrumar um marido bem adequado, papai e mamãe provavelmente vão relaxar quanto ao casamento de vocês, tenho certeza. – Disse com um sorriso e suas duas irmãs trocaram olhares preocupados.
-Não quero que se sacrifique por nós, Bella. – Disse Andrômeda – Você deveria ter o direito de se casar com o homem que ama. – Adicionou ela.
-Amor? – Perguntou com um sorriso cínico – Se eu quisesse amor, comprava um cachorro. – Zombou se levantando. Mas a verdade é que não estava tão segura assim disso.
24 de Dezembro de 1968
Quando abriu a porta do quarto de Narcissa, sua irmã estava penteando os cabelos em frente à penteadeira. A pequena loirinha se virou de uma vez, e abriu um sorriso enorme e feliz quando viu as duas irmãs.
-Bella, Dora! – Disse Narcissa vindo correndo. Bella sentiu o abraço da irmã, mas ele não durou muito, pois logo ela a soltou para abraçar Andrômeda – Finalmente vocês voltaram. A casa está tão vazia sem vocês... – Lamentou Narcissa – Mal posso esperar para ir para Hogwarts. Se tiver que passar mais um final de semana com Sirius e Regulus acho que vou me matar.
Bellatrix deu uma risadinha e logo as três estavam deitadas na cama de Narcissa, olhando para o teto.
-Narcissa, você vai adorar Hogwarts. É um lugar maravilhoso. – Disse Dora, enquanto Bella se contentava em ouvir. Dora começou a falar sobre tudo, o castelo, os fantasmas, o teto encantado, as escadas que mudavam de lugar, os quadros pitorescos, a lula gigante. Todo tipo de informação boba que Bella nunca tinha se dado ao trabalho de falar a respeito. Mas Bellatrix estava em silêncio. Ligeiramente ansiosa pelo que estava por vir. Seus pais se deram ao trabalho de avisá-la na estação ainda. Um candidato a noivo viria para o jantar. Não se preocuparam em dizer o nome dele, claro. Apenas falaram que era alguém apropriado para os padrões Black. Fechou os olhos, ligeiramente angustiada, desejando ser forte. Precisava cumprir com seu papel. Não apenas pela família. Mas por Andrômeda e por Narcissa.
-E Rodolfo Lestrange? Ele é tão irritante quando Bella fala? – Perguntou Narcissa. Bella fez um bico desdenhoso.
-Ele era, até ser adestrado por Silene Parkinson – Respondeu Andrômeda – Mudou da água para o vinho, mas é mais porque, ou pelo menos é o que eu acho... – Bella soltou um muxoxo e olhou para a irmã com alguma censura – Ela tem ciúmes da Bella.
-Silene tem ciúmes de tudo. Se apresentassem Narcissa para Rodolfo ela ficaria toda maluca achando que Rodolfo iria querer terminar com ela. Ela é uma idiota.
-E eu acho que Bella também está com ciúmes. – Brincou Andrômeda e Narcissa abriu um sorriso, para em seguida escondê-lo com as mãos.
-Nãaaaao.... Bella? É verdade? Você está com ciúmes do Rodolfo?
-Claro que não. Andrômeda só fala abobrinhas. – Resmungou sem dar muita atenção para as provocações de Andrômeda – Meninas. Estou exausta. Vou dormir um pouco lá na minha cama. – Murmurou ligeiramente aflita.
-Está tudo bem, Bella? – Perguntou Narcissa. Sorriu para as duas irmãs e concordou com um aceno de cabeça, dando de ombros.
-Só estou cansada. Vejo vocês no jantar. – Respondeu pausadamente. Então foi para o próprio quarto e tentou dormir um pouco. Estava mais do que ansiosa.
Sonhou que estava dentro do trem, voltando para a escola e por algum motivo isso a tranquilizou. Acordou com a mãe batendo na porta, mandando com que fosse se arrumar de maneira apropriada. Preguiçosamente se levantou e foi se arrumar. Já era noite quando finalmente seguiu para a sala de jantar. Seus pais conversavam com um homem mais velho, que tinha as mãos sobre o ombro de um garoto na casa dos quinze anos. Narcissa e Andrômeda já estavam por ali e olhavam para o garoto com olhares analíticos. Quando Bella finalmente chegou, todo mundo ficou em silêncio para olhar para ela.
-Bella, que bom que finalmente está pronta. Venha conhecer os Travers. – Disse seu pai num tom arrastado e calmo. Bella mirou seu aspirante a futuro marido e o mediu da cabeça aos pés. Ele tinha as orelhas grandes demais, olhos num verde água, esbugalhados e enfeitados com olheiras bem marcadas. Cabelos lisos, castanho claros, relativamente curtos, alto e magricelo. E ele tinha um sorriso idiota. Mas forçou um sorriso amarelo e nada convincente assim mesmo.
-Olá. Eu sou Bellatrix Black. – Disse sem evitar algum desdém. O senhor Travers, que era mais alto e forte que o filho a olhou com alguma censura, mas o filho dele deu uma risada afetada, parecendo satisfeito.
-Olha. E não é que ela é bonita mesmo? – Perguntou o garoto e Bella bufou ligeiramente indignada. Como seus pais poderiam achar que aquele garoto idiota era algo sequer próximo do termo “adequado para os padrões da casa Black”?
*
Maio de 1969
-Disfarcem, é o Rodolfo! – Escutou Leto Shafiq se aprumando. Bella estava treinando alguns feitiços, sentada na grama, em frente ao lago. Lauren Flint, sua melhor amiga, estava sentada ao seu lado, aproveitando a sombra da árvore, escondendo-se do sol. Gaya Goyle estava tentando decorar algumas runas, mas se interrompeu para olhar para os garotos que se aproximavam. Levantou o olhar para Rodolfo, que vinha junto de Max e Walden.
-Ele é tão lindo. – Suspirou Gaya, arrancando risadinhas das colegas, menos Bella, que apenas revirou os olhos – Claro que a senhorita perfeita não se contenta, mas é verdade, Bella.
-Se vocês estão dizendo... – Resmungou voltando a treinar seus feitiços.
-Sério, Bella. Quem você acha bonito nessa escola? – Perguntou Gaya olhando para ela e Bella deu de ombros.
-Não tenho o menor interesse em perder meu tempo reparando nessas coisas. – Disse desinteressada.
-Aquele Lucius Malfoy é uma gracinha, se quer saber. – Disse Lauren.
-Oh, pare de ser gulosa! Você já está cheia de sorrisinhos com o Maximilian! Deixe um pouco pra nós! – Ralhou Leto e todas riram, até Bella.
-Rookwood é decente, se querem saber o que eu penso. – Disse baixando a varinha e todas olharam para os três meninos que se aproximaram – Ele é bonitinho. – Murmurou e houve uma concordância coletiva. Os meninos por fim chegaram, mas Rodolfo e Walden ficaram mais para trás. Provavelmente estavam ali só para dar apoio emocional para Max.
-Olá, meninas. – Disse o garoto, um tanto nervoso.
-Olá, Maaax. – Disseram todas de um jeitinho dengoso.
-No que lhe podemos ser úteis, Max? – Perguntou Bella e ele pareceu respirar fundo. Ele olhou para trás, para os amigos, que acenaram com a cabeça, como que o motivando.
-Bem... Eu... – Ele corou violentamente e as garotas todas trocaram risadinhas. Isso pareceu minar ainda mais a coragem dele. Max abriu e fechou a boca diversas vezes, parecendo tentar pensar em algo para falar, mas não parecia estar tendo sucesso. Isso fez com que Bella e as amigas rissem ainda mais. Então Rodolfo se aproximou, com aquele jeito bonachão dele, colocou a mão sobre o ombro do amigo e disse com um sorriso no rosto.
-O que o jovem Max aqui quis dizer é que ele gostaria de saber se vocês gostariam de ir tomar uma cerveja amanteigada com a gente no Três Vassouras amanhã, durante o passeio a Hogsmeade. – Explicou ele – Não é, Max?
O outro garoto encolheu os ombros e concordou, parecendo derrotado.
-Isso.
-Iremos pensar no convite. – Disse Leto – Silene irá se juntar ao nosso grupo? – Perguntou ela mexendo nos cabelos e Rodolfo deu uma risadinha.
-Claro. Ela é minha namorada.
Leto soltou um muxoxo, desanimada.
-Sinto-me ligeiramente desinclinada a aquiescer a tal solicitação, então. – Lamentou Leto.
-Em resumo, ela está irritada porque Lestrange não está interessado em descobrir se o talento da Leto em dar nós nos cabinhos de cereja é um indício de um bom beijo. – Riu Bella e Leto deu de ombros.
-Ele quem perde. Hunf. – Resmungou Leto e Rodolfo deu uma risadinha.
-Desculpe, senhorita, mas sou um namorado fiel. Mas se Silene um dia se cansar de mim, tratarei de avisá-la às pressas. Hum, Lauren. – Chamou ele e Lauren o olhou, com curiosidade – O Max aqui quer saber se você poderia ajudá-lo com poções. Ele não está indo bem em poções. – Riu Rodolfo e o amigo dele pareceu levar um susto. Ele olhou com desespero de Rodolfo para Lauren, que riu nervosamente.
-Claro. Quando você tem um tempinho, Max? – Perguntou ela.
-Ele tem um tempinho agora. – Disse Rodolfo, empurrando Max de leve. Bella se perguntou se o rosto dele iria explodir de vergonha.
-Céus, Max. Arrume logo culhões para beijar a Lauren antes que Rodolfo a beije por você também. – Ralhou Bella fazendo todo mundo menos Lauren e Max caírem na gargalhada. O casalzinho trocou um olhar constrangido e começou a rumar para o castelo.
-Oh, eles crescem tão rápido. – Zombou Rodolfo.
-Me lembre de nunca pedir nenhum favor desses pra você. – Ralhou Walden.
-Por que? Deu certo, não deu? Já adiantei dois encontros pra ele, pelo menos. – Defendeu-se Rodolfo. Ele se virou para o grupinho de meninas e piscou um olho de maneira charmosa – Até mais meninas. Desculpe por tomar o tempo de vocês. Até mais, Bella Magrela.
-Oh, de novo com esse apelidinho ridículo? Achei que tínhamos superado isso. – Resmungou irritada.
-Não posso fazer nada se até hoje seus peitinhos não cresceram. – Zombou ele e Bella se levantou farta daquilo.
-Ok. Já chega. Pegue sua varinha e defenda-se, Lestrange! – Rosnou pegando a própria varinha e Rodolfo pareceu quase surpreso.
-Relaxa, Bella Magrela. – Riu ele – Seus peitinhos não cresceram, mas sua bundinha é super intrigante. Tanto é que Silene morre de ciúmes de você. – Riu Rodolfo.
-Ah, claro que é só por causa da bunda dela. – Debochou Walden. Bella corou violentamente e Rodolfo lhe deu as costas, completamente despreocupado. Walden simplesmente o seguiu – Qualquer dia desses ela te azara pra valer, Rodolfo. E você sabe que não ganha dela num duelo um contra um.
-É... acho que é por isso que nem me arrisco. – Disse ele se afastando e Bella sentiu-se tentada a azará-lo pelas costas. Mas no lugar disso apenas avançou contra ele, ficando frente a frente com Rodolfo.
-Por que faz isso? Por que é assim? – Perguntou ela e ele piscou surpreso – Por que fica implicando comigo o tempo todo. Você acha que eu sou uma piada, é isso?
Rodolfo sorriu para ela, daquele jeito que ela detestava. Um sorrisinho irritante e petulante que ela queria arrancar com as próprias unhas.
-Não. – Disse ele, calmamente. Mas Bella estava cheia. Cheia de ter que aturar as gracinhas de Rodolfo Lestrange, cheia de ter que aturar um casamento com um idiota como Travers. Cheia de não poder tomar suas próprias decisões, só porque nascera mulher. Então empurrou Rodolfo com força e ele recuou um passo – Uou, Black. Calma.
-Não me acalmo. Estou farta de não ser levada a sério. Farta! Farta de ser julgada só pela minha aparência. De nunca me notarem pelas minhas qualidades mágicas. Eu sou uma bruxa, não um artefato a ser admirado. E se acha que vou aceitar que você fique fazendo esses comentários idiotas sobre os meus peitos ou sobre a minha bunda, saiba que eu não vou mais permitir! CHEGA! – Ralhou ela. Rodolfo olhou quase perplexo para Walden, que apenas deu de ombros.
-Deve ser aquela época do mês. – Sugeriu ele e Bella apontou-lhe a varinha.
-Não preciso estar sangrando pra ter motivo pra deixar essa sua cara horrorosa ainda pior, Mcnair! – Rosnou e Rodolfo deu uma risadinha, enquanto o amigo recuava, levantando as mãos, como se estivesse se rendendo.
-Ei, Black. Não precisa disso tudo. Já estávamos de saída. Só vim aqui para ajudar o Max com a Flint. – Disse ele com serenidade – E se te irrita tanto o modo como eu te trato, não se preocupe. Eu vou te ignorar daqui pra frente. – Disse ele dando de ombros. Bella o olhou furiosa, mas baixou a varinha para cruzar os braços – Vamos, Walden. Eu ainda tenho umas tarefas do professor Slug pra terminar.
-Não quero nem saber. Eu vou ler suas respostas. – Resmungou Walden, enquanto Bella os observava se afastarem.
*
31 de Outubro 1969
Rodolfo mantivera sua palavra. E aquilo tinha tido um efeito muito estranho. Antes de sua pequena explosão, mesmo que tivesse diminuído depois que ele começara a namorar Silene, o Lestrange sempre tinha alguma provocação para fazer. Fosse sobre seus cabelos, sobre seus joelhos, sua falta de peito, suas bochechas, suas mãos... Não tinha uma parte sequer de si mesma que Rodolfo Lestrange ainda não tivesse feito um comentário. E fora assim desde o primeiro ano.
Ele era o único, em toda a escola, que parecia não temer as consequências daqueles comentários. Bellatrix era a aluna favorita do professor Slughorn e todo mundo imaginava que seria questão de tempo até que ela ganhasse o distintivo de monitora. Ela era a melhor aluna do ano, vinda de uma família influente e poderosa, respeitada por todos, mas Rodolfo nunca se deixou intimidar por isso e a tratava com o mesmo deboche que sempre tinha tratado todo mundo. Mas agora aquilo tinha mudado.
Era como se ela não existisse para ele.
No início achou aquilo um alívio. Não suportava o moleque. Mas agora sentia alguma falta das provocações dele. Rodolfo era o garoto mais popular do ano. E por mais que fosse debochado com todo mundo, as garotas, no geral, gostavam muito dele. Ele era educado com elas, sempre com aquele sorrisinho debochado e irritante, mas de alguma maneira aquilo era parte do charme dele. Detestava admitir, mesmo que pra si mesma, que ele era muito bonito. Ele sempre a perturbara muito mais do que a qualquer outra garota, mas agora que era invisível para ele, sentia-se incomodada.
Narcissa estava em seu primeiro ano agora, totalmente deslumbrada com toda a escola. Andrômeda nunca lhe deixara preocupada. Era uma menina firme, que sabia se defender bem do que quer que fosse. Mas Narcissa era uma menina sonhadora e ingênua. Temia que alguém tentasse tirar proveito disso, já que sua irmã caçula tinha todo o jeito de que seria a mais bonita das irmãs. Olhava feio para todo mundo que demorasse o olhar em sua irmãzinha mais do que ela achasse suficiente. E Narcissa não parecia se aborrecer com isso. Parecia adorar ter a irmã mais velha como sua protetora.
-Você sabe que Cissy um dia vai começar a achar essa sua mania de proteção um verdadeiro porre, né? – Perguntou Andrômeda. Bella sabia, mas não conseguia evitar.
12 de Dezembro 1969
Entrou no salão comunal e notou que os meninos estavam todos juntos, com as cabeças unidas, conversando sobre alguma coisa aos cochichos. Não apenas Rodolfo, Walden e Max, mas os meninos do terceiro ano também. Lucius Malfoy, Viktor Rosier, Jesse Goldi e Joseph Dolohov. Fosse o que fosse que estavam conversando, Rodolfo não parecia feliz.
-O que as cobrinhas estão tramando assim, todas juntinhas? – Perguntou zombeteira e os meninos pularam de susto, se virando para encará-la. Eles se entreolharam e então miraram Rodolfo, como que desejando algum tipo de liderança da parte dele. Rodolfo a encarou com aqueles olhos prateados, completamente frios e deu de ombros.
-Estamos discutindo política. – Respondeu ele.
-Não que seja da sua conta. – Adicionou Dolohov e Bellatrix o olhou furiosa.
-Se eu me interessar, é da minha conta. Do que estão falando? – Perguntou novamente.
Eles se entreolharam novamente e Rodolfo foi até ela, para lhe entregar o jornal. Bella pegou o papel para estudá-lo.
-Leach renunciou. Saúde estava debilitada demais. Eugenia Jenkins ganhou as eleições. Ela é a nova Ministra da Magia. Uma progressista. – Murmurou Rodolfo.
-E como se não fosse ruim o suficiente, parece que Dippet vai se aposentar mesmo esse ano. E o nome mais cotado para substituí-lo é Dumbledore. – Resmungou Maximilian – Digo, ok, o professor Dumbledore é muito inteligente. Mas... Ele é biruta e fica defendendo trouxas. Fala sério.
Bella corria os olhos pelo jornal, sentindo um peso no estômago.
-Estávamos pensando em fazer um pedido formal para que o professor Slughorn seja nomeado diretor no lugar de Dumbledore. – Disse Viktor – Mas Lucius acha que é uma causa perdida. Que só estaríamos nos empalheirando com o lado perdedor.
-E eu estou certo. Dumbledore, se quisesse, seria Ministro da Magia. Meu pai me disse que o cargo já foi oferecido a ele mais de uma vez. – Adicionou ele – Slughorn é ótimo, mas não tem como se comparar a Dumbledore.
Bella mirou os meninos, de cenho franzido.
-Meninos, isso é muito sério. Dumbledore e Jenkins? – Perguntou ela com o coração na mão – Isso foi uma derrota feia para os conservadores.
Os meninos concordaram com um aceno de cabeça.
-Achei que depois daquela bruxa ter sido assassinada num beco por um trouxa as pessoas iriam notar o quanto eles são perigosos para a nossa sociedade. – Murmurou Viktor – Mas parece que esses liberais sem cérebro simplesmente ignoraram esse evento.
-Foi um caso isolado. – Murmurou Max.
-Quem garante que não houve outros ataques? – Perguntou Walden – Você acredita nesse jornal comprado? Olha só como o Profeta parece feliz pela eleição de Jerkins. De isentos eles não têm nada.
Bella soltou um suspiro.
-Os conservadores não tinham um candidato forte para apoiar. – Lamentou Rodolfo – Seu pai deveria ter se candidatado. – Adicionou ele para Lucius, que soltou um muxoxo.
-Eu também acho, mas meu pai disse que era melhor não ser protagonista na política. Precisamos de alguém realmente forte para concorrer ao cargo. – Lucius coçou os olhos, parecendo cansado – Pelo menos o líder da Corte dos Bruxos é um conservador.
-A Corte em sua maioria é. – Resmungou Rodolfo – Mas ouvi que Valentine e Longbottom estão cada vez mais fortes na Corte.
-Longbottom até vai, mas... Valentine? – Perguntou Viktor Rosier – Meu pai odeia esse cara. – Adicionou ele com os olhos evasivos.
-Alguém deveria dar um chá de sumiço nesses dois paspalhos, isso sim. – Resmungou Dolohov – Me chamem de radical se quiserem, mas enquanto ficarmos somente olhando passivamente, os sangues ruins vão cada vez mais se enroscar nas nossas famílias, nas nossas tradições, até que ambos acabem completamente destruídos.
-Eu concordo. – Resmungou Walden – Precisamos de uma liderança forte e precisamos apoiar essa liderança. Principalmente vocês do Diretório. – Ralhou ele mais para Rodolfo, Viktor e Lucius – As famílias de vocês estão tão preocupadas em brigar umas com as outras, em disputinhas de poder, que acabaram permitindo que gentalha como Jerkins e Valentine chegassem tão longe.
-O que você pretende fazer quando terminar a escola, Rodolfo? – Perguntou Maximilian – Vai se tornar político?
-Não acho que levo jeito pra isso. – Riu Rodolfo – Esse me parece mais o perfil do Malfoy. – Lucius deu uma risadinha convencida, mas Maximilian negou com a cabeça.
-Você é o cara mais popular do colégio. – Disse ele – Se tem alguém que tem tudo pra ser o próximo político em ascensão, esse é você.
Rodolfo pareceu incomodado com aquilo e todo mundo olhou para ele, como que esperando que ele concordasse com aquilo. Mas ele permaneceu em silêncio.
-Bella também poderia se tornar uma política. Ela é uma Black. – Disse Dolohov – Os Black são importantes. E ela é boa aluna. – Sentiu os olhares dos colegas sobre si e voltou a mirar o jornal.
-Falta muito tempo para que eu ou Black terminemos a escola. Muita coisa pode acontecer até lá. – Disse Rodolfo de braços cruzados, indo se escorar na parede. Ele tinha perdido o ar bonachão e parecia muito sério naquele momento.
Todos ficaram em silêncio por um momento e Bella foi se sentar no sofá, ao lado de Viktor.
-Sabe... Meu pai andou falando de um cara... um tal de Voldemort. – Murmurou Max, como que calculando cada palavra. Todos olharam para ele, com curiosidade – Ele disse que esse cara é o bruxo mais poderoso que ele já viu. E disse que esse bruxo estava se articulando para, sei lá... Fazer algum tipo de oposição a Leach... agora, provavelmente, a Jerkins. – Resmungou ele.
-Voldemort? – Perguntou Bella e Maximilian concordou.
-Meu pai já falou desse cara também. – Concordou Viktor – E ele parecia empolgado ao falar dele. – Viktor jogou os cabelos para trás e soltou um suspiro – Parece que ele é algum tipo de campeão duelista com algum carisma. Mas não sei. Normalmente duelistas profissionais são retardados, sabem... depois de levarem tantos feitiços na cabeça.
Todo mundo deu uma risadinha e Malfoy se endireitou.
-Pois eu ouvi que esse tal de Voldemort já está se articulando para fazer frente a essa nova onda progressista. Meu pai também falou sobre ele. É possível que ele tenha se hospedado na minha mansão. – Gabou-se ele. Todos se entreolharam.
-Ele só é bom duelista? – Perguntou Rodolfo – Será necessário mais do que lançar alguns bons feitiços para frear essa tendência progressista que tem tomado conta do nosso governo.
-Ele é alguém se prontificando. Já é um início. Alguém tem que fazer alguma coisa antes que sangues ruins roubem mais e mais protagonismos que sempre foram das boas famílias bruxas. Daqui a pouco vai ter cota de nascido trouxa pra entrar na Sonserina. – Retrucou Jesse Goldi.
-Obrigatoriedade de ser mestiço para fazer parte da Corte. – Arriscou Dolohov – Ou mais. Obrigatoriedade de se casar com um sangue ruim, para acabar com o “elitismo”. – Resmungou ele.
-Pois eu prefiro me mudar para outro país a me casar com um sangue ruim. – Resmungou Viktor. Ele jogou a cabeça para trás, fechando os olhos, ficando muito sério – Esse país está indo para o brejo.
1 de Setembro de 1970
Ela e Rodolfo tinham sido nomeados monitores. Foi uma surpresa, pois sempre imaginara que o distintivo iria para Maximilian. Até Rodolfo parecia ligeiramente surpreso com o distintivo de monitor. Estavam no vagão escutando o monitor chefe dar as instruções gerais aos monitores quando notou que Rodolfo não parecia estar realmente prestando atenção. Ele parecia muito aborrecido, na verdade. Achou que não era o momento para questioná-lo. Apenas ficou em silêncio, prestando atenção nas instruções. Quando finalmente foram liberados, Rodolfo se levantou e saiu sem falar com ela. Estava acostumada a ser ignorada por ele. Mas agora seriam monitores. Ele precisaria parar com aquela birra.
28 de Outubro de 1970
Ele estava escrevendo uma enorme carta e Bella não conseguiu deixar de notar. Maximilian e Walden estavam brincando de snap explosivo, Andrômeda e Viktor conversavam sobre qualquer coisa e Narcissa mirava Lucius Malfoy sonhadoramente. Decidida a quebrar aquela barreira de gelo entre si e o monitor do seu ano, Bella se levantou e andou até Rodolfo, para se curvar e espiar o que ele escrevia.
-O que está fazendo? – Perguntou para ele, mas Rodolfo não respondeu. Apenas parou de riscar o pergaminho por um momento.
-Rodolfo! – Chamou uma voz manhosa e ele sorriu, largando a pena. Silene se colocou entre ela e o namorado, para se sentar em seu colo e abraçá-lo ao redor do pescoço – Vamos juntinhos para Hogsmeade nesse dia das bruxas? – Perguntou ela e Rodolfo sorriu, concordando.
-Claro, querida. – Disse ele com aquele sorriso bonachão. Bella sentiu-se ofendida pela atitude dos dois, mas não iria sair por baixo. Então simplesmente puxou o pergaminho em que Rodolfo estivera escrevendo, para ler sobre o que se tratava – Black!
-Quem é Rabastan? – Perguntou ela com um sorriso debochado.
-É o irmãozinho do Rodolfo. – Ralhou Silene, tomando o pergaminho dela – Rodolfo e ele são superunidos. Rabastan entra na escola só ano que vem, então Rodolfo escreve sempre pra ele, para que ele não se sinta só.
Bella piscou, sem jeito, lembrando-se vagamente de um garotinho choroso em um balanço, anos atrás.
-Eu tinha esquecido de que você tinha um irmãozinho, Rodolfo. – Disse Bella. Rodolfo concordou com um aceno de cabeça.
24 de Dezembro de 1970
Haveria um jantar no Ministério da Magia. Travers tinha vindo para fazer par com Bellatrix, mas ela simplesmente não o suportava. O clima na casa dos Black estava no mínimo tenso. Bella estava super infeliz se arrumando para fazer par ao provável futuro noivo quando Andrômeda recebera uma notícia bomba.
-Para que já vá se acostumando com a ideia, você provavelmente vai se casar com Viktor Rosier. – Disse Cygnus Black enquanto as três filhas ajeitavam os cílios em frente ao espelho. Andrômeda sentiu o coração parar por um minuto e mirou o pai, completamente chocada.
-O que? Mas..., Mas...
-Papai, eu nem mesmo firmei oficialmente meu compromisso com Travers! – Disse Bella, em sua defesa – Seria muito feio noivar Andrômeda com quem quer que seja antes que meu noivado esteja assegurado. E os Travers ainda não se decidiram.
-Isso porque você faz questão de ser detestável com ele. – Disse seu pai, com um ar severo – Escute aqui, Bella. Se você não for absolutamente encantadora com seu aspirante a noivo hoje, uma das suas irmãs vai pagar o preço.
-O que?! – Perguntou Narcissa, já com os olhos se enchendo de água.
-Minhas irmãs não têm nada a ver com isso! – Rosnou Bellatrix.
-Eu sei que não. Mas aparentemente é o único jeito de fazer você se comportar. – Rosnou seu pai – Walburga sempre falou que eu tinha sorte de ter tido três meninas, porque meninas se comportam melhor. Mas você é um verdadeiro pesadelo, Bellatrix. Além de ser uma péssima influência pras suas irmãs. Eu achava que melhoraria colocando você num quarto só pra você, ou que melhoraria quando você fosse mais velha. Mas não. Você continua... Um péssimo exemplo!
Andrômeda achava aquilo no mínimo injusto. Bellatrix era maravilhosa. Uma bruxa talentosa e dedicada, superinteligente, bonita e respeitada. Nem mesmo Rodolfo Lestrange se metia com ela e ele era um terror. Silene odiava Bella, pois sentia-se intimidada por ela, mas mesmo assim nunca tivera coragem de fazer mais do que olhar torto.
-Eu sou um péssimo exemplo?! – Perguntou Bellatrix, que tremia de raiva – Eu sou monitora, sou a melhor aluna do meu ano. Sou uma excelente bruxa. Como pode dizer que eu sou um péssimo exemplo?
-Não me interessa nada disso. Sua função é se casar. Um bom casamento. Essa sua rebeldia não ajuda a família em absolutamente nada.
-Meu problema não é ser rebelde, ou ter culhões para te enfrentar. Meu único crime foi nascer uma mulher! – Rosnou ela – Você não faria outra coisa além de me exibir por aí se eu fosse homem, mesmo que tivesse só metade do talento que eu tenho sendo mulher!
-Cale a boca, Bella! Uma coisa não tem nada a ver com a outra.
Mas Andrômeda discordava. Achava que o ponto era exatamente aquele.
-Não me calo. Tudo o que você queria era ter um filho para esfregar na cara da sua irmã. Mas teve que se contentar com três garotas. Eu não vou me casar com o desmiolado do Travers! Existe uma enorme quantidade de boas opções. Opções muito melhores que ele. Você só quer me punir!
-EU MANDEI CALAR A BOCA, BELLA!
-NÃO VOU ME CALAR!
Andrômeda arfou, em choque. Narcissa escondeu os olhos com as mãos. O tapa do pai veio certeiro no rosto de sua irmã, que caiu no chão, parecendo muito chocada, como se nunca tivesse imaginado que o pai seria capaz de acertá-la no rosto. Não tinha ilusões de que Bella não apanhava. A única que nunca tinha levado umas boas sovas tinha sido Narcissa, que era basicamente a filha perfeita. Mas ver Bella ser estapeada com violência, no rosto, minutos antes de saírem para um evento público. Aquilo tinha sido um choque.
-Use com orgulho, Bella. – Rosnou o pai – Me enfrente de novo para ver se não faço pior. – Ele olhou para as duas outras filhas – Arrumem-se. Espero vocês lá embaixo em dez minutos. Nenhum minuto a mais. E abra a boca para reclamar do seu candidato a noivo, Andrômeda, e vai ganhar um presente igual ao de Bellatrix, você me ouviu?
Andrômeda engoliu em seco e concordou com um aceno de cabeça. A porta se fechou com violência e tanto ela quanto Narcissa se jogaram no chão para confortar Bella. Os olhos da irmã mais velha estavam cheios de água, mas ela parecia lutar para não deixar as lágrimas caírem.
-Me deixe ver, Bella. Talvez se eu colocar um pouco de gelo. Vou pedir gelo para os elfos. – Disse Narcissa, desesperada – Se colocarmos um gelo agora, talvez não fique marcado.
-Deixe. – Disse Bella, com a voz tremida. O olhar fixo na parede, parecendo o ser mais infeliz da face do planeta – Não ouviu o papai? Ele quer que eu use com orgulho. Faço questão de obedecer. – Disse ela se levantando e Andrômeda sentiu um nó na garganta.
-Isso é tão injusto. Ele nos obrigar a casar! – Disse querendo chorar. Bella foi até o espelho e respirou fundo, voltando a arrumar a maquiagem, como se nada tivesse acontecido. Não conseguia sequer imaginar de onde a irmã tirara tanta força.
-Pelo menos você vai se casar com o Viktor. Vocês são amigos. – Disse Narcissa com um olhar cheio de pena para Bella – Bella merecia um candidato melhor. Ela é a melhor bruxa que eu conheço! – Ela se levantou e segurou o braço de Bella com carinho – Bella. Vou falar com a tia Walburga e com a mamãe. Talvez elas possam convencer o papai. Ou... quem sabe o tio Orion e o tio Alphard. Papai sempre escuta os dois.
-Não se meta nisso, Cissy. Ou pode sobrar pra você. – Disse Bella com firmeza – Esse é um fardo que eu vou carregar. Não tem problema. – Disse ela olhando-se no espelho.
-Mas não é justo! Não é justo com nenhuma de nós. Ele não tem esse direito! Não tem! – Lamentou Andrômeda. Bella não respondeu. Apenas ficou encarando o próprio reflexo, parecendo muito infeliz. Os olhos mirando a marca vermelha que começava a inchar muito rápido na lateral de seu rosto – Não entendo o motivo dele querer nos noivar antes mesmo de terminarmos a escola. Ele e mamãe só se casaram três anos depois de terminarem a escola.
-É o avanço das ideias progressivas. – Explicou Bella se virando para mirar as duas irmãs – Papai provavelmente está com medo que acabemos seduzida por esses ideais pró-trouxas.
-Papai duvida do nosso bom juízo? – Questionou Narcissa – Nenhuma de nós jamais nos sujeitaríamos a essa besteira de ideais pró trouxas! Nenhuma de nós sequer fala com os sangues ruins!
-Mas ele está cada vez mais bitolado com isso. Jerkins se tornou Ministra da Magia, Dumbledore está praticamente confirmado para substituir o diretor Dippet. É natural que papai tenha medo que esses ideais podres acabem nos corrompendo. – Explicou Bella. As três respiraram fundo e Bella se virou novamente para o espelho – Vamos. Deixem disso. Temos uma festa para ir e vocês deveriam tentar se divertir. – Disse Bella, tentando parecer forte. Forte pelas três. Mas só ela parecia forte o suficiente para lidar com aquela situação. Andrômeda acabou chorando e Narcissa logo a seguiu. Precisaram refazer toda a maquiagem dos olhos às pressas, para estarem no hall de entrada antes que os dez minutos se esgotassem.
Os Travers já tinham chegado quando as três finalmente ficaram prontas. Travers olhava para Bellatrix como um mendigo olha um prato de comida.
-Está bem bonita, Bella. – Disse ele, para em seguida olhar para o rosto dela e provavelmente notar o roxo em sua bochecha. Bella empinou o nariz e Travers riu, mas nada disse a respeito – Pronta?
-Pronta. – Disse ela. Ele ofereceu o braço para ela e ela aceitou. Em seguida usaram uma chave portal para ir para o Ministério. As três irmãs parecendo o retrato da infelicidade.
*
O jantar estava enfadonho e tudo o que mais queria era que tudo terminasse logo. Conversas vazias e desinteressantes eram jogadas sobre a mesa. O preço dos caldeirões tinha subido, a economia não ia bem, o desemprego tinha atingido uma taxa recorde, quem ganhara o último jogo no campeonato. Só conseguia contar os minutos, desejando voltar para casa. Gilbert Travers, o noivo de Bellatrix, não parava de babar sobre ela, parecendo satisfeito. Mais satisfeito do que nunca antes. E Andrômeda só conseguia pensar que a marca que ela tinha no rosto era o motivo dos sorrisos dele. Andrômeda chegou a notar que ele colocara a mão sobre a coxa de sua irmã por debaixo da mesa, fazendo com que Bellatrix o olhasse com desgosto. Gilbert parecia procurar um limite na paciência dela e Andrômeda não conseguiria suportar mais nenhum segundo que fosse daquilo.
-Mamãe, se importa se eu fosse procurar por Viktor. Tenho certeza de que ele está aqui na festa. – Disse fingindo empolgação. Sua mãe mirou o pai, que não deu sinal de ter ouvido, ainda envolto na conversa de Travers-pai, sobre sabe-se lá o que.
-Tudo bem, mas não desapareça. – Disse sua mãe. Andrômeda se levantou e foi até a orelha de Narcissa para cochichar.
-Espere uns cinco minutinhos, peça para Bella te acompanhar ao banheiro, porque não quer ir sozinha. – Sussurrou e sua irmã deu uma risadinha, como se compartilhassem algum segredinho adolescente. Andrômeda notou que sua mãe a olhava com desconfiança, mas nada disse. Sirius, seu primo a olhava como que implorasse para que ela o convidasse para um passeio, mas o olhou sentindo muito por não poder incluí-lo naquela. Ele logo entendeu o seu olhar e bufou, cruzando os braços, completamente enfadado por ser abandonado naquela mesa enfadonha. Não o culparia por aquela.
Andrômeda olhou ao redor, procurando por rostos conhecidos. Queria tirar a irmã das garras de Gilbert e só conhecia uma pessoa cara de pau o suficiente para ter coragem de arrancá-la dali sem causar um rebuliço. Os Travers estavam enrolando sua família com aquele noivado que não saía, então seu pai não iria se importar de alfinetá-los um pouco, desde que tivesse alguma contrapartida. E deixá-lo esperançoso de um pretendente melhor do que Travers estar interessado em Bellatrix poderia empurrar um possível noivado de qualquer uma delas para frente.
Logo encontrou quem estava procurando. Rodolfo estava muito bonito em suas roupas negras. Um dragão serpentino prateado estava bordado em suas costas. Seus cabelos estavam penteados elegantemente para trás, enquanto ele conversava com Max e Walden. Os dois garotos também estavam muito bem arrumados, mas não se comparavam em pompa a Rodolfo. Andrômeda entendia bem o motivo da maioria de suas colegas de ano invejarem Silene Parkinson. Rodolfo era um partidão. Um bom bruxo, inteligente, bonito e vindo de uma família cheia de prestígio, além de muito rica. Seu pai jamais censuraria Bella por flertar com Rodolfo.
Andrômeda marchou até ele e os três meninos logo a notaram.
-Black. Você é um colírio para os olhos. Você fica muito bem em lilás. – Disse Max, com um sorriso gentil – E fica mais bonita de cabelo solto, também.
-Obrigada, Max. – Disse com um sorriso – Como vocês estão?
-Rindo de Rodolfo. Ele e Silene terminaram. – Riu Walden.
Olhou surpresa para Rodolfo, que soltou um muxoxo.
-Por que, Rodolfo? O que aconteceu?
-Eu cansei. Ela era muito possessiva. Achava que eu iria trair ela a qualquer momento. – Resmungou ele e Andrômeda piscou, surpresa.
-Você nunca teve fama de mulherengo. Por que ela pensava isso?
Os dois garotos deram risadinhas e miraram Rodolfo, que pareceu ligeiramente sem jeito.
-É, Rodolfo. Por que ela pensaria isso? – Perguntou Maximilian com um sorriso cruel.
-Eu não faço a menor ideia. – Retrucou ele e Andrômeda teve plena certeza de que ele estava mentindo.
-Bem, não importa. Eu preciso de um favor, Rodolfo. – Disse Andrômeda, com urgência. Rodolfo a olhou curioso.
-O que eu posso fazer por você? – Perguntou ele parecendo disposto a fazer o que quer que fosse.
-Bella está quase noiva de um idiota que ela não suporta. – Começou. Os dois amigos de Rodolfo olharam para ele.
-Espere, Rodolfo. Você e Bella estão para noivar e você não nos contou? – Perguntou Walden. Rodolfo pareceu extremamente desconfortável com a situação e socou o braço de Walden forte o suficiente para que ele fizesse uma careta e o olhasse com indignação.
-E o que eu tenho a ver com isso?
-Você poderia, por favor, fingir que gosta dela? Poderia chamar a Bella pra dançar, na frente do nosso pai, de jeito que ele não se recusasse.
-O idiota está com ela? – Perguntou ele – Seria muito descortês eu chamar a Bella pra dançar se ela estiver com o quase noivo dela.
-Por favor, Rodolfo. Gilbert não tem o mínimo respeito por ela.
-Ah, e eu tenho? – Resmungou ele e Andrômeda o olhou desesperada – Sinto muito, Dora. Mas não vou arrumar problema com outro cara por conta da sua irmã. Ela sempre foi uma chata comigo. – Resmungou ele e os dois amigos dele deram risadinhas.
-Volte pra sua mesa, Dora. Nós vamos falar com esse conquistador aqui pra tentar convencê-lo a te ajudar. – Riu Max lhe lançando uma piscadinha e Rodolfo riu com pouco caso.
Andrômeda suspirou, derrotada e foi procurar por um banheiro. Quando finalmente achou um, topou com Bella e Narcissa.
-O que você foi fazer? – Perguntou Bella a olhando com severidade – Não estava com algum planinho idiota, estava? Não se meta nisso ou vai sobrar pra você! – Disse ela e Andrômeda bufou.
-Não é justo que o papai...
-Não. Não é mesmo. Mas a vida não é justa, Andrômeda. Cresça. – Ralhou Bella.
-Você não deveria desistir de tentar ter o controle da sua vida. Você, em breve, não vai mais precisar da permissão dele pra nada. Você é uma bruxa boa o suficiente para...
-Eu não vou deixar ele descontar a frustração dele por não me controlar em você ou na Cissy.
-Mas...
-Andrômeda. Eu sou sua irmã mais velha. É meu dever proteger você e proteger a Narcissa. – Disse ela com firmeza – Vamos. Vamos voltar para a mesa antes que papai ache que eu estou fugindo do desmiolado do meu futuro marido. – Disse ela com amargura. Bella as guiou indo na frente, mas Narcissa segurou seu braço, para sussurrar em sua orelha.
-Me diz que você tem um plano... – Pediu Cissy.
-Eu tenho. Agora... é torcer pra dar certo. – Sussurrou de volta.
As três voltaram para a mesa e se sentaram. Gilbert logo colocou a mão sobre a coxa de Bella, que o olhou novamente com profundo desprezo, mas nada disse. Nem mesmo tentou tirar a mão dele dali. Andrômeda se enfureceu ao ver o polegar dele acariciar a coxa dela, puxando o vestido para cima cada vez mais, mas aos pouquinhos. Bella arregalou os olhos, mas nada fez, apenas respirando fundo.
-Não achou o Viktor, Dora? – Perguntou sua mãe e Andrômeda negou com a cabeça.
-Achei Rookwood, Mcnair e Lestrange, só. – Disse ela e seu pai se virou para encará-la.
-Você conhece os Lestrange? – Perguntou ele, parecendo repentinamente interessado nela.
-Sim. Bella nos apresentou. Eles são do mesmo ano. Lestrange é monitor da Sonserina. – Disse calmamente – Na verdade. – Ela deu um sorriso quase cruel, como se estivesse prestes a revelar um grande segredo que Bella tivesse pedido para ela guardar. Ela fez uma pausa dramática e até mesmo Gilbert pareceu interessado no que ela iria falar em seguida – Bella fala muito de Rodolfo desde o primeiro ano dela. E ele é louco por ela.
-Pfff. Que? – Perguntou Bella entre a indignação e a troça.
-Não tente disfarçar. É mais do que claro que ele tem uma enorme queda em você. – Disse com um sorrisinho maroto e Sirius caiu na gargalhada.
-Bella tem um namorado! Bella tem um namorado! – Riu ele e até Regulus riu.
-Bella e Rodolfo estão a se beijar... – Cantarolou Regulus.
-Calem-se! Eu e Rodolfo nunca... – Defendeu-se Bella, fechando o cenho, sem parecer achar graça nenhuma daquilo. Os Travers pareceram constrangidos e isso fez Gilbert finalmente tirar a mão da coxa de Bella, que prontamente arrumou a saia do vestido.
-Olha só, se não são as três irmãs mais bonitas de Hogwarts! – Disse alguém logo atrás de Andrômeda. Ela se virou com um sorriso eufórico e viu Rodolfo, junto de seus dois comparsas. Os dois pareciam dois pintos no lixo, como se nada nunca os tivesse empolgado tanto na vida.
-Rodolfo! Estava justamente falando de você. – Disse Andrômeda.
-Espero que bem, ou vou te dar uma detenção, mocinha. – Riu ele e Andrômeda deu uma risadinha.
-O namorado da Bella é alto, né? – Perguntou Sirius – Mais alto que esse enfeite de jardim aí. – Zombou Sirius para o irmão, que arregalou os olhos, em choque. Tia Walburga pulou de susto e bateu na cabeça do filho.
-Sirius, pelas barbas de Merlin. Isso é jeito de se falar?! – Todos olharam de Gilbert para Rodolfo. Gilbert parecia ainda mais constrangido e o pai dele estava deveras aborrecido com toda aquela situação.
-Já estão todos sabendo sobre nós? Bella, você disse que iria me esperar para dar a notícia! – Ralhou Rodolfo e Bella abriu a boca, completamente desconcertada. Maximilian simplesmente não conseguiu mais fingir que estava segurando a risada e simplesmente ficou de costas. Mas Mcnair parecia não se importar de assistir com um sorriso no rosto, como se estivesse esperando por aquele momento há muito. Bella e Rodolfo se encararam longamente e Rodolfo mirou o rosto dela, de cenho franzido – O que foi isso no seu rosto? Quem bateu em você? – E então a mesa ficou tensa. Maximilian se virou de uma vez, em choque e o sorriso de Mcnair morreu na hora. Andrômeda negou com a cabeça, querendo que ele não falasse sobre aquilo, mas Rodolfo parecia simplesmente indignado – Certamente não foi a fada mordente aqui, ou você teria desfiado ele no meio. Então, certamente foi um parente. – Ele olhou para tio Orion, tio Alphard e seu pai. Tio Alphard bebia seu whisky de fogo parecendo desejar estar em qualquer outro lugar menos ali. Mas tanto seu pai quanto tio Orion olhavam para ele com frieza – Esses são seus tios? Bella? O que houve? O amasso comeu a língua de todo mundo? – Perguntou ele e o silêncio continuou reinando sobre a mesa.
-Eu caí. – Mentiu Bellatrix, rapidamente. Rodolfo sorriu de maneira afetada, colocando a mão sobre o peito de maneira dramática.
-E agora começamos a mentir um para o outro. Meu docinho de abóbora, que tipo de casamento espera que a gente tenha algum dia se começarmos a mentir um para o outro? – Perguntou ele e Bella engasgou.
-Casamento? Do que raios você está falando, Lestrange? – Perguntou Bella, indignada.
-Bem. Até onde eu sei os Travers estavam enrolando para tomar uma decisão sobre esse casamento, então eu vim me oferecer como pretendente. Quem é o pai da moça? – Perguntou Rodolfo e Andrômeda ficou boquiaberta. Até os amigos de Rodolfo pareceram piscar, surpresos com o rumo da conversa.
-Eu sou o pai da moça. – Disse seu pai, mas o sr. Travers se levantou.
-Isso é uma total falta de respeito! – Disse ele e Rodolfo o encarou de maneira agressiva, se aproximando um passo. Mesmo tendo somente quinze anos Rodolfo era da altura do senhor Travers.
-Sente-se, senhor. – Pediu Rodolfo e para seu total espanto, o sr. Travers se sentou. Rodolfo então se virou para seu pai e estendeu a mão – Prazer, Rodolfo Lestrange. Espero que me leve em consideração antes de casar Bella com Travers.
-Seu pai trabalha na Corte dos Bruxos. – Disse tio Orion – Não é? Você também pretende seguir carreira política, rapaz?
Rodolfo sorriu e concordou com um aceno de cabeça, enquanto apertava a mão de seu pai.
-Sim. Acho que passou da hora de famílias de verdadeiro prestígio começarem a se articular de verdade a fim de impedir essa onda esquizofrênica e progressiva que vem corrompendo nossa sociedade.
-Falou bem. Falou muito bem. – Concordou tia Walburga.
-Isso é completamente descabido. Um desacato para com a minha pessoa... – Recomeçou Travers, mas tio Orion o olhou muito feio. Até Andrômeda teve medo dele no momento.
-Cale essa sua boca. Rodolfo Lestrange, quer se unir a nós? – Perguntou seu tio e Narcissa escondeu a boca com as mãos, tomada pelo choque.
-Claro. – Disse ele dando a volta na mesa para segurar a cadeira onde Gilbert estivera sentado – Você está no meu lugar.
Gilbert se levantou, mas encarou Rodolfo furiosamente.
-Coloque-se no seu lugar, Lestrange. Bellatrix é minha noiva. – Disse ele e Rodolfo sorriu sem parecer se incomodar.
-Sério? Eu pensei que Circe Selwyn era sua noiva. E que só estava esperando oficializarem o dote dela. – Disse Rodolfo sem recuar e os Travers pareceram congelar – Mulheres podem fofocar muito alto, sabe? Ouvidos mais atentos podem escutar todo tipo de coisa. – Riu Rodolfo e Andrômeda arfou. Todo mundo na mesa pareceu muito chocado. Seu pai ficou de pé, parecendo absolutamente furioso.
-Estava negociando dois noivados ao mesmo tempo?! – Rosnou seu pai.
-Como ousa tentar nos passar para trás. Nós somos a casa mais antiga e nobre da Grã-Bretanha! – Rosnou tia Walburga.
-Ele está morto. – Ouviu tio Alphard cochichar para Sirius, que concordou com um aceno de cabeça.
-Quebra ele, tio! – Gritou Sirius, levantando os punhos, parecendo verdadeiramente empolgado. Mas os Travers pareciam ter perdido a vontade de brigar. Agora pareciam terrivelmente constrangidos. Rodolfo puxou a cadeira e assinalou com a cabeça a direção que Gilbert deveria tomar. O rapaz olhou furioso para a mesa, mas se afastou, sendo seguido pelo pai, que parecia terrivelmente envergonhado – Afe. Não rolou nem um soco. Fala sério.
Rodolfo se sentou ao lado de Bella, que olhava para ele, ainda chocada. Ele segurou a mão dela e piscou, a beijando nos dedos.
-Rodolfo Lestrange, seu criado.
Andrômeda observou sua irmã olhar Rodolfo de cima a baixo. Ela soltou um muxoxo e então revirou os olhos com um sorriso vencido.
-Encantada. Bellatrix Black.
*
30 de Julho de 1971
Todo o quinto ano estava se divertindo à beira do lago. Tinham se transformado em um grande grupo. Mas logo o quarto ano, mais Andrômeda que era do terceiro, Narcissa e Eloá Bulstrode, do segundo, vieram se juntar a eles. Era uma grande quantidade de alunos da Sonserina juntos no mesmo lugar e Bella começou a se sentir um tanto incomodada com o barulho. Ela só queria treinar suas habilidades. Agora tinha que dar atenção às irmãs e a um monte de gente que aparentemente daria um braço para poder socializar com ela.
Rodolfo era melhor nesse lance de ser popular. Apesar de ter sido algo natural para ambos, essa popularidade, Rodolfo se sentia confortável na situação tanto quanto estar de pijamas numa cama, enquanto para Bella parecia mais um espartilho dos bem apertados. Mas Andrômeda parecia notar que ela não se sentia tão confortável rodeada de tantas pessoas, então ficou ao seu lado falando que queria conversar em particular com a irmã. Narcissa e Eloá logo vieram se juntar a elas, já que as duas nunca desgrudavam. Lauren também ficara com elas, já que era a melhor amiga de Bella.
-O ano finalmente está acabando. Voltamos pra casa amanhã. – Suspirou Narcissa – Queria ter mais tempo no colégio. – Lamentou ela olhando sonhadoramente para Lucius Malfoy, que ria de qualquer coisa que Viktor Rosier tinha dito a ele.
-Mais tempo no colégio? Você quer mais tempo para admirar os longos cabelos sedosos de Lucius Malfoy isso sim. – Riu Andrômeda. Narcissa a olhou quase em pânico e a estapeou no braço.
-Fale baixo! – Pediu ela.
-Lucius e seus cabelos feitos de seda. – Riu Andrômeda se jogando no colo da irmã caçula, repousando a cabeça sobre as coxas dela, enquanto brincava com seus próprios cachos castanhos – Qualquer dia desses vou perguntar qual a poção que ele usa nos cabelos. Aquilo não pode ser natural.
Bella acabou dando uma risadinha enquanto as meninas olhavam para Lucius, cujos cabelos esvoaçavam belamente, levados pelo vento, enquanto ele contava alguma coisa a Viktor, parecendo muito empolgado.
-Me pergunto que tipo de verão será esse. – Suspirou Lauren – E se Max finalmente vai me chamar pra sair nas férias. – Ela bufou parecendo impaciente – Na escola ficamos nesse chove e não molha...
-Como assim, não molha? Você já deu uns beijinhos nele. – Riu Bella e Lauren revirou os olhos.
-Não o tanto que eu gostaria. – Ela esticou o braço para cima, exibindo uma mão pequena e delicada – Eu quero um anel nesse dedo aqui pouco depois da minha formatura e levando em consideração os passos lentos de Max, acho que nos casamos só depois dos meus trinta. – Lamentou ela.
-Argh. Nem me fale em casamentos. – Resmungou Andrômeda, se sentando – Meus pais estão querendo oficializar um noivado com Viktor. – Resmungou ela e Lauren a olhou surpresa.
-Ué. Mas vocês são amigos e os Rosier são bem prestigiados. Andrômeda Rosier é um nome lindo. – Disse ela, mas Andrômeda deu de ombros.
-Viktor é um dos meus melhores amigos. Nunca o vi desse jeito. Sem falar que ele gosta de outra pessoa. – Resmungou ela dando de ombros.
-Oh! De quem? – Perguntou Eloá se remexendo toda.
-Ele é meu amigo! Não vou contar. – Resmungou Andrômeda parecendo achar graça de qualquer coisa. Mas Bella não estava interessada naquela conversa.
-Vocês sabiam que a filha do tio Alphard vai se mudar pra Londres? – Perguntou ela e todo mundo se entreolhou. Lauren e Eloá não pareciam entender o peso daquela notícia, mas Andrômeda parecia muito surpresa e Narcissa tinha até parado de olhar para Lucius, para olhar para ela.
-Como assim? Ele convenceu a megera da mulher dele a deixar a Adhara vir pra cá? Pra Hogwarts? – Perguntou Andrômeda.
-Quem é Adhara? Do que vocês estão falando? – Perguntou Lauren e Bella respirou fundo.
-Alphard é o irmão do meio do meu pai. – Disse calmamente, calculando como explicaria aquela situação – Meu avô, ao gerenciar os casamentos da família, quis apostar no estrangeiro. – Bella respirou fundo e mexeu em um dos seus cachos, pensativa – O nome dela era alguma-coisa-Bernauer. Uma família mais do que rica, da França. Ricos e de sangue antigo e puro. Tio Alphard casou e foi morar lá, mas poucos anos depois voltou pra Grã-Bretanha. Ele nunca chegou a assinar um divórcio nem nada assim, porque seria um escândalo ainda pior lá do que aqui. Mas ele teve uma filha. O nome dela é Adhara. Adhara Black. Mas nós a vimos pouquíssimas vezes.
-Eu nem lembro dela. – Confessou Andrômeda.
-Eu lembro de um bebê mimado. – Suspirou Bella – Tio Alphard é apaixonado por ela, mas por algum motivo nunca a trouxe de vez pra cá. Mas agora tia Walburga me escreveu contando a novidade. – Bella deu uma risadinha quase desdenhosa – Ela quer casar Adhara com Sirius. A menina é a herdeira de uma fortuna de estourar os miolos.
-Uau. – Riu Lauren – Mas por que está toda cheia de dedos pra falar isso? Ok, o casamento do seu tio pode não ser o mais tradicional de todos, mas...
-A França é muito mais libertina do que a Grã-Bretanha. Estou preocupada com essa garota. Algo me diz que ela vai ser uma dor de cabeça para nossa família. Tio Alphard já não é o mais são dos homens. Ele é um rico excêntrico.
-Pra não dizer maluco. – Riu Narcissa – Acho que ela não vai ser um problema... Tia Walburga não casaria o filho mais velho dela com uma moça que não fosse apropriada.
Mas Bella tinha seus receios.
15 de Agosto de 1971
-Sério. O que está rolando entre você e Rodolfo? – Perguntou Andrômeda a puxando pelo braço. Era um fim de semana típico de verão. Estavam em casa, aproveitando o sol. Os Lestrange tinham sido convidados, assim como os Travers, para o desânimo nada disfarçado de Andrômeda. Os Rosier também tinham vindo, mas tanto Viktor quanto Ethan pareciam olhar os Travers com censura. Além de Gilbert e o pai, o irmão caçula de Gilbert também estava ali, tocando violão junto de Ethan e Narcissa.
-Não está rolando nada entre Rodolfo e eu. Do que está falando? – Perguntou completamente desinteressada naquela conversa.
-Vocês ficaram conversando, só os dois, por quase uma hora! – Disse Andrômeda com um sorriso enorme – Diga a verdade!
Bella soltou um muxoxo e deu de ombros.
-Ele é meu colega de ano e nos conhecemos desde sempre. Sem falar que sou grata a ele por tentar me salvar de Travers. – Bella deu de ombros – Somos amigos e ele é um partido melhor também. – Ela jogou os cabelos para trás – Acho que vamos nos casar.
Falava aquilo de maneira monótona e nem um pouco empolgada.
-Mas... você ama ele? – Perguntou Andrômeda perdendo o sorriso e parecendo ficar aflita. Bella sorriu para ela e a apertou na bochecha.
-Eu amo você. Eu amo a Cissy. E só. – Disse Bella – Meu coração nunca será de homem algum. E se for esperta, Dora... Vai fazer o mesmo consigo mesma. – Bella mirou Rodolfo, que conversava com o pai delas, parecendo descontraído e confortável – Quando deixamos eles entrarem no nosso coração, eles fazem uma bagunça e acabamos mudando para agradá-los. Deixamos de ser nós mesmas. Deixamos de ver o que é verdadeiramente importante. – Ela suspirou e olhou a irmã – Nunca se apaixone por ninguém. Ou vai acabar como a Narcissa.
Dora a olhou parecendo triste. A irmã a abraçou e a afagou nos cabelos.
-Eu não concordo com você, irmã. Mas não importa. Eu só quero que seja feliz. Você acha que Rodolfo é capaz disso? De fazer você feliz?
Bella abraçou a irmã de volta e suspirou, mirando Rodolfo por cima do ombro dela. O rapaz a olhou no mesmo instante e deu um sorriso sereno, como se tivesse gostado de vê-la abraçada à irmã. Bella e Rodolfo eram bem parecidos, na verdade, em muitos tópicos. Amar seus irmãos caçulas e querer protegê-los do mundo era um desses tópicos. Bella sorriu para ele, pois sabia que ao menos ele era talentoso e ajuizado em muitas questões. Ele sorriu de volta e piscou para ela, desviando o olhar em seguida.
-Sabe, Dora. Eu acho que ele é capaz disso sim. – Respondeu calmamente.
Autor(a): Tia Vênus
Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).
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Capítulo 6 Put On Your Masks 1 de Dezembro de 1981 Céus.. que frio. Tento me abraçar, para me esquentar, mas é impossível conseguir calor aqui. Meu corpo treme tanto que meus músculos estão até doloridos. Uma névoa perolada escapa da minha boca sempre que expiro. Tento pensar em pelo menos uma coisa ...
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