Fanfic: Dulce [vondy]{finalizada}

Antes mesmo que Dulce percebesse onde caíra sentada, Christopher já saltara da picape e correra para socorrê-la.

— Ai, ai! Mas o que… Ai, ai! — Desesperada, Dulce lutava para se levantar e se desvencilhar das centenas de minúsculos espinhos que, sem dó nem piedade, penetravam-lhe nas nádegas, na parte posterior das coxas, nas palmas das mãos.

Christopher puxou-a pelos cotovelos e colocou-a de pé.

— Dulce, minha querida, você está bem?

— Não! — exclamou ela. — Não estou nada bem. Estou sentindo uma dor insuportável! Ai, meu Deus, como dói!

— Eu sei, meu bem, eu sei. Venha, deixe-me levá-la de volta à sede do rancho e chamar o médico. — Empurrando-a delicadamente em direção à picape, ele abriu a porta do passageiro. — Vamos, entre.

— E como vou entrar aí? — perguntou ela, irritada. — Não posso me sentar. O melhor é ir mesmo a pé.

— Você não pode ir a pé! Vou ajudá-la a subir, e você não precisará se sentar. — Agarrando-a pela cintura, Christopher levantou-a e colocou-a na cabine do veículo.

E Dulce acabou de joelhos no assento, de frente para o vidro traseiro.

— E também não posso me segurar — choramingou ela. — Minhas mãos estão cheias de espinhos — acrescentou, contemplando as próprias palmas. — Posso senti-los, mas mal consigo enxergá-los.

— Apóie-se no encosto o melhor que puder — disse Christopher, subindo para o banco do motorista, dando a partida e pondo a picape em movimento.

Durante algum tempo o único som que se ouviu foram os gemidos de Dulce, agarrando-se ao encosto do banco com os cotovelos.

— Agüente firme, querida. Assim que chegarmos em casa, vou cuidar de você direitinho. Sei o que é preciso fazer, pois o mesmo acidente já aconteceu com meu irmão uma vez. Michael foi atirado ao chão por um cavalo e aterrissou bem em cima de um cacto, como você. — De dentes cerrados, Dulce nada respondeu e, após uma pausa, ele prosseguiu: — Sinto muito, Dulce, de verdade. Acho que não sou um instrutor de direção muito bom.

— Você é um péssimo instrutor! — Dulce exclamou. Mas, apenas para si mesma, foi obrigada a admitir que os olhos azuis e a boca tentadora de Christopher haviam reduzido sua concentração a frangalhos.

Dulce tivera a desagradável surpresa de descobrir que a proximidade de Christopher Uckermann lhe despertava sensações que ela não experimentava desde a primeira vez em que Bruno a cativara. Christopher, porém, não estava fazendo o menor esforço para cativá-la; havia se comportado de maneira ríspida, autoritária e indelicada, gritando instruções que ela não conseguia entender.

E, apesar de tudo isso, Dulce se sentira intensamente atraída por ele. E isso a fazia estremecer da cabeça aos pés, com um medo terrível de passar novamente por todos aqueles desgostos. Não, ela se recusava a suportar tudo aquilo de novo, depois de passar semanas e semanas fazendo planos para uma vida nova, uma vida em que a presença de um homem fosse dispensável.

Dulce era perfeitamente capaz de cuidar de si mesma sem a ajuda de ninguém. Quer dizer, a não ser naquele momento, em que todo o seu corpo ardia, coçava e doía.

— E então, como está?

— Falta muito para chegarmos? — perguntou ela, em vez de responder.

— Falta pouco, estamos quase chegando. Agüente firme, querida; não posso dirigir muito depressa, senão você não vai conseguir se segurar assim de joelhos. Sinto muito por nossa aula de direção ter terminado de forma tão desastrosa.

— Acho que também lhe devo desculpas — disse Dulce. — Eu não devia ter gritado com você.

— Ora, não precisa se desculpar. Faz tempo que ninguém mais grita comigo, e eu até que gostei. Isso me trouxe boas recordações. Mamãe costumava gritar como louca comigo, com meu pai e com meu irmão. E, assim, sempre sabíamos exatamente o que ela esperava de nós. Hoje em dia as coisas são diferentes; ela passou a agir de maneira silenciosa e refinada. Mas continua teimosa como uma mula.

continua

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plix*-*