Fernanda (irônica): E então irmãzinha... Para aonde nós vamos?
Cláudia (apavorada): Fernanda... Não tente fazer nada hostil...
Fernanda (ri): Cadê a coragem da Clau-di-nha? Ficou com medo agora? (pausa) Eu já sei como te acalmar. Que tal fazer uma viagem fora da Áustria?
Cláudia: Fernanda não...
Fernanda (corta a fala dela com olhar ameaçador): Vamos nessa!
O carro acelerava e corria pela cidade rapidamente, até sair de sua região metropolitana. O verdadeiro motorista do automóvel, não se contentava e avisava a polícia o ocorrido.
Cláudia (nervosa de medo): Fernanda, pelo amor de Deus! Por que está fazendo isso?! Eu só quero compreender... Eu nunca te fiz mal! Até onde eu saiba, do que Clementino me contou, eu tinha lhe dado um lar na mansão onde eu morava... Sempre prestativa, mas não vejo sentido para o que está fazendo!
Fernanda (irônica): Você acha que fez as coisas mais meigas e solidárias do mundo não é? Mas se casou com o homem que eu amava!
Cláudia (séria): Então é verdade que você amava o Matheus...
Fernanda: Eu sempre o amei! E te invejava por isso...
Cláudia: Mas não é possível que você não tenha enxergado, o quanto eu fiz por você. Não é possível que não sinta o mínimo de compaixão...
Fernanda (olhar diabólico): Eu te odeio Cláudia! Eu te odeio!
Hospital...
Lauro estava sentado na sala de esperas, tomando um café, quando via na televisão, uma notícia de última hora: “Uma mulher, hospede do Hotel Lindner Am Belvedere, foi seqüestrada hoje de manhã dentro de um carro, quando o automóvel acelerou para fora da cidade de Viena...”.
Lauro (espantado): Cláudia!
São Paulo, Jardins...
Ângela: O que tem se o celular cair em minhas mãos?
Jonathan (fazendo-se de desentendido): An?
Ângela: Me responda! E o que essa mulher doida ainda faz aqui?!
Jonathan (fazendo-se de desentendido): An?
Ângela: Não vai me dizer que pagou o concerto do carro dessa doida?!
Jonathan: An?
Patrícia (ansiosa): Bem... Eu preciso ir. Tchauzinho...
Ângela: Não! Você fica! Agora eu quero saber dessa história direitinho!
Hotel Lindner Am Belvedere...
Lauro seguia apressado para o hotel. Lá, ele confirmava que Cláudia tinha sido mesmo seqüestrada e entrava com os outros policiais, em seus carros, para persegui Fernanda.
Enquanto isso...
Cláudia: O que você pretende fazer comigo?
Fernanda (séria): Por enquanto você será minha refém. Depois vamos cruzar a fronteira da Áustria... Chegamos a Suíça e vou fugir...
Cláudia: E então você me liberta?
Fernanda (lhe mostra seu revólver): Pode apostar que não...
Em pouco tempo, ouvia-se o barulho da sirene policial, logo atrás delas.
Fernanda (olha pelo retrovisor): Olha só... Temos companhia!
Ela acelerava mais o carro, quando carregava sua arma e virava-se para atirar contra os policiais. Começava um tiroteio turbulento.
Fernanda (voltava ao controle do volante): Vermes miseráveis! Aquele Lauro Kalid é outro que merecia morrer!
Cláudia aproveitava-se que Fernanda prestava apenas atenção em dirigir, e pegava seu revólver, mirando na cabeça dela.
Cláudia (séria): Pare o carro! Se não eu atiro em você!
São Paulo, Jardins...
Lourenço não agüentava apenas observar e certo de que sua mulher lhe traia, saia do carro, entrava no prédio e subia o elevador. Nisso, Joana lhe via e pressentia que algo iria acontecer.
Ângela (raivosa): E então... Vai me explicar o que está havendo?!
Jonathan: Bem... É que...
Lourenço (chegando do elevador): Ah! Te peguei Patrícia! Bem na porta com seu amante não é?!
Patrícia (espantada): Mas o que é isso?!
Lourenço: Você vem me traindo com esse desgraçado?!
Jonathan: Não! Não é isso que o senhor está pensando!
Lourenço acertava no rapaz um soco bem forte, que o desequilibrava.
Lourenço: Agora Patrícia... Por quê?! Porque fez isso comigo?!
Patrícia: Meu amor... Eu nunca te trai...
Joana (chegando do elevador): Lourenço! A Patrícia nunca te traiu!
Patrícia: Psiu! Chegou atrasada queridinha...
Ângela (confusa): Mas o que está havendo aqui?!
Patrícia: Deixe eu te explicar Lourenço... Esse rapaz havia amassado os fundos do meu carro e eu não queria que você descobrisse...
Lourenço: Por quê?
Patrícia: Porque eu achava que você ia pensar que eu estava mentindo! Achando que eu era uma barbeira! Aí esse irresponsável não quis pagar o prejuízo. Mas eu descobri que ele tinha uma amante... Ameacei contar tudo para a esposa e ele me pagou.
Jonathan (gaguejando): Não! Espera aí!
Ângela (raivosa): O quê?! Você tem uma amante Jonathan?!
Patrícia: O nome dela é Luísa querida... Está aqui no celular...
Ângela (começa a dar tapas fortes nele): Seu cafajeste, ordinário!
Joana: Acho que já vamos indo...
Patrícia (brinca): É melhor deixar os dois á sós (ri).
Eles desciam do prédio até o carro, quando Patrícia falava.
Patrícia: Eu nunca iria trair você meu amorzinho...
Lourenço: Oh meu xuxú... Me perdoa (beija-a).
Joana (apreciando a cena): O amor é lindo, não é mesmo?
Viena...
Fernanda: Atira! Atira que eu quero ver se você tem coragem!
Cláudia (séria): Porque duvida da minha atitude?
Fernanda: Porque se você atirar... O carro vai perder o controle e vamos cair penhasco a baixo.
Cláudia sem querer, apertava o gatilho. Mas a bala não atingia Fernanda e sim, quebrava a vidraça da frente do carro. Sem poder ver nada, Fernanda gritava enquanto perdia o controle e o automóvel era lançado para fora da estrada, onde capotava, até parar todo destruído. Os carros policiais paravam e Lauro descia a procura de Cláudia, quando finalmente a encontrava no meio dos destroços.
Alguns dias depois...
São Paulo, Rede de Hotéis Toller...
Marcelo estava lendo a mensagem que Cláudia havia mandado para ele. “Marcelo, há quanto tempo não é? Pois é... Estou enviando esse email para dizer que estou bem e que irei receber alta do hospital hoje. Não sei muito o que ocorreu com a Fernanda depois do acidente, mas ela com certeza será presa e pagará pelos seus crimes. Desejo-lhe muita sorte no futuro. Um beijo. Seja feliz, Cláudia ”.
Joana (bate na porta): Posso entrar senhor Marcelo?
Marcelo: Pode sim...
Joana: Vim trazer um café para comemorarmos a compra do novo terreno tão disputado no estado da Bahia, para a nova sede de hotéis!
Marcelo (sorri): Obrigado... Mas eu quero que saiba Joana, que você foi uma pessoa essencial nessa compra.
Joana: Eu? Mas eu só compareci porque meu marido, já falecido, tinha porcentagem na empresa.
Marcelo: Eu sei, mas, sua figura extrovertida, seu carisma, animou os vendedores. Muito obrigado por isso.
Joana (fica vermelha): Que é isso seu Marcelo... (olha para o relógio) Preciso ir. A Patrícia vai me encontrar no massagista daqui a pouco. Preciso tratar essa minha pele. Está ficando enrugada. Tchau, tchau.
Marcelo: Joana. Espere!
Joana: O que foi?
Marcelo: Sua pele está ótima...
Joana (sorri): O senhor gentil como sempre.
Marcelo: E também está muito bonita hoje... Será que eu tenho uma chance de sair com você essa noite?
Joana (brinca): Talvez (pisca o olho).
Ela fecha a porta e comemora.
Joana (voz um pouco baixa): Isso! Um gato daquele e com tanta grana no bolso, não tem coisa me-lhor para uma pessoa como eu! (ri e começa a cantar) "Eu vou roubar, eu vou roubar... Eu vou roubar meu bem... O seu coração. Eu sou ladrão, eu sou ladrão. Eu sou ladrão meu bem e vou roubar... O seu coração!" Uhul!(sai dançando).
Viena...
Cláudia recebia alta do hospital e Lauro vinha lhe buscar.
Lauro: E então meu amor? Está se sentindo bem?
Cláudia: Depois disso tudo, estou aliviada. Finalmente conseguimos. (tenta beijá-lo).
Lauro (afasta-se): Antes de nos beijarmos, vou te levar para um lugar. Vamos comemorar que tudo isso acabou e que podemos ficar juntos.
Cláudia (sorri, o abraçando): Ah é? Para onde está pretendendo me levar?
Lauro (ri): Isso é surpresa. Mas acredito que você vai gostar. Agora, entre no carro madame.
Cláudia (brinca): Com todo prazer.
Os dois dirigiam-se ao tal lugar. Enquanto a conversa continuava...
Cláudia (fica séria): Me diga... Nesse tempo que fiquei no hospital, o que houve com Fernanda?... Ela ja foi presa?
Lauro: Não. Ela está em coma. Parece que o impacto do acidente causou isso.
Cláudia: E Descobriu quem é o assassino de aluguel que matou Clementino, Carlos Nogueira e Deide?
Lauro: Conseguimos identificá-lo, mas ele já sabia que Fernanda tinha “falhado em seu plano” e fugiu. A única pessoa que poderia nos contar quem era esse assassino era ela mesma. Porém, isso já não é mais possível. Talvez o mistério dure para sempre... (para o carro no meio da ponte) Chegamos! É aqui que eu queria te levar!
Cláudia (sai do carro): O Rio Danúbio... (olha para ele) Foi aqui, que nós nos beijamos pela primeira vez (olhos brilhando).
Lauro: Mas vai ser aqui, que você vai lembrar como o dia mais romântico de sua vida... Cláudia... Você quer se casar comigo? (mostra o anel de brilhante).
Cláudia (surpresa e feliz): Lauro! Eu não esperava!
Lauro (agarra-a): E é aqui também... Que nós vamos nos beijar muitas e muitas vezes...
Na ponte, momentos de puro sossego tomavam conta dos dois. Quando fechavam os olhos, Lauro a beija carinhosamente pelo rosto, até ficarem com suas bocas quase se tocando. Entreolhavam-se, e se beijavam apaixonadamente sob a água azul e perfeita do rio Danúbio.
Hospital...
Enquanto isso, no quarto onde Fernanda estava, podia-se vê-la em estado de coma. Sua face estava pálida, com alguns ferimentos ainda visíveis, e parecia dormir eternamente, em um sono profundo. De repente, suas mãos começam a se mexer... E seus olhos se abrem instantaneamente. Segundos de silêncio tomam conta do quarto. Tomando conta de onde estava e da sua situação, ela sorria sutilmente com ar maléfico e falava em voz baixa.
Fernanda: Ainda não acabou... (pausa) Não ainda...
FIM
AUTOR: JULIANO NOVAIS.