Capitulo 130 - Fim de Trato Parte 2
Anahí pensou certo em uma viagem longa. Estava totalmente desconfortável de estar ali com ele, pareciam dois estranhos que nem sequer dormiram juntos na noite anterior. Trocaram poucas palavras e qualquer assunto que Poncho tentava estender ela cortava. Mas porque?
Difícil responder, apenas o medo afluía em seu peito pelo desejo simplório de que quando chegassem a sua casa tudo daria certo.
- Quase lá... - disse Poncho depois de um longo tempo sem palavras - ...ficará em sua casa?
- Sim, tenho um ultimo dia ainda - dando um sorriso fraco.
- Pois é, eu também!
- Fará o que após? - se sentindo idiota por não ter perguntado isso antes.
- Um filme como sempre - disse olhando a estrada.
Quinze minutos após estavam parando frente a casa de Anahí, ela não demonstrou interesse em sair do carro, mas tinha que fazer. Poncho saiu primeiro e ela logo em seguida. Em silencio retiraram suas malas e levaram-nas até a sala. Neste meio tempo Annie se preparou psicologicamente em não dizer nenhuma besteira.
- Acho que foram todas - colocando a ultima mochila em um canto.
Annie assentiu contraindo os lábios.
- Quer beber alguma coisa ?
- Não obrigado, acho que devemos conversar... - disse ele diretamente - ...sem rodeios.
O telefone tocou. Annie agradecida correu para atende-lo.
- Annie? E a May, achei que você não tinha chegado!
- Então pra que ligou? - disse olhando Poncho contrariado sentando-se no sofá.
- Você está com minha bota, e preciso dela.
- Ok, venha buscar mas daqui a uma hora pode ser?
- Você está com Poncho ? - baixando o tom de voz.
- Sim
- Não faça besteira e diga a coisa certa... - disse seria - ...conversamos depois!
Annie desligou o telefone e olhou Poncho de braços cruzados no sofá, não teria escapatória. Se aproximou e sentou ao seu lado com certa distancia.
- Não sei por onde começar!
- Mas espero que você saiba porque estamos aqui!
Annie assentiu.
- Eu sei...- disse baixinho.
Annie tentou pensar em algo pra dizer mas tinha receio de abrir a boca e dizer a coisa errada. Olhou para Poncho e esperou que ele falasse algo, mas sua expressão era incerta, ela teria que fazer.
- Eu quero, não eu...- começando a ficar nervosa a ponto de lagrimas começarem a escorrer de seu rosto - ...Poncho eu...não consigo!
Annie completou por fim. Levantou-se para fugir dali. Poncho levantou e agarrou seu braço.
- Não fuja Anahí, pelo menos faça uma coisa certa.
Annie parara e passou o olhar sobre seu pulso no lugar que Poncho a segurara. Fez força para se soltar e ele não impediu.
- Eu preciso, pensar. - disse com a voz trancada.
Annie deu passos curtos rumo a escada. Precisava de seu quarto, seu travesseiro e despejar as lagrimas que continuavam a cair.
- Anahí...- pondo as mãos na cabeça - ...se você subir as escadas nunca mais vai ter a chance, eu não vou mais esperar!
Annie parou. O que ele estava dizendo?
- O que você disse? - voltando-se pra ele.
- Eu disse que você tem que ficar e encarar isso como uma mulher, e não a menina mimada que está sendo! - disse expondo um pouco de raiva.
- É isso que pensa de mim? Que sou uma menina mimada? - limpando as lagrimas - ...na hora de deitar comigo você não pensou nisso - disse irônica, odiava ser chamada de mimada.
- Que? Uma coisa não tem haver com a outra, simplesmente você fugiu a semana inteira e estou aqui esperando como um estúpido.
- Você que provocou isso! - alterando o tom de voz.
- Não me soa nem um pouco estranho que não foi nada pra você não é?
- Eu não disse isso!
- Ah claro que não, apenas procurou um panaca como eu pra saciar seus desejos e ele que se ferre pro resto! Você arrumou sua vida e esqueceu dos bons momentos que vivemos, e eu fui um fantoche do seu joguinho.
Annie caminhou de volta pra sala e se postou a um metro dele.
- Escuta aqui, acho que foi você quem quis o trato e deixou bem claro as condições! - disse alterada apontando um dedo.
- Então é isso, apenas isso que você queria? Uma semana? Foi um sacrifício pra você?
Annie colocou as mãos sobre a cabeça e bateu o pé, tudo que ele dizia era um soco em sua cara. Poncho continuou.
- Você não sabe o que foi pra mim, nem se importa aliás, era como se voltássemos alguns meses talvez alguns anos, mas acho que você esqueceu assim como tudo, não há nem sombra de que houve algo entre nós...levei isso longe demais! - balançando a cabeça.
- Cala boca! Você acha que...você acha que eu não sinto por tudo ? Você não pensa que eu também estou sofrendo, que eu não me sinto culpada ? Que eu me odeio por não conseguir...- disse chorando.
- Conseguir o que Anahí? - disse nervoso.
- Que eu me odeio por não conseguir te amar da forma que você espera! - disse alto a ele - ...é isso que queria escutar? Você pensa que não tive que reprimir meus sentimentos pra não me machucar pela centésima vez?
Agora as lagrimas escorriam sem parar por seu rosto. O que antes era uma conversa se tornou uma discussão de sentimentos.
- Sentimentos...o que você entende disso?
- Cala boca Poncho! - tentou interrompe-lo.
- Esse tempo todo estou tentando fazer você esquecer os impasses e você insiste em bater na mesma tecla e vem me falar de sentimentos?
- O que importa pra você...
Poncho riu cinicamente interrompendo-a.
- O que importa? Meu Deus Anahí deixei de lado meu próprio orgulho, acabei negando até meu própio desejo pra te passar segurança. Esqueci como se respirava pra fazer você se sentir bem, agora me pergunto e eu? Hein!
Anahí abaixou a cabeça e mirou os própios pés. As lagrimas escorriam com mais intensidade, tentou achar uma forma de reverter a situação.
- Será que você não enxerga que eu Te Amo? - disse Poncho segurando seus braços.
Poncho ergueu sua face através do queixo, viu os olhos azuis rodeados por manchas vermelhas e cheios de lagrimas. Anahí assimilou o que estava acontecendo, o momento que tanto esperara havia chegado.
- Poncho...- disse quase em um sussurro - ...eu...
Poncho apertou seus braços esperando que ela falasse, mas Anahí simplesmente não disse nada. Balançou a cabeça e soluçou, mas não disse nada. Com certa raiva Poncho se afastou dela e uma única lagrima caiu sobre sua face.
- Parece que não consegui chegar onde eu queria! - disse expressando raiva.
Annie o mirou com medo, confusa e perdida. Poncho passou por ela e seguiu para a porta. Antes de abri-la olhou pra trás vendo qualquer sinal de arrependimento, mas Anahí ficou no mesmo lugar tentando dizer pra si mesma que isso não estava acontecendo. A porta se abriu e despertou Anahí de um devaneio.
- Poncho espera - gritou.
- Chega Annie! - andando pra fora da casa sem olhar pra trás.
- Poncho! Não precisa ser assim! - parando a porta.
- Precisa sim Anahí - virando-se pra ela - sua capacidade de ferir meus sentimentos é maior que sua capacidade de dizer o que sente!
Poncho se aproximou do carro e abriu a porta, virou-se pra ela novamente.
- Se é que você sente!
Entrou no carro e acelerou saindo dali. Anahí ficou parada a porta observando o carro se afastar. Voltou-se pra casa e bateu a porta com força. As lagrimas pareciam uma torneira aberta que não se fechava. Não fora capaz de dizer a ele que o amava, e porque? Nem mesmo ela sabia, seu coração sentia algo mas seus pensamentos eram totalmente ao contrário. Talvez fosse cabeça dura, mas as palavras que ele proferiu a atingiram de uma forma inexplicável. Annie subiu para o quarto e se jogou na cama, agarrou um travesseiro e chorou alto, soltou em forma de lagrimas o que estava sentindo. Mas ele tinha razão, tudo que jogou na cara dela era verdade, merecia o que estava acontecendo, merecia sofrer, mas não merecia perde-lo. A ficha caira, isso que tinha acontecido então. Anahí perdeu Poncho para o seu egoísmo.
