Fanfics Brasil - Welcome Como Nascem os Monstros

Fanfic: Como Nascem os Monstros | Tema: Harry Potter; Marotos; Comensais de Morte


Capítulo: Welcome

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Capítulo 8


Welcome


-Seja bem-vindo ao salão comunal, irmãozinho. – Disse Rodolfo lhe dando passagem. Rabastan olhou ao redor, impressionado. O Salão Comunal era uma sala como um calabouço, com lâmpadas e cadeiras esverdeadas. Ficava nas masmorras e pelas janelas Rabastan pode notar que o lugar estava parcialmente sob o Lago Negro, dando à luz da sala um tom verde. O lugar possuía muitos sofás de couro com estampas de botões, em preto e verde escuro, com encostos baixos, crânios de cristal, e armários de madeira escura. Todo o lugar estava decorado com as tapeçarias, apresentando as aventuras de famosos Sonserinos medievais, como seu irmão tinha falado anos atrás. Havia uma atmosfera bastante grandiosa, mas também fria naquele lugar – A senha muda a cada quinzena e é afixada no quadro de avisos. Vez ou outra a lula gigante, ou outros seres interessantes passam pela janela para nos espiar. – Disse Rodolfo – E pode acreditar. Nenhum lugar é melhor para se dormir. Durante a noite, no silêncio da madrugada, o som da água do lado de fora é muito relaxante. Sempre que volto pra casa, sinto falta do som das águas.


-Uau. – Sussurrou, maravilhado, indo até uma tapeçaria, para ver um rapaz lutando com um cajado e derrotando centenas de outros bruxos – É ainda melhor do que você contava, Rodolfo. – Disse Rabastan, animado.


-Tenho certeza que sim. – Murmurou seu irmão mais velho.


-Venham, primeiranistas. Vou guiá-los para seus quartos. – Disse Lucius Malfoy, parecendo sem muita paciência – Primeiranistas, aqui. Comigo. – Um grupinho se reuniu ao redor do monitor, parecendo animados – Os dormitórios do primeiro ano são no segundo andar. Venham. – Lucius guiou o grupo de aproximadamente dez ou quinze pessoas escadaria abaixo. Uma escada iluminada por archotes brilhantes, que descia em espiral e dava para vários dormitórios – Os dormitórios do sétimo ano são os primeiros, porque os veteranos têm o privilégio de não descer tantas escadas. O último andar é do sexto ano. Nunca vou entender essa lógica, inclusive. O segundo andar é do primeiro ano, o terceiro do segundo e assim por diante. Aqui. – Ele abriu uma porta – Essa é entrada para os dormitórios – Ele entrou num corredor e suspirou – Esse lado é o dormitório feminino e esse lado é o dormitório masculino. Meninos e meninas podem circular entre os dormitórios, mas nenhum menino consegue entrar no banheiro feminino. Nem tentem. Já tivemos alunos machucados por conta disso.


-Mas as meninas podem entrar no nosso banheiro? – Perguntou um garoto parecendo indignado.


-Acredite, um dia vai agradecer por isso. – Riu Lucius – Procurem por seus malões. Eles já estão juntos às suas respectivas camas. Não demorem pra dormir. A nova rotina de vocês começa amanhã. – Recomendou o Monitor. Em seguida ele suspirou e olhou para o grupo – Alguma dúvida? – Todo mundo negou com a cabeça – Ótimo. Boa noite pra todos vocês. – Emendou ele antes de se retirar e descer as escadas para o dormitório do quinto ano.


O grupo de calouros se entreolhou e logo meninos e meninas se separaram, indo para seus respectivos dormitórios. Rabastan procurou por seu malão e logo o encontrou. Mirou sua nova cama e suspirou pulando no colchão. Seus colegas olhavam tudo, parecendo empolgados com as novidades.


-Então. Essa é a hora em que nos apresentamos? – Perguntou um garoto negro, com um sorriso empolgado. Seus olhos eram castanhos e os cabelos escuros e bem curtos. Os meninos se entreolharam e deram de ombros – Eu me chamo Theodore Nott. E vocês?


Rabastan se adiantou.


-Rabastan Lestrange. – Disse calmamente.


-Eu sou Amycus Carrow. – Disse um garoto com olhos desconfiados e um nariz que lembrava um focinho de porco. Olhos e cabelos escuros, com a pele muito pálida.


-Severus Snape. – Disse um garoto que nunca tinha visto antes. Os cabelos relativamente compridos, lisos e oleosos. Ele tinha um nariz comprido, olhos negros e parecia estudar todo mundo ali.


-Não conheço esse sobrenome. – Disse Carrow com desconfiança e Snape o olhou parecendo aborrecido.


-Minha mãe é uma Prince. Meu pai não interessa.


-Ah, os Prince. – Theodore deu de ombros, como se isso fosse o suficiente – E você?


O último garoto Rabastan conhecia de passagem, assim como Nott. Ele era mais alto, com os cabelos lisos, castanhos, olhos verdes e um sorriso branco e bem feito.


-Eu sou Jacques Burke. – Disse ele e Theodore cruzou os braços.


-Burke? Que nem na loja Borgin&Burke?


-Precisamente. – Riu ele dando de ombros – Estou com sono. Acho melhor irmos dormir. Vocês ouviram o monitor.


-Minha mãe disse que as turmas costumavam ter entre vinte e trinta alunos em cada ano. – Disse Snape, parecendo curioso sobre aquele fato. O grupo se entreolhou e Jacques pareceu ter a resposta.


-Tivemos menos alunos na Sonserina do que nas outras casas. Somos a nata da nata, sem dúvidas. – Disse ele e Rabastan concordou sorrindo.


*


Rabastan, por nenhum motivo em específico, já tinha reparado em quem era cada um do seu ano. Com exceção de Snape, todos os meninos de seu ano pertenciam ao Diretório Puro Sangue e isso o deixou contente. Desde o início de sua educação iria se relacionar com bruxos de bom nascimento. As meninas também eram quase todas bem-nascidas.


Diana Rosier era a menina mais bonita do seu ano, em sua Casa. Ela era dona de cabelos dourados, compridos, e um sorriso muito fácil. O nariz fino e um jeitinho meigo que fazia com que seu estômago saltasse sempre que ela olhava demais para ele. Os olhos grandes e azuis, bem claros eram bonitos também. Ela era alta, mais alta que ele, mas bem magrinha e agitada.


Alecto Carrow era baixinha, de cabelos curtos, castanhos, na altura dos ombros. Gorducha, com o mesmo nariz de porco do irmão, com bochechas rechonchudas e rosadas. Suas mãos tinham dedos grossos como salsichas e ela era, de longe, a mais feia das garotas de seu ano. Sua risada ofegante vez ou outra fazia aquele som de porco e isso sempre arrancava risadinhas dos garotos. Os olhos dela eram escuros, mas atentos e irrequietos. Mas, diferente do irmão que era muito tímido, Alecto parecia falar pelos cotovelos. E o que lhe faltava em beleza sobrava em carisma, pois todo mundo sempre parecia muito atento ao que quer que ela dissesse. Sempre falava com convicção e parecia ser mais sábia do que a própria idade.


Katherine Greengrass era uma mocinha muito bonita. Ela tinha um sorriso maroto, os cabelos curtos, castanhos, com os olhos esverdeados. Era uma garota que parecia muito cheia de si. Antes mesmo da primeira aula ela fizera demonstrações de feitiços simples que aprendera com o irmão mais velho que já estava no segundo ano. Diana parecia simplesmente encantada com ela. As duas dividiram a cabine durante a vinda para a escola, e fora onde se conheceram, mas pelo modo como agiam, parecia que já eram amigas há anos. Mas, ao contrário de Diana, que era supersimpática, Greengrass parecia se achar importante demais para conversar com qualquer um e olhava para todos com uma arrogância que lhe deu até preguiça.


 Lisian Wilkes era uma menina magricela e sardenta, de cabelos muito cacheados, vermelhos como fogo. Ela era a mais alta do ano, sendo mais alta até que Theo, que era o garoto mais alto entre os primeiranistas. Mas ela andava encurvada, como que querendo disfarçar a própria altura. Muito magra, quando olhava para ela só conseguia pensar em um louva-deus vermelho. Ela parecia muito tímida e quase não conseguira ouvir a voz dela. Mas ela parecia se sentir mais à vontade quando estava falando com Cindy Gray.


Cindy Gray era baixinha, gorducha, com os cabelos bem escuros e os olhos cor de mel. Duas covinhas enfeitavam seu sorriso, uma de cada lado. Ela parecera muito surpresa por ter caído na Sonserina, já que, aparentemente, sua família sempre fora da Grifinória. Mas bem cedo, no café da manhã do segundo dia ela recebeu uma carta falante dos pais a parabenizando por ter entrado na Sonserina e desejando a ela um bom ano letivo.


Margareth Pride era uma menina de cabelos e olhos escuros, assim como sua pele. Os cabelos estavam presos em várias trancinhas elaboradas por toda a cabeça dela. Magra e baixinha, com os dentes muito brancos. Ela conversava animadamente com outra menina, que se chamava Aura Hopinks. Aura era de estatura média, cabelos escuros e lisos, presos em duas curtas marias chiquinhas. O nariz pequeno, com algumas sardas e olhos castanhos claros. As duas eram sangues ruins e o Chapéu demorara quase dois minutos para decidir uma casa para cada uma delas. Mas elas pareciam felizes ali. Só não podiam imaginar o quão deslocadas estavam. Rosier, Greengrass e Carrow eram do Diretório Puro Sangue. Gray e Wilkes eram de sangue puro também. Pride era mestiça, com a mãe nascida trouxa. Aura era nascida trouxa.


Como aquelas duas maçãs podres tinham vindo parar em seu ano... Só podia imaginar que haviam sabotado o Chapéu Seletor de alguma maneira.


*


A escola parecia que seria tudo o que sempre sonhara e mais um pouco. Emily tinha sido sorteada para a Grifinória, apesar de o Chapéu ter sussurrado em sua mente que ela poderia ter se dado bem na Sonserina. Mas imaginou que o pai iria surtar com isso, então implorara em silêncio para que ele não a colocasse na casa esmeralda. Sua mãe tinha sido da Sonserina, mas Emily preferia atender às expectativas paternas. Queria Corvinal ou Grifinória e o Chapéu Seletor decidira por colocá-la na morada dos nobres e corajosos, por mais que ela não se achasse merecedora de nenhum dos dois adjetivos.


Patrícia Rakepick era a monitora da Grifinória e fora ela quem os guiara para um retrato enorme, com uma mulher gorda em um vestido cor de rosa terrivelmente cafona. Ela lhes dera a senha do dormitório e reiterou que era extremamente proibido trazer pessoas de outras casas para o Salão Comunal. Assim que ela dissera a senha do dormitório, o quadro moveu-se revelando um buraco na parede que dava no tal Salão Comunal. A primeira coisa que pensou ao entrar é que estava realmente em casa. Havia um ar acolhedor naquele lugar que ela jamais pensara que iria sentir. Era uma sala arredondada espaçosa e aconchegante, cheia de poltronas fofas, mesas e um quadro de avisos. O salão comunal era decorado em vários tons de vermelho, associados à casa. Existiam várias janelas que provavelmente teriam uma vista bonita, já que estavam em uma torre, mas por ser de noite, pelo menos de onde estava, não conseguia ver nada. Uma tempestade caía lá fora, afinal de contas. Uma grande lareira adornada com vários leões crepitava próxima à parede, aquecendo todo o lugar de maneira bastante agradável. As paredes estavam decoradas com tapeçarias escarlates que retratavam vários bruxos, bruxas e animais. Haviam ainda estantes de livros, uma mesa de xadrez, um pufe dourado e alguns armários.


Mas haveria tempo para explorarem o salão comunal em tempos futuros, ou foi o que Rakepick disse. Foram quase enxotados para os dormitórios. Duas escadas subiam em espiral. Seu quarto era no último andar. Frank se despediu dela, Lily e Dorcas, para se dirigir ao dormitório masculino. Estava se sentindo dormente com a ideia de finalmente sair do olhar super protetor do pai, se perguntando se Frank iria mesmo ficar insistindo em que agisse como uma maluca. Esperava que não.


-Oh. Os dormitórios são tão lindos! – Disse Dorcas, animada, correndo para uma cama macia.


Emily concordava. Tudo parecia muito confortável. Foi para a cama onde seu malão estava e se sentou no colchão macio. Cortinas pesadas de veludo vermelho formavam um retângulo ao redor de sua cama. Um criadinho mudo com uma gaveta ficava dentro desse biombo e Emily imaginou que colocaria alguns de seus pertences pessoais ali. Outras meninas entraram, olhando ao redor, parecendo avaliar tudo atentamente. Uma menina de pele escura e cabelos crespos parecia tão animada que Emily não se surpreenderia se ela saísse voando por aí. Ela olhava para as cortinas, a cama, as janelas, tudo. Como se tudo fosse absolutamente maravilhoso. Se perguntou se ela era pobre, ou nascida trouxa por agir daquela maneira. A menina subiu em sua cama e começou a pular, feliz, testando as molas do colchão.


Lily pareceu se divertir com o entusiasmo da menina e logo subiu no seu colchão para pular também. Dorcas também entrou na brincadeira, mas Emily preferiria não fazer algo tão bobo quanto pular na cama.


As outras três meninas de seu ano não pareciam tão seduzidas pelo salão. A mais alta delas, com olhos azuis, e um sorriso maroto, olhava para tudo como se estivesse calculando alguma pegadinha para fazer em breve. Os cabelos castanhos escuros, ondulados, estavam presos num rabo de cavalo, eram tão grandes que Emily teve certeza que, caso fossem soltos, passariam da cintura.


As outras duas eram loiras e tinham ares mais aristocráticos. Principalmente a mais baixa.


Ela olhava para tudo como se analisasse, mas não estivesse cem por cento satisfeita com o que estava vendo. Havia reprovação em seus olhos azuis brilhantes. Os cabelos loiros, lisos, caíam soltos por suas costas. As mãos dela estavam nos quadris e Emily se perguntou se ela iria começar a reclamar sobre qualquer coisa.


A outra loira, que também era bastante alta, apenas se sentou no colchão e suspirou, parecendo simplesmente cansada demais para parecer empolgada. Emily estava pronta para fechar o biombo, abrir a mala e colocar sua camisola quando a garota que não parecia nada feliz foi até o centro do dormitório e cruzou os braços.


-Olá a todas. – Disse ela e Emily notou que ela tinha um pesado sotaque. Aquilo fez com que Dorcas desse uma risadinha, mas muito disfarçada, que Emily acabou imitando sem conseguir evitar – Eu sou Adhara Black. – Ela disse e Dorcas e Emily engoliram a risada. As duas olharam para a garota loira, que tinha as mãos nos quadris novamente e olhava para todos como se fosse absolutamente superior a todas elas – E vocês?


A garota alta, Lily e a menina de cabelos crespos não pareceram se tocar de quem era ela. Na verdade, Emily se sentia até meio boba por já ter esquecido. Quando o Chapéu Seletor colocou os dois membros da família Black na Grifinória, todo mundo pareceu absolutamente surpreso. Aparentemente eles eram daquele tipo de família que vai sempre para a mesma casa. Emily sabia quem eram os Black. A mais nobre e antiga família das Sagradas 28. Basicamente o tipo de gente que seu pai queria sabotar a todo custo. Imaginou que evitaria de ter que lidar o tempo todo com gente como Adhara Black ao ir para a Grifinória. Aquele tipo de gente normalmente ia para a Sonserina. Vez ou outra para Corvinal. Mas não a Grifinória. O que raios aquela garota estava fazendo na Grifinória? Sentiu-se imediatamente intimidada por ela. Não apenas pelo nome dela, ou pela família dela. Mas por ela por um todo. A pose, a confiança, a aparência. Aquela menina era uma leoa, uma futura rainha. Um ovo de ouro.


-Olá, Adhara. Eu me chamo Lilian. – Disse a ruiva de maneira simpática – Lilian Evans. Mas pode chamar só de Lily. – Adicionou ela com um sorriso amigável. Emily e Dorcas se entreolharam, prendendo a respiração. Se Adhara Black tratasse Lily com desdém, Emily estaria convencida de que teria dores de cabeça em breve.


Mas Adhara sorriu de maneira debochada. Não desdenhosa. Parecia que ela estava satisfeita com o ar intimidado do salão, mas ao mesmo tempo contente por alguém ter tido coragem de dirigir a palavra a ela.


-Prazer te conhecer, Lily. – Disse Adhara, para então dirigir o olhar para a garota alta, de cabelo castanho escuro. Adhara arqueou as sobrancelhas, de maneira arrogante, deixando claro que queria que a outra menina se apresentasse. A morena riu um sorriso torto e convencido e Emily teve certeza de que as duas iriam se dar bem, apesar de não saber explicar o porquê.


-Emmeline Vance. – Disse ela cruzando as pernas ao se sentar no próprio colchão.


Adhara então olhou para a outra menina loira, de olhos castanhos, cabelos loiros, com um franjão reto na testa. O mesmo olhar inquisitório.


-Marlene McKinnon. – Disse a garota para em seguida bocejar e se espreguiçar. Sem parecer interessada em interagir, ela simplesmente fechou as cortinas do biombo – Boa noite. Não façam muito barulho. Eu estou morta de cansada. Vamos dormir logo. – Disse ela lá de dentro. Adhara então olhou para a menina negra que ainda pulava na cama, sem parecer notar o quanto a menina Black era intimidadora. Ao menos para Emily ela parecia ser.


-Ah. É minha vez de me apresentar? – A garota deu um pulo mais alto, para cair de joelhos na cama, parecendo simplesmente empolgada – Eu sou Mary Macdonald. Mas podem me chamar apenas de Mary. – Ela sorriu muito contente, olhando para todo mundo. Os olhos brilhantes e dourados – Espero que nos tornemos bons amigos.


Adhara deu um sorriso desdenhoso para essa resposta e então mirou Dorcas. Emily olhou sua melhor amiga, que respirou fundo.


-Eu sou Dorcas Meadowes. – Disse ela – É um prazer conhecer todas vocês. – Adicionou ela de maneira meiga. Mas Adhara não manteve o olhar nela, como se realmente não se importasse. Emily sentiu o olhar da guria cair sobre si e precisou desviar o olhar e se concentrar para que os cabelos não mudassem de cor. Respirou fundo por um momento, sentindo-se envergonhada. Era muito tímida, afinal de contas – Essa é minha amiga, Em...


-Não perguntei pra você o nome dela, Meadowes. – Riu Adhara com um sorriso cruel e Dorcas pareceu muito surpresa com a cortada áspera – Qual o problema? O amasso comeu sua língua? – Perguntou Adhara de maneira severa e Emily engoliu em seco.


-Eu... eu me chamo... – Respirou fundo tentando arrumar coragem, mas a loira pareceu perder a paciência.


-Já me cansei. – Cortou ela – Boa noite para vocês. – E dizendo isso ela se virou para se dirigir à própria cama. Emmeline Vance deu uma risadinha, parecendo achar o espetáculo bonitinho. Ela e Black trocaram um olhar divertido e cada uma se dirigiu à sua própria cama, para em seguida fecharem suas respectivas cortinas. Emily mirou Dorcas, que parecia ainda sem jeito. As duas trocaram um olhar vacilante antes de entrarem em seus biombos. Estava ligeiramente menos empolgada com a ideia de estudar em Hogwarts.


*


Todos os alunos comentavam sobre o aviso do diretor na noite anterior. Peter e Remus seguiam andando juntos, mas Ian tinha começado a se enturmar com o pessoal da Casa a qual tinha sido enviado, a Corvinal.


Pelo que tinha entendido, havia um tipo de cerimônia que se cumpria todos os anos. Primeiro o diretor pedia que os alunos ficassem quietos para receberem seus colegas calouros. Então vinha a seleção, onde, sentados, os alunos das casas recebiam seus calouros com respeitosos aplausos que não deveriam durar muito tempo. Depois o diretor dava as boas vindas, fazia um discurso, explicava sobre as regras básicas da escola, dava os avisos gerais. Então o banquete era servido e assim que o diretor desse a autorização, todo mundo comia. Ao fim do banquete, os alunos calouros recebiam a instrução de ficarem quietos para aprenderem o hino da escola. Os mais velhos cantavam o hino, seguindo o coro escolar, que era dirigido por um maestro. Por fim, algumas considerações gerais do diretor e então os monitores levavam os alunos para seus respectivos dormitórios.


Mas aparentemente aquele ano tinha sido uma surpresa para todo mundo. A começar pelo diretor. Albus Dumbledore, O Albus Dumbledore. Aquele bruxo famoso das figurinhas dos sapos de chocolate havia se tornado o diretor da escola. E as mudanças pareciam ter acontecido desde o primeiro momento. Primeiro porque o diretor tinha pedido que as quatro mesas festejassem seus calouros com a maior farra possível. Ele dissera que era importante que os recém-chegados se sentissem acolhidos. Então a seleção tinha sido uma baderna, com as quatro mesas disputando quem conseguia fazer mais barulho. A Lufa-Lufa tinha ganhado de lavada, inclusive, com a Sonserina sendo a mesa mais silenciosa de todas.


Todos esperaram o momento do discurso do diretor. Ele ficou de pé, com os braços muito abertos, parecendo imensuravelmente feliz por tê-los ali.


-Sejam bem-vindos! – Lembrava do diretor falar – Sejam muito bem-vindos para mais um ano em Hogwarts. Antes de começarmos nosso banquete, eu gostaria de proferir algumas palavras: Só digo uma coisa: Só digo isso. E digo mais, não digo nada! E dizendo isso, disse quase tudo! Agora vamos jantar!


E então o maior banquete de sua vida apareceu em frente aos seus olhos. Todo mundo parecia se divertir horrores e até os professores pareciam um tanto sem jeito com as maneiras do diretor. Depois, no lugar do coro e do hino bem ensaiado, o professor convidou uma banda recém-formada da Lufa-Lufa para tocar o hino. Mas ele pediu para que tocassem a versão que eles tinham feito no ano passado, porque ele tinha gostado muito. Então o hino da escola foi um rock ‘n’ roll animado que fez a mesa da Lufa-Lufa cantar como se estivessem num concerto. Para ser justo, as três primeiras mesas pareceram adorar, mas o pessoal da Sonserina ainda parecia ligeiramente desconcertado, sem saber muito bem como agir com aquilo.


Quando o hino terminou, Dumbledore se levantou de novo e fez um discurso maior.  


–Hum... só mais umas palavrinhas agora que já comemos e bebemos. Tenho alguns avisos de início de ano letivo para vocês. – Peter lembrava da expectativa de todo mundo ao olhar para o diretor. Ninguém parecia saber o que esperar dele naquele momento – Os alunos do primeiro ano devem observar que é proibido andar na floresta da propriedade. Assim como é absolutamente proibido roubar plantas, de qualquer espécie, das estufas. E faria bem que nossos alunos mais antigos recordassem dessas proibições. – Os olhos cintilantes de Dumbledore faiscaram na direção da mesa da Sonserina – O Sr. Filch, o zelador, me pediu para lembrar a todos que não devem fazer mágicas no corredor durante os intervalos das aulas e que é importante que todos dessem uma olhada nos artigos proibidos na escola que está fixada no quadro de avisos gerais. – Dessa vez ele olhou para a mesa da Lufa-Lufa em específico. Mas por enquanto tudo normal e nada de fora do padrão – Os testes de quadribol serão realizados na segunda semana de aulas. Quem estiver interessado em entrar para o time de sua casa deverá procurar o professor Wood. Lembrando que precisa estar pelo menos no segundo ano para concorrer a uma vaga. Devo avisar aos recém-chegados que tomem cuidado com as escadas, elas gostam de mudar. Os pedidos para que se flexibilizasse o uniforme esse ano foram analisados e foi decidido que, pelo menos em sala de aula a vestimenta deve ser a tradicional. Mas fora desse contexto, será permitido o uso de roupas mais casuais, respeitando, claro, as regras de convivência. Não queremos nenhum episódio de ataque ao pudor como no ano passado. – Dessa vez ele olhou para um grupo de garotos da Corvinal, que riu meio sem jeito – Devo lembra-los, ainda, que a escola tem um toque de recolher e todo aluno que for pego depois do toque de recolher fora de seus dormitórios levarão detenções. Avisamos que as equipes de líderes de torcida continuarão funcionando esse ano. Só pedimos para que evitem os trotes pesados demais, ou ao menos que não envolvam a pobre gatinha do Sr. Filch, ou realmente teremos que cortar esse clube do nosso currículo. – Uma turma mais velha da Grifinória deu risadinhas maldosas e duas garotas bateram nas mãos uma da outra sem nem mesmo se olharem. Dumbledore baixou os olhos, como se estivesse tentando se lembrar de alguma coisa, quando um professor muito baixinho, atarracado e narigudo pigarreou. Dumbledore olhou para ele, curioso e o professor sussurrou alguma coisa – Ah, sim. Esse ano plantamos uma árvore agressiva nos terrenos da escola. Então, para segurança de vocês, fiquem longe do Salgueiro Lutador. Ele pode quebrar seus ossos ou até matar vocês.


Peter riu, mas foi um dos poucos que fez isso.


–Ele não está falando sério! – Cochichou a Remus, que deu de ombros, parecendo sem jeito.


–Acho melhor não arriscar. – Respondeu Remus.


-Ele está dizendo que tem uma árvore assassina que dá socos nos alunos que tentam chegar perto? – Perguntou James Potter, o garoto que Peter achara maneiro. Óculos redondos, cabelos muito bagunçados, olhos castanhos e um sorriso desafiador.


-Melhor. Diretor. Ever. – Concordou Sirius Black, aparentemente uma das surpresas do ano. Todo mundo pensou que ele e a prima fossem ir para Sonserina, mas os dois vieram para a Grifinória. Sirius tinha cabelos negros, compridos, ondulados, olhos azuis brilhantes, com um sorrisinho quase cruel.


-Temos que ver isso amanhã depois da aula! – Decidiu Potter.


-Com certeza! – Concordou Black.


Se dependesse de Peter, ele não estaria ali pra ver dois alunos malucos tentando se matar no primeiro dia de aula. Ainda mais porque ele tinha achado tudo muito difícil nas aulas do dia. Transfiguração, principalmente. Mas poções não tinha ficado muito atrás. Ele queria ir para o salão comunal fazer as tarefas e tentar entender o que deveria ter aprendido em sala de aula, mas Remus parecia absolutamente desesperado com a hipótese daqueles dois garotos desmiolados se matarem no salgueiro.


Um grupo grande de alunos do primeiro ano foram seguindo Potter e Black. Alguns tentando persuadi-los a não serem estúpidos, como Remus. Outros botando pilha para que eles tentassem se matar ou qualquer coisa assim, como Marlene McKinnon e Emmeline Vance. Um tal de Frank Longbottom, apesar de não ter incentivado aquela loucura, parecia tão animado que Peter não iria se surpreender caso ele fizesse uma bandeira para a ocasião.


Então, minutos antes do jantar do maldito primeiro dia de aula, lá estava todo o primeiro ano da Grifinória, em frente ao Salgueiro Lutador, esperando que aqueles dois garotos dementes e desmiolados fizessem alguma coisa a respeito.


Sinceramente, Peter achava que eles não iriam fazer muito. Que eles iam fazer umas graças, como esticar o braço e ver se o Salgueiro atacava mesmo, para depois rirem da situação. Eles não podiam ser idiotas o suficiente a ponto de arriscarem morrer só para chamar a atenção.


Remus tentava constantemente convencê-los a não tentarem se matar. Mas Potter e Black (o garoto) pareciam determinados a fazer alguma coisa com o Salgueiro. Peter virou o rosto para o castelo, pensando em voltar para adiantar suas tarefas, quando ouviu uma gritaria geral. Virou o rosto de volta para o Salgueiro e abriu a boca, completamente em choque. Potter e Black tinham entrado no alcance do Salgueiro e, para o inusitado espanto de todos, a árvore que antes estivera inocentemente imóvel, se moveu furiosamente, de uma só vez. Um pesado tronco desceu de uma vez só, acertando o chão com tanta força que o menino teve a impressão de sentir o solo tremer. A algazarra, as gargalhadas e os olhares entusiasmados tinham morrido e agora o horror parecia tomar a todos. Potter e Black rolavam no chão e se arrastavam, tentando voltar para um espaço seguro, enquanto os outros alunos gritavam em desespero.


Quando Potter desviou de um galho que certamente o afundaria no solo, Peter notou que outro galho vinha velozmente para acertá-lo lateralmente. Provavelmente o partiria ao meio. Foi quando Remus fez a coisa mais idiota que alguém poderia fazer. Ele pulou na zona de perigo e jogou Potter no chão. O segundo galho passou velozmente muito próxima da cabeça dos dois. Sirius Black conseguiu se arrastar para fora do alcance dos galhos. Tinha perdido um tênis, rasgado a calça, além de ter várias folhas e galhinhos presos em seus cabelos escuros e desarrumados. Os alunos ainda gritavam muito. Pediam por ajuda, procurando por alguém que pudesse impedir que os malucos se matassem.


Remus e Potter tentavam desesperadamente se arrastar para fora do alcance, desviando dos galhos enraivecidos do Salgueiro.


-Sai daí! Corre! Corre! – Gritava Sirius Black. Peter abriu caminho, mirando seu único e primeiro amigo, se perguntando se seria azarado o suficiente para perdê-lo assim tão rápido. Engoliu em seco e viu Remus tropeçar. O galho iria acertá-lo! Potter tentou ajudá-lo a levantar. Os dois correram. O galho veio rápido. Peter se desesperou. Todo mundo gritou. Ele correu para ajudar Remus. Mas algo acertou suas costas e tudo ficou escuro.


Acordou na Ala Hospitalar, completamente enfaixado. Remus e Potter também estavam acamados, enquanto uma senhora de idade reclamava furiosamente por já ter tido problemas no primeiro dia de aula. A escutou brevemente ameaçar pedir demissão se aquele tipo de incidente acontecesse de novo. Peter começou a sentir o corpo doer e formigar. Olhou ao redor e notou que Sirius Black estava lá também, com o tornozelo enfaixado.


Para seu extremo horror, Dumbledore estava lá também.


Era isso. Seria expulso no primeiro dia de aula.


-Muito bem, meninos. Estão todos acordados? – Perguntou Dumbledore.


-... uma árvore que tenta matar os alunos... francamente... – Ouviu a senhora reclamar enquanto colocava uma poção em três copos.


-Eu não sei. Acho que morri. – Lamentou Potter – Não. Acho que estou vivo. Doeria menos se eu estivesse morrido.


-Eu disse que era uma péssima ideia. – Lamentou Remus – Eu sinto muito, diretor. Eu tentei impedir que isso acontecesse, é tudo culpa minha. – Lamentou ele parecendo prestes a chorar.


-Não é culpa sua. – Disse Black – Foi culpa minha. Eu não deveria ter saído e deixado vocês pra trás!


-Vocês não deveriam ter pulado lá, isso sim! – Ralhou Peter.


-Foi tudo culpa minha. – Lamentou Remus de novo.


-Não foi. Fui eu, diretor. – Disse Potter – Foi minha ideia. Eu empurrei Sirius para perto do Salgueiro. Lupin e Pettigrew tentaram nos salvar. O culpado sou eu.


-A culpa é minha! – Insistiu Sirius – Eu nunca deveria ter desafiado você a fazer isso.


-Eu sou o culpado disso tudo. Eu sinto muito, muito mesmo. Eu deveria ter impedido eles. – Lamentou Remus.


Talvez fosse porque levara uma porrada de uma árvore que tentava matar quem se aproximasse, mas Peter pode jurar que Dumbledore tinha dado um sorrisinho.


-Eu realmente sinto muito. Se eu fosse mais rápido teria conseguido ajudar vocês. – Disse se perguntando se seria expulso. Queria deixar claro que só tinha tentado ajudar os amigos e não que tinha tido a intenção de participar de uma brincadeira suicida.


-Está tudo bem, meninos. – Disse Dumbledore – Acho que depois de hoje, ninguém mais vai tentar mexer com o Salgueiro Lutador. Vocês serviram de exemplo. – Riu ele.


-Quer dizer que não estamos em detenção? – Perguntou Sirius, parecendo muito feliz.


-Ah, não. Vocês definitivamente estão em detenção. – Riu Dumbledore de um jeito quase amigável – Mas não vou descontar pontos da Grifinória. Acho que vocês já sofreram o suficiente e entenderam que não devem se aproximar daquela árvore, não é? – Perguntou ele.


Os quatro se entreolharam, parecendo lamentar a situação.


-Professor... por que tem uma árvore assassina no colégio? – Perguntou Peter, para em seguida quase se afogar com o remédio que a curandeira da escola lhe obrigou a tomar, parecendo impaciente.


-O Diretor Dippet jamais teria uma ideia louca dessas. – Ralhou ela baixinho, mas Peter teve certeza de que o diretor escutara.


-Bem... Aparentemente Salgueiros Lutadores são cobrados no exame de N.I.E.M... Então achei que seria sensato arrumar um. – Disse o diretor com tranquilidade.


Mas o olhar enfurecido da curandeira deixava claro que ela definitivamente não achava aquela ideia nada sensata.


Peter perdera um dia inteiro de aula até voltar a ficar cem por cento. Precisou ficar preso na Ala Hospitalar com James e Remus, que estavam tão machucados quanto ele. Sirius não se machucara tanto, mas ele fingiu que o tornozelo estava doendo muito para não ser liberado antes. Os dois encrenqueiros, apesar de malucos, eram divertidos. Remus ainda parecia muito melancólico, parecendo realmente se culpar pelo incidente, apesar de Peter não entender como ele poderia achar que qualquer coisa naquela situação poderia ser culpa dele. Ele tentara ajudar os dois meninos. Era tão culpado quanto ele. Mas não houve o que ser dito. 


A madrugada na Ala Hospitalar tinha sido divertida. Sirius e James, aparentemente se sentindo culpados por envolverem Remus e Peter em suas loucuras, tentavam ser absolutamente engraçados. Soltavam piadas, faziam comentários baixos, contavam histórias e por fim cada um resolveu falar de si mesmo. Estavam presos ali por uma noite inteira e a sensação de ter os ossos do corpo inteiro remendados não era das mais agradáveis. A curandeira tinha explicado que se tivessem machucado apenas alguns ossos visíveis, poderia ajeitá-los facilmente com a varinha. Mas tinham tido danos internos e muitos ossos que não eram fáceis de identificar tinham quebrado. Então precisavam se reconstruir. E não era um processo fácil.


Então, para se distraírem da dor e do incômodo, começaram a falar de si mesmos, mesmo que isso não tivesse sido programado.


James Potter era filho único. Os pais tinham desistido de ter filhos há muito, quando a mãe dele finalmente engravidou. Mas os pais dele ficaram preocupados que a mãe não fosse sobreviver ao parto, afinal ela já passara da idade, mas no fim deu tudo certo. Seus pais achavam que ele era um pequeno milagre e que tinha vindo ao mundo com uma missão. Ele mesmo acreditava que estava destinado a grandes feitos. James era rico, pois o avô dele tinha inventado uma poção que alisava os cabelos. Não que isso tivesse ajudado James de alguma maneira. Ele dizia que seus cabelos nunca ficavam arrumados. Eles cresciam para todas as direções, não importava o quanto tentasse penteá-los. Além disso, ele adorava quadribol e queria muito tentar uma vaga no próximo ano.


Sirius era o único dos quatro que tinha irmãos. Ao contrário do lar amoroso que Potter tinha, cujos pais o amavam imensuravelmente e sempre tentavam minimizar tudo de ruim que o filho fazia, a mãe e o pai de Sirius acumulavam decepções com ele. Sirius explicara que o pai não era tão severo quanto a mãe, mas a senhora Walburga Black tinha muitas expectativas e odiava vê-las não atendidas. Ele tinha um irmão perfeito, um ano mais novo, chamado Regulus, o amor da mamãe. Mas ele, Sirius, sempre se sentira deslocado na própria casa, como se não pertencesse a aquele lugar. Tinha até se conformado que precisava afogar suas verdadeiras vontades, seu verdadeiro eu, para se enquadrar no molde que sua família esperava dele, mas, ao ver sua prima de sangue ser enviada para a Grifinória, ele pensou que talvez pudesse ser um rebelde. Que pudesse se permitir ser ele mesmo e não o que a família esperava dele. Por isso ele nunca se deixaria prender por expectativas alheias. Ele faria só o que quisesse, por mais caro que precisasse pagar por isso.


Remus era o único dos quatro que era mestiço. O pai dele era um bruxo que trabalhava no Ministério da Magia, como Peter já sabia. A mãe dele era trouxa e tinha uma saúde muito debilitada. Ele quase desistira de frequentar a escola, pois tinha medo de como seria deixar a mãe só em casa. Remus era filho único e diferente dos outros dois, era muito tímido. Peter achava que suas personalidades eram mais parecidas.


Peter então falou sobre si mesmo. Seu pai morrera no trabalho, salvando pessoas de uma cocatriz enfurecida. Sua mãe e ele viviam de uma indenização que o Ministério pagava a eles. Eram apenas os dois.


-Por que o Chapéu demorou tanto para decidir pra que Casa você deveria ir? – Perguntou James, com curiosidade – Ele soube de imediato que meu lugar era a Grifinória.


-O Chapéu considerou me colocar na Corvinal, mas acabou escolhendo a Grifinória. – Disse Remus, também o olhando curioso.


-E você? O Chapéu teve dúvidas quanto a você? – Perguntou Peter para Sirius. O garoto deu de ombros.


-Sabe? Ele me perguntou se eu queria ser aquilo que esperavam de mim ou o que eu realmente era. Eu disse que queria ser eu mesmo, então ele me colocou na Grifinória. Não pareceu dividido, na verdade. Meio que só queria confirmar aquilo que eu já estava considerando. – Disse o garoto despreocupadamente – Mas, e você? – Perguntou ele e Peter sentiu vergonha por ter sido o único a ter sido considerado pelo Chapéu a ir para a Sonserina. Peter engoliu em seco e respirou fundo.


-Ele ficou dividido entre Grifinória e Lufa-Lufa. Minha mãe era lufana e meu pai era da Grifinória. Ele disse que eu tinha características das duas casas. – Disse ele convicentemente. Os três concordaram com um aceno de cabeça.


-Você foi corajoso por tentar nos ajudar. – Disse Remus – Leal a alguém que nem conhecia direito. Se machucou por minha causa. – Lamentou ele.


-Ei! Você se jogou no Salgueiro primeiro. – Ralhou Peter com um sorriso contente pelo reconhecimento.


-É, mas é diferente. – Insistiu Remus, parecendo ainda triste e constrangido.


-O que é diferente? – Quis saber James – Você pulou pra ajudar eu e Sirius. Peter pulou pra te salvar. Dá na mesma. – Disse ele e Remus sorriu, apesar de não parecer muito convencido – Escutem. Eu peço desculpas por colocar vocês nessa furada. De verdade. Foi tudo culpa minha. Mas no fim, eu não me arrependo. – Disse ele. Os três meninos o olharam parecendo ligeiramente confusos – Se não fosse por aquela árvore assassina, eu nunca teria imaginado que teria três caras geniais que arriscariam o pescoço por mim. E eu garanto. – Ele fez uma careta e se colocou de pé, mesmo que ainda se apoiasse na cama – Vocês se arriscaram por mim. Eu juro que farei o mesmo por vocês se tiver oportunidade.


Os três sorriram de leve.


-É... acho que não tem como sairmos dessa sala sem nos tornarmos amigos, não é mesmo? – Perguntou Sirius dando de ombros – Digo... quando se escapa da morte vinda por socos desferidos por um Salgueiro Lutador, ao lado de três garotos que você acabou de conhecer... bem... se isso não cria fortes laços de amizades, eu não sei o que criaria.


-É bom ter amigos. – Murmurou Peter – Eu nunca fui bom em arrumar alguns.


-Nem eu, na verdade. Todo mundo ao meu redor era louco... – Disse Sirius dando de ombros – E não loucos do jeito bom, como vocês, mas loucos mesmo.


-Por incrível que pareça, mesmo eu sendo incrível... o pessoal da minha vizinhança parecia meio tímido. Eu sou o tipo de garoto incompreendido pela sociedade, eu acho. – Murmurou James tentando voltar a subir na cama.


-Eu também nunca tive amigos. – Disse Remus parecendo emocionado – Digo... Eu sempre fui muito caseiro, por conta da minha mãe e talz. – Ele suspirou tristemente.


-Bem. Agora cada um de nós tem pelo menos três amigos. Hogwarts certamente nos aprimorou socialmente. – Riu Sirius. E os quatro garotos sorriram felizes.


Mas, infelizmente Remus não estava na Ala Hospitalar no dia seguinte. A enfermeira não dera explicações. Só disse que ele precisou ir pra casa. E Peter ficou se perguntando se seu primeiro amigo não tinha se recuperado. James e Sirius pareciam igualmente preocupados. O domingo chegou e deu espaço para a segunda e então terça feira. Mas Remus só voltou na quarta de manhã, parecendo muito fraco. Queria perguntar o que tinha acontecido, mas achava que não o conhecia o suficiente para arriscar perguntar algo íntimo. Apenas agiu como se nada tivesse acontecido e Remus pareceu grato por isso.


*



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Autor(a): Tia Vênus

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