Fanfic: Como Nascem os Monstros | Tema: Harry Potter; Marotos; Comensais de Morte
Capítulo 6
Put On Your Masks
1 de Dezembro de 1981
Céus.. que frio.
Tento me abraçar, para me esquentar, mas é impossível conseguir calor aqui. Meu corpo treme tanto que meus músculos estão até doloridos. Uma névoa perolada escapa da minha boca sempre que expiro. Tento pensar em pelo menos uma coisa boa, mas não consigo. Tento lembrar do rosto dela, do calor dela, do sorriso dela.
Tento me lembrar das palavras de Longbottom, mas parece que foram ditas há tanto tempo... não me lembro bem o que ele disse...
Será que ele realmente disse alguma coisa? Estremeço, sentindo frio, e esfrego as mãos contra meu peito, tentando me esquentar. Mas foi em vão. Fecho meus olhos e tento me lembrar da última vez em que me senti plenamente feliz. Tenho a impressão de sentir o cheiro de um bife a fritar. Alguém fritava um bife para mim em uma memória distante. De costas para mim... posso ver seus cabelos coloridos. Ela tinha os cabelos coloridos. Cor de rosa, roxo, vermelho... Mas aquele barulho de sucção trouxe um frio mais violento. Olho para o lado e vejo aquela criatura dos infernos, sugando aquela lembrança de mim.
O cheiro de bife sumiu e agora só consigo sentir o cheiro da minha própria sujeira. De olhos fechados consigo ver a casa dela. O cheiro de fumaça. A confirmação de que ela estava morta. Escuto Longbottom e Black falarem que foi meu irmão quem a matou. Mas não pode ser. Eles só estavam tentando plantar a semente da discórdia entre nós. Ele sabia o quanto eu a amava. Ele jamais faria isso. Rodolfo é meu irmão...
Olho para ele. Encolhido na cela ao lado, tremendo e choramingando, encolhido em posição fetal. Não pode ser. Ele não faria isso. Não faria.
Um soluço me escapa e escuto passos a se aproximarem. Escuto corpos se jogando contra as grades. Devem ser os Crouch’s novamente. Bartozinho é o único que recebe visitas aqui... Os sons dos choros sofridos da mãe dele são como fantasmas a me assolar. Lembro de outra pessoa chorando e me acusando de saber a verdade sobre as dores dela. Lembro dela dizendo que me odiava. Lembro dela chorando e brigando comigo no natal. Não quero me lembrar mais disso.
A vergonha dói demasiado.
Sinto uma onda confortante de calor e sem pensar a respeito me jogo contra a grade, tentando capturar ao menos um momento de calor. Deve ser o patrono de Crouch. Mas os passos sessam e o calor não me abandona. Seja quem for, foi comigo que veio falar.
Já faz anos que estou aqui. Anos... Quantos será que passaram? Cinco? Dez? Será que meu pai finalmente veio me prestar uma visita? Abro os olhos e soluço, envergonhado. Já consigo ver o olhar de decepção nos olhos dele. Parar aqui não foi minha escolha. Eu preferia estar morto. Eu tentei morrer. Eu fui para todas as lutas perigosas. Eu lutei todas as batalhas, torcendo para que algum maldito feitiço me acertasse. Mas eles nunca acertavam. Não o suficiente. Como se o destino quisesse me castigar de todas as maneiras. Os duelistas nunca deram fim à minha dor. No máximo me feriam...
E certa vez me feriram tanto que eu precisei recorrer a ela... e ela me socorreu, apesar de eu não merecer.
Abro os olhos e vejo uma senhora mais velha. Deve ter a idade do meu pai, talvez um pouco mais velha. Ela me olha com olhos frios. O patrono dela, em forma de serpente, a circunda. Quem raios é essa mulher?
-Quem é você? – Me escuto dizer. Ela não responde de imediato. Apenas me encara com aqueles olhos frios. O silêncio dela me incomoda. Tento me sentar, mas estou fraco demais. Me apoio nas grades e a olho no rosto, tentando reconhecê-la – O que quer comigo?
-Só saber que ainda está aqui. – Responde ela. Engulo em seco – Você entrou na casa do meu filho. O torturou até que ele não fosse mais capaz de reconhecer ninguém. Nem ele e nem minha doce Alice. Minha nora. Você destruiu os dois. Deixou o filho deles de apenas um ano sem a chance de conhecer os próprios pais.
Pisco, confuso. Nego com a cabeça, com o choro de criança e gritos pedindo clemência perfurando minha mente.
-Não... eu... eu não... – Não? Não fiz isso? Eu estava lá, não estava? Eu não impedi, impedi? Frank nunca foi maldoso comigo. Ele era um homem honrado. Ele era meu amigo. Mas eu o assisti sofrer até a insanidade. Ainda consigo sentir o peso do filho dele nos meus braços, enquanto a mulher dele implorava para que eu não o machucasse. E eu não machuquei. Mas isso não faz de mim menos cruel...
Frank era o melhor amigo dela...
Eu deveria ter morrido anos atrás.
-Você roubou o futuro do meu filho. Então eu vim aqui ver que você e seu irmão podre ainda estão aqui. Vão ficar aqui até que a morte venha buscar vocês... Vão ficar aqui até apodrecerem. E eu vou vir assistir, até me cansar. Até que a morte me leve, ou, o que provavelmente vai acontecer primeiro, leve vocês.
-Que ela venha logo, então... Eu estou cansado de esperar... – Murmuro. Levanto os olhos para a senhora e ela me encara friamente. Olhos cheios de mágoas e dores. – Há quanto tempo eu estou aqui? – Pergunto sem aguentar mais aquele lugar.
-Há menos de um mês. – Responde ela e eu sinto lágrimas geladas se formarem nos meus olhos. Caio no choro sofrido. Menos de um mês? Mas parecem décadas... – Você teve tantas oportunidades pra sair disso. Você é um idiota. Volte a se deitar na própria sujeira.
Ela se vira para ir embora e eu a obedeço. Ela não estava errada sobre isso. Me pergunto se o filho dela falava a verdade ou se só estava tentando ganhar tempo... ela estava bêbada e colocou fogo na casa... disseram que foi um acidente. Um trágico acidente. Mas havia quem dissesse que não foi nada disso... que foi pessoal. Mas Rabastan acreditara que fora um acidente, Alice lhe dissera que fora um acidente... Mas ele se perguntava se... se Black e Longbottom falaram a verdade.
Mas o que raios eles falaram? Eu não me lembro... me encolho em minha insignificância... eu só quero sair daqui.
[] [] []
1 de Setembro de 1971
-Você pegou tudo, Rabastan? – Perguntou sua mãe pela terceira vez. Apenas concordou com um aceno de cabeça, mirando o enorme trem vermelho. Rodolfo conversava com o pai, ali perto, recebendo alguns conselhos, ou sabe-se lá o que. Ele era o monitor da Sonserina, junto com a amiga dele, Belatrix Black. Rabastan olhou para o irmão mais velho, que por ser monitor, já estava vestido com o uniforme da escola. Os cabelos curtos, castanhos, o queixo com um pequeno cavanhaque que já se formava, alto e forte, mesmo que nunca tivesse entrado pro time de quadribol. Rodolfo o olhou de canto de olho, enquanto seu pai fazia algum discurso para ele e o irmão revirou os olhos com um sorriso, como se fizesse pouco do que quer que fosse que o pai falava com ele. Rabastan acabou rindo também e sua mãe o fez olhar pra ela – Rabastan. Aprenda tudo o que conseguir. Se esforce para ser um bom aluno, ok? E não se meta nas badernas do Rodolfo. Só deus sabe o que Dippet tinha na cabeça quando o declarou monitor...
-Agora é Dumbledore quem é o diretor. – Disse Rabastan mirando Rodolfo pelo canto de olho, enquanto ele ainda estava preso num discurso motivacional tentando não parecer tão debochado quanto sempre era – Se eu for passar por isso todo ano caso eu vire monitor, eu acho que não vou fazer tanta questão. – Brincou ele e sua mãe deu uma risadinha, o apertando nas bochechas.
-Não deixe seu pai descobrir que você tem senso de humor, Rabastan. Ele adora falar pra todo mundo o quanto você é sério. – Sussurrou sua mãe e os dois deram risadinhas – Eu vou sentir tanta sua falta... – Murmurou ela se abaixando – Rodolfo sempre foi super independente. Nunca nem gostou de colo. Mas você sempre foi meu menininho.
Rabastan sentiu o rosto ferver de vergonha e olhou para os lados, temendo que alguém tivesse escutado aquilo.
-Mãaaaae! – Ralhou e ela deu outro sorriso – Eu não sou um menininho!
-Você pode ter cinquenta anos, Rabastan, mas vai ser sempre o meu menininho. – Disse ela baixinho, arrumando as vestes dele – Mas isso pode ser nosso segredinho. – E então ela lhe lançou uma piscadela. Acabou rindo, mesmo que sem jeito e se aproximou um pouquinho, para sussurrar para ela.
-Ok. Mas tem que ser segredo mesmo, ou minha reputação de Sonserina malvado nunca vai vingar.
Sua mãe deu uma risada mais alta e lhe mostrou o punho, com o dedinho levantado. Ele a imitou e os dois juraram de dedinho.
-Certo. – Disse ela se levantando depois e oferecendo a mão para ele. A obedeceu e os dois foram até o pai e o irmão.
-... cabeça. Você tem todo um legado nos ombros, Rodolfo. Nosso nome é a coisa mais importante que temos e se você não estiver à altura dele, um dia seus filhos ou netos terão que pagar o preço por isso. Eu olho ao redor e vejo esses garotos desvirtuados, fazendo todo tipo de baboseira e só consigo me preocupar com...
-Pai... seu legado está prestes a começar a sangrar pelas orelhas. Já chega, pelas cuecas de ursinho de Merlin! – Riu Rodolfo cruzando os braços. Rabastan e sua mãe deram risadinhas, mas seu pai lhes lançou um olhar cortante e os dois disfarçaram.
-Rodolfo. Você precisa começar a levar as coisas a sério um dia! – Seu pai se aproximou para falar mais próximo a ele e Rodolfo pareceu que iria revirar os olhos de novo, mas não o fez – Não se lembra do que conversamos ontem, no escritório? Os ventos da mudança começam a soprar, Rodolfo. E você, se quiser realmente brilhar tanto quanto você diz querer, precisa estar pronto para esses ventos.
-Seria mais fácil de estar entusiasmado com tais ventos se você me deixasse ao menos abrir a droga da janela. – Resmungou seu irmão e pai o olhou negando com a cabeça – Vamos, pai. No natal! Me deixe conhecê-lo! Todos meus amigos já falam sobre ele! – Disse Rodolfo franzindo o cenho. – E eu sei que você está desconfiado e não quer pular no navio sem ver se ele está furado antes, mas se esses tais ventos estão mesmo chegando, receio que você vai ficar pra trás, no porto.
Rabastan olhou confuso, para a mãe, mas ela negou com a cabeça, como se dizendo para que ele não perguntasse. Do que raios eles estavam falando?
-A juventude sempre tem pressa. São vocês quem mais têm tempo em suas mãos, mas são sempre os mais desesperados para tomar decisões. Um dia, Rodolfo, você vai levar nossa casa e vai se ver em posições complicadas, como é o meu caso. E nesse dia, você vai entender o significado de cautela. Voldemort é o bruxo mais poderoso que eu já conheci. E o pensamento dele me agrada. As ideias dele me agradam. Mas eu não sei se o que ele prega é o que ele pretende fazer. – Explicou seu pai e Rodolfo não pareceu gostar do que ouviu.
-Pai. Já passou da hora de alguém agir. – Resmungou ele – E se esse cara é tão poderoso quanto você diz e está querendo fazer alguma coisa, por que precisamos pensar duas vezes antes de apoiar? São nossos interesses que ele está defendendo. Jenkins está tentando destruir tudo o que as boas famílias desse país construíram.
-Sim, eu concordo, Rodolfo. Mas quem garante que estaremos apoiando um revolucionário que realmente pretende defender nossa cultura e que não está apenas em uma jornada para adquirir poder? – Perguntou ele e Rodolfo pareceu ainda mais desgostoso – Escute, meu filho. Volte pra casa no Natal e conversaremos de novo sobre isso. Até lá, talvez, eu já tenha tomado uma decisão. – Disse seu pai e Rodolfo concordou ainda parecendo um tanto contrariado.
-Está bem. Mas... – O trem soltou um apito alto, anunciando que estava na hora das despedidas finais – Deixa. Conversaremos no natal. – Aceitou Rodolfo e seu pai deu uns tapinhas no ombro dele. Os dois então se viraram para Rabastan, que piscou, ansioso – Está pronto pra se tornar um bom bruxinho? – Perguntou seu irmão com algum entusiasmo, como se não tivesse acabado de sair de uma conversa que o tivesse desagradado.
Rodolfo sempre tinha sido assim. Ele era fácil de se fazer sorrir e sempre estava entre o bem-humorado e o debochado.
-Confesso que estou ansioso. – Murmurou sem jeito – E se eu não for um bom bruxo?
Rodolfo se curvou, afinal ele era muito mais alto que o irmão caçula. Os olhos dos dois eram da mesma cor e ele se curvou para que estivessem à mesma altura.
-Não precisa ficar preocupado, Rabastan. Você é um puro sangue. Dos bons. E seu irmão é o cara mais impressionante do colégio. Não tem como você não se dar bem, ok? – Perguntou ele colocando as mãos em seus ombros – E qualquer dificuldade que você tiver, você vai sempre poder contar comigo. Eu cuido das suas costas e você...
-Eu cuido das suas! – Disse e seu irmão fechou o punho. Fez o mesmo e os dois bateram os punhos em cumprimentos.
-Esse é meu garoto. – Riu Rodolfo e Rabastan sorriu, sentindo-se bem – Então, acho que é hora de nos despedirmos. Nos veremos no natal.
-Juízo, Rodolfo. – Ralhou seu pai – E você também, Rabastan. Obedeça seu irmão.
-Está bem.
Seu pai apertou sua mão, Rodolfo pegou sua mãe no colo, para girá-la no ar, fazendo-a gargalhar. Recebeu uns beijos da mãe, e então os dois se viraram para ir para o trem.
Assim que entraram, viram dois amigos de Rodolfo, que já conhecia. Max e Walden. Os dois se viraram para Rodolfo e sorriram.
-Cuidado, cuidado! Walden, se o Monitor souber que você andou tentando levantar as saias da Leto, ele pode te colocar em detenção!
-Oh, não. Max, trate de não contar pra ele que eu já fiz isso pelo menos umas trocentas vezes. – Riu Walden, debochado e Rabastan piscou, ligeiramente sem jeito.
-Até parece que esse daí já levantou a saia de alguém. – Debochou seu irmão, apertando as mãos dos amigos.
-Hey, Max, olha só. Esse não é o irmãozinho do Rodolfo? Mas que menininho adorável. Pra qual casa ele deve ir, com essa cara de bebê dele? – Perguntou Walden e Rabastan sentiu o rosto corar. Rodolfo olhou para o irmão, que engoliu em seco, envergonhado e intimidado.
-Pois ele vai pra Sonserina, com toda a certeza do mundo! – Disse Rodolfo convicto e então Rabastan recebeu uns tapinhas de Walden.
-Nesse caso, tá autorizado a andar com a gente. – Riu ele e Rabastan sorriu feliz.
-Oh, olá, meninos. – Riu mais gente entrando no trem. Rabastan se virou e viu três meninas de idades diferentes, mas não as reconheceu. As três eram bonitas. As duas mais velhas eram obviamente irmãs, pois se pareciam muito. Cabelos compridos e cacheados, com vívidos olhos azuis. Mas a mais velha era mais atlética e tinha os cabelos escuros, enquanto a outra tinha um corpão violão e tinha os cabelos castanhos. A caçula era muito loira, com os cabelos platinados e olhos grandes e azuis. O rosto ainda de criança e bem baixinha, mas Rabastan imaginava que ela não era uma caloura, pois ela parecia ser mais velha que ele – Como foram de férias?
-Nem te conto. – Riu Max trocando um olhar com Walder.
-Por que não? – Perguntou a de cabelos castanhos.
-Porque obviamente passaram as férias com as mãos deles, Dora, como sempre. – Riu a de cabelos escuros e a loirinha franziu o cenho, como se não tivesse entendido. Mas Rabastan tinha e acabou tossindo para disfarçar uma risadinha – Oh, e quem é esse pequetucho aqui?
-É meu irmão, Bella. – Disse seu irmão e a voz dele não parecia nada debochada. Rabastan mirou o irmão, que estava de cara fechada e braços cruzados. Bella sorriu para ele, um sorriso debochado, e se curvou para vê-lo mais de perto.
-Seu irmãozinho é tãaaaaaao bonitinho, Rodolfo. – Disse ela o apertando dolorosamente na bochecha – Dá até vontade de morder. – E então ela o mordeu mesmo, na orelha. Mas dessa vez não doeu. Só fez seu corpo todo se arrepiar. Rabastan sentiu o rosto ferver e baixou a cabeça, sem saber para onde olhar. Sentiu alguma alegria se apossar de certa região sensível e ficou se concentrando em pensar em qualquer coisa desagradável que o fizesse escapar de uma situação embaraçosa – Olha só, todo timidozinho.
-Deixa eu apertar ele também, deixa? – Perguntou a de cabelos castanhos e Rabastan sentiu-se ser puxado para um abraço. Sua bochecha foi pressionada por um bom par de peitos e ele achou que iria desmaiar a qualquer momento – Tão fofinho. Ainda cheira a talco!
-Quem iria imaginar que você teria um irmãozinho tão fofo? – Perguntou a loira o beliscando de leve no nariz e Rabastan teve certeza de que não haveria nada no mundo que iria fazer com o que estava acontecendo dentro de suas calças retrocedesse.
-Como não, Cissy? Se ele é meu irmão caçula, claro que ele seria lindo. Que nem eu. – Riu seu irmão – Rabastan, conheça as irmãs Black. Cuidado com elas. São três cobrinhas venenosas.
-Você não vai acreditar nele, não é, Rabastan? – Perguntou Dora fazendo um biquinho e o apertando nas bochechas. Aproveitou que ela parara de o abraçar, para colocar as mãos no bolso e disfarçar o volume que se formava ali. Pra sua sorte, seus trajes a rigor não eram exatamente justos – Você não acha que somos perversas, acha?
-N-não... de... de jeito nenhum. – Murmurou tendo plena ciência do quanto estava vermelho.
As três irmãs sorriram umas para as outras e Dora voltou a lhe abraçar para lhe afagar os cabelos.
-Deveríamos procurar uma cabine. – Disse Bella – Antes que fiquem todas lotadas. – Adicionou ela.
-Não se preocupem. Já estamos no sexto ano, Bella. Além disso, somos monitores. Já podemos abusar da Ordem de Hierarquia. – Riu Rodolfo tendo recuperado o bom humor. Rabastan franziu o cenho, sem saber o que seria aquilo. Mas todo mundo concordou com seu irmão e se colocaram a procurar uma cabine. Logo seu irmão pareceu achar uma, pois ele acenou para Bella com a cabeça e os dois entraram. Instantes depois ele colocou a cabeça para fora – Vamos, pessoal. Os calouros amigavelmente decidiram nos ceder a cabine – Ficou esperando do lado de fora e logo dois alunos que deviam ter sua idade saíram quase que correndo lá de dentro. A menina esbarrou nele e ele fechou a cara olhando para ela.
-Cuidado! – Ela o olhou assustada, os cabelos dourados e os olhos verdes, salpicados de ouro. O rosto dela corou de vergonha e ela desviou o olhar para sair correndo. A observou se afastar e alcançar o amigo, voltando a conversar com ele. Mas então ela olhou para trás e Rabastan, ainda com as mãos em seus bolsos a olhou de volta. Durou só um segundo, a troca de olhares, pois logo foi puxado novamente por Dora.
-Vamos, coisa fofa. Vamos entrar. – Disse ela apertando suas bochechas.
-T-tá... – Murmurou a seguindo para dentro.
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A plataforma estava cheia como era o costume. Trouxas com roupas estranhas olhavam para si com desconfiança, alguns rindo, alguns parecendo confusos. Os vestidos tradicionais de famílias bruxas eram diferentes das casuais e chamavam muita atenção. Emily Valentine odiava ter que se vestir daquele jeito e estava ansiosa para colocar o uniforme da escola.
Já tinha planejado tudo. Seria sorteada ou para a Corvinal ou para a Grifinória, no quinto ano seria a melhor aluna e por conta disso receberia o título de monitora. Conseguiria pelo menos oito N.O.M.s e pelo menos seis N.I.E.M.s, sem sentir-se pressionada a se tornar a Monitora Chefe. Ou ao menos era isso que seu pai insistia que era um bom plano.
Richard Valentine era um bruxo puro sangue, de aparência agradável, cabelos entre o castanho e o dourado, olhos verdes, mas com tons de dourado, um nariz largo, um sorriso charmoso e dentes brancos e bem enfileirados. Ele trabalhava na Corte dos Bruxos e desejava um dia se transformar em Ministro da Magia. Richard Valentine era um homem ambicioso, com muitos recursos. Mais de uma vez aparecera na capa do Jornal dando alguma entrevista polêmica. Apesar de ser muito tradicionalista, ele defendia que trouxas e bruxos não eram muito diferentes e que bruxos mestiços e nascidos trouxas não deveriam receber tratamento inferiores aos puros-sangues.
A esposa dele se chamava Anne Rosier. Uma bruxa de respeito, boa reputação e grande beleza. Vinda de uma das mais distintas famílias puros-sangues inglesas, dona de belíssimos olhos azuis e sedosos cabelos dourados, a Sra. Valentine era uma bela visão para os olhos. Os lábios carnudos e sempre com um sorriso gentil pareciam convidar os homens a um caminho de tentação. Mas todos sabiam que ela só tinha olhos para o marido, tendo dado a ele dois belos filhos.
Emily Valentine era alta e magra, com os cabelos dourados da mãe, assim como seu rosto fino, mas com os olhos verdes e dourado do pai. Do avô paterno ela herdara o dom da metamorfomagia, mas era proibida de usá-lo. Seu pai detestava aquele dom, pois anos atrás seu avô tinha usado e abusado de suas transformações de tal maneira, que seu pai não conseguia mais se lembrar com exatidão de como era o rosto dele. Richard achava que o pai era um constrangimento para sua carreira política por ser tão vadio e desleixado consigo mesmo. E como o velho desapareceu numa viagem a trabalho, Richard nunca fez as pazes com ele e isso o marcou permanentemente de certa forma.
Emily tinha quatro anos quando seu pai anunciou que ela não mais poderia ficar mudando a cor dos olhos ou dos cabelos. Por conta disso, no entanto, ela tinha um excelente controle para inibir o dom, mas extrema dificuldade para mudar o que quer que fosse de sua aparência.
O mais novo da família era o pequeno Kevin. De cabelos castanho claro, olhos verdes e o mesmo sorriso perfeito do pai, Kevin tinha todos os indícios de que seria um adulto bonito. Ele era apenas uma criança de quatro anos, mas havia muita inteligência e perspicácia em seu olhar. Era o tipo de criança que prestava atenção em todas as conversas e que tentava se meter e falar mesmo de coisas que não tinha conhecimento sobre. O Sr. Valentine vivia repetindo que tanto ele quanto o filho um dia seriam Ministros da Magia.
Essa era a família Valentine, que se aproximava da pilastra entre as plataformas 9 e 10. Richard deu a mão para sua garotinha e a ajudou a atravessar. A Sra. Valentine fez o mesmo com o filho. Logo estavam apenas entre bruxos, cada um cuidando de seus assuntos particulares.
Corujas piavam em suas gaiolas, sapos coaxavam, gatos miavam incomodados com tanto barulho. Brinquedos mágicos soltavam bolhas e fumaça, adultos se cumprimentavam, apresentando seus filhos uns para os outros... crianças corriam, outras gargalhavam. Outras ainda choravam. Umas por não querer ir para a escola, outros por querer ir pra escola.
Aquela confusão de sons, cores, cheiros e pessoas arrancou um sorriso de Emily e aqueceu seu coração.
Seu pai foi cumprimentar algumas pessoas e Emily teve tempo de procurar novatos como ela mesma. Sem se afastar demais, olhou ao redor e logo viu uma família que lhe chamou a atenção. Uma senhora bonita, alta e magra, com os cabelos muito escuros, estava tentando arrumar as vestes do filho. Ele tinha os cabelos escuros e os olhos azuis e parecia tão louco para fugir dela quanto Emily estava para fugir de seus próprios pais. Havia um homem com eles, com a mão no ombro de um garoto mais baixo. Provavelmente eram uma família de quatro membros. Pai, mãe e dois garotos.
Mais adiante viu uma senhora rechonchuda falando com um filho que era muito parecido com ela. Baixinho, gorducho, com os olhos assustados e os cabelos cor de palha. Ele tentava em vão segurar um rato de estimação e colocá-lo na mochila, mas o rato estava em pânico, provavelmente por conta de uma garota que tinha um gato no colo, muito próxima ao garoto.
Emily seguiu passeando o olhar e viu outra família. Todos eram muito loiros e com cara de gente importante. Ao prestar mais atenção, notou que eram os Malfoy e ela se colocou a não prestar mais atenção neles. Achava os Malfoy absolutamente aborrecidos.
Ainda estava angustiada, querendo logo ir para o trem, quando sentiu mãos taparem seus olhos. Colocou as mãos sobre os dedos da pessoa e encontrou unhas curtas e roídas, denunciando quem seria a pessoa ali.
-Oi, Frank. – Disse sorrindo e o garoto a soltou, enfezado.
-Como sempre sabe que sou eu e não a Dorcas? – Perguntou ele cruzando os braços. Frank era seu melhor amigo. Se conheciam desde sempre, já que suas famílias eram muito próximas. Ele era um garoto bem-humorado e muito inteligente. Com um sorriso fácil e olhos castanhos cheios de amor e carinho.
-Eu simplesmente sei. – Respondeu sem querer entregar seu truque – Onde está a Dorquinha, falando nisso?
-Eu não sei. – Confessou Frank – Mas ela deve estar por aqui. Ficou super animada quando recebeu a carta para ir Hogwarts. Mas do jeito que ela e os pais dela são, não ficaria surpreso se eles tiverem se esquecido de que hoje é o dia de pegar o Expresso. – Frank deu de ombros e riu – E aí, animada?
-Sim. – Disse quase explodindo de emoção, mas como não podia se animar demais, por conta de seu dom de se transformar, o sim saiu quase casual. Emily estava sempre controlando e podando suas próprias emoções e ela não sabia se isso algum dia se tornaria prejudicial. Mas Frank a olhou fazendo um bico.
-Sim? Só isso que tem a dizer? Esse é, provavelmente, o melhor dia de nossas vidas! O mais importante! – Disse ele e Emily concordou com um aceno de cabeça.
-Bem. Claro, é um dia muito importante. Estou muito feliz por poder começar a estudar magia. – Disse calmamente e Frank sorriu a olhando de lado.
-Quando estivermos lá na escola, quero ver você enlouquecendo. Não vai ter mais o tio Rick, nem a tia Anne pra te dar ordem atrás de ordem. Podemos até quebrar algumas regras quando estivermos todos na Grifinória.
-Como sabe que eu vou pra Grifinória? Como sabe se você vai pra Grifinória?
-Oras, não tem nenhuma outra casa digna de nossas presenças. – Disse ele pomposo e Emily riu.
-Não sei. Estaria satisfeita na Corvinal.
-Eu continuarei seu amigo, mesmo se for para Lufa-Lufa ou para a Corvinal. Mas receio que vamos ter que cortar relações caso você for parar na Sonserina. – Disse ele ficando sério e Emily o olhou com curiosidade – Só tem gente má na Sonserina, ou você não sabe disso?
-Existe muita gente decente na Sonserina. Não seja preconceituoso.
-Lá vem você querendo passar o pano para esses caras. Eles são maus. – Disse Frank com convicção.
Logo o trem apitou e era hora de finalmente se despedir. Abraçou os pais e cumprimentou os Longbottom, para seguir até o trem com Frank. Ele a ajudou a subir com o malão pelos degraus e então foram procurar uma cabine vazia. Não foi uma tarefa fácil, já que os mais velhos abriam caminho com mais determinação, já acostumados com aquela rotina. Mas Emily e Frank não tinham disso e ficaram meio perdidos.
Quando por fim acharam uma cabine vazia, começaram a se organizar, equilibrando os malões para que não caíssem. Frank estava para tirar o suéter que usava, quando a porta da cabine se abriu e um homem alto e bonito olhou para os dois.
-Peguem suas coisas e caiam fora. Essa é a minha cabine.
-Mas nós chegamos primeiro! – Disse Frank, recolocando o suéter e encarando o garoto mais velho com censura.
-Não perguntei quem chegou primeiro. – Disse ele tirando a varinha do bolso. Mirou Frank, nervosa, e engoliu em seco.
-Já terminou de assustar as crianças, Rodolfo? – Perguntou uma garota magra, que entrava na cabine também. Ela tinha os cabelos cacheados, bonitos e volumosos, com brilhantes olhos azuis e um sorriso ameaçador. Algo nela parecia mais assustador do que no rapaz com varinha em punho. E ela só tinha as mãos na cintura – Não ouviram o meu amigo? Fora, os dois.
Emily não via motivos para se machucar antes mesmo de chegar na escola. Frank parecia estar disposto a comprar a briga, mas ela o segurou pelo pulso e o olhou com olhos cheios de súplicas.
-Vamos. Podemos achar outra cabine.
-Isso não é justo.
-Não, mas é o mais sensato. Vamos. – Pediu a loira e o colega bufou. Ele olhou feio para os alunos mais velhos e acompanhou a amiga de infância para fora da cabine.
-Vamos, pessoal. Os calouros amigavelmente decidiram nos ceder a cabine. – Riu o cara lá de dentro. Emily o olhou desanimada e voltou a seguir Frank. Acabou esbarrando num garoto de sua idade. Ele a olhou feio. Olhos prateados e cabelos castanho avermelhados.
-Cuidado. – Ralhou ele. Ela sorriu sem jeito, se desculpou em silêncio e correu para alcançar Frank.
-Você viu as plaquinhas deles? – Perguntou ele fazendo careta.
-Plaquinhas? – Perguntou olhando para trás, por cima do ombro. O garoto em que esbarrara a encarava com frieza, de pé, as mãos nos bolsos, parecendo muito elegante em suas vestes bruxas. Com certeza ele era um puro sangue. Se ele notou que ela lançara um segundo olhar para ele, não disse nada, pois no momento seguinte ele foi levado para dentro da cabine por uma garota mais velha, que lhe apertou as bochechas.
-Sim. Eles eram da Sonserina. Eu disse que esse povo não prestava, não disse? – Perguntou Frank, zangado e Emily sorriu.
-Vamos, Frank. Vamos procurar a Dorcas.
-Certo.
Andaram pelos vagões e por fim encontraram Dorcas. Ela os olhou com um sorriso gentil.
-Oi, pessoal. – Cumprimentou ela. Frank e Emily sorriram para ela.
Emily adorava Dorcas, ela era sua melhor amiga. Se conheciam desde pequenas também. Os três eram amigos desde a mais tenra infância.
Se acomodaram na cabine e trocaram sorrisos e histórias. Frank sempre espalhafatoso, Dorcas sempre sorridente, com uma gargalhada alta demais. Algumas vezes o ar saía pelo nariz e ela soava como um porquinho e isso arrancava mais risadas do grupo. O trem finalmente partiu e o trio observou a estação se afastar. Mas logo se distraíram com conversas bobas e brincadeiras. Cantaram canções e logo sentiram um cheiro doce vindo do lado de fora da cabine.
Curiosos, os três colocaram a cabeça para fora da cabine. O cheiro vinha da cabine da frente. Tinha tanta fumaça lá dentro que não dava pra enxergar nada pela janelinha da porta.
-O que será isso? – Perguntou Dorcas.
-Melhor não nos metermos. – Disse Emily e Frank suspirou. Olharam pelo corredor. Tinha alguns alunos mais velhos tocando violão, cantando sobre paz e amor. Meninas e meninos com flores enfeitando seus cabelos. Uma menina cheia de cristais nos cabelos tentava ler a mão de um garoto da idade deles, de cabelos negros e curtos, mas ele fugiu dela rapidamente – Esse trem é incrível. – Disse e seus amigos concordaram.
Voltaram para dentro e voltaram a conversar sobre qualquer coisa, até que a porta da cabine voltou a abrir. Era uma menina da idade deles. Os cabelos acaju, os olhos muito verdes. Ela trazia um garoto encurvado, com o nariz grande e cabelos compridos e negros.
-Olá. Tudo bom? Eu sou Lílian e sou nascida trouxa. Eu quero ficar aqui com vocês. Algum problema? – Perguntou ela parecendo desafiá-los a dizer que não seria bem-vinda. O trio trocou um olhar curioso.
-Que isso, ruiva. – Riu Frank – Você e seu amigo são bem-vindos. Algum idiota da Sonserina mexeu com vocês? – Perguntou ele e o garoto bufou.
-Não. Foi um idiota que acha que vai pra Grifinória por não ser esperto o suficiente. – Resmungou ele e Frank arqueou as sobrancelhas. Mas antes que ele pudesse dar uma respostinha maldosa, Dorcas se levantou e sorriu.
-Vocês são muito bem-vindos. Somos calouros e não sabemos pra qual casa iremos. – Ela lançou um olhar censurador para Frank – E não nos importamos se você é nascida trouxa. Se quiserem ficar aqui, se acomodem.
Dorcas tinha um jeito meigo e macio de falar que simplesmente pareceu desarmar a menina que chegara pronta para a guerra.
-Desculpem se fui áspera. O meu dia não começou bem. – Confessou ela entrando na cabine e o garoto a imitou. Os dois se acomodaram e Dorcas os olhou de maneira receptiva.
-Oh... espero que nada de muito sério tenha acontecido. – Murmurou ela.
-A irmã dela é trouxa e está zangada por não poder vir para Hogwarts. Então ela começou a tratar Lily mal. – Explicou o garoto e Emily suspirou.
-Que situação.
-E então uns garotos idiotas começaram a implicar com o Severus. – Disse a tal Lílian – Aí, decidi que era melhor mudar de cabine.
-Mas fomos expulsos da última cabine que tentamos, porque Lílian disse que é nascida trouxa. As meninas que estavam lá não gostaram muito. – Disse o menino que ela imaginava se chamar Severus.
Emily soltou um muxoxo e mirou a janela.
-Que baboseira. Meu pai sempre diz que devemos tratar os nascidos trouxas como se fossem bruxos normais. – Disse dando de ombros, mas a garota não pareceu gostar.
-Como se fossem bruxos normais? Eu não sou uma bruxa normal, por um acaso? – Perguntou ela e Emily a olhou surpresa.
-Acalme-se, Lily. O pai da Emily é um defensor dos direitos dos nascidos trouxas. E um dos brabos. – Riu Frank enquanto Emily tentava evitar contato visual com quem quer que fosse. Tinha medo de seus cabelos entregassem seu segredo. Quando ficava nervosa, mesmo que fosse muito boa em se conter, seu cabelo começava a mudar a cor das raízes. Então tinha sempre que tentar evitar se exaltar demais.
-Como vocês se chamam? – Perguntou o garoto – Eu sou Severus Snape, mas minha mãe é uma Prince.
-Eu me chamo Lílian Evans. – Apresentou-se a ruiva.
-Pois eu sou Frank Longbottom.
-Dorcas Meadowes. E sim, eu sei que é um nome esquisitinho, mas eu o amo. – Disse ela de um jeito meigo e a ruiva sorriu de maneira simpática.
-Eu sou Emily Valentine. – Disse calmamente e o garoto recém-chegado a olhou surpreso.
-Valentine? Você é filha do Richard Valentine? – Perguntou ele com os olhos esbugalhados.
-Bem... sim. – Disse simplesmente.
-Eu disse que o pai dela era um dos brabos. – Riu Frank e Lílian pareceu confusa – Você é nascida trouxa, não tem como saber. Mas o pai dela um dia ainda vai acabar sendo o Ministro da Magia. Ele é um cara incrível. Muito focado no trabalho. E ele é um grande amigo de Albus Dumbledore e não tem medo de peitar esses bruxos preconceituosos e medievais. – Explicou ele e Emily sorriu ligeiramente constrangida.
-Papai é muito dedicado ao trabalho. – Confessou. E aquilo era verdade.
Richard Valentine era o tipo de homem que vivia em função do trabalho. Ele vinha de uma família com gerações de puros sangues, mas nunca pode participar exatamente da elite mágica. Se ele se casou com sua mãe por interesse ou não, não sabia, apesar de já ter sido acusado disso mais de uma vez. Mas o casamento o elevou de certa maneira. As pessoas começaram a ouvi-lo de fato e ele começou a lutar ferozmente pelo fim da elite puro sangue. Ele foi o maior apoiador da Ministra da Magia, Eugenia Jenkins e Emily já tinha escutado, mais de uma vez, as pessoas falarem que ele seria o próximo Ministro, mesmo sendo muito jovem.
Por conta disso, e para evitar ataques das famílias tradicionais, ele exigia o máximo de educação e boas maneiras, tanto dela, quanto de Kevin. Emily, mesmo sendo ainda muito nova, já conhecia uma parcela bem alta das filhas mais bem-nascidas do país. Não que isso a ajudasse a se enturmar. Para sua sorte, todas as reuniões de etiqueta bruxa, sempre pudera contar com a presença de Dorcas. Emily olhou a amiga e suspirou, a achando muito amável. Os olhos brilhantes num azul claro, quase verde, muito bonito, os cabelos castanhos, enfeitados em cachinhos perfeitos. O rosto dela era muito bonito e ela transmitia uma sensação de serenidade que apaziguava qualquer um que estivesse próximo a ela.
Frank deu uma gargalhada e Emily piscou, notando que tinha se distraído da conversa. O tal Severus parecia desconcertado e Lílian parecia rir com culpa de qualquer coisa.
-Frank. Não seja tão cruel. Nem todo mundo na Sonserina é mau! – Ralhou Dorcas e Frank riu revirou os olhos.
-É porque você não andou prestando atenção nas últimas notícias. Meu pai disse que os ânimos estão muito agitados desde aquele incidente com a bruxa que foi esfaqueada e morta por um trouxa, anos atrás. – Frank percorreu a cabine com um olhar mais sério – Estamos caminhando para uma guerra civil e pode apostar que o lado errado vai estar cheio de Sonserinos. Meu pai sempre repete isso.
-Minha mãe era da Sonserina. – Disse de uma vez e todos olharam para ela – E ela não é nem um pouco má.
-Existem exceções. – Concordou Frank – Mas me escute, Lily, posso te chamar de Lily? – Perguntou ele e a menina concordou com um aceno de cabeça – Se você for parar na Sonserina, num momento como esse, sendo nascida trouxa, sua vida em Hogwarts vai ser um inferno. Pode acreditar em mim.
Autor(a): Tia Vênus
Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).
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Capítulo 7 Brave 3 de Novembro de 1981 Ai, meu deus. Ele sabe! Ele sabe! O que vai ser de mim? Eu não sei lutar bem. Eu sou um desastre. Merda. Merda. Merda. Ele visivelmente está insanamente puto. Não era pra isso estar acontecendo. Não era. Agora James está morto, o Lorde das Trevas também. Os outros Comensais com certe ...
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