Fanfic: Dulce [vondy]{finalizada}

— Não está pretendendo se aproveitar de Dulce, está, rapazinho? — quis saber Gus, brandindo ameaçadoramente uma escumadeira bem diante do nariz de Christopher.

— Claro que não! Só quero saber mais a respeito dela.

— Pois, como sempre, vou ser curto e grosso com você, Christopher Uckermann. Essa garota não é para o seu bico.

— Por que não? — perguntou Christopher.

“O que há de errado comigo, afinal de contas? Primeiro, Dulce disse na minha cara que não queria saber de mim; agora Gus, que me conhece desde que nasci, vem me dizer que não sou suficientemente bom para ela.”

— Por que acha que nós dois não nos daríamos bem?

— Para início de conversa — rosnou o velho cozinheiro —, Dulce não nasceu em berço de ouro.

— Disso eu sei. Ela contou alguma coisa a respeito de sua vida antes de vir para o Rancho Monarch?

— Nem uma palavra. Dulce é uma moça calada e de comportamento refinado. Não tem família, você sabe. A coitadinha teve de conquistar seu lugar no mundo pelo próprio esforço. Não é mimada e cheia de frescuras, como você e Michael. Está pretendendo convidá-la para sair?

— Sim, estou.

— Não acho que seja uma boa idéia. Dulce não é do tipo que tem paciência com um sujeito como você.

— E, isso eu já percebi — admitiu Christopher, esfregando o nariz dolorido. — Sabe quantos anos ela tem, Gus?

— Vinte e cinco. Jovem demais para você. Qual é seu objetivo, rapaz? Seduzi-la e depois abandoná-la? — Gus fitou Christopher diretamente nos olhos, apanhando um facão de açougueiro e deslizando lentamente o polegar pela lâmina.

— Isso não é de sua conta — retorquiu Christopher, não se deixando intimidar pelo gesto de ameaça. — Mas pode ficar tranqüilo, que não pretendo magoá-la de forma alguma.

— Você pode não pretender — disse o cozinheiro —, mas pode magoá-la mesmo sem querer. Quando chegou aqui, Dulce era triste como um bezerrinho que perdeu a mãe. Hoje, na maioria dos dias, é alegre e animada como um potrinho novo solto no campo. Eu não gostaria nem um pouco de vê-la infeliz novamente.

— Nem eu, Gus — garantiu Christopher —, não se preocupe. Ela alguma vez mencionou o que a deixara tão triste?

— Pelo menos para mim, nunca.

— Acha que ela pode ter feito confidências para alguma outra pessoa?

— Pode ser, quem sabe.

— Para quem? Dulce está saindo com alguém?

— Bom, os nossos rapazes bem que a convidaram algumas vezes. Mas ela sempre recusou, de maneira educada e gentil. Dulce não está interessada em garotos ainda cheirando a leite.

— Mas ela poderia estar saindo com algum rapaz da cidade, não acha? — insistiu Christopher.

— Não vejo como. Dulce nunca vai à cidade sozinha.

— Por que não?

— Ela não sabe dirigir carros que tenham embreagem — explicou Gus —, como a picape e a caminhonete Bronco. E se recusa a tocar no Cadillac, porque morre de medo de amassá-lo. Desde que Dulce chegou aqui, sou eu que a levo toda semana a Carrizo Springs ou Crystal City para fazer compras. Aos domingos, Manuel e Dolores a levam à igreja.

— Ah, é? Acho que vou fazer uma visita aos Ortega.

Despedindo-se rapidamente de Gus, Christopher entrou na picape e pegou a estrada que levava à entrada principal do Rancho Monarch. Dali a alguns minutos, parou em frente à casinha branca onde moravam o capataz e a família.

continua

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