Fanfic: Somente por Prazer (TERMINADA)

Maite
estava em casa quando Annie chegou. Algo raro, ainda mais às duas da tarde de
uma sexta-feira.

Ela
era o que maldosamente se chamava de vadia rica. Mas isso tratava-se de uma
injustiça. É verdade que o pai lhe dera aquele apartamento de dois quar­tos,
totalmente mobiliado, como presente em seu 21° aniversário, há alguns anos, mas
não era nenhum pa­lácio. Para falar a verdade, o apartamento valia quase meio
milhão de dólares no mercado imobiliário. Qualquer espelunca em Milson`s Point
valia muito. Maite podia se considerar uma moça de muita sor­te, mas seu pai -
um bilionário proprietário de cava­los de corrida - cortou sua mesada no dia em
que ela recebeu as chaves.

"Eu
lhe dei um teto e isso é tudo, anunciou o pai na época. Se você quiser comer e
se vestir, vai ter de tra­balhar. Seu irmão teve de aprender a se virar quando
completou 21 anos. Não vejo razão para ser diferente com você, só pelo fato de
ser mulher. Vocês não que­rem igualdade? Pois então, conseguiram!"

Apesar
de não ter nenhuma prática na arte de se sustentar - ela nunca fizera
absolutamente nada desde que deixara a escola, a não ser sair com os ami­gos e
fazer compras - Maite gostou do desafio. Primeiro, ela começou a alugar um dos
quartos - Annie não era a primeira inquilina -, depois se empe­nhou em procurar
vaga como modelo. Ela não tinha qualificações para qualquer outro trabalho, já
que nunca pretendeu ser vendedora em uma loja ou gar­çonete. Ela não era alta o
bastante para desfilar, mas os longos cabelos loiros, o rosto vivo e os seios
fartos lhe rendiam muitos trabalhos fotográficos, especial­mente para catálogos
de lingerie.

O
trabalho de modelo era na verdade um quebra-galho. Sua maior ambição era casar
com algum rica­ço, de preferência que tivesse mais dinheiro que o pai. Mas não
agora. Aos 23 anos, Maite estava preocupada em se divertir. E como se divertia!
Apesar de ter um namorado chamado Ron, ela saía muito sem ele. Ia para festas, estréias,
coquetéis de inaugu­ração, corridas. Com a bela aparência e os contatos
sociais, choviam convites.

Annie
a considerava uma ótima senhoria. Sempre alegre e simpática, nunca jogada pelos
cantos da casa sem fazer nada. Era um comportamento surpreenden­te, uma vez que
tinha sido uma criança muito mima­da. Ela nunca deixava as roupas pelo chão ou
fazia bagunça. O melhor de tudo era que Maite não fu­mava. O cigarro era rotina
quando Annie dividia apar­tamento com várias outras moças. Era tão bom che­gar
em casa e não sentir aquele cheiro de cigarro...

Quando
Annie entrou, Maite estava sentada em uma das banquetas da cozinha, pintando as
unhas so­bre o balcão de granito preto, que servia de mesa para o
café-da-manhã. Vestia um short mínimo e um top curto tão azul quanto seus olhos.

-
Meu Deus! - espantou-se quando viu Annie. - Perdi a hora! Não vai me dizer que
já passa das seis. Ron vai passar para me pegar às sete e eu mal come­cei a me
arrumar!

-
Fique calma. São apenas 14h20.

-
Graças a Deus. Mas está muito cedo para você... nem anoiteceu ainda. O que você
está fazendo em casa? Está se sentindo bem? - perguntou ela.

-
Não, estou me sentindo bem. Dul me deixou sair mais cedo.

-
O quê? General Uckerman deixou você sair cedo?

-
Isso mesmo. - Annie entrou na cozinha e ligou a cafeteira.

-
Muito estranho. O que está acontecendo? Amea­ça de bomba no escritório? Algum
marido enfurecido que sua chefe ferrou no tribunal?

-
Nada disso.

-
Então, o que foi? Qual foi o anjo que caiu do céu para que um milagre desses
acontecesse?

-
Espera aí, Mai. Dul não é tão carrasca assim. Ela só gosta de trabalhar duro.

-
Ela gosta que você trabalhe duro. Isso, eu sei.

-
Mas ela gosta do meu trabalho e me paga bem.

-
Ah, tá...

-
Você não simpatiza com ela, não é?

-
Aquela mulher é dura feito pedra. Talvez seja ne­cessário ser assim para
tornar-se uma boa advogada hoje em dia, mas garanto a você que, se eu fosse ho­mem,
jamais me casaria com ela.

Apesar
de Annie achar que Maite estava sendo um pouco exagerada, pensou que talvez Dul
não tenha sido a melhor pessoa para lhe aconselhar sobre Derrick. Mostrava-se
cínica em suas opiniões sobre a vida, os homens e sexo. E rotulara Annie de
romântica idea­lista, mas ela achava bem razoável esperar que o ho­mem que se
ama e retribuir esse amor, sendo fiel.

-
Pelo amor de Deus, você vai me dizer por que chegou em casa cedo ou vai ficar
parada feito está­tua? - explodiu Maite, impaciente.

-
Não tenho muito tempo - respondeu Annie, co­locando duas fatias de pão na
torradeira. - Preciso arrumar minhas coisas e sair antes das 15h, mas estou
morrendo de fome.

-
Arrumar suas coisas? Sair antes das 15h? Estou cada vez mais curiosa.

-
Se você quer saber de tudo nos mínimos deta­lhes, pare de fazer tantas
perguntas - advertiu Annie, já com a sensação de que Maite também não seria boa
conselheira. Ela não levava nada muito a sério.

-
Mínimos detalhes? Conta, conta logo. Juro que não digo nem mais uma palavra -
concordou ela.

Annie
suspirou quando viu a ansiedade da colega. Contar-lhe tudo ia ser perda de
tempo, mas Maite não a deixaria em paz até saber de tudo o que estava
acontecendo. Do mesmo jeito que June no trabalho, ou Betty em casa.

Achava
que a maioria das mulheres tinha uma ten­dência natural para conversar e
fofocar. Mas, Annie não era assim. Era tímida e reservada, principalmente no
que se referia aos seus sentimentos mais íntimos.

As
vezes, Annie achava que a imagem que ela projetava não era real. De vez em
quando, ao se olhar no espelho, o que via era ainda aquela adolescente gor­dinha,
retraída e calada.

-
Annie, desembucha, pelo amor de Deus!

-
Calma. Estou pensando por onde começar.

-
Comece de onde quiser. Mas comece logo! Contar para Maite toda a história levou
menos

tempo
do que para Dul, provavelmente porque ela não o fez entre lágrimas.

-
Não acredito! - despejou Maite. - Derrick traiu você com uma vadia loura só
porque era gosto­sona? Não faz sentido. Quero dizer, ele nunca me deu sequer
uma olhada diferente nas vezes que esteve aqui. E eu também sou uma loira que
chama atenção.

-
Mas, não vamos esquecer que ele confessou o que fez, Mai - ressaltou Annie. -
Mas, é claro, só foi sexo. E a mulher se jogou em cima dele. Praticamen­te
arrancou as roupinhas do coitadinho. Ele foi sur­preendido e não pode se
segurar!

-
Só posso lhe dizer uma coisa, Annie: Derrick é lou­co por você.

-
Ele não pára de dizer isso. Mas me explica uma coisa. Já aconteceu de você
gostar de um cara e, de repente, conhecer um outro e ficar tão enlouquecida a
ponto de querer transar com ele?

-
Claro que já! Quando conheci Ron, estava na­morando Wayne que é um tesão, pode
acreditar. Mas quando vi Ron, despachei Wayne na hora!

-
Mas você não gostava desse Wayne, não é?

-
Bem, isso não vem ao caso, porque Ron é muito melhor na cama - acrescentou ela
marota.

-
Você não tem jeito. Nunca leva nada a sério.

-
E você, Annie Portilla, leva tudo muito a sério. Olha, sua chefe tem razão.
Acho que você devia per­doar Derrick. Ele não continuou com a loira depois que
voltou do congresso, não foi? E ela deve morar em Sidney para ter aparecido no
Rockery.

-
Não, acho que não. Derrick ficou chocado quan­do a viu - continuou Annie,
mordendo a torrada. - Acho que ela estava aqui de passagem. Talvez o ve­lho que
estava com a vadia fosse pai dela.

-
Então dá um chute nele. Veja o que é melhor.

-
Desmanchar com ele, não é a melhor solução. Vou me sentir triste e solitária
sem ele.

-
Bobagem! Você é bonita. Vai encontrar outro logo, ainda mais se começar a sair
comigo. Vai cho­ver tanto homem, que você nem vai saber quem na­morar primeiro.

-
Mas eu não quero namorar outro! - disse Annie frustrada. Só quero que as coisas
voltem ao que eram. Ao lado de Derrick.

-
Então, dê-lhe uma segunda chance. E já que você vai fazer isso, qual é a razão
de se enfiar numa praia não sei onde para passar o fim de semana? Fica por aqui
mesmo, diz para o amado que o perdoa quando ele aparecer à noite, e passa o fim
de semana na cama, tirando o atraso.

-
Nem pensar! Rápido desse jeito, nunca! Derrick merece sofrer um pouquinho.

-
Essa não parece você, Annie. Parece mais sua chefe falando. Acho que ela tem
razão sobre fazê-lo sofrer. Aposto que ela e o maridinho são chegados a sessões
sadomasô. Sabe como é: chicotes, roupa pre­ta de couro e alguém de escravo.
Mas, é claro, ele se­ria o escravo e ela ficaria com o chicote na mão.

-
Não seja boba! Gente normal não faz isso.

-
Aí é que você se engana. Um monte de gente normal gosta disso. Nem que seja de
leve. Derrick nun­ca quis amarrá-la?

-
Imagina! Claro que não!

missão cumplida, postei muitos capitulos.

e em troca quero muitos comentários.

besos a todas, e continuem acompanhando.

Volúpia

Pescoços vermelhos e rosas